26.6.16

The Longer You Run (21/29)

TítuloQuanto Mais Você Corre
Resumo: Aparentemente, a única coisa que unia Chloe Sullivan e Oliver Queen era uma história. Mas por trás das portas fechadas era um relacionamento acidental que sem nenhuma intenção acabou mudando tudo.
Autoraserafina19
Classificação: NC-17
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Oliver olhou para o telefone incrédulo. Ele tinha recebido muitas chamadas naquele dia, a maior parte delas indesejadas, mas novamente, os últimas dias não tinham sido seus preferidos. No entanto, o que ele não estava esperando era ver o nome dela na tela de seu telefone.

Fazia mais de três meses desde que Oliver voltara para Star City e com exceção de algumas mensagens de texto, ele não ouviu nada dela. Claro, ele sabia porque ela estava ligando, não precisava ser um gênio para saber, mas aquele momento não era o melhor para conversar.

No terceiro toque, Oliver pensou em deixar ir para a caixa de mensagens, desejando que ela entendesse que ele ligaria de volta quando não sentisse que tudo no que vinha trabalhando duro estivesse prestes a desabar. Mas com o quarto toque, Oliver decidiu não ignorar e atendeu.

"Chloe desculpe, eu estou sem tempo agora." Não era o cumprimento que queria dar a ela, mas o necessário para o momento.

"Então está mesmo ruim?" Chloe engoliu seco enquanto olhava pela janela do táxi. Ela só tinha ouvido Oliver falar daquele jeito uma vez e não tinha sido bom. "Hal me disse que você não estava atendendo as ligações dele."

Oliver fechou os olhos, perguntando-se o que seu amigo estava pensando quando ligou pra ela. As coisas não estavam bem, mas não era como se ele estivesse a ponto de se matar. "Eu só preciso de um tempo sozinho."

"Não, você não precisa", Chloe respondeu, porque considerando as notícias recentes, tempo sozinho significava uma coisa e ela o tinha visto chegar muito longe para acabar com a reputação. "Olha, eu não atravessei o país pra você ficar em depressão."

Afastando a cadeira, Oliver tentou conter a surpresa. "Você está em Star City?"

Era provavelmente uma reação extrema, mas depois de Hal dizer a ela que Oliver tinha parado de atendê-lo desde o dia anterior, Chloe desejou que houvesse um jeito de chegar até ele. "Eu vi as manchetes e eu soube. Eu soube que tinha que estar aqui por você." Sentindo as bochechas ficarem vermelhas, ela clareou a garganta antes de se voltar para o motorista. "Agora me fala seu endereço antes que eu perca todo meu dinheiro indo de prédio em prédio."

Chloe podia praticamente ouvir o sorriso de Oliver do outro lado da linha enquanto lhe dava seu endereço, que ela passou ao motorista, que respondeu Por que não disse logo que se tratava de Oliver Queen?

Mas a verdade era que por alguma razão, a fama dele tendia a facilitar as coisas, embora sua fama fosse a única razão para ele estar em apuros. Este fato em particular era culpa sua, porque entre ignorar as ligações dele e as mensagens, Chloe sabia que não vinha sendo uma boa amiga ultimamente.

Não era justo com ele, mas Chloe sempre sentia uma pontada de alguma coisa quando ele entrava em contato. Aquela sensação era algo familiar, mas ela tentava enterrar porque não podia culpar Oliver por querer voltar para Star City. Era um bonito lugar pelo que via do táxi, mas parecia que o tempo para admirar tinha acabado, pois o carro estacionou. Sorrindo para o motorista, ela pagou a corrida e abriu a porta, sentindo o sol da tarde ao sair do carro.

Chloe pegou sua bolsa e a mala, sabendo que deveria ter se preparado melhor, mas a viagem tinha sido de última hora. No entanto, o dia parecia ser cheio de surpresas.

Ela sorriu quando o porteiro lhe fez uma reverência, e mais sorrisos contagiosos se seguiram no caminho do elevador. Chloe ficou um pouco surpresa que ele estivesse em casa, mas não podia culpá-lo por querer evitar a mídia. De fato, ela estava mais surpresa que não houvesse mais membros da imprensa ali, mas a resposta veio em forma de uma coletiva, um link que foi mandado por Lois para o e-mail de Chloe.

Observando Bill Walters responder uma onda de perguntas, Chloe engoliu em seco enquanto parava na frente do elevador. Ela  sabia que não podia voltar agora, mas tinha começado a repensar sua ida para lá. E mesmo que quisesse fugir, seus pés tinham outras ideias e ela entrou, desligando o telefone antes de instintivamente levar os dedos até o painel. Não demorou muito para Chloe perceber que ela não sabia o código, então sua mão voltou para a lateral do seu corpo e ela olhou para o canto.

O silêncio não durou já que Oliver ativou o elevador rapidamente, mas Chloe passou aquele tempo tentando não deixar as emoções tomarem conta. Ele prometeu não voltar aos antigos hábitos, e até o momento, todos os sinais apontavam para que ele tivesse lhe dado ouvidos, mas agora as circunstâncias eram extremas. Também fazia mais de três meses desde que vira Oliver, tempo suficiente para praticamente qualquer coisa acontecer. Estaria o cara que ela se lembrava de fato do outro lado do elevador?

A resposta veio rápido assim que o elevador parou, abrindo a porta para encontrar o rosto sorridente de Oliver, permitindo a Chloe relaxar, mas só um pouco. Ele estava feliz em vê-la, isso era encorajador, mas ela não podia arriscar.

"Quanto você bebeu?" ela perguntou, completamente séria quando saiu do elevador.

"Não o suficiente", Oliver brincou, mas aparentemente sua tentativa de humor se perdeu. "Sério, Chloe... Eu não bebi nada. Eu sei o que está em risco e não vou comprometer nada."

"Bom", Chloe deu um pequeno sorriso enquanto olhava ao redor da sala. "Embora, só para constar, não tenho certeza se energéticos são muito melhor", ela disse ao ver as latinhas sobre a mesa. "Quando foi a última vez que você dormiu?"

Fazia um tempo, como sua roupa amassada deve ter entregado. Além de alguns minutos de olhos fechados que teve sobre a mesa, dormir não estava no topo de sua lista de prioridades. Mas Oliver desdenhou a informação, especialmente considerando a fonte. "Isso vindo da mulher que precisa de um café a cada hora e dorme só duas horas?"

"Eu não administro uma empresa", Chloe contrapôs.

Oliver deu risada enquanto se recostava contra a mesa, deixando o silêncio tomar conta antes de Chloe se virar para olhar pra ele. "É bom ver você também."

Sorrindo enquanto abaixava levemente a cabeça, Chloe disse. "Desculpe."

Ele deu de ombros, não querendo que Chloe se concentrasse nisso por muito tempo. O olhar dele acabou no telefone, relembrando-o que ele deveria falar sobre a razão que a levou a Star City. "A mensagem de Hal era muito ruim?"

"Ele só está preocupado, você deveria ligar pra ele."

"Eu vou, eu só..." Ele não sabia o que dizer. Oliver não sabia como poderia ter sido cego a um assunto tão importante para sua empresa. Embora Hal fosse um dos poucos que entenderia, não tornava tudo mais fácil de suportar.

Vendo a derrota nos olhos dele, Chloe foi até a mesa e se sentou ao seu lado. "Não era isso que você tinha em mente quando acordou ontem de manhã, era?"

"Nem perto", Oliver respondeu, já que ninguém imaginava que seu diretor financeiro, um homem que trabalhou com seus pais durante anos, desviaria fundos e desaparecia sem deixar rastros. Acionistas queriam sua cabeça num espeto, e se fosse em outra época, ele a teria dado.

Mesmo agora, ele entendia a posição deles, mas isso não tornava as coisas mais fáceis, então Oliver lutou contra a imprensa durante todo o dia anterior, deixando tudo para sua equipe depois, trancando-se em casa, tentando encontrar uma solução. A traição inicial doeu mais do que ele gostaria de admitir, mas ele estava agradecido em ter alguém como Bill ao seu lado. A diretoria também questionou Oliver, mas Bill os calou por enquanto, com sorte dando a Oliver o tempo que ele precisava para consertar a bagunça. Era graças a ele que ele conseguiu sair inteiro do escritório.

"Você não pode se culpar." Chloe tentou sorrir, passando a mão ao redor do braço dele.

"Não consigo deixar de me culpar mesmo assim", Oliver disse, puxando-a perto, ainda surpreso que ela tivesse ido até lá.

Durante os minutos seguintes, eles ficaram em silêncio, aproveitando a companhia um do outro. Chloe havia esquecido o quanto tinha sentido falta daquela sensação. O relaxamento causado pelo polegar dele fazendo círculos em suas costas, o jeito que ele descansava a mão na dela, isso provia uma sensação de paz da qual ela tinha se esquecido.

Mordendo a língua, Chloe tentou controlar qualquer reação enquanto deitava a cabeça no ombro dele. "Desculpe estar distante ultimamente. As coisas também não andam fáceis para mim."

"Você quer conversar sobre isso?" Oliver ofereceu, mais do que disposto a deixar seus problemas de lado se ele pudesse ajudar alguém. Essa era provavelmente a pior parte de tudo, não havia uma solução fácil e Oliver não tinha certeza se conseguiria encontrar uma com a qual conseguisse conviver.

"Não", Chloe respondeu, enquanto tentava esquecer as imagens em sua mente, a dor que tinha experimentado. Tudo que ela desejava era mentir para Oliver e desejar que ele não percebesse. "As coisas estão bem agora, então não tem porque chorar pelo passado."

Oliver sentiu a apreensão em sua voz, mas as palavras o levaram de volta ao negócios, levando Oliver a afastar o braço. "Por mais que eu esteja gostando disso", ele disse, levantando-se antes de virar de frente para Chloe. "Eu tenho que fazer algumas ligações." Após uma olhada ao redor, Oliver sorriu e acrescentou. "Fique a vontade."

"Claro... obrigada."

Ouvindo os passos dele se afastando, Chloe se levantou, olhando para a bagunça em sua frente, a frustração que ele tentava esconder. Pastas cobriam o chão e os móveis, mas o mais preocupante era o brilho de cacos no chão. Nenhum sinal de líquido no chão ou parede, então Oliver tinha dito a verdade, mas não estava sendo fácil pra ele.

E nem deveria, já que apesar de todos os passos positivos que a empresa havia dado, este era um grande passo atrás. Os noticiários vinham especulando o dia inteiro, mas Chloe tentou evitar todos eles porque sabia que estavam apenas interessados no pior cenário possível.

Era uma das facetas tristes do trabalho de Chloe, porque embora eles soubessem a história, nunca saberiam quanto as consequências afetariam o sujeito. Enquanto se abaixava para pegar os cacos, Chloe percebeu que nunca notou o quanto sabia sobre Oliver.

Depois de jogar os cacos no lixo, Chloe olhou na direção de onde Oliver tinha ido, percebendo que ele ainda estava ao telefone. Ela não tinha certeza de que ajuda poderia prover, mas mesmo que fosse apenas apoio moral, Chloe estava disposta a prover o que ele precisasse. Afinal, ela tinha dito a verdade quando falou que tinha que estar ali.

Ela voltou a mão até a mesa, colidindo com um objeto estranho, fazendo Chloe se virar. Estreitando os olhos, a mão de Chloe se fechou ao redor da corda, já que era a última coisa que ela esperava ver sobre a mesa de Oliver. Afinal, quem nesse mundo ainda atirava flechas?

Embora aquele não fosse um arco de Robin Hood, era mais do que Chloe poderia imaginar. Olhando por sobre o ombro, Chloe encontrou o alvo do outro lado da sala com duas flechas no centro, mas nenhuma delas parecia estragada.

Ele sabia o que estava fazendo, com certeza. Era o único jeito dele conseguir acertar o alvo daquela distância com tanta precisão. Ela pegou o arco, testou a corda, mas sabia que não era uma boa ideia testar uma arma que não estava calibrada para ela. Devolvendo à mesa, Chloe estava prestes a olhar na direção de Oliver novamente quando de repente a mão dele apareceu, cobrindo a dela enquanto ela devolvia o arco.

Oliver percebeu Chloe dar um leve pulo, mas ele continuou dando um risinho enquanto ela afastava os dedos do arco, cuidadosamente movendo a mão para que sua pele não colidisse com Oliver. "Pode parecer primitivo, mas tem mais força do que parece."

"Verdade?" Chloe perguntou, olhando também para o alvo.

Inclinando-se, Oliver sussurrou. "Pergunte a Hal." Chloe teve que tremer em resposta, mas depois que ele pegou o arco na mão, Oliver deu alguns passos para trás. "Ele decidiu bancar William Tell uma noite e acabou atirando no próprio pé."

Oliver sabia que não era o melhor momento para testar os limites, mas ele vinha trabalhando sem parar nas últimas vinte e quatro horas, e Chloe era literalmente um colírio para os olhos. Além do mais, nenhuma quantidade de tempo separados iria aliviar a lembrança de quanto tinham se tornado próximos, o que foi provado pelas reações dela.

"Quão bêbado ele estava?"

Depois de uma risada, Oliver respondeu. "Eu acho que é seguro dizer que estávamos um pouco passados algumas horas antes do ocorrido."

Chloe sorriu cuidadosamente, mesmo estando de costas para ele. Seus olhos também estavam fechados enquanto o silêncio lhe dizia para se recompor antes de finalmente olhar pra ele. "Há quanto tempo você pratica arco-e-flecha?" Em todo o tempo com Oliver, ela nunca o viu atirar e parecia ser algo importante para ele.

"Um dos últimos presentes que meu pai meu deu foi um arco-e-flecha." Oliver sorriu com a lembrança, mesmo com a expressão entristecida de Chloe, já que não ela não sabia que o arco estava ligado aos seus pais. Puxando lentamente a corda, Oliver abriu mais o sorriso. "Ele me ensinou que a vida não era sobre rapidez. Era sobre paciência, determinação e precisão. E mais a força para se manter nos eixos."

"Então esta é sua arma secreta?" Chloe perguntou, um tom brincalhão na voz.

"Na verdade não", Oliver disse, passando por Chloe para pegar as duas flechas do alvo. "É só algo que me ajuda a relaxar." Isso o permitia pensar em seus pais, no trabalho que tinha feito na empresa. Por mais estranho que fosse, atirar uma flecha relembrava Oliver das coisas boas em sua vida e era provavelmente a única maneira dele ter resistido às últimas vinte e quatro horas, enquanto o copo que ele jogou quando chegou em casa só o trouxesse mais fúria e frustração.

No entanto, Oliver estava pronto para deixar aquilo de lado, já que tinha o foco renovado. Ou pelo menos, era o que sentia antes de Chloe falar de novo. "Mostra."

Ele parou, mas depois de um momento de silêncio, disse, "Ok." Oliver voltou para onde estava, soltando uma das flechas no chão antes de alinhar o tiro. "Pega aquela lata e segura ali na frente." Quando ela lhe deu um olhar cético, Oliver foi até a mesa e pegou ele mesmo a lata antes de entregar a ela. "Confie em mim."

Chloe o satisfez, pegando a lata de sua mão e movendo-se até onde ela pensou estar bem na frente do alvo. No entanto, não demorou para Oliver soltar o arco e ir em sua direção, colocando o braço dela no ponto certo. Mas embora ele estivesse concentrando na ação, os olhos de Chloe estavam presos aos dele.

A respiração dela não desacelerou quando ele pegou o arco novamente e puxou a corda. Chloe respirou fundo quando ele atirou, soltando a lata instintivamente, mas para sua surpresa, a lata caiu no chão. Ela inclinou a cabeça, em seguida ela pegou a lata de novo e percebeu que o anel estava faltando. Balançando a cabeça, ela foi até o alvo, e encontrou o anel no centro dele, com a flecha no meio.

"Truque legal", ela disse, puxando a flecha, jogando o anel no ar. "Você se exibe assim para todas as mulheres que vêm aqui?"

Oliver deu risada enquanto se aproximava. "Você deve ser a terceira.. e considerando que a primeira foi minha mãe--"

"A segunda implica que você teve um compromisso com alguém."

Surpreso pela fala, Oliver pegou a flecha dela. "Eu ia dizer que é muito raro uma mulher ter a oportunidade de realmente me conhecer."

Chloe olhou para seus olhos convidativos, jurando que ele estava um pouco mais perto que antes. Clareando a garganta, ela tentou se afastar, porque não era para aquilo que estava ali. "Bem, temos muito trabalho a fazer, é melhor começarmos."

Infelizmente para ela, seu esforço foi impedido rapidamente quando Oliver pegou sua mão, o rosto um pouco intrigado. "Nós?"

Sorrindo antes do leve puxão, Chloe confirmou. "Sim, nós. Eu não vou ficar sentada aqui." Ele a soltou, então ela se afastou, tentando dissipar o que quer que estivesse se construindo, mas ela podia sentir em cada fibra do seu ser.

Era só um estúpido truque de arco-e-flecha, mas havia algo no jeito que ele falava, combinado com sua determinação em fazer a coisa certa, que a tinha impressionado. Então quando ela começou a olhar os papeis, Chloe percebeu as palavras começarem a embaralhar.

Mordendo a parte interna do lábio, Chloe tentou se concentrar. Ela não podia fazer isso, ela não podia ser assim. No entanto, aquilo não mudava o fato de que Chloe não fazia ideia do que estava procurando. "Ei, Ollie", ela disse enquanto se virava, sem saber que ele estava bem atrás dela e prestes a dizer seu nome.

"Sim?"

"Hum, você primeiro."

Não era difícil para Oliver ver que ele a tinha pego de surpresa. Era quase involuntário, mas desde que ela tinha chegado, havia algo que ele precisava dizer. "Eu acabei de perceber que nunca te agradeci."

O que ela estava fazendo era mais do que eles eram, ainda assim não havia hesitação em tentar ajudá-lo. Não era inesperado, mas era essa razão que fazia as palavras de gratidão dele parecerem inadequadas. Indo até ali, quase parecia que aqueles meses de separação tinham desaparecido. Mais importante, seus problemas se dissiparam e Oliver acreditava que podia fazer tudo. E pra variar, era algo positivo, porque quando ela olhava pra ele, ele se sentia um homem diferente, um homem melhor.

Verdade, muita coisa tinha mudado, mas Oliver jamais poderia esquecer o jeito que ela sorria pra ele, e agora não era exceção. "Ok", ela praticamente sussurrou, a palavra única suficiente para Oliver perder o ar.

Depois de um rápido aceno de cabeça, Oliver estava prestes a perguntar o que ela precisava, mas parece que a fadiga o tinha alcançado. Seu controle quase se perdeu quando ele se aproximou dela, descansando os dedos no ouvido dela. A respiração dela tinha se acalmado, mas ela estava longe de lutar contra ele desta vez.

Inclinando a testa contra a dela, Chloe reagiu de acordo, partindo um pouco os lábios, convidando-o silenciosamente.

"Chloe, eu--"

"Eu sei", ela respondeu, percebendo que não queria que ele se afastasse desta vez. "Está tudo bem." Fechando os olhos, antecipando o resto da distância a ser diminuída, Chloe respirou fundo.

Os lábios dele contra os dela era melhor do que ela se lembrava, a língua aprofundando o beijo imediatamente, mas como sempre, Oliver tornava um simples beijo em algo mais. As mãos hábeis trabalhavam seu corpo, relembrando-a das pequenas coisas que a faziam se perguntar como conseguiu ficar tanto tempo longe dele. Enquanto ela agarrava os braços dele para se equilibrar, Chloe fez o melhor para retribuir, mas parte dela ainda estava em negação de que aquilo estava acontecendo.

Ela sabia que não importa quanto tentasse lutar contra, Chloe não conseguiria vencer, não quando era claro o quanto ele também queria. Depois que o pé dela fez contato com a mesa, ele não demorou em erguê-la, desespero grande dos dois lados enquanto suas blusas caíam de lado.

Suas bocas finalmente se afastaram, parte para respirar, parte para beberem a visão na frente de cada um. Chloe estava tentada a sorrir, mas não demorou muito para ela ver a expressão angustiada de Oliver. "Ollie?"

Ele abriu os lábios, mas para sua surpresa, ele se afastou. "Desculpe. Não posso fazer isso."

"O quê?"

"Chloe, eu..."

Eu quero mais do que isso. Você merece mais do que isso.

As palavras estavam bem ali, na ponta da língua, mas ele as engoliu. Não era hora nem lugar para fazer isso e ele não ia arriscar tudo com um escorregão, quer viesse de seu cérebro superior ou inferior. Depois de alguns segundos, ele encontrou outro jeito de terminar a frase. "Eu quero, mas tem coisas mais importantes do que o que eu quero."

"Você tem razão", ela admitiu, embora não gostasse que ele estivesse tentando disfarçar a verdade. Depois de se afastar da mesa, Chloe se abaixou para pegar a blusa de volta, percebendo que suas palavras não desfizeram o nó que sentia no estômago.

Chloe tentou esquecer o nó enquanto atravessava a sala, mas sem sucesso. Enquanto se abaixava, ela tentava se concentrar, mas as palavras não estavam mais claras que antes. Felizmente para ela, Oliver quebrou o silêncio, como se também sentisse a tensão. "Então você realmente veio até aqui apenas para me ajudar com meus problemas?"

"Não", Chloe admitiu, mordendo o lábio para segurar as emoções. "Eu sempre quis conhecer a cidade." Essa era a única verdade que estava disposta a dizer a ele agora.

"Talvez eu possa te levar para um passeio quando tudo estiver resolvido", Oliver respondeu enquanto continuava a vasculhar os papeis.

"Eu adoraria." Olhando para cima, Chloe vestiu uma expressão corajosa antes de encontrar os olhos dele, seu peito apertando ao simples sorriso que ele lhe deu. No entanto, o momento logo foi quebrado quando o telefone de Oliver vibrou. Ela riu enquanto seus olhos iam para o aparelho. "Essa coisa parou de tocar alguma vez desde ontem?"

"Não", Oliver disse, arrastando a palavra ao ver quem estava ligando. Ele olhou para Chloe antes de atender. "Ei."

Chloe viu o olhar pelo canto do olho, a reação dele parecendo estranha. O  cumprimento casual lhe dizendo que não era assunto de negócios e a voz dele parecia nervosa e mais agitada enquanto dava respostas mínimas. Combinado ao fato de que ela continuava com a sensação de que ele falava olhando para ela, Chloe imaginou saber com quem era a conversa e assim que ele desligou, ela decidiu ter certeza.

"Era Lois... não era?"

Oliver assentiu, não querendo esconder a razão da ligação, já que sabia que Chloe podia lê-lo com muita facilidade. "Chloe, eu sinto tanto." Apesar de suas suspeitas anteriores, ele jamais imaginou que algo daquela magnitude pudesse acontecer.

Ele deu um passo mais perto de Chloe, mas rapidamente ela se levantou para aumentar a distância, dispensando o sentimento no processo. "Você contou a Lois que eu estava aqui?" Chloe sabia que não era o que ele queria ouvir, mas por mais que Chloe amasse sua prima, Lois voar até lá não era o que precisava. A conversa não era o que ela precisava, já que sentia as lágrimas retornando e sabia que não tinha como evitar agora.

No entanto, isso não impediu Chloe de se virar antes que Oliver tivesse a chance de falar novamente. "Ela perguntou se eu a avisaria se você me ligasse e eu concordei. Não posso culpá-la por estar preocupada quando--"

"Quando minha mãe sofria todo dia e agora ela finalmente está livre e reunida com meu pai?" Chloe parou para respirar fundo, tentando segurar as lágrimas ao reconhecer o som de passos atrás dela. "Quer dizer, eu consegui me despedir dessa vez. Não posso querer mais, certo?"

Parando atrás de Chloe, Oliver observou enquanto ela levantava a cabeça para olhar pra ele sem virar a cabeça. Ele odiava que Chloe devolvesse suas próprias palavras, mas não foi isso o que mais doeu. "Você deveria ter me contado."

"Por quê?" Chloe respondeu, ceticismo na voz. "Você realmente ia querer saber?"

"Você sabe que sim." Depois de tudo que ela tinha compartilhado com ele e especialmente depois do encontro com sua mãe, Oliver imaginou que Chloe confiasse nele.

"Talvez eu não quisesse sua piedade, já pensou nisso?" Chloe suspirou enquanto o encarava novamente, frustração tomando conta. Ela nunca esperou que sua mãe melhorasse, mas vinha trabalhando duro para que sua mãe ficasse bem. Durante anos, ela esteve a centímetros de ficar órfã, mas ser uma de fato era horrível. "Eu só queria esquecer tudo por algumas horas. Essa foi a razão para termos começado tudo isso." Sem emoções, sem passado, sem complicações, mesmo assim, ele tinha se tornado a coisa mais complicada em sua vida. "Oliver, nossas vidas deveriam estar fora do alcance um do outro. Não era para você--"

Se importar.

Esse deveria ser o fim da frase, mas a dor nos olhos dele parou todo o resto. Como ela podia dizer aquilo? Como ela podia dizer aquilo na frente dele, sabendo que tinham terminado tudo antes dele partir, sabendo que ela não atravessou toda a distância pelo corpo dele, mas sim por ele?

Pior ainda, ela tinha ido a Star City para ajudar Oliver, mas quem ela estava enganando? Ao invés, ela o preocupou com seus problemas quando centenas, talvez milhares de empregos corriam risco.

"Isso foi um erro", ela disse, balançando a cabeça, percebendo que tinha que sair dali. Embora não quisesse voltar para o Kansas, parecia ser uma opção melhor do que distrair Oliver do que ele precisava fazer. "Eu não deveria ter vindo, me desculpe."

Oliver então agiu, já que entendia sua necessidade de fugir, mas também sabia que não queria que ela ficasse sozinha agora. "Vamos, você só precisa descansar. Ou eu posso pegar um café pra você de uma cafeteria que--"

"Obrigada", Chloe descansou, enxugando as lágrimas dos olhos. "Mas não. Você tem coisas mais importantes para fazer agora e eu... eu tenho um funeral para planejar."

Você também é importante pra mim.

Novamente as palavras estavam ali, mas ao invés, tudo que ele disse foi, "Tem certeza?" Ele não gostava de ter tido aquilo, mas Oliver tinha a sensação de que não ia conseguir fazê-la mudar de ideia.

E ele estava certo. Embora Chloe soubesse que ele podia ajudar, talvez até entender, aquele não era o momento certo. "Fugir não muda o fato de que ela se foi." Olhando pra ele, ela acrescentou. "Tchau, Oliver."

Não conseguindo mais olhar pra ele, Chloe agradeceu quando Oliver a deixou ir, algo que não era fácil pra nenhum dos lados, mas suas duas palavras rápidas o pegaram de surpresa. Suspirando enquanto o elevador descia, havia uma parte de Chloe que queria voltar, dizer tudo a ele, mas quando o elevador parou, ela saiu e rapidamente deixou o prédio.

Aquele... aquele era o mundo dele. Apesar das notícias, Chloe sabia que Oliver de fato era respeitado ali e ele tinha cumprido sua promessa e se permitia ser feliz. E tudo isso sem ela.

Era a clássica história da sua vida, encontrar uma alma para salvar, se apaixonar no processo, apenas para ser inevitavelmente deixada para trás. Primeiro, ela ajudou Clark a sair de sua casca, a tempo para o colégio. Ele deveria sempre ficar com ela, mas Clark nunca a viu do mesmo jeito, e por isso provavelmente o relacionamento que tiveram foi tão breve.

Isso era tudo que ele e Oliver tinham em comum, então a comparação era incompleta. Mas era realmente fácil compará-lo com qualquer outra pessoa em sua vida. De fato, suas histórias eram estupidamente familiares.

"Chloe?"

Falando no diabo.

Tentando esconder as lágrimas, Chloe fungou algumas vezes antes de se virar pra ele. "O que você está fazendo aqui?"

Matt estreitou os olhos enquanto terminava de atravessar a rua, percebendo seus olhos vermelhos, mas ele podia ver que ela estava tentando esconder. "Eu... Na verdade eu acabei de comprar uma casa aqui. Acho que esqueci de dizer quando estive em Metrópolis."

Chloe assentiu, feliz que tivesse algo novo para pensar, já que o movimento a pegou de surpresa. "Achei que você estivesse muito ligado a Chicago."

"Eu estou, e lá será sempre minha casa, mas achei que era hora de abraçar o resto da costa considerando que muitos dos meus negócios acontecem aqui." Ele parou, sabendo que não podia ignorar completamente o fato de que ela estava ali entre todos os lugares do mundo. "Mas... o que você está fazendo aqui?"

"É uma longa história", Chloe suspirou, sabendo que Matt tinha boas intenções, mas entrar em detalhes não era sua prioridade.

"Você tem um lugar pra ficar?"

Parecia uma pergunta boba, mas enquanto olhava para sua bagagem, ela percebeu que era completamente válida. "Não... na verdade, não."

"Então vamos, eu moro a alguns quarteirões e de jeito nenhum vou deixar você ficar em um hotel."

Chloe pensou em discutir, mas ele estava lhe oferecendo algo que ela desesperadamente precisava, então assentiu, permitindo que Matt pegasse a mala de sua mão.

Porém, o que ela não sabia era que Oliver a tinha seguido escada abaixo e observava o encontro de dentro do prédio. Ele queria sair, mas sabia que ela tinha agora o que precisava.

Tchau, Oliver.

Ele desejava que isso não ficasse tão permanente em sua cabeça, mas observando-a ir embora, Oliver teve a sensação de que não teria tanta sorte.

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VINTE E DOIS

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2 comentários:

  1. Complicado não chega nem perto da situação em que estes dois se encontram... este é sem dúvida um dos não-relacionamento mais complexos de toda a história... mas, tudo isso também os deixam mais fortes para se jogarem do penhasco e superarem.

    GIL

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