2.12.12

The End Where I Begin (11/13)

Título: O Fim Onde Eu Começo
Resumo:  Universo Alternativo - Oliver faz parte da SJA há anos e está constantemente discordando de Carter. Mas quando Carter se recusa a fazer parte da missão de Oliver para investigar a aparição do último Luthor no radar, Oliver procura a ajuda de Chloe. Ou o Arqueiro Verde procura e ele promete a Carter que Chloe jamais descobrirá sua identidade. 
Classificação: NC-17
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Lois não tinha certeza se alguma vez se sentiu tão desconfortável em toda sua vida. Clark tinha ligado pra ela depois que Chloe lhe contou o que tinha acontecido com Lucas e o amigo de Oliver. Clark pediu pra Lois ir com ele e ver se Chloe estava bem enquanto ele ajudava Oliver com os preparativos, seja lá o que isso significasse.

Ela não tinha se preparado para a quantidade de sangue ou para ver Carter no saguão. Também não estava preparada para o olhar assombrado no rosto de Oliver. Ele mal tinha tomado conhecimento deles senão para pedir para Clark ajudá-lo a levar Carter para uma sala diferente para que ele pudesse começar os preparativos. Eles tinham desaparecido e Lois e Chloe começaram a limpar o sangue e o vidro que havia no chão.

A maior parte já estava limpa agora, mas ainda precisavam dar um jeito na janela e Lois não fazia ideia se tinha alguma coisa no museu que pudessem usar para tapá-la. Ela olhou para Chloe e percebeu que sua prima estava segurando a lateral novamente. "Talvez devêssemos nos sentar um pouco", ela sugeriu. Chloe estava extremamente pálida e Lois não tinha certeza se algum deles conseguiria levá-la para o hospital.

Chloe balançou a cabeça enquanto esfregava o pano no chão de novo antes de devolvê-lo ao balde. "Eu preciso limpar isso antes que Oliver e Clark voltem", ela disse enquanto descansava sobre os joelhos e lavava o pano. "Ele não deveria ter visto isso. Todo esse sangue..." Um nó se formou em sua garganta, cortando o resto de sua frase.

Ela respirou tremulamente antes de pegar o pano e se inclinar pra frente de novo, limpando um pouco mais de sangue. Ela deve ter se inclinado muito pra frente porque sentiu uma dor aguda em sua lateral e pequenas gotas de suor apareceram em sua testa. Ela moveu uma mão trêmula até a lateral do corpo e segurou ali por alguns segundos. Quando tirou a mão, havia um pouco de sangue em sua palma.

Engolindo em seco, Chloe continuou a limpar. "Ele salvou minha vida", disse um minuto depois. "E agora ele se foi e é culpa minha", disse à sua prima baixinho. "Eu não deveria me surpreender se Oliver nunca me perdoar", ela disse, sua voz rouca de chorar.

"Chloe", Lois disse quando viu o sangue na mão de sua prima. "Você não vai conseguir ajudar Oliver se estiver sangrando", ela pontuou e pegou o kit de primeiros socorros que estava no chão e gesticulou para Chloe se levantar para que ela pudesse trocar o curativo. "Não foi culpa sua. Lucas Luthor é quem fez isso e ele vai pagar. Oliver está em estado de choque, mas ele não vai te culpar por isso."

Chloe suspirou e se levantou devagar, sentando-se na cadeira ao lado de sua prima. "Eu me culparia", ela disse enquanto olhava para a mancha no chão. "Eu fui muito teimosa. Eu quis entrar no escritório de Lucas e não liguei para o fato de ele estar preocupado", ela disse enquanto olhava para Lois.

"Eu deveria ter esperado." Ela parou. "Carter era tudo que ele tinha, Lo." Ela manteve o olhar em sua prima. "Eu sei que eles brigavam bastante e fingiam não se dar bem, mas eles significavam muito um para o outro e agora..." Sua voz falhou enquanto levantava a lateral da blusa para Lois. "Eu só queria que houvesse um jeito de consertar tudo."

Lois se ajoelhou e começou a limpar a ferida enquanto falava. "Você está errada, Chlo", ela declarou. "Oliver tem você", ela a relembrou. "Ele nunca vai estar sozinho porque ele tem você e por extensão, ele tem Clark e eu e parece que também tem algumas outras pessoas do time deles. Ele está ferido e vai precisar passar pelo luto, mas ele não vai ficar sozinho." Ela colocou outro esparadrapo na lateral de Chloe e se levantou, jogando o velho no lixo junto com os algodões antes de encontrar o olhar de sua prima novamente.

"Ficar se culpando não vai ajudar ninguém, muito menos Oliver." Lois disse. Ela sabia que sua prima se culpava, mas não ia deixá-la trilhar esse caminho. "Todo mundo conhecia os riscos quando aceitaram o trabalho. Não estou dizendo que isso conserta as coisas, mas Carter sabia o que estava fazendo quando se colocou entre você e aquela arma. Isso é horrível e trágico e é tudo culpa de Lucas. Não sua", ela finalizou.

Chloe apertou os lábios. Sabia que sua prima estava certa, mas não podia deixar de se sentir culpada. Não era isso que importava no entanto. Ela não podia desabar porque precisava ser forte por Oliver. "Você tem razão", disse baixinho enquanto se endireitava. "Eu preciso estar aqui por Oliver porque isso está sendo muito difícil pra ele." Ela expirou e mandou um meio sorriso a Lois que não alcançou os olhos.

"Obrigada, Lo", ela disse enquanto se levantava de novo, sentindo uma onda de náusea a atravessar e fechando os olhos por um segundo para se equilibrar. Quando os abriu novamente, encontrou o olhar de Lois. "Vamos terminar de limpar este lugar."

"Ok", Lois concordou. Podia ver que sua prima não acreditava completamente no que ela estava falando, mas Lois não ia forçar. Ela também deveria estar em choque. "Só não exagera", alertou. Chloe obviamente não estava bem e trabalhar não ia ajudar com a dor, mas Lois entendia porque ela precisava continuar fazendo isso. Sem outra palavra, Lois pegou um pano e voltou a tentar limpar o sangue do chão.

________

Clark estava parado ao lado de Oliver enquanto esperava o outro homem sair do telefone. Ele fez o melhor para não ouvir a conversa, sabendo que Oliver não gostaria. Ele ficou surpreso quando Chloe ligou e ainda mais surpreso com o que encontrou ao chegar ao museu.

Ele e Oliver tinham saído há pouco mais de uma hora e estavam prestes a começar a preparar as coisas para o funeral de Carter. Ele não sabia muito sobre Carter, mas podia ver o quanto ele era importante para Oliver e ele tinha aparentemente salvo a vida de Chloe e isso era bom o suficiente pra ele. O som de Oliver terminando a ligação arrancou Clark de seus pensamentos. "Como foi?" ele perguntou, tom baixo.

"Nada bom", Oliver respondeu enquanto guardava o telefone em seu cinto de utilidades. "Sylvester vai falar com mais algumas pessoas do time, mas eles não poderão ir pra não arriscar suas identidades."  

Oliver não estava certo se suas palavras faziam sentido, mas não se importava. Depois de dar a notícia a Sylvester e ouvir enquanto ele contava a Courtney, Oliver fez o melhor para dar seguimento aos preparativos. Ele pediu para Clark levar Carter para o lugar onde Sylvester orientou e agora o time ia cuidar do resto.

Oliver se sentia inútil. Era sua culpa que Carter estivesse deitando ali, esperando pra ser levado para o túmulo. Ele tinha pedido pra ele vestir o uniforme; tinha pedido pra ele ajudá-lo com uma missão que era uma péssima ideia. Agora Carter estava morto, o time estava devastado e Oliver se sentia completamente sozinho de novo. Ele podia ver Clark o observando, mas Oliver não sabia o que dizer. Parecia errado pedir pra ele ir embora depois de tudo que Clark tinha feito pra ajudar, mas Oliver também não estava com vontade de conversar.

Na última vez que Clark e Oliver tinham estado na mesma sala, não estavam exatamente na mesma página e Clark tinha garantido em deixar as coisas ainda mais estranhas entre eles. Ele deslizou as mãos dentro dos bolsos e engoliu em seco. "Tem alguma coisa que eu possa fazer?" perguntou baixinho. "Eu posso te levar de volta se você quiser participar da cerimônia. Não me importo em esperar", ele disse enquanto trocava de pé.

"Eu não conhecia Carter, mas ele salvou minha melhor amiga... é o mínimo que posso fazer." Clark disse sinceramente. Carter era um heroi e todos os herois mereciam ser honrados.

"Não tem mais nada pra ser feito", Oliver respondeu. Ele encontrou o olhar de Clark e podia ver que o outro homem só queria ajudar, mas não havia muito que pudesse ser feito. "É só um jogo de espera agora. As pessoas virão se despedir e então acontece a cerimônia, que eu de fato ainda não entendo, mas um dos membros mais velhos do time vai conduzir tudo. Eu agradeço que você queira ajudar, mas Carter era um cara reservado. Eu deveria respeitar isso", ele acrescentou, a culpa apertando seu peito mais uma vez.

Clark podia ver a culpa no rosto de Oliver e franziu a testa. "Isso não é culpa sua", ele disse. "Carter era seu amigo e ele quis ajudar. Tenho certeza que ele não teve dificuldade em dizer não no passado e se não disse desta vez, provavelmente é porque queria ajudar", ele racionalizou, deduzindo que a declaração era provavelmente verdadeira.

Oliver balançou a cabeça. "Você não entende. Eu sabia que ele não ia dizer não desta vez. Eu sabia que se eu pedisse pra ele ajudar Chloe, ele faria. Não foi um pedido justo. Havia uma razão pra ele não vestir mais o uniforme há anos. Eu nunca deveria ter feito nada disso. Eu deveria ter deixado pra lá. Não era nossa luta", ele murmurou. Oliver queria continuar de onde seus pais tinham parado, mas tinha quase certeza que eles não iam querer que ele se colocasse em perigo, muito menos arriscar Carter também. Todo mundo que importava estaria envergonhado dele.

Clark abriu e fechou a boca. "Eu realmente sinto muito, Oliver", ele disse baixinho. Clark sabia que Oliver tinha ido atrás de Lucas para proteger seu segredo e agora se sentia mal por não ter sido mais receptivo a ideia em primeiro lugar. "Você quer que eu te leve de volta para o museu agora?"

"Por favor", Oliver disse. Ele não queira ficar mais tempo ali. Não queria voltar para o museu também, mas sabia que precisavam garantir que estivesse tudo certo por lá. "Obrigado de novo por sua ajuda", ele acrescentou sem encontrar o olhar de Clark e mais uma vez desejando que pudesse acordar e tudo não passasse de um grande pesadelo.

Clark assentiu. "Sem problema", disse rapidamente. Ele foi até Oliver, segurou o braço do outro homem cuidadosamente e partiu. Menos de cinco minutos depois, estavam no corredor do museu e Clark estava equilibrando Oliver. "Desculpe, leva um tempo pra se acostumar", ele disse, mandando um olhar de desculpa a Oliver.

"Sim", Oliver murmurou e fechou os olhos, esperando a sala parar de girar. Estava mais do que feliz em nunca ter que viajar em super velocidade de novo. Não podia deixar de lembrar das vezes em que Carter tinha voado com ele e o jogado nada gentilmente no chão já que sabia que o movimento o deixava enjoado.

Oliver afastou o pensamento rapidamente, não querendo lidar com isso agora. Ele olhou ao redor, percebendo que Chloe e Lois tinham limpado tudo, mas a janela quebrada ainda precisava de conserto. Ele virou de novo para Clark. "Você acha que pode encontrar alguma coisa pra colocar na janela?" ele perguntou.

Clark assentiu. "Com certeza", disse antes de inclinar a cabeça para o lado e apontar na direção da porta à esquerda. "Chloe e Lois estão aqui. Eu volto logo", ele disse antes de desaparecer, deixando uma rajada de vento atrás dele.

Oliver hesitou por um momento antes de ir até o saguão. Lois andava de um lado para o outro e ele viu Chloe sentada em uma cadeira, os olhos vermelhos e inchados e o rosto pálido. Seu primeiro instinto era de correr até ela e pegá-la em seus braços, mas não conseguia se mover, então apenas clareou a garganta para chamar a atenção das duas mulheres. "Clark volta logo", disse. "Ele foi pegar alguma coisa para a janela."

Lois virou, surpresa ao ver Oliver parado na porta. Ela olhou para Chloe antes de mandar a Oliver um pequeno sorriso. "Obrigada por me avisar. Vocês me dão licença por um momento?" Ela não se incomodou em inventar uma razão, deduzindo que nenhum deles estava de fato interessado nela, então se virou e saiu para o corredor, sem ideia de onde estava indo, mas queria dar a Chloe e Oliver um momento sozinhos.

Chloe esperou Lois sair antes de se levantar da cadeira, engolindo em seco e atravessando a distância entre eles. Ela parou na frente de Oliver e estendeu a mão até seu braço. "Ei", ela disse, fazendo o melhor para ignorar a exaustão que estava sentindo. O mais importante ali não era ela, era Oliver. "Você conseguiu preparar tudo?" ela perguntou, correndo a mão pelo braço dele.

"Acho que sim", Oliver disse. Ele observou a mão dela em seu braço por um minuto, querendo tomar conforto no toque, mas de algum jeito parecia errado. Não tinha certeza se tinha direito de ser confortado quando tudo o que estava acontecendo era culpa sua. "Como você está se sentindo?" ele perguntou enquanto levava a mão até o lado dela que não estava machucado e encontrou seu olhar. Ela ainda parecia que ia desmaiar a qualquer segundo. Ele imaginou que devia estar com a mesma aparência.

"Eu estou bem", ela disse imediatamente, não querendo que ele se preocupasse com ela. "Depois que Clark arrumar a janela, acho melhor levarmos você pra casa", ela disse enquanto movia a mão por seu rosto. O olhar dele era obscuro e Chloe não sabia o que ele estava pensando. "Que tal essa ideia?" ela perguntou.

"Ok", Oliver concordou. Ele queria ir pra casa e tirar o uniforme. Seu corpo inteiro parecia doer com exaustão, mas ele duvidava que fosse conseguir dormir. Oliver hesitou de novo e então pegou a mão de Chloe, segurando-a com força na dele. "Tem sido uma noite longa e você deveria descansar. Tenho certeza que Clark vai estar de volta a qualquer minuto", ele acrescentou, olhando por sobre o ombro para o chão. Oliver fez uma careta ao lembrar de Carter deitado ali.

Chloe segurou seu rosto, tentando fazê-lo se concentrar nela. "Tenho certeza que ele volta logo." As palavras nem bem tinham saído de sua boca quando Clark apareceu na porta.

"Eu arrumei a janela." Ele parou, olhando de Oliver para Chloe. "Eu sinto muito... Lois e eu já vamos indo, mas se vocês precisarem de alguma coisa, é só chamar", ele disse, parando o olhar em Oliver.

Oliver assentiu. "Obrigado pela ajuda", ele disse baixinho, sua mão inconscientemente apertando a de Chloe. Ele esperou Clark e Lois saírem e então se virou novamente para Chloe. Podia ver a preocupação em seus olhos e não teve força para sentir e dizer pra ela que tudo ia ficar bem. Duvidava que algum dia as coisas fossem ficar bem. "Vamos embora", ele disse, ansioso pra sair do museu e voltar pra casa. Oliver tinha a sensação que as coisas pareceriam piores de manhã.

________

Chloe estava parada na frente do fogão enquanto fazia a omelete com uma mão e a outra descansava em sua cintura. Sua lateral estava doendo um pouco menos, mas ainda assim latejava toda vez que ela se inclinava ou se movia muito rápido. Ela olhou na direção do relógio que havia na parede antes de se virar para o fogão. Oliver estava em sua sala de treinamento há algumas horas.

Ela mal tinha dormido na noite anterior e sabia que Oliver não tinha dormido nada. Em algum momento por volta das cinco da manhã, ele tinha saído da cama e não voltou. Quando ela se levantou e ouviu o som dele praticando boxe, achou melhor lhe dar um momento e foi preparar algo pra ele comer.

Chloe serviu a omelete em um prato e colocou a panela na pia. Ela levou o prato até a mesa e o depositou ali, pegando um copo de suco e os demais utensílios. Não estava se sentindo muito bem, então não preparou nada pra si mesma. Ela voltou ao corredor, parando na porta da sala. "Ei, você", ela chamou, esperando ele perceber sua presença.

Oliver estava sentado no banco, olhando para o chão. Ele treinou até seus dedos começarem a sangrar e então os cobriu e recomeçou, mas isso não tinha ajudado muito a diminuir a raiva que queimava dentro dele.

Ele estava tentando se concentrar nisso porque não podia se permitir deixar a tristeza tomar  conta. Não podia se permitir pensar em Carter morto e no fato de isso ser sua culpa. Ele engoliu em seco ao pensamento que o dominava mais uma vez e foi preciso todo seu auto-controle pra não deixar as emoções tomarem conta. Ele respirou fundo, expirou devagar e levantou a cabeça para olhar pra Chloe.

"Ei", ele disse. "Precisa de alguma coisa?" Oliver podia dizer que Chloe passou a noite quase toda acordada com ele, mas ela não tinha dito nada e nem ele. Ele desistiu de fingir estar dormindo e desceu pra sala de treinamento, mas isso não lhe fez nenhum bem. Ele estudou o rosto dela por um momento, percebendo o cansaço que ela estava sentindo e que estava preocupada com ele. Oliver queria dizer a ela que não havia razão pra isso, mas ficou em silêncio, querendo ver o que ela queria.

Chloe engoliu pesadamente e apontou por sobre o ombro. "Eu preparei o café. Sei que você não está com fome, mas deveria comer alguma coisa", ela disse, hesitando antes de entrar na sala e aproximar-se dele. Ela se sentou no banco ao lado dele e fez o melhor pra não fazer uma careta com a dor que sentiu, sabendo que isso o faria se sentir pior. Ela colocou a mão no braço dele, esfregando levemente. "É omelete", disse.

Oliver balançou a cabeça. "Não consigo comer agora. Obrigado mesmo assim", ele acrescentou, não querendo ser um completo idiota quando ela estava tentando ajudá-lo. Ele se virou de frente pra ela e olhou para sua lateral antes de encontrar os olhos dela. "Está doendo hoje?" ele perguntou. Oliver tinha percebido que seus movimentos estavam mais comedidos que o normal, mas não sabia se era por causa da dor ou porque estava sendo cautelosa perto dele.

"Não mais do que ontem", ela disse. "Talvez eu possa fazer um daqueles shakes que você gosta. Eu já vi você fazendo; não é difícil", ela comentou enquanto corria pequenos círculos em sua pele. "Seu telefone tocou um pouco mais cedo." Ela deixou a frase parar aí por um minuto e então se inclinou e deu um beijo em seu rosto, tentando oferecê-lo algum conforto.

"Eu não quero comer", Oliver disse de novo. Não tinha certeza se conseguiria engolir nada. Seu estômago estava em nós e a ideia de comida só deixava tudo pior. "Você viu quem estava ligando?" ele perguntou. Oliver não queria conversar com ninguém, mas se fosse alguém do time, devia a Carter checar e ver se estava tudo bem. Ele ainda não sabia como a cerimônia do funeral estava indo.

Chloe balançou a cabeça. "Eu não vi quem era, mas posso ir pegar se você quiser", ela disse, mantendo o tom leve. Podia ver que ele estava triste e não sabia exatamente o que fazer. "E que tal um banho? Tenho certeza que está suado depois do treino", ela disse enquanto descia a mão até a perna dele. Se ele não queria comer, talvez um banho quente o ajudasse a relaxar um pouco.

"É, acho que eu deveria fazer isso", Oliver disse, mas não se levantou. Ele ficou olhando para o chão por alguns minutos, tentando não pensar em nada, mas não estava funcionando. Tudo que ele conseguia ver era o corpo de Carter e tudo que ouvia eram os tiros atravessando o comunicador. Ele fechou os olhos e respirou tremulamente, tomando um momento para controlar a respiração antes de voltar a olhar para Chloe. "Precisamos fazer alguma coisa em relação a Lucas Luthor. Não podemos deixá-lo se sair bem depois dessa", ele declarou, afinal tudo que estava acontecendo era culpa dele.

Chloe observou Oliver por um minuto antes de suspirar. "Nós vamos, mas acho que é uma boa ideia esperar um pouco e fazer um pouco mais de pesquisa pra ver o que ele sabe", ela disse enquanto se levantava devagar, não gostando do olhar no rosto dele. "Uma coisa de cada vez", ela disse estendendo a mão pra ele. "Eu vou preparar seu banho, vamos."

"O que falta descobrir?" Oliver perguntou, ignorando a mão estendida dela e permanecendo sentado no banco. "Lucas matou Carter. Ele tentou matar você e sabe que você invadiu o escritório dele, então são grandes as chances de ele ligar seu nome aos carregamentos que destruímos", ele pontuou, incerto de porque Chloe não estava vendo isso. "Pelo que sabemos, ele já está planejando o próximo movimento contra você. É isso que você quer, Chloe? Que ele venha atrás de você de novo?" ele perguntou. Seu tom seco enquanto olhava pra ela, se perguntando porque ela não estava mais preocupada e ao invés estava interessada em coisas como comida e banhos quando Lucas estava solto por aí.

Chloe ficou em silêncio por um minuto. Ela engoliu a vontade inicial de devolver a resposta no mesmo tom porque entendia o quanto ele estava chateado. "Claro que eu não quero que ele venha atrás de mim, Oliver, mas você não está muito bem agora e eu não acho que seja uma boa ideia sair e atacar. Precisamos de tempo pra nos reagrupar." Ela parou e colocou a mão sobre a dele. "Ficar de luto... Espere alguns dias e eu prometo que vamos trabalhar juntos pra colocar Lucas atrás das grades."

"Certo", Oliver disse enquanto se levantava. Não estava feliz com isso, mas não ia ficar discutindo com ela. "Eu vou checar meu telefone primeiro pra ver se foi alguém do time que ligou." Ele quase desejava que não fosse. "Sinto muito pelo café. Foi um gesto muito legal", acrescentou. Oliver começou a caminhar em direção a porta, mas parou e se virou para Chloe. Ele deu um passo mais perto, estendeu a mão e segurou seu rosto. "Eu não vou deixar ele machucar você."

Chloe assentiu. "Eu sei que você não vai. Nunca duvidei", ela disse, tentando ler a expressão dele. Seus olhar estava tão repleto de culpa e raiva e ela não fazia ideia de como fazer isso ir embora. Ela descansou a mão na barriga dele. "Por que você não vai checar o telefone e eu vou preparar seu banho?" disse com um meio sorriso.

"Você não precisa fazer isso", Oliver respondeu. Sabia que Chloe estava só tentando ajudar, mas ele não era um inválido e não precisava que ela fosse suas mãos e seus pés. "Tenho certeza que você tem outras coisas pra fazer. Eu vou ficar bem, Chloe", ele disse enquanto tirava a mão de seu rosto e ia para o corredor. Ele encontrou o telefone na mesa e hesitou por um momento antes de ver o histórico de ligações.

Ele ficou aliviado quando viu que tinha sido alguém da Queen Industries  e isso podia esperar. Os olhos de Oliver correram pela lista de chamadas recentes, parando no nome de Carter e a culpa tomou conta. Ele olhou para o nome por um longo momento e então pegou o telefone e atirou contra a parede, ficando um pouco satisfeito ao som dele se quebrando.

Chloe entrou na sala a tempo de ver o telefone de Oliver voando pela sala e atingindo a parede. Ela parou, assustada pelo alto barulho no apartamento antes silencioso. "Ollie", ela disse antes de engolir em seco. Ela hesitou e então atravessou a distância entre eles, estendendo as mãos e segurando sua cintura. "O que eu posso fazer?" perguntou, procurando seu olhar.

"Nada", Oliver respondeu  "Não tem nada que possa ser feito, Chloe." Ele colocou as mãos nos ombros dela para afastá-la, mas ao invés puxou-a mais perto, segurando-a com força contra o peito enquanto estremecia. "Eu não consigo aceitar, Chloe. Não era pra ele ter morrido. Não era pra ele estar lá." Um soluço estrangulado escapou de sua garganta e Oliver fechou os olhos, outro tremor atravessando seu corpo enquanto a dor começava a dominá-lo. Carter era tudo que tinha lhe sobrado e agora ele não estava mais ali e Oliver não conseguia aceitar. Ele mal conseguia respirar enquanto a dor fazia seu peito apertar.

Chloe sentiu os olhos úmidos, mas segurou as lágrimas. Oliver precisava que ela fosse forte. Ela segurou-o com mais força enquanto corria uma mão por suas costas. "Não é justo", ela disse, a voz baixa. "E é uma droga, mas Carter estava lá porque se importava com você, Oliver." Seu peito apertou. "Não importa o quanto ele discutia com você, ele te amava, Oliver. Eu sei que amava", ela disse enquanto se recostava contra a mesa e acariciava o cabelo dele.

Ele fechou os olhos e se deixou receber o conforto que ela estava lhe oferecendo. Oliver estava exausto ao ponto de mal conseguir se manter em pé e era bom ter Chloe em seus braços e tê-la segurando-o. Mas as palavras dela despertaram algo dentro dele. Ele sabia que ela estava certa. Carter se preocupava com ele e tinha estado lá porque se importava com ele.

O problema era que Oliver não merecia. Todo mundo que chegava perto dele acabava morto e ele ficava sozinho para recolher os pedaços. Ele não conseguiria lidar com isso de novo. "Eu preciso que você vá embora." Oliver se afastou de Chloe tão rápido que ela cambaleou, mas ele a segurou antes de soltá-la novamente. "Vai pra casa, Chloe", ele disse.

Chloe abriu e fechou a boca, surpresa em seu rosto enquanto olhava pra ele. "O quê?" ela perguntou, confusa. "Não." Ela balançou a cabeça. "Eu não vou deixar você sozinho", ela disse enquanto estendia a mão até ele novamente, incerta de porque ele estava pedindo pra ela ir embora.

Oliver balançou a cabeça e deu outro passo pra trás. "Você não deveria estar aqui, Chloe. Eu preciso ficar sozinho." Pra sempre, ele pensou silenciosamente. Estar perto dele era perigoso e ela não ia deixar Chloe ser a próxima pessoa a sofrer por sua causa. "Você deveria ficar com Lois e Clark até eu descobrir um jeito de cuidar de Lucas. É melhor assim", ele disse.

Chloe travou a mandíbula e cruzou os braços sobre o peito. "Não, eu não vou te deixar sozinho, Oliver. Não importa o que você diga", ela declarou. "Apesar do que você está dizendo, eu sei que você precisa de mim", ela disse e se aproximou dele novamente. "Então, pára de me mandar embora."

"Agora não é a hora pra ser teimosa, Chloe", Oliver respondeu. Ele apontou para o elevador. "Você precisa ir embora. Eu tenho que cuidar de algumas coisas e você precisa voltar pra sua vida e seu time. Não se preocupe comigo", ele disse. Ele cuidaria de si mesmo. Era o que sempre fazia no final. Seus pais tinham morrido, Carter também e agora era só ele. Oliver não ia deixar Chloe entrar nessa.

Chloe abriu a boca e seu primeiro instinto era gritar com ele, dizer que ele estava sendo um idiota, mas ela não fez isso. "Como você pode dizer isso?" ela perguntou, mantendo a voz calma. "É claro que eu vou me preocupar com você", ela disse como se a ideia de ela não se preocupar fosse obviamente estúpida. "Nada significa mais pra mim do que você, Oliver. Você não entende isso?" ela perguntou. "Eu não vou deixar você sozinho. Eu vou ficar e me desculpe se você tem um problema com isso."

As palavras dela fizeram seu peito queimar, mas Oliver tentou ignorar. "Eu te avisei, Chloe. Eu disse que não tinha nada a oferecer. Você deveria ter me ouvido. Eu não posso dar o que você quer. Eu não posso dar nada a ninguém." Oliver foi até as escadas, não dando a ela chance de dizer nada. Ele entrou no quarto e desabou na cama, de bruços, o som de seu coração ecoando nos ouvidos enquanto tentava e falhava em não relembrar a imagem do corpo sem vida de Carter quando ele fechou os olhos.

Chloe ficou lá por um minuto, paralisada com a reação dele. Seu peito apertou com as palavras, mas ela se endireitou e se projetou pra frente. Ela subiu os degraus e entrou no quarto de Oliver. A visão dele jogado na cama fez um pouco de sua raiva ir embora. Ela respirou fundo e se sentou na cama. "Você pode dizer o que quiser, Oliver, mas não tem nada que você faça ou diga que me faça ir embora."

"Certo, então fique", Oliver disse. Sua voz abafada pelo travesseiro onde seu rosto estava enterrado, mas depois de um momento, ele virou a cabeça e olhou pra ela. "Isso não vai acabar bem, Chloe. Existe uma razão pra eu ter ficado sozinho minha vida inteira. É assim que tem que ser. Destino ou seja lá como queira chamar", ele disse. Oliver sabia que ela era teimosa e que ela se importava com ele e não queria deixá-lo sozinho, mas precisava que ela fizesse isso. Ele precisava que ela entendesse que ele nunca ia ser capar de fazê-la feliz. Ele estava destinado a ser sozinho.

"Carter não achava", ela disse baixinho antes de se encolher, percebendo que tinha dito em voz alta. Ela se inclinou cuidadosamente de modo que estivesse deitada ao lado dele. "Você pode ter ficado sozinho sua vida inteira, mas você não está mais, Ollie, e eu vou te provar isso", Chloe disse enquanto corria uma mão pelas costas dele.

"Carter está morto por minha causa, então ele pode não ser seu melhor argumento", Oliver pontuou. Doía dizer as palavras tanto quando ligou para contar a Sylvester. Sem pensar no que estava fazendo, Oliver se mexeu, aproximando-se de Chloe e passando o braço ao redor da cintura dela e deixando sua cabeça deitar sobre o ombro dela. "Eu estou cansado, Chloe. Tão cansado", ele murmurou e deixou os olhos se fecharem  Oliver sabia que era egoísmo aceitar o conforto que ela estava oferecendo, mas não podia evitar.

Chloe ignorou a dor em sua lateral e se aproximou dele, deixando suas mãos correrem pelo cabelo dele e por suas costas antes de repetir os movimentos. "Então dorme um pouco, Ollie. Eu estou bem aqui... Estou cuidando de você", ela disse, sabendo que ele não estava pronto pra ouvir o que Carter tinha lhe dito e estava tudo bem porque ela não ia a lugar nenhum.

Oliver não disse nada enquanto deitava a cabeça no travesseiro, mas não a soltou. Ele só queria dormir e esquecer tudo que tinha acontecido. Sabia que teria que entrar em contato com o resto do time e ia ter que lidar com o enterro de Carter e com Lucas. Mas era muita coisa pra ele no momento. Seu amigo tinha ido embora e ele não sabia como lidar com isso então simplesmente se deixou cair no abismo quando o sono tomou conta dele.

______
DOZE

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4 comentários:

  1. Capitulo triste , mas gostei que a Chloe não abandonou o Ollie , tão fofos ...

    Alice

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  2. Triste... mas, não deixa de ser lindo...

    GIL

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  3. Que bom que estão gostando, GIL e Alice, como eu comecei a traduzir antes de ler o final me surpreendi com a mudança para o lado angst, já que as autoras não alertam no cabeçalho, então eu contava que fosse ser bem divertida, mas é linda mesmo assim...

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    Respostas
    1. Não é! Foi uma verdadeira reviravolta... surpreendente mesmo!!

      GIL

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