29.6.16

The Longer You Run (22/29)

TítuloQuanto Mais Você Corre
Resumo: Aparentemente, a única coisa que unia Chloe Sullivan e Oliver Queen era uma história. Mas por trás das portas fechadas era um relacionamento acidental que sem nenhuma intenção acabou mudando tudo.
Autoraserafina19
Classificação: NC-17
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O caminho inteiro foi difícil para Chloe se concentrar, algo que Matt tinha percebido quando começou a falar sobre sua mudança para a Califórnia. Ele mencionou a mãe uma vez, uma palavra que Chloe teve dificuldade de engolir, mas felizmente, Matt estava olhando para outro lado no momento. No entanto, quanto mais ela andava, mais Chloe se perguntava quão ruim seria encarar Clark e Lois naquele momento. Ficar em Star City, a meros quarteirões de Oliver, não soava muito melhor do que Lois tentando confortá-la.

Você deveria ter me contado.

Talvez ela devesse ter contado, Chloe não tinha mais certeza agora. Sua cabeça parecia muito confusa, então a folga que Matt estava lhe dando falando sobre sua vida era bem-vinda. Ela não conversava com ele desde sua viagem a Metrópolis, então estava ansiosa em ter algo com que ocupar sua mente.

Matt, porém, não era tolo, ele podia ver a dor que ela tentava esconder. No entanto, isso não o impediu de sorrir pra ela quando abriu a porta de seu apartamento. Ele não estava na Califórnia há tanto tempo, então os móveis eram poucos, mas ele terminaria de mobiliar logo. Parecia terrivelmente vazio, mas Matt de fato gostava de sua casa, pois não gostava do estilo de vida dos ricos e famosos.

Qualquer pessoa que conhecesse Matt bem o suficiente, sabia que ele se sentia mais em casa em seu dormitório mais do que em sua cobertura. Matt amava lugares pequenos, como se isso diminuísse as expectativas que pesavam sobre ele. Isso também o causava menos distrações e o permitira se concentrar no que realmente importava.

Claro, era difícil dizer não para uma cobertura com acesso ao telhado. Ele não podia discutir com a vista, e baseado na reação dela enquanto ia até a janela, Chloe não se importava também. 

"Bela casa", ela disse, soltando a bolsa no chão. Uma coisa era certa, tinha a cara de Matt por todo lugar. Nada de quadros ou esculturas, só uma cobertura que parecia o mais simples possível. O escritório dele do outro lado estava terminado, uma sala relativamente pequena coberta de móveis de madeira com arquivos por todo o lugar. "Eu posso ver que você está concentrado na revista como sempre foi."

Matt coçou a nuca. "O que eu posso dizer? Considerando minha sorte na vida social, eu me concentro no que não me desaponta."

"Acho que você está subestimando suas habilidades." Chloe olhou por sobre o ombro para sorrir antes de acrescentar, "É difícil voltar ao mundo do namoro depois de um longo relacionamento e diferente da maioria dos rapazes... você tem seus padrões."

"Pode ser", Matt respondeu, sorrindo também. "Você ainda toma café do mesmo jeito, certo? Quer dizer, não tenho certeza de como fazer isso com esta máquina moderna, eu de fato sinto falta da minha antiga cafeteira--"

"Não quero café, obrigada."

Ao ouvir a resposta, Matt girou e ficou de frente para Chloe novamente. "Chloe, o que está acontecendo com você?"

"Nada." Chloe tentou esconder com uma encolhida de ombros, mas sabia que não estava enganando Matt.

"Eu posso ser novo na cidade, mas eu vi de que prédio você saiu. Eu tentei evitar o assunto, mas então você recusou café." Matt expirou alto quando viu a expressão de sua amiga entristecer ainda mais. "Chloe, não é tão difícil somar dois e dois e eu não quero que você esconda de mim."

Chloe engoliu em seco, sabendo que ele não sabia da história toda. Mas ele também estava certo. Ela tinha se segurado tempo o suficiente. Desabando no sofá, Chloe olhou para o colo. "Matt, minha mãe..."

Quando a voz dela falhou, Matt congelou ao preencher as lacunas em sua cabeça. "Chloe, eu... eu não sabia." O tempo todo ele pensou saber o que estava acontecendo, mas não estava nem perto. Parecia haver uma razão diferente para ela estar em Star City, mas considerando tudo que tinha acontecido desde que conheceu Chloe, parecia meio surreal. Moira Sullivan tinha sobrevivido para ver tantos momentos que costumavam brincar sobre ela ser imortal, mas a frase era um pouco amarga agora.

Depois de um momento de silêncio, Chloe sentiu Matt se sentar ao seu lado, mas não moveu o olhar. "Você sabe quando você desejou estar lá quando sua mãe morreu? Acredite, foi melhor assim."

Matt ficou sem palavras, pois a história só piorava. "Eu sinto tanto", foi o que conseguiu dizer, as palavras caindo de sua boca enquanto olhava para sua amiga, claramente destruída por dentro.

"Não deveria doer tanto assim", Chloe sussurrou, fechando os olhos enquanto as comportas oficialmente se abriam. Ela escondeu os olhos com as mãos, sentindo a mão de Matt em suas costas, puxando-a para ele.

"Chloe, você estava ao meu lado quando eu recebi a notícia." Inclinando-se para a frente, Matt tentou encontrar seu olhar antes de acrescentar, "Você sabe que a morte da minha mãe me destruiu e ela também tinha uma doença. Só que ela viveu mais que o esperado."

Chloe engoliu seco, lembrando daquela noite também. Sua reação ao telefone, o jeito que o corpo dele desabou contra a parede. A mãe dele era tudo que ele tinha, e ao invés de estar lá quando a hora chegou, ele estava em outro estado. 

Ele se recuperou bem, pois Matt era sempre profissional. Era algo que Chloe poderia usar agora, pois pensou que conseguiria se segurar, mas pelo contrário, ela continuava fazendo uma coisa errada atrás da outra.

"Quando aconteceu, eu consegui me despedir", Chloe disse, feliz que Matt não pudesse reconhecer o significado daquelas palavras. Pelo menos ela não usou a resposta de Oliver à pergunta do artigo, ela nunca esqueceu a precisão do sentimento. "Eu me despedi, mas eu não queria acreditar."

Matt assentiu, afastando o braço enquanto ouvia a força voltar a voz dela. "Isso explica porque seu primeiro pensamento sobre como lidar com a morte de sua mãe foi comprar uma passagem para Star City." Chloe sempre quis ajudar as pessoas, era assim que agia mesmo quando estava a segundos de desabar.

"Acredite em mim", Chloe disse, "se eu soubesse que você morava aqui, eu teria ligado pra você primeiro."

Ele abriu a boca, pronto para chamá-la de mentirosa. Ele não queria falar em Oliver, mas era óbvio o elefante na sala e ele não podia ignorar para sempre. "Exceto que você estaria em Chicago, congelando do lado de fora do meu prédio." Vendo a reação dela, Matt pegou sua mão. "Você não veio pra cá porque queria esquecer, você veio porque ele entenderia. Ou pelo menos, eu acho que ele teria entendido."

"Ele entendeu", Chloe imediatamente sussurrou, porque depois de sair do lado da cama de sua mãe, a única voz que ela conseguiria ouvir era a de Oliver. Ela deve ter ficado sentada no carro uns dez minutos antes de ligá-lo, encontrando forças para dirigir. Mas antes que pudesse ir a algum lugar, ela atendeu a ligação de Hal.

O resto da história Chloe não queria lembrar, abandonando os pensamentos novamente. "Mais precisamente, ele entende. Não é esse o problema."

"Não minta para mim, Chloe. Não sobre isso." Finalmente vendo-a levantar a cabeça, Matt apertou os lábios enquanto apertava a mão dela com mais força. "Eu vi você enxugando as lágrimas e te conheço muito bem para ignorar que há mais nessa história."

"Fui eu quem estragou tudo." Fechando os olhos, a expressão final de Oliver era tudo que conseguia ver, e isso tornava a tarefa de abrir os olhos um pouco mais fácil, relembrando o vazio que sentia. "Eu achei que tinha tudo sob controle, mas hoje... Eu disse coisas que realmente queria retirar."

"Acho que ele vai entender que você está ferida agora." Tentando um sorriso, Matt esperava que algum otimismo animasse sua amiga. "Talvez depois de uma boa noite de sono você consiga resolver as coisas."

Infelizmente, os esforços de Matt pouco animaram Chloe, que sabia que muita coisa tinha mudado entre ela e Oliver. "Dizer sinto muito não resolve os problemas que temos."

"Como quais?" Quando a pergunta lhe deu apenas silêncio, Matt a cutucou com o ombro. "Vamos Chloe, fala comigo."

"Sobre o quê?"

"Oliver, sua mãe... qualquer coisa." Matt suspirou ao perceber que era uma batalha perdida. "Eu lembro daquele olhar no seu rosto e eu me recuso a deixar você voltar a como estava depois de Jimmy. Ou pior."

Chloe apertou os lábios enquanto cobria a mão dele com a sua. "Matt, eu vou ficar bem... e você não me deve nada."

"Pelo contrário, acho que te devo esse favor há algum tempo." Ele observou enquanto Chloe abria a boca, mas Matt balançou a cabeça, impedindo-a de falar. "O mínimo que eu posso fazer é tentar retribuir... começando com aquele café."

"Certo."

"Bom", Matt respondeu com um sorriso, levantando-se para ir para a cozinha. "Enquanto eu faço isso, você poderia desfazer a mala porque você vai ficar aqui por alguns dias. No final do corredor, segunda porta à esquerda tem um quarto de hóspedes que você pode usar e você volta para Metrópolis para planejar o funeral de sua mãe quando sua cabeça estiver melhor."

"Matt, eu não posso--"

"Claro que você pode. Vamos pegar sorvete e assistir alguns filmes ruins, ou vamos sentar no telhado e gritar com toda força... o que você precisar. Só me deixe fazer isso Chloe, por favor."

Chloe deu risada enquanto finalmente se levantava do sofá, indo até o lugar onde deixara sua bolsa. Ela seriamente considerou ir embora, mas Chloe sabia que podia aceitar a ajuda de um amigo agora e não havia razão para recusar. "Obrigada."

"Melhor", Matt disse, seu sorriso aumentando enquanto Chloe finalmente se permitia sorrir antes de dar as costas. Não era muito, mas era um progresso. Ele garantiu que ela estivesse no quarto antes de pegar o telefone, pairando o dedo sobre um número familiar que ele não discava há muito tempo. 

Chloe provavelmente não aprovaria que ele fizesse isso, mas havia duas pessoas que ela não tinha mencionado durante toda a conversa, levando Matt a pensar que Clark e Lois não faziam ideia de onde Chloe estava. O mínimo que ele podia fazer era dar a seus amigos um pouco de tranquilidade.

E claro, foi necessário só um toque para Clark atender. "Ei, cara." Matt disse. "Há... quanto tempo."

"Matt", Clark praticamente exclamou, ansiedade aparente em sua voz. "Chloe está com você?"

"Ela está em segurança, Clark", Matt respondeu, indo direto ao assunto. "Ela está comigo."

"Chloe está em Chicago?"

Matt deu risada silenciosamente, percebendo que ele tinha feito um trabalho ruim em informar seus amigos sobre seus movimentos. "Não, em Star City." Olhando para o corredor, Matt franziu a testa ao perceber que ela tinha voltado para a cozinha para pegar o café que estava esfriando sobre o balcão. "Algumas vezes, o mundo é menor do que você pensa."

"Por que ela está em Star City?"

"Vamos, nós dois sabemos a resposta para essa pergunta." E ali residia o problema de humor dela, já que Matt não podia atribuir com certeza o que se devia a morte da mãe e o que vinha de seu problema com Oliver. "Eu não sei a história toda mas... eu disse que ela podia ficar aqui alguns dias."

"Se é o que ela quer", Clark respondeu, sentindo-se impotente diante da situação. O fato de que ela não havia ligado dizia muita coisa, mas pelo menos Chloe não estava sozinha. "Lois e eu cuidaremos do resto."

"Obrigado, Clark."

~0~

Bem, não parecia uma má ideia agora, Chloe pensou enquanto desfazia a pequena mala que tinha arrumado para a viagem. Matt sempre foi um bom amigo, e agora não era exceção. Havia também o fato de que ele parecia bem com as lacunas, o que Chloe agradecia.

No entanto, havia uma coisa que Matt tinha dito que ela não conseguia esquecer.

Ela estava vulnerável agora, procurando por algum conforto e de todo mundo, ela tinha escolhido Oliver. Isso aconteceu por diversas razões, mas ela genuinamente o respeitava, se importava com a preocupação dele em fazê-la se sentir bem. Ele sempre tinha fé nela, não importa o que acontecesse.

Para ser honesta, Chloe não fazia ideia do que aconteceu com ela na casa dele. Os dois sabiam que o rótulo de amigos não servia e eles tinham ido longe demais para chamar apenas de benefícios, o que deixava uma infeliz conclusão que os dois sabiam. Ela viu nos olhos dele quando ele deixou Metrópolis e ela ouviu em sua própria voz quando percebeu que era mútuo. No entanto, era também por isso que ela não podia ficar nem mais um minuto, porque ela não confiava em si mesma enquanto estivesse assim.

Olhando para o telefone, ela pensou em ligar para pedir desculpas, mas não conseguiu. Ele tinha empregos para salvar e uma companhia para administrar. E mais, ela não podia deixar de se sentir um pouco culpada. Afinal, se não fosse por ela, ele talvez tivesse notado o desvio de dinheiro e a Queen Industries não estivesse naquela situação.

Ele resolveria tudo, Chloe tinha certeza, mas também isso a relembrava de que a vida dele estava começando e não havia tempo para estes dramas. Além do mais, ela não podia espantar a sensação de que tudo isso era apenas uma máscara para a dor que ela sentia por dentro. Eles continuavam voltando para a vida um do outro quando tragédias aconteciam e não era assim que um relacionamento funcionava.

Quando tudo voltasse ao normal... ia ser igual? Ele olharia para ela do mesmo jeito, ou simplesmente um era o jeito do outro de encontrar o rumo?

Chloe honestamente não fazia ideia, mas considerando sua história, esta história nunca teria um final feliz. Por mais que Chloe odiasse admitir, era provavelmente melhor que cortassem os laços agora. Ouvindo Matt bater na porta, ela soltou o telefone e se afastou. Era melhor assim, ela disse a si mesma.

Tinha que ser.

~0~

Tinha sido um dia longo para Lois, e não por causa dos motivos usuais. O trabalho havia sido deixado de lado, já que a notícia da morte de sua tia foi inesperada. Ela abandonou tudo para estar ao lado de Chloe, mas sua prima não estava em lugar nenhum. Não estava na clínica, nem no apartamento, e também não atendia o telefone.

Ouvindo a batida na porta, Lois foi na direção do som, parcialmente esperando que fosse Chloe, mas sabendo que era seu namorado, que ela tinha liberado a entrada.

Felizmente para Lois, ele reconheceu a preocupação em seu rosto e disse, "Ela está bem, Lois. Matt acabou de me ligar e disse que ela vai ficar com ele alguns dias."

Sorrindo, Lois sentiu a pressão baixar um pouco. "Graças a Deus. Quer dizer, eu não esperava que ela fosse desaparecer, mas depois de como ela o ajudou, faz sentido." Pegando o telefone, ela ia mandar uma mensagem para Chloe, dizendo que ela podia voltar para casa quando estivesse pronta, mas Clark cobriu sua mão antes que ela tivesse a chance de digitar alguma coisa. Confusa, Lois olhou pra cima, mas percebeu que a expressão dele não ajudava muito. "O quê?"

"Chloe... não está em Chicago."

"Melhor ainda", Lois respondeu, dando um passo para trás para que pudesse pegar a bolsa do sofá. "Em que hotel ele está? Eu tenho certeza que--"

Clark parou suas palavras quando ele segurou seu braço para impedi-la de deixar o apartamento. "Lois, eles não estão aqui. Eles estão na cobertura nova dele... em Star City."

Ela abriu a boca, percebendo tudo que a frase implicava. "Diz que isso não significa o que eu acho que significa."

"Matt não confirmou", Clark disse com um dar de ombros, já que não podia dizer nada mais que isso.

"Claro." Lois bufou enquanto voltava a se sentar no sofá, o telefone ainda em suas mãos. "De todos os dias."

"Lois."

Ouvindo o tom na voz do namorado, Lois suspirou. "Eu sei, eu sei." Não era certo sentir-se frustrada com a vida pessoal de Chloe depois de algo assim, no entanto, essas palavras tinham que ser ditas. Ela não podia ter uma reação assim. "Só me deixe ficar brava por alguns segundos, ok?"

Clark não ia negar nada a ela, então ele assentiu, sabendo que Lois precisava se recompor antes de Chloe chegar em casa. No fim do dia, eles deviam a Chloe esperar e ouvir seu lado antes de tirarem conclusões precipitadas.

"Mas como você está?" Clark perguntou, porque Chloe não era a única que perdera um membro da família naquele dia.

"Bem." Lois queria se sentir pior, mas ela não visitava muito a tia Moira depois do acidente. Ela foi maravilhosa quando a mãe de Lois morreu há alguns anos, mas para Lois, era muito difícil assistir outro membro da família numa cama de hospital. "Isso é dez vezes mais difícil para Chloe."

"Estaremos aqui por ela." Inclinando-se contra Lois, Clark colocou a mão em suas costas. "E eu estou aqui por você, Lois, saiba disso."

"Eu sei, e eu te amo por isso, mas--" As palavras de Lois pararam quando seu telefone vibrou, seus olhos arregalando quando viu quem estava ligando. "Mas agora, eu preciso atender essa ligação." Depois de clarear a garganta, ela disse ao telefone. "Onde diabos você esteve?"

Ouvindo o cumprimento, Clark sorriu e deu a sua namorada distância para que ela tivesse um momento com sua prima.

"Que tal eu começar a resolver as coisas do funeral pra você?" ela perguntou, levando Clark a se virar. Lois lhe deu um rápido dar de ombros antes de ficar séria novamente. "Não eu não tenho, mas depois de tudo, eu acho que é melhor se você descansar um pouco. Então cuide-se pra variar, prima, eu resolvo tudo." Depois de um aceno, Lois sorriu. "Diga oi ao Matt por mim, ok? Te vejo em alguns dias... também te amo."

Quando Lois desligou o telefone, Clark voltou até ela, sentando-se na mesinha em sua frente. "Como ela estava?"

"Terrível", Lois respondeu, sabendo que Chloe estava escondendo grande parte da dor que estava vivendo, mas não era hora de forçar o assunto. Para variar, Chloe estava lhe dando ouvidos e ela não tinha intenção de desapontá-la, então ela se levantou do café. "Mas ficar sentada aqui não vai resolver nada. Vamos, Smallville, temos um funeral para planejar."

~0~

Quando o carro parou, Chloe começou a se perguntar se fazia apenas dois dias que ela tinha ido para Star City. Matt tinha feito o melhor, e na maior parte, ajudou, mas não mudou os fatos em sua vida, os problemas que ela tinha evitado e causado.

"Tem certeza que não posso fazer mais nada?"

Chloe balançou a cabeça. "Eu já abusei da sua hospitalidade." Não era a melhor maneira de dizer não, algo que Matt ia entender, então ela acrescentou. "E mais, eu estou me sentindo bem melhor."

Entendendo o recado, Matt abriu a porta do carro. "Aliás, eu liguei para Clark, avisei que você estaria de volta esta noite. Espero que esteja tudo bem."

"Está sim, mas obrigada por me avisar." No mínimo, diminuiria o choque de encontrar Lois e ele no aeroporto de Metrópolis. No entanto, Chloe percebeu que queria terminar a viagem sem falar de seus problemas. "Sabe, eu nem perguntei quando você está pensando em abrir a empresa."

"Daqui a um mês. Os escritórios ainda estão sendo construídos, mas começarei a mudança logo."

"Isso é ótimo", Chloe respondeu, abaixando a cabeça enquanto pegava a mala do banco traseiro.

"É sim. Embora para ser honesto, eu sempre pensei que se fosse abrir a empresa em outro lugar, seria em Metrópolis." Balançando a cabeça, Matt foi relembrado de seus planos em se mudar para Kansas no ano anterior, junto com a amarga lembrança que o impediu. "Eu achei que você pudesse vir trabalhar junto se a distância não fosse mais um problema. Eu também pensei..." Depois de um segundo, Matt soube que não era o melhor momento para acordar lembranças, mas ele tinha que perguntar. "Eu não estava louco naquela época, estava? Se tivesse sido num momento diferente..."

"Teria... havido alguma coisa? Acho que sim." Mas Chloe podia facilmente admitir a ele que isso tinha mudado. Havia uma razão para ela ficar com ele depois de tudo. Ela aceitou quem ele era pra ela, mas para sua surpresa, parecia que ele tinha se apegado a ela mais do que ela imaginava.

"Foi o que eu pensei. Pena que o Jimmy aconteceu, certo?" Ele sabia agora, ele sabia que havia mais  razões para eles nunca terem sido mais do que amigos, e se tivesse que culpar alguém, seria a pessoa de quem ela estava correndo naquele momento.

Apesar do que tenha acontecido com eles no começo da semana, Matt não conseguia parar de pensar no quanto Oliver Queen era sortudo. Porque no momento em que os dois parassem de brigar contra o que estava na frente de cada um, de jeito nenhum eles se separariam novamente.

"A vida aconteceu", Chloe respondeu, os olhos distantes enquanto passava a bolsa no ombro. "A vida nos levou para direções diferentes, mas eu gosto de onde estamos."

Matt concordou, sorrindo enquanto dava a volta no carro para ficar de frente para ela. "Por isso eu mudei pra cá. Longe o suficiente, clima diferente... uma chance de deixar minha própria marca, sabe."

Chloe deu risada antes de olhar de novo para o amigo. "Eu entendo, e acho que você será ótimo aqui. Eu sei que sua mãe ficaria orgulhosa de tudo que você tem feito com a revista."

"Obrigado", Matt respondeu. "E desculpe se é muito cedo, mas eu sei que sua mãe também tem muito orgulho de você. Pra ser honesto, eu estou meio que animado... porque este não é só um começo profissional para nós, mas também uma chance de recomeçar pessoalmente. Perdemos contato ano passado e eu quero remediar isso. Eu sei que você está do outro lado do país, mas não esqueça que estou aqui por você, sempre que você precisar."

"Obrigada Matt, de verdade." Chloe balançou a cabeça antes de acrescentar, "Eu gostaria de dizer mais do que isso agora."

Diminuindo a distância entre eles, Matt abraçou Chloe, descansando o queixo no ombro dela. "Não é necessário, acredite." Depois de dar um tapinha nas costas dela, Matt se afastou. "Faça um voo seguro, Chloe."

~0~

Parado na frente do elevador, Hal sabia que Oliver sabia que ele estava ali. Porém, quando ele ficava assim, Hal sabia que era melhor não interromper. Pelo menos ele estava calmo, já que o trabalho impediu Hal de ir até Star City nos últimos dias. Oliver estava claramente ainda estressado, haja visto o arco e flecha, mas era compreensível.

Ele observou Oliver soltar a corda, nem piscando enquanto quebrava o silêncio. "Desculpe não ter atendido as ligações."

Hal deu de ombros, sabendo que as coisas não andavam boas e Oliver gostava de um pouco de distância. "Ei, pelo menos você atendeu a Chloe."

Deixando o braço cair ao lado do corpo, Oliver percebeu que ouvir o nome dela era mais difícil do que ele pensava. Mesmo depois de alguns dias, a visita ainda estava fresca em sua mente, especialmente depois de encontrar um senso de progresso em sua vida profissional.

"Ela veio pra cá... mas eu nem sei se foi por minha causa." Deixando o arco sobre a mesa, Oliver não pôde deixar de balançar a cabeça. "A mãe dela faleceu... e ela não queria que eu soubesse."

Eram notícias duras, porém Hal ficou preso a primeira parte da frase. "Espera... ela está aqui?" Não havia sapatos na entrada, nem sons ao redor.

"Ela partiu e eu... me concentrei em descobrir o que fazer para ajudar a Queen Industries." Oliver não queria entrar em detalhes sobre como a tinha seguido pelas escadas, apenas para deixá-la ir embora. Hal já tinha munição suficiente, mesmo que suas próximas palavras tenham sido relacionadas ao trabalho.

"Você encontrou um jeito?"

"Não completamente, mas sei por onde começar." Afinal, três dias não eram suficientes para arrumar a bagunça em que estava. "Os Laboratórios S.T.A.R. vão ter que esperar mas, se eu tiver sorte, o resto da companhia deve ser erguer."

Parando ao lado de Oliver, Hal disse. "E agora você quer ligar pra ela." Estava claro no rosto dele, o que era estranho por causa das diferenças. Hal já tinha visto Oliver passar por tempestades na empresa antes, e não era essa a expressão que ele sempre tinha.

Por isso Oliver nem tentou negar a frase de Hal. "Se algum dia ela quiser falar comigo de novo, então estarei lá para ouvir. Mas algo me diz que nos despedimos para sempre."

"Você só pode estar brincando."

Depois de um suspiro, Oliver se virou para Hal, pronto para encarar a conversa. "Hal, vamos. O que eu--"

"Deveria fazer? Que tal não deixá-la ir embora? Que tal ligar pra ela?" Hal sabia que Oliver era muitas coisas, mas não era burro. Ele sabia o que a visita de Chloe de fato significava. "Ela veio pra cá, Oliver. Ela deixou o luto de lado porque queria estar aqui por você. O que mais você quer? Uma placa em neon?"

"É complic--"

"Não, é estúpido e você sabe", Hal falou. "Olha, eu não sou o melhor em relacionamentos, mas eu reconheço uma coisa boa quando vejo, então eu tenho que perguntar quando você vai acordar e virar homem?" Ele queria uma resposta de Oliver, mas não foi o que aconteceu pois o telefone de seu amigo tocou antes que ele pudesse falar. "Esta conversa ainda não terminou."

"Mal posso esperar", Oliver murmurou enquanto atendia o telefone. "Alô?"

"Sr. Queen. Aqui é Matt Wallace."

Oliver mudou o telefone de ouvido, vendo o número desconhecido na tela. Embora tenha gostado da ligação ter interrompido a conversa com Hal, algo dizia a ele que não era exatamente esse o caso. "Como você conseguiu este número?"

Matt deu risada enquanto observava Chloe sumir de vista. "Eu peguei no telefone da Chloe, e sim, eu sei que estou ultrapassando meus limites aqui. Mas nós dois sabemos que precisamos conversar."

"Precisamos?"

Voltando para o carro, Matt se recostou contra o assento antes de fechar a porta. "Você tem perguntas para as quais eu tenho as respostas, e francamente, eu tenho algumas perguntas também." Com isso, ele desligou o telefone, esperando que Oliver entendesse a dica.

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VINTE E TRÊS

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2 comentários:

  1. Eita, que se eu pudesse faria chaveirinhos do Matt e do Hal e eu guardaria só pra mim!! *-*
    Eu queroo!! \o

    GIL

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