20.5.14

Roomies

SérieIn His Sights
Resumo da Série: Série de histórias pós-Warrior.
Título: Morando Juntos
Resumo da história: Sequência de The New Normal. Chloe e Oliver se ajustando à vida a dois, e Ollie encontra Carter para tomar uma cerveja -- e conversar. 
Autorafickery
Classificação: R
Spoilers: Salvation
Nota: tradução sugerida pela Ciça e pela Sam.

Histórias anteriores:
The Way Things Are Supposed To Be (parte 1) (parte 2) (parte 3)
The New Normal (parte 1) (parte 2) (parte 3) (parte 4) (parte 5)


"Chloe?" Ele jogou as chaves no balcão da cozinha. Nenhuma resposta. Ela ainda deveria estar a caminho de casa.

Ele amava poder pensar isso, dizer isso. "Quando você vem para casa?" "Vamos esperar até chegar em casa." "Temos leite em casa?" Ele amava que casa significasse o mesmo para os dois agora.

Ele também gostava da expectativa que tinha agora de que ela estaria ali. Ou se não estivesse, ela chegaria logo.

Ela estava morando ali há pouco mais de uma semana. Ele não morava com ninguém desde o colégio, então não era como se tivesse uma experiência recente para se apoiar, e ele não tinha a intenção de morar com alguém além de Chloe no futuro, mas... morar com ela era um ajuste.

O que até soava negativo, parecendo que se ajustar era difícil, mas não era o caso. Pelo contrário, na verdade. Ele amava morar com ela.

Para começar, havia um cheiro no lugar. Não que não fosse sempre limpo antes - ele pagava uma faxineira para isso. Era só que ela lembrava de abrir as janelas com mais frequência, porque gostava do ar fresco. Ela gostava de velas perfumadas - nada forte, mas o tipo que cheirava a mar ou roupa limpa. Ela as acendia à noite, então o cheiro e o brilho aqueciam o apartamento. Ela gostava de flores também, então ele pedia algumas, as favoritas dela que tinham um cheiro bom e acrescentavam um toque de cor: lírios e violetas. O contraste era tão interessante que ele se perguntava como nunca tinha percebido quão frio e estéril o lugar era antes dela se mudar.

Ela cheirava bem. Ele podia entrar em um quarto onde ela havia estado e sentir o cheiro de sua fragrância. Não era sempre que ela usava perfume, mas ele estava tão acostumado com o cheiro do xampu dela e a loção corporal que ela usava que sempre despertava uma resposta prazerosa nele. Ele realmente, realmente gostava que seus lençóis e travesseiros sempre cheirassem como ela agora.

Ele entrou no quarto para se trocar. Tinha de bom grado cedido metade de seu closet para ela, mas pensava em transformar um dos quartos de hóspedes em um só para ela. Por enquanto, ele gostava de ver as roupas dela penduradas ao lado das suas. Aquilo, mais do que qualquer outra coisa, tornava real o fato de que ela finalmente estava morando ali.

Ele se perguntava o que ela queria fazer para o jantar. Aparentemente ela decidira que viver junto significava que ela deveria aprender a cozinhar, embora sua prévia falta de talento nunca parecesse incomodá-la - ou, no caso, incomodá-lo - antes. Ele disse a ela para enlouquecer e pedir o que quisesse e tudo que precisasse para seus experimentos. Até o momento ela ia devagar - fez um bom trabalho com duas coisas fáceis como ovos estrelados e bacon para o café, e um frango frito para o jantar uma noite. Frustrada por uma tentativa desastrosa de waffles belgas, ela foi para a internet. Ele entrou na Watchtower uma tarde e a encontrou concentrada em múltiplos monitores. Esperando ver algo relacionado a Liga, deu a volta nela e encontrou diversas janelas abertas com receitas de sites de chefs de celebridades, todos com diferentes receitas de lasanha.

De repente os canais de culinária invadiram a lista de favoritos. Ele gentilmente tentou dizer a ela que não morreriam de fome se ela não se tornasse uma expert na cozinha, que ele não esperava que ela se tornasse, mas não havia como demover Chloe quando ela tomava uma decisão. Ele não queria que ela surtasse, mas não podia deixar de gostar da insistência dela em aprender a cozinhar para ele. Para eles. Era tão inequivocamente... doméstico.

Ele ouviu o elevador descendo. Na hora certa. Ele estava ali para recebê-la enquanto ela entrava na cobertura. Ele não tentou suprimir o enorme sorriso em seu rosto ao vê-la.

"Ei", ele disse, passando os braços ao redor dela. "Achei que você chegaria mais cedo em casa." E lá estava novamente. Casa.

"Desculpe", ela disse, soando um pouco resfolegante. Ele não sabia se era porque ela correra ou se era o efeito que ele causava nela. Ele desejava que fosse o último. "Literalmente, as portas do elevador estavam se abrindo na Watchtower, quando ouvi um bipe em uma das buscas que eu estava fazendo. Então eu voltei para checar os resultados caso fosse algo importante."

Prestes a beijá-la, ele parou. "E?"

Ela balançou a cabeça. "Nada consistente." Ela olhou para ele. "Poderia ajudar se eu tivesse informações mais específicas." Ele hesitou e então abriu a boca. Rapidamente ela tocou seus lábios. "Não estou tentando te pressionar", ela disse gentilmente. "Só estou dizendo."

"Eu sei." Ele pegou a mão dela, pressionando-a contra seu coração. Beijou-a. "Você... se importa se eu te deixar sozinha um pouco amanhã à noite? Vou tomar uma cerveja com Carter."

Ele não estava olhando nos olhos dela, e ela ficou intrigada pela resposta evasiva, até perceber que a pergunta dele tinha relação com o que estavam conversando. "Não me importo. Conversa de rapazes?" Ela sorriu.

"Algo assim."

"Isso é bom", ela disse suavemente. "Você quer conversar aqui? Eu posso ficar até mais tarde na Watchtower..."

Ele a interrompeu com outro beijo. "Você acha que eu vou te expulsar quando eu acabei de te convencer a se mudar? Nada disso. Vamos nos encontrar num bar perto do apartamento de Carter." Ele a levou até a cozinha. "Quer um pouco de vinho?"

"Claro", ela disse distraidamente. Considerando que Ollie e Carter não se encontravam para beber, ela desejava que o propósito da pequena reunião fosse o que ela estava pensando que fosse. Ollie abriu a gaveta, presumivelmente para pegar o saca-rolhas enquanto ela tentava voltar ao presente. "Eu ia fazer algo novo para o jantar hoje, mas..." - uma pilha de folhetos de entrega surgiram no balcão em sua frente - "...eu percebi a caminho de casa que não tinha todos os ingredientes", ela finalizou. "Esta é uma dica nada sutil de que você não está gostando das minhas tentativas culinárias?"

Ele balançou a cabeça. "Com exceção daquele waffle, que você concorda que não saiu como esperado, eu amei tudo que você fez até agora." Ele a beijou e pegou suas mãos. "Chloe, se você quer aprender a cozinhar porque está cansada de comida de restaurante, ou porque é algo que você realmente quer, eu estou totalmente de acordo. Você pode fazer como passatempo." Ela abriu a boca para falar. "Criar sistemas de segurança e invadir sistemas não conta."

"É o que você diz", ela murmurou, fingindo fazer bico.

Ele riu. "Eu posso cozinhar de vez em quando também. Só não gosto do jeito que você está levando como se fosse uma obrigação. Se você vai fazer isso, tem que gostar. Somos pessoas ocupadas. Para pessoas como a gente foi inventada a comida pronta. E estou bem com isso. Só... vai devagar e se divirta, ok?"

Ela sorriu relutante. "Ok." Ele era tão doce.

A comida era o exemplo de como viver com Ollie era diferente de morar com Lois. Historicamente nem ela nem Ollie eram bons em manter a cozinha estocada, mas ele se esforçava mais desde que começaram a sair. Morar com Lois, era sempre oito ou oitenta. Nenhuma delas parava, ou comia, ou organizava alguma coisa, então a geladeira estava sempre cheia de restos de comida comprada fora, além de picles ou mostarda vencida.

Ollie também era muito mais organizado. Lois tinha o hábito de jogar tudo no chão quando entrava, ou tirar os sapatos, bolsa, casaco e ir jogando pelo apartamento enquanto andava. Logo Chloe teve que encontrar um jeito de viver com aquilo e manter sua sanidade para não se tornar uma neurótica por organização. Ollie, por outro lado, era uma daquelas pessoas que não conseguia se concentrar num ambiente muito bagunçado. Ela deduzia que fosse devido aos anos de treinamento que ele teve logo cedo em sua vida. Mesmo em dias que a faxineira não vinha, ele ainda deixava tudo organizado. Ele não tinha nem o típico banheiro masculino com toalhas no chão ou tampa do vaso levantada.

Ele cedeu o banheiro principal para ela e pegou o de hóspedes para ele, então de manhã, enquanto os dois estavam correndo apressados pelo menos não tropeçavam um no outro, mas em noites em que ele não estava patrulhando, de alguma forma sempre terminavam de se aprontar ao mesmo tempo para dormir. Eles tinha um tácito entendimento de que terminariam discussões e fechariam negócios, tomariam decisões ou concordariam em engavetá-las no dia seguinte enquanto escovavam os dentes e se revezavam para cuspir na pia, o que causava risada quando erravam o alvo ou batiam a cabeça um no outro. Ela achava tão íntimo quanto o que faziam na cama - ou em outro lugar - juntos, e essa era uma das coisas que realmente a fazia sentir como se estivesse em casa.

Enquanto ela estava distraída pelos pensamentos, Ollie dava a volta e deslizava os braços ao redor de sua cintura. Ninguém havia dito a ele que a melhor coisa em morar com a mulher que você ama é que você pode tocá-la sempre que quiser. E ele queria. O tempo todo. Ele mal podia passar perto dela sem desviar o caminho para beijá-la, ou correr as mãos por seus braços, ou dar um tapinha possessivo em sua bunda. Depois de meses sem poder tocá-la - antes quando ainda não estavam juntos, e depois quando ele foi sequestrado; ou não poder tocá-la em público porque o relacionamento deveria ser um segredo - finalmente poder expressar livremente seus sentimentos fisicamente, sem restrições, era sem dúvida sua parte favorita de morar com Chloe.

Ele mordiscou seu pescoço. "Decidiu o que quer jantar?" ele murmurou.

Ela se recostou contra ele. "Eu estou com uma vontade bem específica. E o bom é, eu todos os ingredientes bem aqui." Ela o beijou.

*-*-*-*

"Eu estou saindo", ele disse na noite seguinte, pegando a jaqueta de couro e o telefone. Ela sorriu enquanto ele se inclinava para beijá-la.

"Ok. Diga oi ao Carter por mim."

"Digo sim. E eu te aviso se for chegar depois das onze." Era outra coisa sobre viver com alguém - os horários, avisar. Durante muito tempo em sua vida, ninguém se preocupou com ele. Então, aquela era uma mudança que ele já gostava.

Lugar interessante, Carter, ele pensou, entrando no que parecia ser uma taberna. Ele tinha vestido uma calça velha, uma camiseta antiga e botas gastas, mas podia sentir os numerosos olhares curiosos ou hostis, medindo-o. Enquanto seus próprios olhos se ajustavam a pouca iluminação, ele olhou ao redor e localizou Carter numa mesa no fundo, jogando amendoins na boca. Havia também uma cerveja em sua frente.

Ollie parou no balcão. O atendente demorou em atendê-lo. Ollie apontou Carter com a cabeça. "Vou tomar o mesmo que ele, e se você puder continuar servindo eu ficaria agradecido." Ele deslizou algumas notas dobradas sobre a mesa e recebeu um aceno afirmativo. Um momento depois ele era o orgulhoso dono de sua própria cerveja. Ele foi até a mesa de Carter e sentou na frente dele. Ele notou que Carter tinha escolhido um ponto onde teriam privacidade suficiente, mas ainda era possível ver todo mundo que estava ali, caso alguém decidisse encher o saco. Havia algo a ser dito sobre beber com outro lutador veterano. Claro, eles não teriam que ser tão cautelosos se estivessem num bar melhor.

"Obrigado por vir", ele disse. Carter inclinou a cabeça em concordância. "Então, é aqui que você se esconde?" Ele tomou um gole de sua cerveja.

"Eu não me escondo em lugar nenhum. Mas se me escondesse, seria aqui." Ele olhou para Ollie. "Fiquei com medo de deixar você escolher o lugar e acabar num piano-bar."

"Sim, quando te chamei para tomar uma cerveja e você concordou, meu pensamento seguinte foi, 'Eu conheço um piano-bar que Carter ia amar. Talvez possamos cantar uma música juntos.' Porque eu sei que você é assim."

Carter grunhiu. "Você não se encaixa aqui."

"A questão é, há um espectro, e os lugares dos quais estamos falando ficam em direções opostas. Eu prefiro lugares que ficam no meio. Como a maior parte das pessoas." Ele decidiu que era melhor cortar a conversa antes que Carter se irritasse e fosse embora. Ele já tinha remarcado o encontro devido a um compromisso no trabalho; não achava que Carter fosse lhe dar outra oportunidade se perdesse aquela. "Como você vai? E a Courtney?"

"Tudo bem. E Chloe sabe melhor do que eu como Courtney está. Ela passa cada vez mais tempo na Watchtower."

"Sério?" Isso era novidade. Ele fez uma nota mental para perguntar a Chloe sobre isso.

"Chloe provavelmente é a figura feminina mais estável que ela tem. Acho que ela precisa disso."

"Bem", Ollie disse com orgulho, "ela poderia ter um modelo feminino pior."

"Concordo", Carter disse. Ele tomou um gole de sua cerveja. "Já voltou a patrulhar?"

"Anteontem."

"É? Como foi?"

Ollie não pôde deixar de sorrir um pouco, lembrando. Ele nem conseguia expressar como era bom voltar a vestir o uniforme do Arqueiro Verde, usar a aljava, ajustar o comunicador que o manteria em contato com Chloe. Ele tentou protestar dizendo que podia ir sozinho, mas Chloe nem o deixou terminar. Ele bateu o pé sobre ela direcioná-lo da sala de controle no apartamento ao invés de ir para a Watchtower. O déjà vu podia ser um pouco demais para ela, fazer a mesma coisa no mesmo lugar de quando ele desapareceu.

Antes de deixar o apartamento, ela parou na frente dele e segurou seu rosto nas mãos. "Lembre-se que você ainda não está cem porcento", ela disse firmemente. "Tome cuidado." Ela o beijou. "Eu te amo." Ele a puxou contra ele e retornou o beijo.

"Eu volto em algumas horas", ele prometeu. "Também te amo."

Ele estava fora há quarenta minutos quando tocou o comunicador. "Torre?"

"Pode falar, Arqueiro."

"Por favor, informe o resto do nosso pequeno clube que eles são péssimos em seguir alguém, porque eu já vi todos eles, incluindo os dois que são tão rápidos que eu não deveria conseguir ver. E diga a eles que eu não preciso de babá, muito menos um time inteiro delas", ele acrescentou.

"Eles não são babás, Arqueiro", Chloe disse, sua voz divertida. "Pense neles como uma guarda de honra. Eles estão saudando seu retorno às atividades."

"Ótimo", ele resmungou. "Agora, há alguma coisa grande acontecendo que precise de todos nós aqui, ou podemos nos espalhar e cobrir a cidade com mais eficiência?"

Ele acabou detendo dois bandidos, impediu um assalto e uma invasão, e um roubo de carros. Ele suspeitava que uma das razões para o time inteiro estar ali era para que Chloe pudesse dizer honestamente depois de algumas horas que todos os crimes reportados tinham sido resolvidos e que não havia mais nada para ele fazer. Na verdade, ele podia dizer que definitivamente não estava cem porcento; sua resistência ainda estava baixa e ele estava com um pouco de dor no tronco e na perna direita; não tanto dos ferimentos anteriores mas - apesar de suas tentativas de se recondicionar - dos músculos que estava pressionando depois de tanto tempo. Mas pela primeira vez em meses, ele se sentiu útil, se sentiu como ele mesmo, e isso fazia valer a dor e a fadiga que estava sentindo.

De volta à sala de armas, ele tirou os óculos e o comunicador, o capuz e a aljava. Chloe foi até ele, tendo também removido o comunicador. "Você foi ótimo esta noite", ela disse. "Como se sente? Está com dor? Cansado?"

Ele balançou a cabeça. "Na verdade não." Nada que um banho quente e um analgésico não pudessem resolver.

"Bom", ela disse. Antes que ele tivesse uma pista de suas intenções, ela havia tirado seu colete e levado a boca até seu mamilo, pressionando-se contra sua virilha. Ainda tomado pela adrenalina, ele não podia resistir o ataque sensual. Ele acabou tomando-a ali mesmo no chão da sala de armas, ela gemendo deliciosas obscenidades em seu ouvido, até os dois explodirem juntos.

Sim, aquela definitivamente iria para a lista das Dez Melhores Noites de Sua Vida. Charme finalmente restaurado.

Carter estava olhando para ele de um jeito estranho e ele percebeu que estava tendo devaneios. "Bom. Meu time estava um pouco super protetor no início, mas assim que se afastaram, tudo correu bem. Pegamos alguns bandidos. Foi como se eu nunca tivesse desaparecido."

Carter assentiu. "Bom. Então, sobre o que você queria conversar comigo?"

Acho que chega de rodeios. "É meio sobre Chloe. E o que aconteceu comigo." Carter olhou para ele silenciosamente, esperando. Ele respirou fundo.

"Chloe... quer que eu converse com ela sobre. E - ela meio que entende porque eu não consegui até agora, mas... ela meio que não entende. E eu não quero esconder nada dela, mas também não quero enchê-la de imagens que ela não vai conseguir mais tirar da cabeça." Ele olhou para a cerveja, girando-a nas mãos. "Eu ainda tenho sonhos - pesadelos, algumas vezes - sobre onde eu estava, o que eles fizeram comigo. Como eu posso colocar esse peso nos ombros dela?"

Carter olhou para ele por um longo momento, a expressão neutra. Finalmente ele falou. "Eu nunca perguntei o que eles fizeram com você."

"Não", disse Ollie, incerto do rumo da conversa.

Carter começou a falar, então ficou em silêncio de novo. O atendente se aproximava com mais duas cervejas. Carter esperou até estarem novamente sozinhos. "Eu não perguntei porque sabia quais eram seus ferimentos, e eu sei o tipo de trauma necessário para causar os ferimentos. Chloe é esperta. Ela também deve saber, ou procurou em dos computadores." Ollie balançou a cabeça, não entendendo completamente. Carter empurrou a cerveja vazia de lado e pegou uma cheia.

"Ela não precisa, ou quer, ouvir cena-a-cena, sobre seus ferimentos. Não vai ajudar ouvir sobre cada soco nos rins, cada chute nas costelas, todas as vezes que você foi jogado contra uma parede ou no chão. Ela precisa saber o que aconteceu com você. Quem te levou, e porque. O que eles disseram, o que eles queriam. Porque deixaram você partir." Ele olhou para Ollie. "O que você pensou no tempo em que esteve fora. Como você suportou. É isso que ela precisa ouvir."

Ollie olhou de volta para ele. Então seus olhos desviaram para um ponto na parede enquanto processava aquilo. Carter esperou pacientemente, tomando sua cerveja. Finalmente Ollie deu uma risada.

"Qual é a graça?" disse Carter.

"Bem, para ser honesto, eu meio que estou me sentindo um idiota por te trazer até aqui para me dizer algo tão óbvio que eu deveria ter percebido sozinho." Ele balançou a cabeça.

"Ou - é possível que você estivesse muito perto do problema para conseguir ver a solução", Carter disse secamente.

Ollie olhou para ele. "Desculpe, se eu não te conhecesse bem, acharia que você está me dando um desconto."

Carter deu de ombros. "Se você já percebeu seu erro primeiro, que graça tem pra mim?" Ele empurrou outra cerveja na direção de Oliver. "Chloe é uma boa mulher. Ela pode lidar, contanto que você não conte os detalhes sangrentos."

Relutante, Ollie disse. "Bem... já que estou abrindo meu coração aqui, ainda te devo um obrigado por outra coisa." Carter ergueu uma sobrancelha. "Você disse algo... meio idiota, mas também verdadeiro, pouco depois de me conhecer. Sobre como eu afastava todo mundo?" A boca de Carter tremeu. Ele claramente se lembrava da conversa. "Era da Chloe que você estava falando, não era?"

"Eu não conhecia vocês dois muito bem, mas era bem óbvio para todo mundo como você se sentia em relação a ela. Pelo menos era óbvio para mim. E eu acho que para seu amigo J'onn."

Ollie sorriu concordando. "Bem, era o empurrão que eu precisava para fazer alguma coisa. E ela é a melhor coisa que já me aconteceu. Então... obrigado."

"Ouvi dizer que ela foi morar com você."

"Sim. Há nove dias."

"Vai casar com ela?"

"Estou trabalhando nisso. Você não tem ideia do quanto foi difícil convencê-la a se mudar. Ela é difícil."

"Bom", Carter assentiu.

"Ela está aprendendo a cozinhar. Talvez assim que ela se sentir confortável, convidaremos pessoas para jantar." Ele não fazia ideia do que o tinha possuído para dizer aquilo.

O canto da boca de Carter subiu um pouco. "Comida feita em casa por outra pessoa é sempre bom." Os dois ficaram em silêncio por um longo momento. Ele olhou para a segunda cerveja de Oliver. "Você veio dirigindo?"

Ollie balançou a cabeça. "Não, o carro está esperando." Ele pegou o telefone e mandou uma mensagem.

"Você quer dizer a limusine?" Carter perguntou com sarcasmo.

"Não é uma limusine", Ollie protestou, sentindo-se como quando tentava dizer que não usava meia-calça. "É um carro."

"Um carro de luxo. Com um motorista. Odeio te dizer isso, Príncipe Encantado, mas de onde eu venho isso se chama limusine."

"De onde você vem, quatro escravos carregando a liteira da Cleópatra é chamado de limusine", Ollie murmurou.

Carter bufou. "Touché, Feijão Verde."

"Eu não quis dirigir porque não sabia quanto ia beber. E não quero pedir para a Chloe vir me buscar tarde da noite. E é impossível conseguir um táxi nesta vizinhança." Carter ergueu as mãos em fingida rendição. "Quer que eu te deixe em algum lugar?" Eles afastaram as cadeiras e foram para a porta, Ollie acenando para o garçom dizendo que não precisava do troco.

"Não. Eu gosto de andar", disse Carter. "Obrigado pela cerveja." Ele desceu alguns passos no quarteirão e se virou. "Se você algum dia precisar falar sobre as coisas que você não quer contar a Chloe -- estou disposto a ouvir."

Ollie assentiu. "Eu agradeço. Eu te aviso."

"Mas não vamos fazer disso um hábito", Carter disse secamente. "Ou as pessoas vão pensar que estamos apaixonados."

Ollie mordeu a parte interna da bochecha, lutando contra um sorriso. "Anotado."

"Diga oi a Chloe por mim." Com isso, ele se virou e voltou a caminhar.

*-*-*-*

"Ei, sentiu minha falta?"

Ela ouviu o barulho das chaves e o telefone no balcão da cozinha antes de ele beijá-la. Ela estava encolhida no sofá, o notebook aberto na mesa de café. Ela rapidamente pegou o controle e pausou o programa de culinária que assistia. Ela sorriu. "Claro. Como o Carter está?"

"Bem. Ele mandou um oi", ele disse, sorrindo de volta para ela. "Aqui. Eu percebi que esquecemos de pegar a correspondência hoje." Ele jogou uma mão cheia de envelopes, folhetos e catálogos sobre a mesinha ao lado do computador e foi para o quarto. Ela sorriu enquanto ouvia ele pendurar o casaco. Ele reapareceu e se sentou, colocando os pés dela em seu colo para que pudesse massageá-los.

"Você não demorou muito", ela disse.

"Não. Mas ele me ajudou a clarear algumas coisas", ele disse. Ele encontrou os pontos de pressão nos pés dela e os massageou com os polegares. Ela gemeu um pouco, gostando.

"Eu estava pensando que podemos viajar até a costa neste fim de semana. Talvez ir até Santa Bárbara. Provar alguns vinhos, caminhar na praia. Conversar um pouco."

"Eu gostaria", ela disse suavemente, olhando para ele. Ele se abaixou e beijou os pés dela. Ela riu. Ele olhou para a TV. "Programa de culinária?"

"Reality de competição culinária", ela corrigiu. "É legal, estou gostando." Ele sorriu para ela.

"Bem, ok então." Ele recomeçou a massagem, gentilmente. Eles não falaram nada por um tempo.

Era outra coisa diferente de morar com Lois. Quando Lois estava no apartamento, você sabia. Não havia muita tranquilidade. Ela corria de um lado para o outro ocupada e falava. Com Chloe, ao telefone, sozinha, com a TV. Mas ela e Ollie tinham muitos momentos silenciosos. Quando estavam nos computadores, ela trabalhando em algo para a Liga e ele para a Queen Industries; ou os dois lendo, um deles com a cabeça no colo do outro. Ela tentava dar a ele tempo e espaço para pensar e sabia que ele fazia o mesmo por ela, e era uma das coisas que ela mais amava sobre viver com ele.

Ele fez uma careta e olhou para a camiseta. "Preciso tirar essa roupa. Na verdade, eu preciso tomar um banho. Estou com o cheiro do bar." Ele queria tirar o cheiro de cigarro antes de irem para a cama, embora soubesse que Chloe não fosse reclamar. Ele soltou seus pés e se levantou. 

Quinze minutos depois ela tinha começado a ver a correspondência quando viu as mãos dele massageando seu pescoço. Ela não pôde deixar de perceber o quanto ele a tocava desde que passaram a morar juntos. Ele sempre a acariciava e a beijava. Não que ela se importasse. De jeito nenhum. Ela respirou fundo, apreciando o cheiro dele.

"Então, companheira. Estamos morando juntos há nove dias. Qual minha nota até agora?"

"Em comparação a Lois?" ela perguntou, divertindo-se. "Bem, vamos ver. Você definitivamente é mais organizado que ela. E você não ronca. E eu devo admitir que estou gostando do cenário. Especialmente quando o cenário é você saindo do banho, ou fazendo ioga sem camisa de manhã." Ele riu. "Porém, meu guarda-roupas diminuiu significativamente devido ao fato de que não posso mais roubar roupas dela para usar."

Ele começou a acariciar sua cabeça. "Você sabe minha resposta para isso."

"Convidar Lois para morar aqui também?" ela perguntou brilhantemente. Ele parou as mãos.

"Hilário", ele disse. "Não, eu estava pensando em 'compre novas roupas'. Meu cartão de crédito é seu também. Seu nome está nele agora."

"Ollie", ela disse exasperada. "Eu não vou começar a gastar todo seu dinheiro em roupas que eu não preciso."

"Bem, a palavra 'preciso' é relativa", ele disse, correndo os dedos suavemente por seus braços. "Você vai atender inúmeros eventos públicos comigo, e é esperado que você se vista de certo modo, e você vai ser fotografada, o que significa que você não vai poder repetir roupas."

Ela se virou para ele. "Você está me dizendo que toda vez eu preciso sair de casa como se estivesse indo para o tapete vermelho do Oscar?"

"Não precisa exagerar", ele disse. "Muitas celebridades vão a academia ou a Starbucks em moletom e jeans. As roupas que você usa no trabalho estão ótimas. Mas para eventos de gala - sim. Isso... meio que vem com o pacote." Ele sorriu, mas ela podia ver um pouco de ansiedade em seus olhos, como se ela fosse naquele momento entrar em pânico e fugir pela porta.

Ela suspirou e apertou a mão dele. "Está tudo bem. Eu posso lidar com isso. Só não tinha parado para pensar."

Ele apertou a mão dela de volta. "Meu conselho? Contrate uma estilista pessoal em que possa confiar e se apoie nesta pessoa."

Ela franziu a testa. "Ollie, eu não sou o tipo de pessoa que tem uma estilista."

"Você é o tipo de pessoa que tem muitas horas livres para fazer compras? Porque é o que essas pessoas fazem", ele disse. "Você e eu podemos usar melhor nosso tempo e energia."

"Certo. Contratar uma estilista. Primeiro item para a agenda de amanhã", ela disse. Ela voltou a atenção para a correspondência.

Ele beijou seu pescoço. "Vai dormir cedo?" Ela não respondeu. Ele levantou a cabeça para encontrá-la olhando para um envelope, congelada, uma expressão estranha. Ele olhou por sobre o ombro dela.

"Bem, você sabia que isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde", ele disse. "Especialmente assim que atualizasse seu endereço no correio."

"Eu sei", ela disse, olhando para o pedaço de papel endereçado a 'Sr. e Sra. Oliver Queen.' "É só que... isso nunca aconteceu quando eu morava com Lois."

Ele olhou para ela intrigado. "Claro que não." Ele se inclinou e sussurrou. "Pessoalmente? Eu gosto. Muito." Ele beijou-a novamente e foi para o quarto, parando para olhar para ela.

Ela ainda olhava para o envelope, mas agora havia um pequeno sorriso no rosto dela.

Eu meio que gosto também, ela pensou. 

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PRÓXIMA HISTÓRIA: Ladie's Night

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8 comentários:

  1. aiii que tudo PERFEITOOO coisa mais fofa os pensamentos do oliver sobre a chloe morar com ele... ameiiii to apaixonada por essa fic

    emilia .....

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    1. Oi, Emilia!!!! Que bom que gostou!!!! Continue apaixonada... :D

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  2. Ganhei uma cárie com a doçura dessa história!!!! huahauhauahauaha

    Esses dois acabam comigo! <3

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    1. Hahahaha, Ciça, assim é bom né? rs... Esses dois são uma overdose de fofura! Beijos. :D

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  3. É muita fofura mesmo... de ler com o persistente sorriso bobo no rosto!! *-*

    E ainda tivemos Carter, o que deixa tudo mais perfeito...

    Lindo demais!!

    GIL

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    1. Oi, GIL, não é? Adoro o Carter tamb[em. Mais em breve! Beijos.

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  4. Coisa fofa essa história! Obrigada por alimentar nosso vício Sofia :)

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    1. Obrigada você, Paula, por estar sempre por aqui conosco. Beijos e tem mais em breve.

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