21.7.13

Talking In Your Sleep (16/21)


Resumo: Intrépida repórter para o Planeta Diário, Chloe Sullivan, tem seu coração roubado por um herói mascarado, o Arqueiro Verde, mas ela ficará satisfeita em não saber sua verdadeira identidade?
Autorathe_bluesuede
Classificação: NC-17
Linha de tempo: Sexta temporada
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Eu ando por esta rua vazia
Na Avenida dos Sonhos Perdidos
Quando a cidade dorme
E eu sou o único e ando sozinho.

Boulevard of Broken Dreams
Green Day


Não foi nada menos que um milagre. Como ele tinha conseguido chegar em seu apartamento, pular direto para a varanda, tropeçando pelo apartamento, arrastando-se até o cofre e pegando o frasco... ele nunca saberia como tinha conseguido exceto porque não era sua hora de ir.

Deduzindo que... fosse funcionar, claro. E havia uma boa chance de não funcionar.

Ele abriu a pasta e pegou um dos pequenos frascos de vidro, um líquido claro dentro e conseguiu enfiar ali a agulha e extrair depois de algumas tentativas, a vertigem aumentando a cada segundo. Com sua última gota de energia ele empurrou a agulha em seu braço e injetou o RL65, rezando que funcionasse, um pequeno e arrependido pensamento de Chloe nadando no fundo de sua mente. E outro de seus pais. Amigos que tinha feito e tratado de qualquer jeito...

E então, de repente, as coisas estavam clareando.

Se eu estou morrendo, poderia ser pior.

Respirar ficou mais fácil até que de repente ele se sentia completamente bem. Levantando-se do chão, ele tirou o colete e então o regata preta, limpando o resto de sangue, olhando maravilhado para a pele sem marcas onde uma bala tinha atravessado momentos antes.

Ele fechou o punho, maravilhado, sentindo a adrenalina e a energia correndo através dele, como se não só tivesse sido curado, mas melhorado.

"Uau", ele arfou. 

__________

Lois batia o lápis na mesa distraidamente no dia seguinte, olhando para a mesa vazia de sua prima. Ela checou o relógio. Era quase cinco da tarde.

Claro que a delegacia de polícia não iria segurá-la todo esse tempo?

"Ei, Lane!" Perry chamou, claramente irritado.

Lois olhou pra cima e o viu gesticular pra ela entrar em seu escritório. Ela suspirou.

"Oi, Chefe", Lois disse brilhantemente quando entrou no escritório.

"Não vem com essa. Onde está sua prima?"

Lois ergueu uma sobrancelha. "Ela disse que ia passar na delegacia esta manhã sobre uma ameaça que recebeu."

Perry ergueu as sobrancelhas. "Primeiro, ela não me disse nada sobre isso, e deveria ter dito. Segundo, provavelmente não é nada, então eu não sei pra que perder tempo. Terceiro, ela não me mandou a reportagem sobre o show aéreo de ontem e você pode apostar que eu não estou muito satisfeito. Diga a ela que é melhor ela estar atrás de uma pista incrível se está perdendo um prazo", ele avisou. "Agora dá o fora daqui."

"Claro, Chefe", Lois disse apressadamente, ansiosa pra sair de seu escritório e ligar para Chloe. Não era típico dela não mandar um e-mail a Perry se fosse se atrasar. Ele normalmente não se importava, contanto que fosse por causa de uma história, mas Chloe fez disso um hábito mesmo assim.

Mas o que mais a preocupava era que Chloe não tinha mandado a matéria. Definitivamente isso não era típico dela. Com certeza tinha acontecido alguma coisa.

Remexendo suas coisas, ela encontrou o telefone e pressionou o número 1 das chamadas rápidas. Ela esperou cada toque até ir para a caixa-postal e ela nervosamente desligou. Algo estava errado. Ela olhou ao redor em busca de Clark pra saber se ele tinha notícias de Chloe, mas ele não estava por perto.

"Ei, Matt", Lois agarrou a manga do homem que passava.

"Lane, se eu tenho que te dizer mais uma vez que meu nome é Kyle... de onde você tirou Matt? Os dois nomes não têm nada-"

"Desculpe, Kyle, tanto faz", Lois acenou com desdém.

Ele olhou pra ela curioso. "Algo errado, Lane?"

"Você viu o Clark?" ela perguntou.

Ele balançou a cabeça. "Acho que o chefe o mandou para uma tarefa em Granville bem cedo." Ele parou, curiosidade virando preocupação. "Você está bem, Lane?" ele perguntou.

Ela balançou a cabeça. "Sim, tudo bem." Ela pegou o casaco e vestiu. "Estou saindo. Faça-me um enorme favor, Matt, se Chloe aparecer, diga a ela pra me ligar", ela disse enquanto ia para a porta.

"É KYLE!", ele gritou frustrado.

Lois não perdeu tempo andando até o apartamento de Chloe. Ela assobiou alto por um táxi e estava no prédio numa questão de minutos. Uma vez lá dentro, ela digitou o código que Chloe tinha lhe dado quando se mudou e foi para o apartamento de Chloe.

Ela engoliu em seco ao ver a porta levemente aberta, como se alguém não tivesse conseguido fechar propriamente.

Batendo, enquanto a porta se abria, ela entrou, e tropeçou em alguma coisa no chão.

A bolsa de Chloe.

"Oh, merda, isso é ruim", Lois murmurou, parando para pegar a bolsa. Ela a colocou sobre o balcão e mexeu dentro dela. Claro, a carteira de Chloe estava lá, e de jeito nenhum ela sairia de casa sem ela. Ela pegou o envelope branco, dobrado ao meio, que continha a ameaça secreta, prova de que Chloe não estava na delegacia.

Seu coração parou e alguns palavrões escaparam enquanto Lois deixava a ansiedade tomar conta.

Ela chamaria a polícia. Isso tinha que ser feito primeiro. Ela pegou o próprio celular, pronta pra fazer a ligação, mas então parou.

A polícia provavelmente levaria o laptop de Chloe pra procurar pistas, e ela precisava delas primeiro.

Ela não queria brincar com o tempo quando a vida de sua prima poderia estar em perigo, e ela estava tremendo enquanto corria até o quarto de Chloe para pegar seu laptop.

Calma, Lois, ela disse a si mesma, respirando fundo. Vai ficar tudo bem.

Do jeito que ela via, ela precisava de um herói, e ela tinha duas opções sobre como encontrar um. Considerando que ela não queria ter que se jogar de um prédio na esperança do Super Homem talvez aparecer, ela sentia que a opção B era mais segura.

__________

"Cinquenta", Oliver grunhiu, erguendo o haltere pela última vez e o depositando no gancho acima dele. Isso era incrível. Ele nunca se sentiu tão bem. Ele pegou uma toalha automaticamente, mas quando enxugou a testa, percebeu que não tinha suado.

Isso é incrível. Deus, eu não me sinto bem assim desde... eu nunca me senti tão bem.

Ele ignorou o fato de que em seu encontro com a Dra. Black ela tentou alertá-lo sobre os efeitos colaterais. A tola não sabia o que tinha nas mãos. A fórmula RL65 tinha funcionado perfeitamente, e ele sentia-se mais do que bem.

Ele sorriu, indo para a cozinha pegar um pouco de água, pensamentos indo para seus planos com Chloe naquela noite. Ele vinha planejando algo simples. Nada muito maluco, mas quanto mais pensava, mais gostava da ideia de um box privado em algum lugar... ou pelo menos reservar um cinema inteiro pra ver um filme. Chloe gostaria disso, ele decidiu. Com a mão a meio caminho do telefone pra fazer a ligação, ele ouviu uma mensagem de alerta vindo de seu escritório.

Sobrancelhas erguidas, ele foi até o computador.

Falando no diabo...

Pedido de bate-papo de Sidekick101

Ignorar Aceitar

Esta era a primeira vez que ela iniciava contato com o Arqueiro Verde desde aquela noite fatídica.

"Huh", ele murmurou, movendo o mouse para clicar em 'Aceitar'.

arqueiroesmeralda1 Ei, linda.

Houve uma pausa momentânea e ele se perguntou o que ela estava pensando. Ele sentiu o músculo de sua mandíbula pular à ideia de que talvez ela tivesse se convencido de que preferia o arqueiro de não Oliver Queen.

sidekick101 Aqui não é a Chloe.

Raiva e preocupação tomaram conta dele simultaneamente.

arqueiroesmeralda1 Como diabos você invadiu uma sala segura?

sidekick101 Eu não invadi... bem, eu invadi, mas a questão é, aqui é Lois, prima da Chloe.

sidekick101 Chloe está em apuros.

Ele estava prestes a voar ao fato de que aparentemente Chloe tinha comentado sobre seu relacionamento com um super herói com a prima, mas se distraiu com a segunda declaração.

arqueiroesmeralda1 O que aconteceu?

sidekick101 Acho que ela foi sequestrada.

sidekick101 Ela não apareceu no trabalho, nem entregou o último artigo. O apartamento dela estava destrancado e vazio. A bolsa e carteira não foram levadas.

arqueiroesmeralda1 Chame a polícia.

arqueiroesmeralda1 Ela está com o celular?

sidekick101 Era o que eu planejava fazer.

sidekick101 Pode ser. Por quê?"

arqueiroesmeralda1 Foi equipado com um dispositivo de tráfego há um mês.

arqueiroesmeralda1 Eu vou encontrá-la. Eu prometo. E quem quer que a tenha levado vai se arrepender.

Ele desligou sem dar a Lois a chance de dizer mais alguma coisa, não precisando saber mais nada além de que Chloe precisava dele.

__________

Chloe gemeu, seus olhos se abrindo e a cabeça latejando. "Por que sou sempre eu..." ela murmurou. Ela olhou ao redor da sala.

Um armazém. Que original.

Ela percebeu que não estava sozinha e se surpreendeu. Havia outra mulher lá. Ela a reconheceu e seu coração afundou. "Oh, Kate, eu sinto tanto", ela disse entredentes.

Kate, secretária do ex-prefeito Prinn, parecia que tivera uma noite difícil. Ela estava ferida e havia sangue em seu lábio. Chloe se perguntou nervosamente há quanto tempo estava ali. Kate deveria estar num programa de proteção à testemunha.

Em outra parede havia um homem inconsciente que Chloe não reconhecia, embora ele parecesse vagamente familiar. Chloe puxou um pouco os pulsos e viu que estavam amarrados. Ela estava presa ao redor de um cano para que não pudesse se mover pela sala. Não tinham se incomodado em prender suas pernas.

Sim, fita adesiva. Amadores... ela riu sozinha.

Vejamos... o que mais eu tenho? Ela olhou ao redor e pulou um pouco quando Kate gemeu.

"Kate?" Chloe chamou do outro lado da sala. "Kate, querida, você pode me ouvir? Você está bem? Acorde."

Kate gemeu e olhou confusa para Chloe. Chloe não estava olhando pra ela no entanto. Ao invés, estava percebendo todo o local, ao mesmo tempo usando as unhas pra tentar romper a fita adesiva, não tendo muito sucesso. Havia uma porta, e algumas janelas logo abaixo do teto, que tinham aproximadamente um metro e meio de altura... talvez grandes o suficiente pra passar por elas, mas seria um pouco difícil. Era difícil julgar.

"Kate, você precisa me responder, querida. Quem nos trouxe pra cá?"

Uma chance um pouco melhor se apresentou na forma de um igualmente difícil de se alcançar duto de ventilação, mas ela teria que ter muito tempo pra navegar se conseguisse sair dali.

"Srta. Sullivan?" Kate perguntou, estreitando os olhos.

"Isso mesmo, Kate, como você está? Tudo bem?"

Momentaneamente desistindo de tentar fechar os dedos pra puxar a fita, ela começou a explorar o cano em que estava amarrada.

"Já estive melhor", Kate respondeu.

Ela levou os joelhos ao peito e lenta, muito lentamente, se levantou contra o cano, correndo as mãos por ele, procurando algo que pudesse ajudar.

"Kate, com o que suas mãos estão amarradas?" Chloe perguntou.

Erguendo uma sobrancelha, Kate puxou os braços um pouco pra considerar as possibilidades. "Parece plástico", ela murmurou, fazendo uma careta quando puxou um pouco forte demais. Ela balançou a cabeça, evidentemente furiosa. "Que droga", murmurou. "No meu primeiro dia no programa de proteção, alguém pula na minha frente no meu caminho pra casa. Isso é uma droga. Oh, meu Deus", ela disse de repente, a realidade a atingindo. "Oh, meu Deus, nós vamos morrer?" ela perguntou, medo tirando toda a cor de seu rosto. "Oh Deus... oh Deus... minha vida foi tão monótona. Eu não fiz nada ainda. Eu não posso morrer."

"Kate, se controla", Chloe disse. "Você disse plástico. Fino e duro ou suave e grudento?"

"Eu não sei", ela disse, obviamente não se recompondo. "Hum... duro e fino, eu acho?"

Chloe resistiu ao desejo de xingar. Isso seria mais difícil. Então algo no cano chamou sua atenção e ela mudou o peso levemente para examinar.

"Kate, você sabe quem é aquele homem?" Chloe perguntou, inclinando a cabeça na direção da figura imóvel.

Kate girou o pescoço para tentar ver o rosto do homem, seu corpo tremendo. "Eu... hum... oh, meu Deus..."

"O que foi? Quem é ele?" Chloe perguntou, coração acelerado ao encontrar aquele ponto novamente. Havia uma braçadeira no cano com um parafuso, que estava enferrujado e com a cabeça quebrada. Não era muito afiado, mas era o suficiente. Ela correu as mãos por ele, fazendo uma careta quando acidentalmente arranhou o braço. Então começou a usar a ponta quebrada pra cortar a fita.

"Eu acho... eu acho que é o promotor."

Chloe parou brevemente, seus olhos voando para o homem em questão. Oh merda. Sim, é ele. David Otten, promotor da cidade de Metrópolis. Bem, isso mais ou menos confirmava qualquer dúvida sobre o assunto. Prinn, seu desgraçado, eu não sei como você fez isso da prisão, mas Deus me ajude, eu vou garantir que você nunca mais veja a luz do dia por isso.

Em seu excesso de zelo, ela acidentalmente soltou o parafuso que caiu no chão, rolando um pouco pra longe. "Merda, merda, merda", ela murmurou, voltando a se sentar.

"Por que você acha que ele ainda não acordou?" perguntou uma incrivelmente nervosa Kate enquanto Chloe conseguia tirar um dos sapatos.

"Não tenho certeza. Pode não ter desmaiado pelo mesmo método. Pode ter sido clorofórmio. Vamos perguntar quando ele acordar. Vai ser uma conversa divertida", ela murmurou sarcasticamente.

Kate olhou para Chloe, que estava estranhamente se esticando no chão. "Por que você sabe tanto sobre isso?"

Chloe riu sem humor. "Não é minha primeira vez no rodeio, Kate. Escuta, eu quero que você preste atenção aos seus arredores, ok. Você consegue encontrar algo útil que possa usar pra quebrar esse fecho de plástico nos seus pulsos?"

Kate ficou parada.

"Kate!" Chloe enfatizou, então grunhiu enquanto esticava um pé e quase conseguia tocar o parafuso com os dedos.

Por que as pessoas não usam mais as velhas e boas algemas? Chloe se perguntou. Eu poderia ter aberto em segundos. Seus dedos conseguiram segurar o parafuso e ela suspirou aliviada enquanto tentava trazê-lo de volta em sua direção.

"Acho... acho que não. Não vejo nada."

"Tudo bem, Kate, aguente firme aí- Droga!" O som do terceiro convidado da festa acordando a assustou e ela deixou cair o parafuso que rolou mais longe.

Língua presa em concentração, ela deslizou mais longe até estar praticamente deitada, procurando o parafuso.

Ele gemeu, cabeça caindo para um lado, e Kate observou Chloe.

Ela suspirou aliviada quando sentiu o pequeno metal de novo, agarrando-o com os dedos de novo e puxando-o pelo chão desta vez, melhor do que arriscar soltá-lo e ele ir ainda mais longe.

"O que eu-"

"Ssshhh!" Kate sibilou. "Ela está se concentrando."

"O quê?"

"Shush!" Kate olhou para um promotor muito confuso e então acenou com a cabeça na direção de Chloe, que estava lenta e cuidadosamente arrastando o pé pelo chão.

O homem, que aparentemente tinha bom senso, segurou a língua temporariamente, mas todo seu sangue gelou quando ouviu ao longe uma porta batendo.

O suor escorreu pela testa de Chloe enquanto começava a se colocar numa posição sentada, pés em cima do parafuso enquanto se prometia fazer mais flexões quando saísse dali.

"Vamos, vamos, vamos", ela murmurou, arfando quando se sentou novamente. Fazendo o melhor pra correr sem ser descuidada enquanto vozes se aproximavam, ela conseguiu se ajoelhar, então alcançou e ergueu o parafuso entre os dedos, imediatamente continuando a romper a fita. "Promotor... Otten, certo?" Ele assentiu. "Quando sairmos daqui-"

Mas antes que ela pudesse terminar a porta se abriu e ela imediatamente fechou a boca e voltou sua atenção a se libertar.

Uma mulher por volta dos quarenta anos entrou primeiro, elegante da cabeça aos pés. Ela usava um blazer marrom e calças, e saltos de ponta fina. Seu cabelo descolorido preso num coque que não se desfaria nem num furacão, e suas unhas postiças estavam pintadas num rosa forte e grotesco. Seu rosto parecia repleto de botox. Logo atrás dela vinha um homem que aparentava a mesma idade, usando um casaco de couro e jeans desbotado. Ele parecia quase bonito exceto pelo olhar ganancioso  e  uma cicatriz na lateral esquerda do rosto.

A mulher parecia friamente satisfeita. "Excelente. Eu sabia que havia uma razão para o meu marido confiar em você. E você tem certeza que estas são as pessoas certas? Eu reconheço o promotor, é claro." Ela caminhou até Kate para examiná-la mais de perto. "Ah sim. Esta é ela. Mas e a outra? Nunca a vi antes."

"Esta é Sullivan, tudo certo, madame. Venho seguindo-a há alguns dias pra ter certeza."

Chloe não reagiu visivelmente, muito ocupada tentando cortar a fita adesiva, que estava começando a ceder.

O homem clareou a garganta, e a mulher se endireitou. "Você será pago quando o trabalho estiver terminado."

O homem estreitou os olhos. "Concordamos que eu receberia metade por trazê-los aqui. Eu recebo o resto depois", ele a informou, sua expressão não deixando espaço para discussão.

Suspirando como se fosse uma grande inconveniência pra ela, a mulher abriu e bolsa e tirou de dentro um gordo envelope, entregando ao homem, que assentiu e o guardou dentro do bolso do casaco, então tirou um cigarro e acendeu.

"Sua vaca", Kate disse entredentes.

Chloe olhou para Kate surpresa e a mulher arregalou os olhos pra ela. "Do que você me chamou, sua vagabunda?"

"Eu chamei você de vaca!" Kate gritou, e Chloe ficou boquiaberta. Ela de fato parou por um momento em sua tentativa de se libertar. Ela não podia dizer que conhecia a ex-secretária tão bem, mas ela tinha a forte suspeita que era um comportamento um pouco atípico.

A mulher caminhou friamente e se inclinou para olhar dentro dos olhos de Kate. "Não se atreva a me chamar de vaca, sua vadia. Meu marido está na prisão por sua causa."

Chloe piscou, então começou a cortar mais vigorosamente a fita, vendo que a atenção não estava nela por um momento.

Então, para a surpresa de todo mundo, Kate cuspiu no rosto da Sra. Prinn. Chocada por apenas um momento, Sra. Prinn levantou a mão e sonoramente deu um tapa no rosto de Kate.

"Chega!" Otten começou, em defesa de Kate.

"Oh, cala a boca!" Prinn devolveu, voltando o olhar pra ele. "Acho que você já falou o bastante, seu advogado idiota. Você é quase tão ruim quanto ela." Ela parou pensativamente antes de voltar o olhar na direção de Chloe, que prontamente diminuiu o ritmo em seu trabalho na fita, que estava começando a fazer progresso.

O homem perto da porta deu uma baforada de seu cigarro, parecendo divertir-se.

"No entanto eu tenho que dizer que não desprezo os outros dois tanto quanto você, sua bisbilhoteira barata. Foi você quem meteu o nariz onde não era chamada."

"Vai me matar?" Chloe desafiou, nem um pouco impressionada. Qualquer coisa pra mantê-la falando e lhe dar mais tempo.

A Sra. Prinn sorriu friamente. "Eu? Não sei do que você está falando. Eu nunca estive aqui. Eu estive, Jackson?" ela perguntou a sua companhia.

Jackson deu um risinho, batendo a cinza de seu cigarro. "Claro que não."

"Vê, Srta. Sullivan", Sra. Prinn continuou. "Eu não sujo minhas mãos a não ser que seja extremamente necessário. Eu nunca estive aqui, e não sei nada sobre seu trágico desaparecimento." Ela se virou para Jackson novamente, voz dura. "Mate-a por último. A secretária bisbilhoteira primeiro." Com essa declaração ela foi para a porta, parando por um momento. "E fique a vontade pra demorar quanto quiser", acrescentou antes de desaparecer.

Olhos arregalando, Chloe começou seriamente a cortar a fita em seus pulsos. Ela só tinha conseguido um terço do comprimento.

Jackson não parecia particularmente apressado a fazer nada antes de terminar seu cigarro.

"Agora, escute", Otten estava falando de novo e Chloe admirou sua coragem. Ele não parecia nenhum pouco aterrorizado. "Seja razoável. Você pode sair dessa tão limpo quanto ela, e você já tem metade do dinheiro. É melhor você não fazer isso. Você recebe seu dinheiro e não carrega os assassinatos nos seus ombros."

Chloe ergueu uma sobrancelha. Ele era meio convincente. Nesse meio tempo, Kate, coitada, tinha lágrimas correndo por seu rosto. Jackson, no entanto, continuou impassível. Ele deu um risinho para Jackson, e qualquer traço de bondade desapareceu. "Você honestamente acredita que eu nunca matei ninguém antes? Rapaz, você é muito burro para um promotor. E só pra você saber, eu sou bom no que faço. Nunca deixei de cumprir um trabalho."

Incapaz de mexer os dedos o suficiente para usar o parafuso, Chloe o colocou cuidadosamente no chão e começou a puxar contra a fita o mais discretamente possível. Mas o problema era que a fita não cedia facilmente. Basicamente só esticava, ficando ainda mais difícil de ser rompida.

Jackson jogou o cigarro na direção de Otten e Otten se mexeu rapidamente para evitar que o fogo incendiasse sua roupa. Jackson se endireitou e olhou ao redor da sala. "Agora vamos ver... não ter pressa... eu sei que ordem seguir, mas como vou matar cada um de vocês..." Ele caminhou pela sala, obviamente divertindo-se. Ele apontou a arma para Kate, que choramingou, tremendo enquanto as lágrimas continuavam a descer. Ele pressionou a arma contra sua testa e Chloe desviou o olhar, preparando-se para o som do tiro.

"Por favor... por favor", Kate implorou, olhos fechados em terror. Mas o tiro não veio. Ele bateu o cano da arma na testa dela.

"É. Acho que vou atirar na sua cabeça, docinho. Talvez isso melhore um pouco sua aparência." Ele levantou a arma e voltou a caminhar pela sala. "Sabe, o prefeito Prinn e eu tínhamos um acordo. Éramos bons amigos, então eu tenho que dizer, não fiquei muito feliz com vocês estragando nosso esquema."

"Seu lixo", Otten grunhiu. Chloe estava começando a gostar dele.

"Oh, não se preocupe, eu planejo te matar do mesmo jeito mundano, advogado. Eu acho que vou te dar um tiro no peito. Ou você prefere que também seja na testa?" ele perguntou curiosamente, mudando a mira da arma do peito de Otton, para bem no meio de seus olhos.

Vamos, Chloe implorou. Vamos, corta logo. Vamos. Ela se mexeu levemente e arfou, atraindo a atenção de Jackson pra ela. "E você, Srta. Sullivan. Bem", ele sorriu. "Já que teremos muito tempo sozinhos... bem", ele disse, acariciando o cano da arma. "Acho que vamos nos divertir um pouco juntos." Ele caminhou até ela e colocou um pé entre suas pernas, chutando-as. O coração de Chloe estava disparado.

Vamos.

"E depois que terminarmos. Primeiro", ele mirou a arma na junção entre as pernas dela, "Eu vou atirar direto em sua-ARGH!"

Ele nunca terminou a frase, ao invés, um grito de dor quando uma flecha se alojou em sua mão fazendo-o soltar a arma.

Chloe arfou aliviada ao ver o Arqueiro Verde descendo pelo duto de ventilação. Mas então ela franziu a testa levemente. Algo estava errado.

Ele não deveria estar fazendo alguma piadinha agora? Ela se perguntou com humor e nervosismo enquanto ouvia seus instintos e recomeçava a trabalhar na fita.

"Oh, graças a Deus", Otten murmurou aliviado, enquanto Kate soluçava.

O arqueiro caminhou até um ainda chocado Jackson, agarrou-o pelo ombro e deu um soco em seu rosto.

"Você", ele informou assim que seu punho cruzou o rosto de Jackson. "Nunca mais", ele deu outro soco, "vai chegar perto dela". Outro soco. "De novo."

"Ei!" Otten gritou em protesto. "Já chega!"

"Arqueiro, chega!" Chloe alertou, a expressão repleta de horror enquanto lutava desesperadamente contra o resto da fita que prendia suas mãos.

Mas o arqueiro não estava ouvindo. Cego com a fúria pelo que ouviu nos dutos, ele deu soco após soco em Jackson, cujo rosto agora estava coberto em sangue.

"Pára!" Otten começou a lutar pra se libertar, ansioso em prevenir que isso continuasse, e Kate, finalmente desmaiou.

"Desgraçado... imbecil... lixo..." Ele continuou batendo em Jackson.

De repente a fita cedeu e Chloe se libertou, correndo na direção dele. "Pára! Pára, você vai matá-lo!" Ela agarrou o punho erguido dele, pronto pra dar outro soco e ela jogou o peso contra ele, tentando impedir o soco seguinte. Ela se colocou entre ele e Jackson, olhos arregalados de medo tentando pará-lo. "Eu estou bem", ela assegurou. "Eu estou bem. Ele não me tocou. Pára", ela disse a ele.

O peito dele estava pesado enquanto sua fúria se dissipava ao vê-la. O horror por suas próprias ações começando a tomar conta e ele soltou a camisa de Jackson, e o homem inconsciente caiu no chão na frente dele.

Chloe estava olhando pra ele com medo, mãos agarrando seu braço, que ele percebeu ainda estava pronto pra dar um soco. Ele abaixou a mão e se afastou dela, seu estômago revirando.

As palavras da Dra. Black sobre agressão e hostilidade voltando para sua mente.

Ele deu outro passo pra trás, olhos arregalando sob os óculos.

Chloe se virou e se sentou no chão, colocando o polegar contra o pescoço de Jackson para encontrar seu pulso. Depois de uma pausa, ela encontrou, e suspirou aliviada. "Ele vai viver", ela disse, levantando-se novamente. Ela se virou de volta pra ela. "Os outros", ela disse suavemente, relembrando-o que ele não tinha terminado seu trabalho.

Engolindo com dificuldade, ele foi na direção de uma ainda inconsciente Kate, e usou uma flecha para libertá-la. Então ele fez o mesmo com Otten, que pareceu um pouco incerto, como se ele estivesse prestes a dizer alguma coisa, mas pensou melhor e não disse nada. Resignado, ele se levantou e olhou para Oliver direto em seu rosto.

"Obrigado."

Oliver assentiu. "Leve-a daqui", ele indicou Kate. "Vá até a polícia."

"E a Srta. Sullivan?" Otten perguntou, olhando para Chloe.

"Eu cuido dela."

Mas Otten não se moveu, seus olhos ainda pedindo confirmação de Chloe.

Chloe hesitou por um breve segundo mas assentiu. "Eu vou ficar bem. Obrigada. Apenas garanta que Darlene Prinn ganhe uma cela ao lado de seu marido, certo?" ela sorriu.

Otten não estava inteiramente convencido pelo sorriso que ela exibiu, mas ele aceitou. Ele foi até Kate e a pegou nos braços, carregando-a para fora da sala.

Chloe os observou sair, e então se virou para seu ex-agressor. Nojo em seu rosto, ela o arrastou até o mesmo posto onde ela estivera presa. Então ela tirou seu cinto e usou para prender as mãos dele, para o caso de ele acordar antes de a polícia chegar.

Por mais impossível que isso pareça, ela acrescentou em sua mente. Ela tentou não olhar para o rosto do homem, mas a imagem de seu herói batendo até ele perder o sentido se recusava a deixar sua mente.

Finalmente, ela se levantou, nada mais pra fazer a não ser encará-lo. Ela se virou pra ele. "O que você tomou?"

Ele ficou na defensiva.

"Eu estou falando sério. Diz pra mim."

"Eu não-"

"Eu conheço drogas quando as vejo!" ela o interrompeu, sua voz quebrando, lágrimas nos olhos apesar de lutar contra elas. "Olha pra ele!" ela apontou para o corpo coberto de sangue.

Ele engoliu, culpa o atravessando enquanto tentava engolir a raiva. "Eu-" mas ele não conseguiu se desculpar. Ele mal conseguia olhar pra ela.

"Eu confio em você", ela disse de repente, e ele olhou pra ela. "Eu confio em você e eu-" ela parou, "não tome de novo. Eu não me importo com o que é. Seja lá o que for, não tome de novo."

Ele queria explicar, pontuar que se não fosse pela droga, ele estaria morto. Ele não estaria ali para salvá-la, mas ele podia ver nos olhos dela que ela não se importava. Ela estava olhando pra ele como se nunca o tivesse visto antes, e era assustador.

Ele assentiu uma vez, e o corpo de Chloe visivelmente relaxou.

"Obrigada", ela sussurrou. Então se afastou dele, lutando com cada fibra de seu ser que queria desabar contra ele, abraçá-lo, deixá-lo confortá-la. Ao invés, ela saiu do armazém, deixando-o pra trás, sem aceitar a carona que ela sabia que ele ficaria mais do que feliz em lhe oferecer. Uma lágrima caiu de seus olhos ao perceber que ele provavelmente achava que ela estava se esquivando, ou o punindo, mas ela não estava. Ela sabia que naquele momento se o deixasse tocá-la, estaria tudo terminado. Ela se renderia ao amor que sentia por ele, sem nenhuma esperança de escapar.

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DEZESSETE

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10 comentários:

  1. Esse foi intenso! Que agonia ele não contar sobre o motivo de usar a droga. Apesar disso fico estranhamente aliviada pelas coisas com o Arqueiro balançarem, assim o Oliver tem chance. o.O

    kkkkkkk que louco isso que eu escrevi. Mas é por aí, fico torcendo para o Oliver conseguir conquistá-la sem a necessidade de usar seu alter ego. E logo :)

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    1. Haha... louco mesmo, rs... mas a torcida é inevitável...

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    2. Hahaha... o bom é que isso nos rendeu bons sonhos da Chloe, rs...

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    3. kkkkkkkkk
      Paula, pense numa loucura!! Eu prefiro nem tentar analisar sabe, eu fico louca junto hahaha

      Mas acho que no momento em que a Chloe der uma chance de verdade pro Oliver talvez ela passe a sentir por ele o mesmo que pelo Arqueiro *Deus como isso é confuso kkk*, mas ela tem que conhecer o verdadeiro Oliver...

      Capítulo maravilhoso!

      GIL

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    4. kkkkkkkk e não é Gil? Oliver além de ficar maluco com essa vida dupla, ainda deixa a gente doida!

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  2. Adoro essa fic, e o banner ficou lindo.
    E as comemorações do mês de aniversário estão ótimas, queria poder acompanhar melhor, só que tive que me internar, comecei a fazer quimioterapia de prevenção, minha vida deu uma bagunçada, mais SEMPRE estou olhando o blog mesmo que não comente, amo o trabalho que vocês fazem aqui.
    Adoro vocês!!!

    Sam

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    1. Sam, que bom saber que continua conosco! Sinto muito pela internação... Vou te mandar um e-mail pra conversarmos melhor! Beijos.

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    2. Nossa, Sam. Força aí! Entendo que deve estar passando mesmo por uma loucura... Conte conosco!

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  3. Uou, não esperava por tanta ação e essa reviravolta, o reencontro entre a Chloe e o Arqueiro... Adoro ser surpreendida!!!

    Pobre Ollie, sofrendo com essa dualidade Oliver/Arqueiro... Ownnn...

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    1. Ah, pois é, delícia isso não é Ciça, essa história realmente é demais, pena que já está na reta final...

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