10.7.16

The Longer You Run (25/29)

TítuloQuanto Mais Você Corre
Resumo: Aparentemente, a única coisa que unia Chloe Sullivan e Oliver Queen era uma história. Mas por trás das portas fechadas era um relacionamento acidental que sem nenhuma intenção acabou mudando tudo.
Autoraserafina19
Classificação: NC-17
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Observando o café ficar pronto, Oliver sabia que era errado. Embora ele tenha feito café para uma loira... não era para esta loira. Porém, ele não seria um anfitrião mal educado, então encheu um copo e suspirou antes de ir para o quarto, sabendo que havia uma boa chance de Leah não estar mais dormindo.

Batendo na porta, Oliver abriu-a e entrou, vendo sua companhia espreguiçando os braços antes de perceber sua presença.

"Bom dia, Leah", ele disse com um sorriso.

"Bom dia", ela respondeu, uma expressão curiosa enquanto empurrava os cobertores. "Desde quando você faz café?" Ela conhecia Oliver há muito tempo para saber que apesar de ter uma cafeteira, ele mal sabia como usá-la. Quando ele deu de ombros, Leah pegou o copo, o cheiro estava maravilhoso, mas depois de um único gole ela percebeu que ele sabia fazer um bom café. Olhando para Oliver, Leah ia perguntar o que o inspirou a aprender a fazer café, mas antes que tivesse a chance de falar, o sorriso dele desapareceu, provendo-lhe a resposta que ela precisava. "Bem, eu entendo porque você me chamou agora."

"Qual é, você precisava de mim lá do mesmo jeito que eu precisava de você. Era seu evento, lembra?" Oliver cruzou os braços, mais do que disposto a falar sobre o telefonema frenético que ela lhe fez no começo daquela semana.

Leah se lembrou do telefonema, mas ela não teve coragem de dizer a Oliver que foi ele quem lhe ofereceu companhia na noite anterior. "Oliver Queen, hesitante", ela disse enquanto passava o vestido pela cabeça, uma baixa risada se seguindo enquanto o alisava sobre o corpo. "Nunca pensei que veria esse dia."

"Eu conheço a sensação", ele contrapôs, afinal aquele era o típico caso do sujo falando do mal lavado. Havia uma razão para estarem tão confortáveis na companhia um do outro, e embora os suspeitos tenham se envolvido uma vez, estava longe de ser o caso agora.

Leah percebeu a insinuação, mas tomou outro gole do café antes de passar por Oliver para a área principal. Havia um lugar onde ela deveria estar e os tabloides já tinham suas fotos por agora, então não havia razão em adiar o inevitável. "Bem, obrigada novamente."

Oliver suspirou enquanto se recostava contra a porta, decidindo deixá-la explorar um pouco mais a casa. "Como você disse... Eu precisava da distração."

Assentindo, Leah continuou na direção do elevador, mas parou quando viu o arco no chão. Ele realmente não estava brincando, porque desde os dias da universidade, arco-e-flecha tinha se tornado um escape mais do que um hobby para Oliver. Pegando o arco, Leah apertou os lábios antes de dizer, "Hal me disse que você vem praticando bastante ultimamente. Isso trouxe de volta várias lembranças."

Afastando-se da parede, Oliver caminhou em direção a Leah para pegar o arco, não querendo que sua amiga fizesse uma leitura mais profunda da situação. "O segundo ano me vem a mente", ele respondeu, tentando mudar o assunto para um caminho mais seguro.

"Arco-e-flecha depois das provas... entre outras coisas", ela respondeu, mudando de assunto porque era o que ele queria. Embora ela não tivesse certeza de porque ele queria falar sobre a única vez que os tabloides estiveram certos sobre o relacionamento dos dois.

Naquela semana, eles tinham se juntado para celebrar a passagem de alguns dias longe do campus. Eles também sabiam no que estavam entrando, mas queriam fazer do jeito deles. Porque Leah sabia que era algo grande, pois quando conheceu Oliver Queen na primeira semana da faculdade o fez esperar por ela ao invés de imediatamente cair de amores por seu charme.

No ano e meio seguinte, eles passaram a se conhecer muito bem. Era por isso que Leah realmente respeitava Oliver e o que ele tentava fazer. Eles infelizmente compartilhavam a incapacidade de aceitar quem realmente eram, mas eram ótimos em ajudar um ao outro.

O que os levou à noite em questão. Leah nunca deveria ter visto o arco, mas escapou, levando aos dois se desafiando na disputa que sempre tinham.

A este respeito, Leah sempre daria um pouco de crédito aos tabloides, porque ela e Oliver eram perfeitos no papel. Mas não era perfeito, e ficava claro na manhã seguinte, um momento que Leah jamais esqueceria, quando Oliver se virava, falhando em encontrar palavras para dizer.

A conversa era bem melhor, não era? ela perguntou, e dali, alívio cruzou o rosto dele. Mais razões e o término oficial viriam depois, mas apesar de tudo isso, eles se agarravam a uma amizade que Leah não trocaria por nada.

No entanto, seu trabalho tinha consequências. A linha de roupas tomava a maior parte de seu tempo, então embora tivesse visto as fotos dele com Chloe Sullivan, Leah tentou não intervir. Do modo que ela via, Chloe era outra versão do que ela tinha sido uma vez para Oliver. Era o que ela pensava até a noite anterior, e especialmente aquela manhã.

O olhar no rosto de Oliver dizia tudo, porque quando eles terminaram, se é que podiam classificar assim, a amizade voltou ao que era. Mas agora... agora ele não parecia o diretor administrativo que tinha acabado de evitar um golpe terrível.

Leah se virou e caminhou na direção do alvo, as flechas no centro. Ele não tinha perdido o jeito neste departamento, mas era maluco pensar o quanto tinha mudado desde aquela noite. Finalmente ouvindo os passos dele, Leah puxou as flechas. "Éramos muito diferentes naquela época, não éramos?"

Oliver deu de ombros enquanto pegava as flechas dela e as colocava sobre a mesa. "Acho que não éramos muito maduros na época." Ele ouviu Leah dar risada, um som bem-vindo depois do silêncio que existia no lugar nas últimas semanas. Infelizmente, só relembrava a Oliver a razão para o silêncio começar. "Encontrar a pessoa certa que nos ajuda a descobrir quem realmente somos também ajuda com isso."

"Depois disso, é uma questão de aceitar a felicidade", ela sussurrou. "Deus sabe que não somos muito bons em agarrar as coisas boas em nossas vidas."

Estendendo a mão, Oliver apertou seu ombro. "Nos agarramos um ao outro, não foi?"

"E por isso, serei sempre agradecida." Leah afastou a mão dele, dando alguns passos para longe dos cobertores jogados pelo sofá. Deveria ser uma surpresa para ela, especialmente considerando que havia três quartos no apartamento, mas não foi. "Minha vida não seria a mesma sem você."

Oliver sabia ao que ela estava se referindo, mas sabia que deveria dar crédito ao que realmente merecia. "A linha de roupas foi seu sonho e seu tino comercial. Eu só te apresentei a pessoa certa para mostrar roupas de outras pessoas."

Claro que ele minimizou seus esforços, o que era clássico de Oliver até onde Leah sabia. Ela deu risada enquanto dobrava o cobertor, uma pequena demonstração de seu agradecimento, porque sabia que jamais poderia pagar totalmente os favores que Oliver lhe fizera. Depois de dobrar o cobertor, Leah olhou por sobre o ombro, garantindo que seus olhos se encontrassem antes de dizer, "Você também me apresentou ao amor da minha vida."

A declaração pegou Oliver de surpresa, porque Leah era o tipo que falava pouco sobre a vida pessoal. E mais, o jeito que ela falava de seu relacionamento mostrava que as coisas não iam muito bem. Mas era encorajador saber disso, porque permitiu a Oliver relembrar a Leah que ele não era o único que estava se escondendo. "O que me leva a perguntar porque você não contou aos seus pais ainda... ou qualquer outra pessoa que seja. Você poderia ser uma real inspiração para algumas pessoas e eu sei que você é mais corajosa do que isso."

Ela piscou, quase não acreditando em seus ouvidos. No fundo, ela conhecia este lado de Oliver, mas eles nunca falavam de fato sobre o assunto. É o que era pra ele, os detalhes não importavam. Mas parecia que aquela jornalista loira fez mais do que ela imaginava. Dando a Oliver um sorriso, ela disse, "Vou te dizer o seguinte, eu vou contar ao meus pais quando você contar a ela."

Ele estreitou os olhos ao ouvir, observando sua amiga pegar a bolsa. "Vou cobrar", ele disse.

A resposta foi mais rápida do que ela esperava, mas Leah não pôde deixar de rir ao processar as palavras. "Ótimo, porque eu espero que você faça o que eu propus." Recostando-se no elevador, Leah deu de ombros. "Só pense... vamos explodir os tabloides juntos." Enquanto as portas se fechavam, ela fez questão de acrescentar, "Algum dia."

~0~

Tinha sido uma longa noite para ele, mas Ian sabia que não estava sendo fácil para outra pessoa que ele conhecia. Cobrindo um colega, ele decidiu dormir no Ace of Clubs depois de limpar tudo do último turno. Isso era tecnicamente desencorajador, mas ele não estava a fim de ir para um apartamento vazio e ficar lá por cinco horas.

Além do mais, o turno da manhã e da tarde de sábado era mais fácil porque quase ninguém aparecia precisando de um atendente antes das três da tarde. Os garçons estavam ocupados, cuidando dos almoços de negócios, mas o lugar estava quieto, quase o oposto do que fora na noite anterior. Ian engoliu em seco quando se lembrou do olhar no rosto de Chloe quando ela percebeu que estava acontecendo alguma coisa. Ele podia apostar que ela não fazia ideia, senão não teria aparecido ali na noite anterior. Mas enfim, ele também não esperava que ela voltasse logo depois das manchetes e ali estava ela.

Chloe se sentou em seu banco favorito, quase agindo como se nada estivesse errado, então Ian decidiu agir da mesma forma, embora ele soubesse que ela estava usando o mesmo vestido da noite anterior. "Ou você está tendo uma boa manhã ou uma realmente ruim", ele disse.

"Um estranho meio termo entre os dois, na verdade." O que a inspirou a voltar lá, Chloe não tinha certeza. Ela sabia que não haveria muita gente, mas realmente queria uma bebida, ela podia ter se servido do bar no apartamento de Oliver. Ele não ia se importar. Mas ela estava ali agora e Chloe deduziu que podia muito bem dizer a Ian que sua vida não era uma completa bagunça. "Eu vou aparecer no Canário Chama semana que vem."

"Sério?" Ian arregalou os olhos enquanto pegava um copo, pronto para preparar uma bebida em comemoração. "Chloe, isso é incrível." Era também uma excelente distração que Chloe precisava. Porém, baseado na expressão dela, a notícia ruim ainda era mais forte que a boa. "Mas eu conheço esse olhar... quais são as notícias ruins? E não diga que são os tabloides. Eu te conheço bem."

Este era o lado ruim de ser amiga do atendente, já que Ian podia lê-la muito facilmente. Por mais que as fotos doessem, doía mais por causa da época em que saíram. "O casamento é esta tarde."

"Na verdade, isso é bom. Isso significa que..." Ele parou de falar quando ouviu um clique no balcão. A fonte do barulho era o par de abotoaduras que Chloe tinha colocado ali. Inicialmente, Ian pensou que pudessem ser de Oliver, mas com base na conversa, Ian percebeu que eram de outra pessoa. "Por favor me diz que não são de Jimmy", ele perguntou mesmo assim, desejando estar errado, mas Chloe apertou os lábios confirmando sua desconfiança. "Chloe."

"Eu não preciso de um sermão, eu só preciso de uma bebida." Chloe depositou algum dinheiro para pagar pela bebida, mas Ian o empurrou de volta.

"Já está saindo."

Ouvindo-o se afastar, Chloe guardou o dinheiro e as abotoaduras de volta na bolsa. Parecia errado se agarrar a elas assim, pois eram como pesos em todo lugar que ela ia, mas como Clark disse, era um fardo que ela carregava. O que era verdade, quer elas estivessem escondidas numa gaveta ou a vista.

Pressionando o cotovelo contra o bar, Chloe inclinou a cabeça na mão ao ver a bebida surgir. "Eu deveria ir, não é?"

"Ao casamento? Sim, você deveria." Não havia dúvida na mente de Ian, embora ele nunca tivesse esperado ser a pessoa a dizer isso a ela. "Eu não te vejo sempre como as outras pessoas, e sinto muito sobre sua mãe, Chloe, mas um cego pode ver que você precisa seguir em frente. Acho que vai ser o que você precisa para recomeçar depois de tudo que aconteceu este ano. Pode te ajudar a decidir o que você realmente quer de um certo bilionário."

Chloe ficou boquiaberta, pois não tinha antecipado falar sobre Oliver, uma conversa que ela queria desesperadamente evitar. "Ian, por favor."

Infelizmente, para ela, Ian não abandonou o assunto. "Se você veio aqui pelo álcool, não deveria me fazer essas perguntas. Minha aposta... você veio aqui porque minha namorada está fora estudando e ficará assim pelos próximos três meses e você me ouviu reclamar da distância." Ian podia praticamente ouvi-la se surpreender, a negação pronta para deixar seus lábios, mas ele não a deixou falar. "E antes que você tente negar, tenha em mente quem serviu suas bebidas na noite em que você o conheceu e saiu com ele."

Chloe arregalou os olhos diante da acusação, mas era um fato já há muito esquecido. Naquele tempo todo, ela nunca percebeu que o segredo deles não era só deles. "Você sabia?"

Ian assentiu, quase surpreso que ela não tivesse percebido desde o começo. Aparentemente o que tinha acontecido naquela noite a afetou mais do que ele imaginava. "Eu sabia a história na época. Eu admito, agora é um borrão, mas acho que ainda posso responder o que você quer." Inclinando-se contra o bar, Ian acrescentou. "A distância é uma droga, mas você tem que ver quem você é sem aquela pessoa. Exceto que agora, ele ter que esperar o momento certo para ligar... pode ser uma droga."

"Nem precisava falar", Chloe disse, bufando antes de tomar um gole. Momento certo era a coisa mais distante da amizade deles. Com a crise na empresa e as emergências familiares, eles tinham visto tudo. Contar a ele a verdade enquanto estava vulnerável era arriscar num dia bom, mas parecia que ela estava vulnerável o tempo todo.

Reconhecendo como sua amiga estava perdida em pensamentos, Ian abaixou a cabeça, seus olhos percebendo o tabloide que alguém tinha comprado naquela manhã. Ele tinha na verdade roubado de um cliente, dando a ele uma bebida grátis em troca, mas não queria aquelas fotos a vista, não quando eram uma grande besteira.

Infelizmente, parecia que Chloe estranhamente acreditava nas manchetes. "Chloe, eu vi as capas dos tabloides e ouvi todas as histórias atrás deste balcão. Eu não acredito em nenhuma delas."

"Por que não?" As fotos eram bem convincentes, a história estava ali e Leah parecia tolerável perto das outras mulheres que Oliver tinha namorado.

No entanto, Chloe não percebeu como era fácil essa resposta para Ian. "Ele parou de sair daqui com outras mulheres", ele declarou, nada surpreso em ver a cabeça de Chloe se levantar. "A última vez que vi vocês dois juntos, ele se ofereceu para pagar suas bebidas, mas ao invés você o deixou aqui. Naquela noite, ele foi embora sozinho, e depois disso, o playboy sentou no banco de trás. Os rapazes aqui costumavam apostar que garota ele levaria para casa."

Ele sorriu para Chloe, sabendo que as rodas estavam girando em sua mente. "Aquilo parou assim que o artigo foi publicado", ele acrescentou, olhando dentro dos olhos dela.

"Como você pode ter tanta certeza agora?"

Esperando uma resposta, Ian ergueu o dedo, colocando a conversa em espera para servir outro cliente. Ele observou Chloe olhar para a bolsa, sabendo que havia algumas roupas ali. Claramente havia uma história por trás, mas Ian sabia bem que era melhor não tocar no assunto. Não quando assuntos mais importantes precisavam ser abordados.

"Tentação está sempre presente na vida dele", ele disse, chamando sua atenção mais uma vez, "mas ao invés de ceder, ele escolheu a pessoa com quem tinha laços platônicos... porque ele espera que mesmo que os tabloides digam alguma coisa, você confie nele." Ian esperou por alguns segundos para Chloe comentar, mas quando ela não disse nada, ele continuou. "Mas se você quer minha opinião honesta, você pode provavelmente facilitar um pouco as coisas pra ele fazendo uma ligação."

Chloe olhou para ele, sentindo um pouco de frustração em suas palavras. "Ainda estamos falando de mim aqui?"

Ian deu de ombros. "Aplica-se aos dois casos", ele disse, fazendo uma nota mental de ligar para sua namorada quando terminasse o turno.

"Eu não sei, ele parece feliz." Não era o sorriso que ela estava acostumada a ver, mas também não era o falso que ele usava. Por mais que quisesse admitir o contrário, eles ainda estavam se conhecendo e não havia como ela não saber.

"Ele realmente parece?" Ian estreitou os olhos, movendo o pé para empurrar o tabloide para perto do cesto de lixo. O movimento arrancou um olhar estranho de Chloe, pois ela não conseguia ver o que ele estava fazendo, mas ele rapidamente parou. "Quer dizer, as manchetes dizem uma coisa, mas o olhar no rosto dele... é orgulho por outra pessoa, não felicidade em sua vida."

Chloe revirou os olhos, já tinha ouvido frases similares. "Agora você está apenas supondo--"

"Olha de novo, Chloe. Ele nem está segurando a mão dela, muito menos em algum sugestivo momento de demonstração de carinho, e a saída foi completamente teatral", Ian respondeu, esperando seu ceticismo. A maior parte do mundo acreditava naquela porcaria, mas havia vantagens em ser um atendente, o que significa que ele podia facilmente ler nas entrelinhas.

"Teatro?" Chloe supôs que fosse possível, mas por que encenar as fotos? Ele disse a ela que não queria ser julgado por esta parte de sua vida.

"Aposto meu pagamento." Ian considerou dizer a verdade a Chloe, que ele tinha trabalhado naquele bar antes e que havia múltiplas entradas para a clientela VIP. Ele podia dizer que Oliver Queen era mais esperto que isso, que eles saíram do evento mais cedo porque queriam as manchetes, mas naquele momento, ele tinha que se concentrar no que podia fazer. "Olha, você pode ignorar tudo que eu disse, mas eu ainda acho que você deveria ir ao casamento, pelo menos para deixar para trás as frustrações que ficaram. Dali, abra o coração para o que a vida te trouxer."

"Sabe", Chloe disse antes de finalizar a bebida, "Isso soou como um sermão."

"Então não me dê gorjeta por sua bebida grátis." Ian pegou o copo vazio, jogando-o no ar com uma mão, pegando-o com a outra. Ele encontrou o olhar dela e deu um risinho. "Mas não me diga que estou errado sobre o que você está sentindo."

Chloe deu um risinho pra ele antes de pedir outra bebida. Com tudo basicamente às claras, ela se permitiu relaxar, mas com um olhar para a bolsa, as roupas aparecendo, Chloe sabia que tinha que fazer uma coisa antes de ir ao casamento.

~0~

Parada no elevador, Chloe notou cada detalhe, não importa quão redundante a viagem parecesse. A noite anterior deveria ter sido sobre fechamento, mas ao invés trouxe de volta tudo à superfície. Por isso ela voltou, tentando ver o lugar com uma perspectiva diferente.

Afinal, as circunstâncias em que estavam eram parcialmente culpa dela. Ele tinha tentado ligar múltiplas vezes, mas ela queria ignorá-lo. Por consequência, ela não podia culpá-lo por querer seguir sua vida depois de meses de silêncio. Era um de seus piores hábitos, deixar o passado dominar seus sentimentos, pois ao invés de lutar, ela dava um passo atrás, permitindo-se ficar em segundo plano. Mas se o tempo que passou lhe ensinou alguma coisa, foi que Chloe não queria perder o que Oliver tinha lhe dado. Mais importante, ela não queria que ele se esquecesse dela.

Parando do lado de fora do elevador, Chloe soltou a bolsa no chão, tentando se concentrar nas boas memórias, tentando se agarrar a elas ao invés de afastá-las. O álcool tinha ajudado com isso, mas Chloe sabia que não podia culpá-lo completamente, pois ela tinha comido um muffin a caminho do apartamento de Oliver. Estranho o suficiente, era o mais claro que sua mente estava há tempos.

Com um sorriso, ela correu os dedos pelo sofá, relembrando das noites de filmes que tiveram, as conversas, o apoio de um ao outro que era como respirar.

Ainda doía pensar sobre o que ela tinha aberto mão, sabendo que havia uma chance de ele de fato seguir em frente. Mas era ainda possível ter uma parte dele em sua vida, não era? Ela tinha feito isso antes, e não havia razão para não conseguir de novo.

Seria uma droga por um tempo, sempre era, mas a vida não era muito melhor sem ele. No fim, Chloe estava pronta para aceitar o papel que ele tivesse em sua vida, mas ela sabia que não podia esperar nem mais um segundo. Era sua vez de fazer alguma coisa para reparar seu relacionamento, levando Chloe a andar de volta até sua bolsa para pegar seu telefone e finalmente ter coragem de discar o número dele.

O tempo pareceu engatinhar enquanto segurava o telefone junto ao ouvido, sabendo exatamente o que queria dizer quando sua caixa de mensagens foi ativada.

~0~

Oliver balançou a cabeça enquanto ouvia o elevador ser ativado, levando Leah embora. Com um sorriso, ele voltou para a cozinha, para a cafeteira que tinha café demais ainda dentro. Ele deveria saber que isso o entregaria. Diabos, ele deveria saber que Leah descobriria porque ele foi atrás dela, mas Oliver sabia que não podia se concentrar no que tinha perdido para sempre.

Servindo-se de um café, ele tentou entender o que as pessoas viam na cafeína. Não era suficiente que ele tivesse feito isso pra ela diversas vezes, mas o que tornava pior era que o sabor na língua dela era muito melhor do que beber. Ele pensou em cuspir, mas ao invés, Oliver engoliu em seco antes de jogar o resto na pia.

Eu conto a eles quando você contar a ela.

Não era grande coisa, mas ele tinha dado a Leah crédito por seu trabalho efetivo em manter a vida pessoal privada. A namorada dela discordaria, mas felizmente para Oliver, ela entenderia como a amizade entre os dois funcionava.

Mas Chloe entenderia?

Parecia errado antes e parecia errado agora fazer isso com ela, mas era algo que ele tinha que fazer. Ele tinha que sair daquele lugar, ter a sensação de estar vivo novamente. Porém, não era tão fácil abrir a porta e sair. Esse fato parecia arrogante a princípio, mas era uma rara noite quando Oliver saía em paz. E ele não conseguiria explicar a inevitável foto com uma mulher qualquer, nem podia esclarecer seus motivos em sair nos jornais em seus hábitos antigos. Não quando a única coisa que ele queria garantir era que, mesmo com ela tendo lhe deixado ir embora, Oliver jamais esqueceu sua promessa.

Com Leah, havia muito que ele podia controlar, e de certo modo, ela lhe dava um álibi. Ela o apoiava, e não o queria daquele jeito. Mas mesmo os melhores planos de uma transa tinha um jeito de dar errado, e a noite anterior não foi exceção, já que Chloe não deveria ter sido arrastada para as manchetes. Oliver estava tão convencido que tempo suficiente havia passado, mas os tabloides o provaram estar errado.

Como se ele já não se sentisse culpado o bastante, isso só amplificava tudo.

Você me disse que ela fala por si só. Então você a deixou?

Não precisava muito para Oliver deduzir a reação de Chloe ao ver as fotos, mas Oliver tinha decidido que o longo tempo de silêncio tinha lhe mostrado a resposta dela ao relacionamento que tinham. Afinal, tudo que ele podia esperar era que isso não ferisse Chloe, mas algo lhe dizia que ele não teria tanta sorte. As chances eram que, se ele tentasse se aproximar dela agora, não houvesse como Lois deixar.

E ele não podia culpá-la, porque era o que ele queria. Ele queria que aquelas fotos mostrassem a Chloe que estava tudo bem seguir em frente. Ele queria que aquelas fotos mostrassem que embora ele não tivesse seguido em frente, que ele poderia começar a passar mais tempo com amigos ao invés de estranhos. Tirando as fotos e as menções a Chloe... era isso que ele queria.

Depois de um minuto, Oliver percebeu que tinha se dado todo esse trabalho para evitar outra coisa que ele queria, tornando seu plano brilhante parecer pior a cada segundo. Ele bufou, quebrando o silêncio ao seu redor, enquanto se perguntava se haveria um jeito de consertar tudo. Já havia planos suficientes feitos pra ele, pois todo mundo tinha uma opinião, jogando palavras válidas em sua direção. Até Leah tinha reduzido todos os seus problemas em uma palavra.

Hesitação.

Naquele tempo todo, tudo que ele tinha feito era perguntar. Tudo que ele tinha feito era ver se o que eles tinham valia a pena. A única pergunta que os dois tinham evitado por tanto tempo era a única na qual ele podia pensar agora. Ele tinha muita explicação a dar, mas era hora de lutar sua própria batalha, pois só podia deduzir que Chloe teria o mesmo tratamento de seus amigos no Kansas.

Pegando o telefone, ele respirou fundo, pronto para ligar para ela, mas antes que pudesse ter a chance de discar, o nome dela brilhou na tela.

Fazia muito tempo desde que tinha visto aquela foto no telefone, algo que ele tinha praticamente esquecido. Era uma simples foto, uma que ela pediu para ele apagar quando ele tirou, mas ele guardou. Ela tinha acabado de acordar, o cabelo estava uma bagunça, o sorriso brilhava, os olhos com uma felicidade calma enquanto os raios do sol entravam pelas cortinas da janela. Ela estava... linda.

Mas ele não podia atender o telefone, não enquanto não soubesse o que dizer a ela e especialmente enquanto estava incerto se podia confiar na própria voz. Então Oliver esperou, desejando que ela deixasse uma mensagem. Para sua surpresa... ela deixou, então Oliver ativou rapidamente, incerto de porque ela estaria ligando agora.

"Ollie, oi. Eu percebi que esqueci uma coisa no seu apartamento, então se você for avisado de alguma coisa no seu sistema de segurança, sou eu."

Ele ouviu o som do portão do elevador, mas não o ouviu ser ativado, então Oliver assumiu que Chloe ainda estava ali, parada do lado de fora. "Eu... Sinto muito pelo que aconteceu em Star City. Você só estava tentando ajudar e... eu não sei o que me deu. Luto, culpa, dor, mas independente disso, você não merecia aquilo. Eu sei que mudamos desde que nos conhecemos, mas algumas coisas sobre mim não mudaram, não importa o quanto eu queira."

Aquilo era algo que Oliver entendia completamente, tanto sobre ele quanto ela. Era provavelmente uma grande contribuição para a atual situação dos dois. "No entanto, eu quero esclarecer uma coisa. Eu falei sério quando disse que queria esquecer a dor por um tempo. Você tem essa habilidade louca de me fazer sentir melhor e eu queria isso, mas sabia que se você soubesse... você se importaria. Isso ainda me assusta um pouco, mas para constar, isso significa mais do que você imagina."

Ela deu um longo suspiro antes de puxar o portão do elevador novamente, como se estivesse terminando de abri-lo. "Eu sei que você ainda está ocupado, mas talvez possamos recomeçar algum dia. Acredite, eu sei que é muito covarde falar isso pelo telefone, mas se eu não fizesse isso agora, não faria nunca. E seria algo do qual me arrependeria pelo resto da vida."

"Então não seja um estranho, Ollie", foram as palavras que ela falou enquanto fechava o portão desta vez. "Por favor." O pedido quase pareceu um arrependimento, mas ele sentia cada pedaço do que aquilo significava. Sem mencionar a emoção por trás da última frase que ela disse antes de desligar.

"Eu... eu sinto sua falta."

A linha ficou muda por uns cinco minutos antes de Oliver perceber que ele estava ouvindo o som da linha disponível. Soltando o telefone, ele deu uma olhada no horizonte em sua frente. Todo dia que estava ali, havia sempre algo faltando. Era algo que ele evitou dizer a Matt no dia anterior, mas o outro homem ainda conseguiu lê-lo como um livro.

Você estava tendo sucesso, reconhecimento positivo pela primeira vez em Deus sabe quanto tempo, e então você abandonou tudo pelo que exatamente? Um sonho de longo tempo que tinha provavelmente mudado na sua frente?

Ir para Metrópolis permitiu a Oliver experimentar uma vida diferente, mas partir o levou a um novo senso de solidão em Star City. Ele pensou que estivesse tudo bem em ficar sozinho, viver aquela vida, mas ela o fez reconsiderar. E por mais que ele quisesse se instalar ali, ele nunca achou que fosse encontrar alguém que o visse... daquele jeito.

Virando a cabeça na direção de seu telefone abandonado, Oliver pensou que talvez fosse hora de fazer a maior aposta de sua vida. Pois ele podia estar errado e estragar tudo, mas com base na voz dela na mensagem, nas palavras que ela disse, parecia que ela estava finalmente pronta para mais. Aquilo era algo que Oliver tinha esperado, e ele não tinha intenção de perder.

Talvez você seja mais corajoso que eu e dê o primeiro passo.

Ele sabia que não podia dar ouvidos a Lois na época, mas talvez não fosse tarde demais para seguir seu conselho. Não seria o primeiro passo, mas Oliver desejava que fosse próximo o suficiente disso. Dando uma última olhada no horizonte, Oliver pensou na vida que queria ali, no sonho que estava desaparecendo. De certo modo, ele tinha conseguido, mas agora... era hora de fazer algo por si mesmo.

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VINTE E SEIS

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2 comentários:

  1. *-* Aii, mais chaveirinho para a coleção: Ian!!

    Não sei o que seria desses dois sem seus amigos, hein?!!!

    GIL

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    1. Verdade... Eles devem muito a esses anjos que os rodeiam...

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