21.12.13

Just Married (Stumbling Into Camelot by Finn Macintosh)

TítuloRecém-casados
Resumo: Algo horrível aconteceu, mas Chloe não consegue se lembrar. Se ela não juntar as peças a tempo, pode ser muito tarde para Oliver.
Autorabella8876
Classificação: R
Linha de tempo: Sétima temporada. Universo Alternativo. A oitava temporada nunca aconteceu.
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Tropeçando Em Camelot por Finn Macintosh

Em 22 de novembro de 1963, o presidente Kennedy foi assassinado em Dallas, Texas às 12:30hs. Sete dias depois em uma entrevista para a Life Magazine, Jacqueline Kennedy usou um termo que iria definir um momento na história de nossa nação com, de todas as coisas, uma fala de uma musical. "Não se deixe esquecer, que uma vez houve um lugar, por um breve momento, que foi conhecido como Camelot."

Camelot significa coisas diferentes para pessoas diferentes. Não é simplesmente uma terra mítica de cavaleiros, távolas redondas, de justiça e honra, de reis e rainhas. Camelot persiste até hoje mais como uma ideia, uma utopia imaginária onde tudo é mais brilhante, tudo é melhor. É um brilhante mundo novo onde bravura e honra significam alguma coisa, onde o cavalheirismo não está morto, onde tudo é possível.

O começo dos anos 60 foi propício. A mudança estava no ar, paradigmas estavam mudando, e possibilidades que nunca foram imaginadas estavam de repente ao alcance. Íamos mandar o homem para a lua, escolas estavam sendo integradas, e o Rock 'n' Roll tinha vindo pra ficar. As pessoas queriam algo novo, desejavam algo novo e a pessoa a lhes dar isso era John Kennedy.

Ele era bonito, carismático, e preparado para a tarefa em sua frente. Sua mulher era o epítome da graça, estilo e compaixão. Juntos eles formavam o que era provavelmente o primeiro casal poderoso. Eles eram jovens, tinham energia, seriam os líderes da revolução, eles poderiam mudar o mundo. A história deles terminou naquela fatídica sexta-feira, mas seu espírito, seu legado sobreviveu.

Os céticos afirmam que Camelot nunca existiu. Que nós meramente idealizamos coisas depois da tragédia. Forçando as arestas de nossas memórias e forçados a esta suposta utopia para encobrir rachaduras. Talvez eles estivessem certos, talvez nunca alcancemos aquele lugar, mas nunca paramos de procurar. Para alguns de nós os Kennedys nos mostraram algo maravilhoso, mesmo que tenha sido apenas um vislumbre, apenas um instante do que teria sido; e queríamos mais, nós queremos mais.

Muitos tentaram desde então recapturar aquele espírito, recriar Camelot, e tudo falhou. Alguns realmente tentaram, mas sem sucesso. Pessoalmente eu sempre achei que fosse um sonho legal, mas apenas um sonho, nada mais. Eu definitivamente nunca acreditei que fosse viver para ver o dia, que isso de fato fosse acontecer em minha vida, não até eu conhecer Chloe e Oliver.

Não era como se no segundo que coloquei os olhos neles eu soubesse. Foi uma coisa gradual, a percepção meio que me atingiu na verdade. Eu me lembro do momento vividamente, no entanto. É uma daquelas raras lembranças que eu acredito que sempre ficarão comigo, com todos os detalhes. Foi num dia em que vou provavelmente contar aos meus netos em algum momento com um sorriso no rosto.

Era um domingo preguiçoso. Chloe tinha me chamado duas horas antes, disse que estava organizando um churrasco de última hora, porque a chuva que vinha castigando o norte da Califórnia há duas semanas, finalmente tinha dado uma trégua e ela queria, ela precisava, fazer algo ao ar livre. Ela nunca perguntou se eu queria ir, ela simplesmente me disse que eu tinha sido eleito para levar a salada de batata. (É um prato sagrado na casa dos Queen e sempre foi comprada em um único lugar, uma pequena venda vinte minutos fora do caminho, mas definitivamente valia o combustível).

Quando eu cheguei, Chloe trocou minha salada de batata por um prato perfeitamente repleto de carne e me disse para entregar a Oliver do lado de fora e perguntou se eu podia por favor garantir que não colocassem fogo no quintal. Enquanto eu passava pela cozinha, eu vi sua prima Lois sentada no balcão, fazendo chá gelado. Lois vivia em Metrópolis e eu percebi que Chloe tinha provavelmente mandado o jatinho para buscá-la apenas para aquele dia, apenas para o churrasco e então eu percebi que algo assim  nem me chocava mais. Eu estava há muito tempo perto dos ricos e famosos.

Quando eu saí, Oliver trocou meu prato de carne por um copo cheio de Guinness, algo que tinha sido recentemente adicionado ao bar Queen, especificamente para mim se você quiser acreditar em Oliver, que eu descobri por meio de Chloe ser algo que acontecia muito raramente. Eu olhei ao redor dele para ver uma enorme fogueira no meio do quintal, chamas mais altas que eu a meio caminho do céu, alguns rapazes andando ao redor com cautela e eu ergui as sobrancelhas, agora entendendo o pedido de Chloe. "Está tudo sob controle." Oliver garantiu com um tapinha em minhas costas.

Eu optei por ficar longe das chamas e fui até a plataforma ao invés, onde o marido de Lois, Clark, estava assistindo um jogo dos Sharks enquanto secretamente mantinha um olho nas chamas atrás dele. "Oliver disse que tem tudo sob controle." Eu oferecei, checando o placar, 14 a 3.

"Oliver disse isso antes." Clark sorriu pra mim. "Estranho o suficiente, toda vez que ele diz isso, eu passo metade da noite no pronto-socorro ouvindo o sermão de um estagiário sobre a maneira correta de se acender fogueiras, ou a razão pelas quais é mais seguro não acendê-las." Ele bufou.

Ninguém teve que ir para o pronto-socorro e a carne ficou só um pouco queimada, "Bem passada", Oliver protestou. O sol lentamente desaparecia no horizonte e eu estava tomando minha terceira Guinness enquanto Lois e Clark discutiam sobre o jogo dos Sharks de cinco anos atrás. Chloe e Oliver fingiam jogar croqué no quintal. Eles não sabiam o que estavam fazendo e o chão estava tão molhado que os arcos continuavam caindo e as bolas ficavam presas na lama. Eu tinha dado o jogo a ela há algumas semanas quando ela mencionou que sempre quis aprender como jogar.

"Finn, eu tenho que acertar a bola, não é? Como shuffleboard, certo?" Chloe exigiu.

"Não exatamente." Eu tentei algumas vezes explicar a ela como jogar, mas por alguma razão croqué era muito difícil, até para uma mulher que uma vez passou três horas discutindo a complexidade de uma única linha de programa do novo sistema operacional do Windows.

"Quer saber?" Chloe balançou a cabeça. "Eu vou jogar do meu jeito." E ela jogou, puxando a todos nós para o quintal trinta minutos depois quando tinha terminado de re-arrumar os aros ao seu gosto. "Todo mundo pega um taco." Ela disse com um sorriso no rosto e então procedeu a nos explicar as regras de seu novo jogo, um novo jogo que ela estava chamando de Hocquetball. Era uma mistura de Hóquei, Croqué e Beisebol e assim que foi tudo resolvido até que acabou sendo divertido.

Clark me levantou duas horas mais tarde, depois de eu ter batido a bola para dentro do aro principal (basicamente como uma base do beisebol, mas ao invés de ser uma base, era um arco), com uma espetacular derrapagem na lama quando o gol vitorioso aconteceu. Com um pulo de alegria, Chloe jogou seu taco para o lato e pulou nas costas de Oliver em celebração. Ela o pegou de surpresa e ele caiu no chão, levando Chloe com ele, afundando numa poça de lama e encharcando-os de lama dos pés à cabeça.

Isso não deteu nenhum dos dois no entanto. Eles tentaram múltiplas vezes se levantar da lama, só para escorregarem de novo, ficando ainda mais enlameados a cada segundo, gargalhando o tempo todo. Uma empregada me entregou uma toalha com uma expressão divertida e resignada no rosto e eu tentei limpar toda a lama. "Sra. Queen, eu gostaria de relembrá-la que encerei o chão ontem."

"Claro, Rita." Chloe sorriu quando finalmente conseguiu se levantar e pegou a toalha da mulher. "Vamos nos limpar antes de entrarmos em casa."

"Eu também gostaria de relembrar os dois que o voo para Londres está agendado para amanhã bem cedo." Rita passou uma toalha a Oliver antes de voltar para dentro da casa.

"Oh, eu falei com Audrey e ela disse que não vai aceitar não como resposta desta vez." Oliver gemeu. "Nós escapamos as últimas sete vezes que estivemos em Londres, então aceite." Oliver mais uma vez tentou protestar e Chloe o cortou logo. "Olha, eu tenho certeza que um jantar privado com o Primeiro Ministro e sua esposa não vai doer quando você está pedindo ao Parlamento para usar suas rotas marítimas."

Oliver fez um protesto maduro, mostrando a língua pra ela. Chloe respondeu jogando uma bola de lama no rosto de Oliver, dissolvendo os dois mais uma vez numa risada incontrolável enquanto a luta recomeçava.

Eu conectei Audrey a Audrey St. James, a mulher de Harold St. James, Primeiro Ministro Britânico. Foi então que pela primeira vez eu conectei Oliver e Chloe Queen, as pessoas que eu tinha acabado de vencer no jogo inaugural de Hocquetball com o mesmo tipo de pessoa que tinha jantares com Primeiros Ministros e não achavam ser nada demais.

Foi quando eu percebi. Camelot. Estava bem ali na minha frente. Os últimos vestígios do sol estavam bem atrás deles, banhando-os com uma estranha luz rosa. Eles estavam cobertos de lama, dando sorrisos brilhantes, e prometendo-me alguma coisa, alguma coisa que eu não conseguia entender. Tudo que eu sabia é que eu queria mais daquilo do que jamais quis alguma coisa antes.

Duas noites atrás eu estava parado do lado de fora de um bar chamado Stout Goat. Havia uma festa acontecendo lá dentro, o aniversário de Chloe e Oliver e eu me encontrei tendo um momento, um momento que eu vinha tendo com incrível regularidade desde que concordei com esta tarefa. Eu me encontrei me perguntando como cheguei aqui, neste lugar, neste lugar onde convites para festas privadas dos ricos e famosos eram uma ocorrência normal.

Minha vida hoje é muito diferente da vida de oito meses atrás. Oito meses atrás um dia normal para mim era acordar, me vestir, ir trabalhar onde eu tinha que lidar com editores irritantes e prazos e o departamento de cópias atrás de mim e então eu iria para casa, talvez pegasse uma comida chinesa no caminho, assistisse um filme e iria para a cama. Se não fosse pelo trabalho eu raramente ia a algum lugar. E você pensa que a vida de um repórter é excitante.

Então eu conheci Chloe Queen e eu soube que minha vida jamais seria a mesa. Tudo começou há pouco mais de oitos meses. Eu estava sentado em minha mesa no trabalho, no telefone. Eu estava esperando na verdade, há meia hora tentando desesperadamente conseguir uma declaração para um artigo em que estava trabalhando sobre uma apreensão indevida de uma empresa de gestão de resíduos de materiais perigosos. Alguém se aproximou e deslizou um bilhete dobrado em minha mesa. Até hoje não sei quem foi, ninguém se lembra do bilhete e eu perguntei pelos entregadores da cidade, mas sem nenhuma sorte. Eu abri, prestando pouca atenção, deduzindo que era meu editor me pedindo para cortar alguns centímetros da minha coluna.

Tudo que dizia era, Starlight Lounge, 18:00hs. Alguém voltou para a linha, eu joguei o bilhete de lado e prontamente esqueci dele pelo resto do dia. Eu saí por volta das 17:30hs, peguei um táxi e tinha toda intenção de ir para casa. Na metade do caminho, no entanto, eu percebi que estávamos indo na direção errada e fui informado pelo motorista que todas as luzes estavam apagadas na Grant Avenue, então ele teve que fazer uma rota alternativa. Uma tentativa de voltar pela Meyers foi perdida pois tinham bloqueado a rua por causa de uma explosão de gás que causou um significante buraco na rua. Fomos forçados a pegar a Range onde encontramos um tráfego infernal.

Eu fiquei parado no mesmo lugar por quase dez minutos antes de olhar pela janela e perceber que estávamos a apenas dois quarteirões do The Starlight Lounge. Eu me lembrei do bilhete e chequei meu relógio, era 17:58hs. Antes de perceber eu estava com a carteira na mão e jogando uma nota de vinte ao motorista. "Eu vou descer aqui." Eu disse a ele, saindo do táxi e caminhando pela rua até a frente do clube.

Só quando eu estava parado na frente da porta imponente foi que percebi que não tinha como eles me deixarem entrar. O Starlight Lounge era o clube mais executivo da cidade, apenas convidados tinham acesso. Para minha surpresa as portas foram abertas para mim imediatamente. "Sua companhia está um pouco atrasada, Sr. Macintosh. Por favor tome um assento no bar." O porteiro sorriu para mim e me conduziu pelo local.

Eu estava definitivamente intrigado agora. O porteiro sabia meu nome, estava esperando por mim e mais do que disposto a me deixar entrar. Eu fui até o bar, já percebendo meu terno amassado. Todo mundo ao redor estava muito bem vestido, era como se tivessem passado ali para uma bebida rápida antes de continuar uma noite fabulosa.

"O que você vai tomar?" O cara atrás do balcão perguntou. Eu olhei ao redor, me perguntando exatamente o que alguém bebia em lugares assim e vi nada além de um mar de martínis e vinhos. Eu nunca fui fã de vodca e vinho tinto me dava azia. Tinha sido um longo dia e eu honestamente não tinha energia para fingir beber alguma coisa que odiava só para impressionar alguém que nem se incomodou em me dizer quem era ou porque queria me ver.

"O que você tem em barril?" Eu perguntei. Por um breve momento horripilante o homem não disse nada e eu tive que me perguntar se lugares assim serviam cerveja. Então ele deu um sorriso e me passou o cardápio. Eu sorri de volta pra ele e pedi uma Guinness.

"Excelente escolha, senhor." Ele me garantiu, profissionalmente pegando um copo e então servindo a bebida. Copo a um ângulo de quarenta e cinco graus, um fluxo lento de cerveja, terminando com espuma em cima, uma técnica raramente vista fora de um pub tipicamente irlandês. Eu não esperaria menos de um lugar como aquele no entanto. Ele assentiu para alguém por sobre meu ombro enquanto deslizava a bebida para mim e eu fechei os olhos para tomar o rico primeiro gole da cerveja preta e estava tão perdido no sabor que não percebi a pessoa se sentando ao meu lado.

"Eu quero o mesmo que ele." Uma voz suave disse à minha direita. Eu abri os olhos e me virei para ver, de todas as pessoas, Chloe Queen sentada num banco ao meu lado. "Eu não sabia se você viria." Ela se recostou no bar, relaxada e à vontade e sorrindo brilhantemente para mim.

"Você mandou o bilhete?" Eu perguntei e ela apenas assentiu e sorriu enquanto tomava sua própria bebida.

"Este não é meu lugar preferido." Ela olhou ao redor, franzindo o nariz. "Mas tem a vantagem de ser bem privado." Ela se levantou, agradecendo o atendente e virando-se para o fundo. Sem ter que ouvir, eu me levantei e a segui.

"O que posso fazer por você, Sra. Queen?"

Quando nos sentamos em uma mesa ela foi direto ao assunto. "Você vai escrever nossa história. Uma exclusiva." Ela disse com tanta naturalidade que poderia até ser um comentário mundano sobre o tempo para outra pessoa, mas para mim, e para qualquer repórter, era um momento de definição de carreira.

Eu não tenho vergonha em dizer que engasguei com a bebida. Ela apenas sorriu enquanto eu tossia e tomava outro gole de sua cerveja, esperando pacientemente eu me acalmar. Ela sabia o que tinha feito, sabia o que tinha acabado de me oferecer e pelo olhar em seu rosto, eu deveria mostrar a quantidade correta de animação à proposta. Seu sorriso aumentou e eu percebi que minha reação era como passar num teste que eu não sabia que estava fazendo, como pedir cerveja ao invés de um martíni. ("Eu tinha que saber se você era autêntico". Ela disse mais tarde quando liguei pra ela, não se incomodando em esconder. "Se você apareceu em um lugar onde obviamente não estava confortável e ainda assim teve coragem de ser você mesmo, eu sabia que podia confiar em você para fazer o mesmo com o artigo.")

Durante quase um ano agora, todos os repórteres do New York Times estavam atrás desta história. Era nosso Santo Graal, nossa cidade perdida, nossa Atlantis. Chloe e Oliver Queen sempre foram pessoas privadas, raramente dando entrevistas ou comentando histórias a não ser que fosse para algum evento.

Chloe nunca recusava uma oportunidade de falar sobre sua grande conquista: o evento anual de arrecadação de fundos para os hospitais de Star City. Oliver ficava mais do que feliz em se sentar numa sala repleta de repórteres e maravilhá-los com a última conquista dos Laboratórios Star ou com a notícia de uma nova fusão com outra empresa. Mas quando se tratava da vida pessoal, eles simplesmente nunca falavam.

Estranho o suficiente, como se houvesse um acordo tácito, a imprensa respeitava isso. Eles não eram incomodados por histórias de seu relacionamento, não eram cercados por paparazzi quando saíam à noite. De vez em quando uma fotografia surgiria dos dois andando pelas ruas ou indo a um restaurante jantar, mas nunca era invasivo, nunca era agressivo.

Até o ano passado, claro. Todo mundo sabe o que aconteceu, a maioria das pessoas, eu inclusive fiquei grudado na televisão, assistindo os eventos se desenrolarem do momento em que a história vazou até o fim com um corpo, o maior chefe do crime organizado sendo algemado, e um vídeo trêmulo de Chloe segurando a mão de Oliver enquanto ele era levado para a sala de emergência. A revista Time chamaria o evento de um dos mais significativos na cultura pop da América.

Foi quando a bolha estourou. O mundo estava faminto pela história deles, faminto por mais do que uma declaração oficial liberada dois dias depois por um homem num terno preto. Ele agradeceu a todos em nome dos Queen por suas orações em um momento tão difícil e pediu que as pessoas respeitassem sua privacidade enquanto tentavam colocar a vida de volta ao eixo.

Onde antes a imprensa ficava contente com qualquer coisa que vinha deles, não ficava mais. Precisávamos saber mais, exigíamos saber mais e ao invés éramos cortados completamente. Não houve aparições públicas, nem coletivas de imprensa ou mesmo declarações oficiais. O casal parou de sair, estabeleceu residência permanente na Mansão Queen nos arredores da cidade e efetivamente se desligaram do mundo. Ele se recusavam a contar sua história, declinavam convites de todos desde Larry King a Oprah e ninguém recusava Oprah. Para todos os propósitos eles estavam em modo de silêncio há um ano e agora ela queria me contar a história deles.

Quando eu consegui recuperar minha língua e encontrar novamente a habilidade de falar, ela me deu mais detalhes. Sem limites, eu podia perguntar tudo sobre qualquer coisa, até mesmo Clearwater Ridge, especialmente Clearwater Ridge. Eu teria acesso total e completo a cada aspecto da vida dela, nada estava fora de alcance. Então ela me perguntou, com toda seriedade, se era algo em que estivesse interessado. Ela estava basicamente me entregando um Pulitzer numa bandeja e sabia. Tudo que eu podia fazer era sorrir.

O que se seguiu, quando eu olho pra trás, parecia ser um sonho. Eu passei meus dias pesquisando a história, entrevistando familiares e amigos, colegas de trabalho e ex-colegas de escola. Eu passei minhas noites em silêncio em uma cadeira da Mansão Queen, assistindo e tomando nota enquanto Chloe e Oliver faziam suas coisas cotidianas, não se incomodando nenhum pouco com a minha presença intrusa. Eu passei minhas noites investigando cada detalhe do arquivo policial sobre o incidente em Clearwater Ridge. (A pergunta sobre como um arquivo federal simplesmente apareceu na minha mesa uma manhã ainda é a única sobre a qual não consegui uma resposta. "Experimente a lasanha." Chloe disse ao invés, definitivamente evitando o assunto. "Oliver fez o molho do zero.")

Atualmente, eu ainda acordo, me visto, e vou para o trabalho. Eu ainda tenho que lidar com editores irritantes e prazos finais e o departamento de cópias tentando cortar alguns centímetros da minha coluna para os anúncios. Só que agora, pelo menos cinco vezes durante o dia eu recebo um telefonema ou uma mensagem de texto de Chloe. Meu guarda-roupa que costumava ter uma calça e um terno que eu tinha há dez anos, agora contém não um, mas dois conjuntos que eu tenho, não alugados, e alguns ternos Gucci no meio de minhas camisas e jeans velhos. Eu posso atender eventos sociais, geralmente arrastado contra minha vontade, ao invés de assistir pela televisão. Aos sábados, mesmo agora que o artigo está pronto, você ainda pode me encontrar na Mansão Queen ajudando Oliver a remodelar o banheiro de cima, ou apenas passando o tempo assistindo um jogo com Chloe. Então sim, minha vida mudou de maneiras que eu jamais poderia imaginar quando decidi aceitar este trabalho e eu não queria que fosse diferente.

Eu fui trazido de volta a realidade com a mensagem em meu telefone. Chloe perguntando onde eu estava. Imediatamente seguido de uma mensagem de Oliver me dizendo que Chloe queria que eu conhecesse alguém e que eu deveria correr pra muito, muito longe. Eu tomei o conselho de Oliver por um tempo, Chloe vinha tentando me juntar com alguém há algum tempo e suas habilidades deixavam muito a desejar. No fim eu acabei fechando o telefone e entrei no bar.

O Stout Goat, para todos vocês que nunca estiveram lá, não é nenhum pouco impressionante. Se você conseguir encontrar o lugar, você vai ver que é só um bar como outro qualquer. A placa está pendurada precariamente sobre uma porta de madeira comum no centro de Star City. O holofote posicionado sobre a placa havia queimado e provavelmente nunca fora substituído. Quando você entra se sente como um intruso, um intruso em algum clube privado do qual não sabia que tinha que fazer parte.

Nunca foi a intenção ser um lugar em que todo mundo sabe seu nome. De fato, ninguém sabia o nome de ninguém até três anos atrás, quando em uma noite de sexta comum, Chloe Sullivan pediu Oliver Queen em casamento, unindo um grupo de clientes que bebiam suas cervejas e ignoravam os outros ao redor.

Em minha primeira visita ao Goat, eu senti o tempo todo que estava sendo avaliado e medido. Era estranho e desconfortável e eu estava contemplando terminar minha cerveja e sair até alguns olhares severos de Chloe e de repente eu fazia parte do grupo, como se sempre tivesse frequentado o lugar. Naquele momento fiquei maravilhado com a facilidade com que as pessoas me aceitaram, simplesmente porque recebi um aceno de aprovação de Chloe, até eu experimentar a sensação em primeira-mão.

Era uma noite de sexta qualquer. Eu de alguma forma tinha conseguido entrar em um torneio de dardos com Lois, Jake e Victor quando as portas se abriram e o bar inteiro ficou em silêncio mortal. Um jovem casal estava parado na porta. Eles tinham vindo da rua, como se estivessem procurando uma bebida rápida antes de seguirem com o resto da noite. Eu fiquei instantaneamente irritado, o Goat era nosso lugar e parecia que um estranho tinha acabado de entrar em minha sala de estar. Pelos olhares de todos ao meu redor, pareciam estar sentindo a mesma coisa.

Assim que o casal começou a sentir que era indesejado, Chloe surgiu da multidão, duas cervejas na mão e um sorriso no rosto enquanto os levava em direção ao bar. Oliver se juntou a ela e eles conversaram com o jovem casal por uma boa hora, descobrindo a vida deles com facilidade, isso como repórter, eu invejei.

O nome da mulher era Emma, do homem era David. Eles tinham acabado de se mudar para Star City no mês anterior para que Emma, uma estudante do terceiro ano de medicina, pudesse iniciar seu primeiro ano de residência no Hospital Geral de Star City. David tinha se transferido para a Universidade de Star City onde ele trabalhava em busca de sua pós-graduação em História Antiga. Depois de mais conversa, foi descoberto que David e Emma estavam atualmente ocupando o apartamento em que Chloe e Oliver viveram durante O Ano Perdido. Chloe trocou dicas com Emma para conseguir mais água quente (só lavar os pratos depois das onze da noite) enquanto Oliver tentava convencer David de que Robin Hood tinha de fato existido.

Eventualmente alguém apareceu e puxou os dois para um jogo de bilhar. Chloe e Oliver tinham basicamente dito que eles eram bem-vindos e confiávamos em Chloe e Oliver. Até eu, que algumas horas antes tinha olhado para eles como se fossem intrusos me encontrei rindo e fazendo piadas com eles enquanto a noite seguia e mais bebida era consumida, seus primeiros planos esquecidos enquanto de alguma maneira se tornavam parte da nossa família.

"É o que eles [Chloe e Oliver] fazem." Lois Lane-Kent explicou o fenômeno para mim. "Acontece o tempo todo quando você está perto deles. Eles poderiam andar em um ônibus repleto de estranhos por três quarteirões e dois anos depois aquelas pessoas ainda estariam mandando cartões de Natal."

"Eles gostam de família." Clark deu de ombros. "Nenhum deles cresceu com uma. É quase como se tivessem atravessado a vida construindo uma, quanto mais melhor."

Eu entendi o que ele queria dizer. Quando eu comecei este projeto eu não conhecia nenhuma daquelas pessoas, mas no último mês passei uma tarde divertida no recital da filha de Jake e numa quinta-feira eu sou esperado na festa de aniversário de casamento de David e Emma onde, Chloe tinha me alertado, eles iam tentar me juntar com uma amiga de David do Departamento de História da Universidade.

A noite da festa tinha as pessoas de sempre. Jake e sua esposa, Emma e David, Mary atrás do bar, um sorriso no rosto enquanto entregava as bebidas e todos os outros que tinham de alguma maneira inexplicável se tornado parte de nossa pequena e estranha família. Como tinha se tornado tradição com Chloe e Oliver, aquela era a festa número dois. Mais cedo naquela noite houve uma festa grande e extravagante com todos os amigos da alta sociedade na cobertura to Edifício Hudson. Aquela era a festa pública, a que tinha repórteres e fotógrafos, a que servia pratos requintados e doses de uísque que custavam $400, a que diziam que era a que esperavam deles.

A festa de verdade viria depois, sempre no Stout Goat, o cardápio geralmente não tinha nada de extravagante, a não ser a cortesia de Milo, o cara do cachorro-quente e sempre Mary tinha cerveja. Algumas vezes Chloe e Oliver iam para casa e se trocavam, mas normalmente eles iam com a mesma roupa da festa anterior e inexplicavelmente não pareciam fora de contexto ali. Chloe diz que é tradição e eu não insisti no assunto.

Esta noite não foi exceção. O vestido de Chloe, seu cabelo e maquiagem imaculados enquanto uma fotógrafa solitária, minha fotógrafa, a única fotógrafa permitida no Stout Goat ia atrás dela tirando foto atrás de foto. Isso deixa os outros levemente desconfortáveis, mas Chloe ignora os flashes como se fosse uma arte. A semana toda a fotógrafa vem seguindo Chloe e Oliver, tirando fotos para o artigo. Depois de ser provocada algumas vezes, Chloe admite que é um pouco estranho.

"Tem fotos em algum lugar daquela câmera comigo fazendo tricô, ela insistiu que eu as tirasse." Chloe franziu o nariz e todo mundo deu risada. "É estranho porque não é quem eu sou."

"Ela realmente não é." Alguém disse e qualquer pessoa que soubesse alguma coisa sobre Chloe concordou. Definitivamente não é quem ela era. Dos dois, demorou menos de uma semana para descobrir com surpresa, que Oliver era o mais doméstico, constantemente cozinhando, tudo do zero, obsessivo com o jardim, com as reformas.

"Você não vai usá-las, vai?" Chloe se virou para me dar um abraço, recebendo-me na festa.

"Eu não sei, talvez." Eu dei de ombros, apenas para provocá-la e ela ficou vermelha antes de se virar para desfrutar a festa.

As pessoas podem vir até este artigo pensando que será sobre Clearwater Ridge, sobre mafiosos e sequestros, sobre resgates e batidas policiais. Eu pensei que o artigo seria sobre isso, mas estava errado. Acabou me ocorrendo que embora o incidente fosse parte da história deles, era honestamente uma pequena parte da história. A história deles, como muitas outras grandes histórias é uma história de amor, um conto de fadas. É esta história que vou contar a vocês.

Veja, os contos de fadas estão errados. O importante nas mais épicas histórias de amor é que elas não começam muito épicas. A maioria delas não começa com 'Era uma vez, num reino muito, muito distante'. A maioria delas não tem bruxas malvadas e pássaros cantantes, a maioria não começa com um feitiço poderoso ou uma tragédia horrível. A maioria delas começa extraordinariamente normal, começa do mesmo jeito que qualquer outra história começaria.

Claro que todas elas começam com um garoto e uma garota, ou um garoto e um garoto, ou uma garota e uma garota, ou realmente qualquer variação... então, vamos apenas dizer que começam com duas pessoas. Duas pessoas normais, vivendo suas vidas normalmente, fazendo coisas normais sem saber que um dia a história delas será material para lendas. Claro que no caminho eles terão batalhas a lutar, mal a ser vencido, e pode até haver um animal ou dois, mas isso é perfeitamente normal.

Eu entrevistei mais de cem pessoas enquanto escrevia este artigo e todas elas tinham diferentes ideias sobre como a história começava. Algumas diziam que começou num lençol no parque, assistindo Cary Grant e Katherine Hepburn se apaixonarem na telona. Outras diziam que tinha começado com uma briga, uma das muitas que viriam, mas como todas as outras, havia terminado com um beijo. Sua prima e melhor amiga Lois diz que a história deles começou num bar de karaokê, em algum momento entre 'California Dreaming' e 'California Love'. O marido de Lois, Clark, insiste que começou com um jogo de bilhar. Nem sendo um jogo mesmo, só uma tacada, o vencedor levando tudo. O casal mesmo não consegue determinar um local ou data específica.

Eu conheço Chloe e Oliver há algum tempo agora. Muitas pessoas estão atrás desta história desde o começo. De volta a quando Chloe ainda era Chloe Sullivan. Quando Oliver Queen, playboy extraordinário, de repente parou de aparecer diariamente nos tabloides com diferentes mulheres penduradas em seus braços, saindo bêbado dos clubes à uma da manhã. De volta a quando aquelas mulheres eram substituídas por uma, apenas uma pequena loira determinada, quando os clubes foram substituídos por óperas e feiras livres.

Ficamos presos enquanto seguimos esta história, o garoto mau vira bonzinho, o mulherengo vira namorado. Eles queriam saber como ela conseguiu, como aquela pequena loira com um sorriso caloroso conseguiu laçar o solteiro mulherengo mais desejado do planeta. "Eu não faço ideia", ela disse com uma risada, inclinando-se conspiratoriamente. "Eu nem sabia que estávamos namorando até alguns meses depois."

É verdade. É uma história contada com frequência por Chloe. É uma história vista como fofa pelos amigos e só raramente usada como zombaria. Há dois lados na história, eles insistem. A versão de Oliver o pinta como doce e encantador, como uma comédia romântica de Hollywood. A versão de Chloe o pinta como egoísta e manipulador, mas de um jeito bom obviamente, já que ele ficou com a garota no final.

Quando perguntado porque ele simplesmente não a pediu em namoro ele deu de ombros. "Eu não queria que ela dissesse não", ele ficou vermelho, "Então eu não dei opção a ela. Eu desejava que quando ela percebesse o que estava acontecendo, ela estivesse apaixonada por mim." Aquele rubor inocente, o leve inclinar da cabeça para o lado e o jeito que ele contou com se estivesse levemente embaraçado, e o fato de que Oliver Queen, de todas as pessoas, um homem eleito o mais sexy pela revista People três vezes, batendo George Clooney e Brad Pitt, tinha medo de ser rejeitado, e isso me colocou do lado do doce e encantador.

Chloe não se convencia no entanto. "Não é justo", ela praticamente fez bico. "Tudo mundo fica do lado dele. Ele pratica esta expressão, sabia? Ele pode ficar vermelho quando quer." Ela ergueu as sobrancelhas e ele simplesmente continuou sorrindo antes de dar um beijo na testa dela, sem negar a acusação.

"Mas você me ama mesmo assim", ele insistiu, dando aquele brilhante sorriso que ele tem. Um 'idiota' foi murmurado antes dela sorrir de volta.

Onde eu acho que tudo começou? Acho que começou bem antes de os tabloides divulgarem a história, bem antes de Chloe, ou até mesmo Oliver, perceberem o que estava acontecendo. Acho que começou em um celeiro em Smallville, Kansas, cinco anos antes das primeiras fotos dos dois juntos aparecerem.

Foi um encontro casual que durou um minuto e meio, sem saber colocando em ação uma das maiores histórias de amor do nosso tempo. Ele estava de saída, ela estava chegando, eles provavelmente não trocaram nem cinco palavras um com o outro. Engraçado o suficiente é que Chloe e Oliver são vagos sobre os detalhes deste primeiro encontro. "Ele ainda namorava Lois na época", Chloe diz, tentando puxar alguma lembrança, algum detalhe daquele dia.

Clark, o dono do celeiro onde aconteceu o encontro dá um risinho pra ela. "Eu acredito que as palavras exatas dela foram uma sequência de 'uau'." Ele brincou, fazendo um rubor subir pelas bochechas de Chloe.

"Você me achou 'uau'?" Oliver deu um risinho.

"Você não pode contar coisas assim a ele", Chloe cutucou o ombro de Clark. "Só aumenta o já enorme ego que ele tem."

No entanto começou, o mais importante é que começou. O relacionamento deles seguiu o curso normal, eles namoraram, foram morar juntos, o que significou para Chloe se mudar para o outro lado do país. Ela teve dificuldade em se adaptar no começo. A Fundação Ísis, uma organização não governamental que oferece aconselhamento e emprego para jovens, fundada por Chloe e uma amiga em Metrópolis, estava tendo dificuldade em se firmar em Star City, (o conselho da cidade estava segurando a permissão de funcionamento).

Oliver acabou sugerindo o que se tornaria provavelmente a melhor coisa que aconteceu a Star City. Ele sugeriu que ela se juntasse à Liga de Juniores. Eles eram uma comunidade filantrópica que se responsabilizava por todos os eventos de caridade e lidava com o Conselho da Cidade sobre os problemas da comunidade.

Então ela o fez. Um notório grupo muito fechado que ficou incerto sobre Chloe no princípio. Como iniciação lhes deram a pior tarefa possível, o evento de arrecadação de fundos para os hospitais. "Costumava ser uma vergonha para nós." Jenna Lawson, Presidente da Liga explicou. "Era um jantar que não arrecadava nada. Nos últimos anos antes de Chloe tomar a frente, nós gastamos mais do que arrecadamos, simplesmente não conseguíamos fazer ninguém se interessar." Havia uma piada que se você for escolhido para organizar esse evento é porque você fez alguma coisa que irritou alguém.

"Eu ainda não sei se estavam tentando me testar ou me afastar." Chloe brincou alguns anos depois. Nunca fugindo de um desafio, ela se jogou de cabeça e obteve grandes resultados. Ela viu um problema logo de início. "Arrecadação de fundos é complicado. Primeiro você tem que encontrar uma causa pela qual as pessoas sejam apaixonadas. Então você tem que conseguir que elas se envolvam o suficiente para assinar cheques que contenham uma boa quantidade de zeros." Ela explicou. "É de se imaginar que hospitais fossem fáceis. Todo mundo precisa deles em algum momento e os médicos curam as pessoas."

O problema é que não foi assim tão fácil. "Hospital é um termo amplo." Chloe disse. "O dinheiro poderia ir para qualquer lugar, desde pesquisas a formas de prover melhor cuidado para os mais velhos, mas você não sabe disso. Surpreendentemente as pessoas gostam de saber para onde vai o dinheiro." Então ela fez a primeira mudança, ela estreitou o foco. Ela visitou todos os hospitais da cidade e fez uma lista do que eles mais precisavam.

"No primeiro ano foi câncer." Jenna relembrou. Quando Chloe fez a pesquisa, percebeu que entre os seis hospitais de Star City, nenhum deles tinha um centro dedicado ao câncer. Ela lançou a campanha com este tema. Não era mais arrecadação de fundos para os hospitais, era arrecadação de fundos para o câncer. Isso despertou interesse renovado, mas só no segundo ano foi que as pessoas começaram a disputar os convites e desse jeito a condução do evento mudou para sempre em Star City.

Chloe se lembrou de pensar que saber para onde seu dinheiro ia era muito bom e apropriado, mas quando se dá grandes quantias, as pessoas gostam de receber algo em troca, algo um pouco melhor do que uma refeição com frango cozido e música brega de elevador. "Por mais altruístas que as pessoas sejam, ninguém gosta de dar dinheiro de graça, elas gostam de sentir que compraram alguma coisa." Ela reclamou para Oliver uma noite depois de ver o baixo interesse nos convites.

"Então venda alguma coisa a eles." Ele deu de ombros.

"Eu queria poder vender você." Ela olhou feio jogando um travesseiro na cabeça dele.

"Então venda." Ele deu um risinho. "Eu te desafio." E o leilão foi criado. Ainda não era perfeito. Claro, ela não tinha reservas que Oliver e os outros ricos e deliciosamente bonitos homens que tinha conseguido que participassem valessem um bom dinheiro, mas para a Liga parecia de mau gosto.

"Elas ficaram todas irritadas." Lois deu um risinho. "Diziam que parecia prostituição."

"Se eu pudesse prometer algo assim, os preços dobrariam." Chloe brincou. Então ela estava de volta a ideia inicial. "Eu roubei a ideia de Oklahoma, você sabe, o musical." Chloe admitiu. "A cena onde garotas leiloavam suas cestas. Os rapazes compravam as cestas e comiam o conteúdo com a garota que a preparou."

O Liga adorou. No início o plano era que eles mesmos criassem as cestas e entregassem uma a cada rapaz, mas Oliver cortou a ideia. "Eu não vou vender uma cesta que eu não fiz." Ele declarou, então Chloe deixou que ele fizesse a dele. Logo os outros também queriam criar suas cestas e assim ficou.

Uma cesta podia conter qualquer coisa desde um jantar romântico para dois, a uma noite na Arena Star City para assistir a um jogo dos Hawks, a uma garota muito sortuda que ganharia uma viagem para Paris para fazer um piquenique no Sena. Com o passar dos anos os rapazes perceberam que quanto mais conteúdo tinha a cesta, mais dinheiro conseguiam arrecadar.

Com essa ideia, Chloe acabou arrecadando dinheiro suficiente para construir um centro de pesquisa e tratamento do câncer no Hospital St. Luke, que acabou se tornando um dos principais centros do país, duas clínicas gratuitas e um centro de tratamento de queimaduras.

"Este ano é sobre as crianças, precisamos nos dedicar a ala pediátrica." Chloe disse, pensando em ideias para a cesta. Outra coisa nova este ano, as mulheres fariam as cestas para o leilão.

"Ficamos cansados de fazer todo o trabalho." Oliver arfou entre dizer a Chloe que a cesta dela tinha que estar maravilhosa ou ele daria lances na cesta de outra pessoa. Chloe o relembrou que ele não saberia qual das cestas seria a dela e se ele não acertasse, eles teriam um problema.

"As cestas são anônimas." Chloe explicou. "Você paga pela noite, não pelo cara e com sorte você terá sorte." Chloe acertou quatro das cinco cestas feitas por Oliver.

"Ela pegou a cesta errada no terceiro ano." Oliver disse pensativo. "Um passeio até Napa, jantar no French Laundry, então um passeio de balão. Era uma grande cesta e uma grande viagem." Ele se ressentiu pelo encontro com Eleanor Rothschild, uma senhora de 76 anos, pilar da alta sociedade de Star City. A família Rothschild tinha sido dona de praticamente toda a cidade.

"Eu não escolhi errado." Chloe insistiu. "Eleanor sempre quis comer no French Laundry, mas o marido dela não era muito fã da comida. Eu deixei Eleanor ganhar."

"Não dê ouvidos a eles, eles estão mentindo." Lois disse aos dois. "Ela vinha tentando fazer Bruce [Wayne] participar há anos. Ele disse que só iria se Chloe jurasse que escolheria a cesta dele. Ela convenceu Eleanor a comprar a de Oliver."

A cesta de Bruce? "Havia só um cartão preto que dizia 'Aventura'." Oliver zombou. "Ela nunca me contou o que eles fizeram."

Chloe deu de ombros. "Visitamos a abertura do National Archives." Ela disse inocentemente, com um tom que sugeria que havia mais naquela história.

Quando perguntado sobre a noite em particular, Bruce Wayne sorriu pensativo e então rapidamente voltou a não demonstrar emoções e disse um muito sucinto "Sem comentários."

As coisas correram bem por um tempo até Chloe e Oliver desaparecerem no que a imprensa chamou de Ano Perdido. Sua empresa, seu dinheiro, sua casa, foi tudo tomado por Carmine Luciano, um homem que dois anos atrás ninguém além de um grupo restrito sabia quem era, no mês passado foi mais pesquisado no Google do que Britney Spears (Britney teve 37.200 enquanto Luciano conseguiu um total de 43.240 buscas). Eles sumiram completamente do radar, viveram uma vida normal, sozinhos e praticamente pobres durante quase um ano, mas eles foram felizes.

Uma noite jantando tamales ridiculamente deliciosos feitos por Oliver, estranhamente autênticos para um cara branco e rico do norte da Califórnia, Chloe confidenciou o plano que Oliver tinha criado para a outra vida.

Ela tinha passado o dia inteiro observando Oliver tentar reparar um vazamento na torneira e depois de dez horas quando ele finalmente conseguiu fazer a goteira parar, eles celebraram com a mais barata garrafa de vinho da loja da esquina e Oliver revelou tudo a ela. Eles viveriam naquele apartamento por mais alguns anos enquanto guardavam dinheiro para comprar uma pequena casa no campo. E aí começariam uma família, reconstruiriam suas vidas e viveriam seus melhores anos possivelmente criando algumas ovelhas ou porcos. No fim tudo soava tranquilo e legal e completamente diferente de Chloe e Oliver, eu percebi mais tarde.

Chloe fez alguns comentários sobre como as coisas pareciam mais fáceis e simples quando não havia dinheiro ou fama ou notoriedade no caminho para estragar as coisas, como de vez em quando ela sentia falta daquela vida, daquele futuro, mas então ela conseguiu uma nova ala cardíaca e soube que não mudaria nada em sua vida. "Exceto talvez a imprensa."

O futuro tranquilo no campo jamais seria verdade. Porque Oliver decidiu um dia que não seria vítima de Carmino Luciano e se ele não seria uma vítima então ele não ia deixar ninguém mais ser uma vítima. Então ele fez o que a maior parte de nós jamais imaginaria conseguir fazer, ele fez o que a maioria de nós jamais teria coragem de fazer. Ele se ofereceu, fez a opção de deixar o FBI usá-lo para pegar Luciano. Ele passou cada momento do ano e meio seguinte reunindo a maior quantidade de evidências possível. Evidências que eventualmente resultariam em Luciano sendo condenado por 17 assassinatos, conspiração para cometer assassinato, extorsão, agiotagem, jogo ilegal, evasão fiscal, obstrução da justiça e o maior de todos, 184 acusações de tráfico humano.

Foi isso que foi estampado em toda a revista Time, fotos dos agentes do FBI abrindo os contêineres e recebendo homens, mulheres e crianças famintos e quase mortos na segurança dos Estados Unidos da América. Era indubitavelmente a melhor notícia vinda do FBI desde o 11 de setembro. Isso eventualmente levou a 79 sentenças de prisão perpétua consecutivas.

Eu venho dançando ao redor desse assunto há algumas páginas, a história pela qual vocês todos compraram a revista, o incidente em Clearwater Ridge. Do começo, desde que recebi a oferta deste artigo, era o que mais eu queria perguntar, a história que eu mais queria ouvir. Surpreendentemente no entanto, não fui eu a abordar o assunto. Eu sabia que não podia simplesmente sentar com eles e fazer as perguntas. O assunto era muito pessoal, as perguntas seriam muito intrusivas. Eu achei que deveria esperar, permitir que nos conhecêssemos melhor, nos tornássemos mais confortáveis primeiro.

O tempo passou e nos conhecemos melhor, nos tornamos incrivelmente mais confortáveis e ainda assim eu não perguntei. Chloe e Oliver me contaram tantas histórias que podiam ser vistas como ainda mais pessoais, mais intrusivas. Chloe me contou histórias sobre sua mãe, uma das poucas vezes em que a vi chorar. Oliver falou livre e abertamente sobre seus próprios pais, como foi perdê-los tão jovem, como ele ainda sente falta deles atualmente, quanto ele deseja que sua mãe tivesse vivido para conhecer sua esposa e ainda assim eu não perguntei.

Conversamos sobre como eles se conheceram, como ficaram juntos, todos os grandes momentos de suas vidas, até daquele dia, sobre o casamento em si. Mas eu nunca me aventurei a passar da recepção, nunca forcei nada sobre o que ocorreu depois das dez daquela noite. Eu simplesmente não conseguia imaginar por onde começar, o que perguntar primeiro, eu deveria ouvir as histórias separadamente, fazer os dois darem suas versões para formar uma história completa ou deveria deixá-los contar juntos? Eu fui até a festa de aniversário deles, dias antes deste artigo ser entregue e ainda tinha que puxar o assunto com eles. No final eu nem tive que perguntar nada.

O bolo foi servido, os presentes entregues e muitas, muitas bebidas tinham sido consumidas. Chloe estava me contando uma história particularmente engraçada sobre ela e Lois ainda adolescentes, invadindo uma festa de fraternidade só para serem pegas por ninguém menos que o General Sam Lane, o pai de Lois, e então o 2º Batalhão do 1º Grupo Especial da Força do Exército Americano as arrastou para casa em um Blackhawk. Enquanto ela descrevia com riqueza de detalhes a expressão no rosto do General e seus soldados, eu percebi que não ria daquele jeito há anos.

"Você vai publicar as fotos, não vai?" Ela perguntou do nada, de repente parando de rir.

Eu não perguntei de que fotos ela estava falando, não precisei. Se você encontrasse uma pessoa qualquer na rua e perguntasse se ela 'viu as fotos', ela saberia exatamente do que você estava falando.

"Você quer que eu não publique?" Eu perguntei sabendo que só porque eu estava perguntando, não fazia de mim melhor do que outros que publicaram as fotos por todo lugar após as primeiras horas do ocorrido.

Ela olhou para mim por um momento e sorriu. "Como você pode não publicá-las?" Ela tomou sua bebida. "Eu prometi que você podia contar nossa história. Aquilo é parte da nossa história."

Ela estava certa, claro, embora não fosse a única parte da história deles, de certa forma definiu a história que eu sabia deles, meus editores sabiam, eu não podia contar a história propriamente sem as fotos. "Ainda assim." Eu pressionei, incerto da razão. Talvez eu quisesse que ela me proibisse, me desse alguma desculpa para não publicá-las. Eu devia tê-las visto uma dúzia de vezes desde que havia começado a pesquisar para este artigo.

Vocês provavelmente as viram. Embora a qualidade não tenha sido boa, você pode sentir a dor nos olhos dela, a alma profundamente abalada, e toda vez que eu olho pra elas, sinto como se estivesse invadindo algo pessoal. Eu disse isso a Chloe.

"Você está no ramo errado então." Ela deu risada. "Elas eram pessoais, e então não eram." Chloe deu de ombros. "Pode publicá-las. Qualquer um pode vê-las se quiser. Você só precisa jogar meu nome no Google." Ela hesitou e ainda assim eu continuei.

"Você não parece ter tanta certeza." Eu ofereci com um sorriso.

"Não, eu tenho certeza, está tudo bem. É só que... é quem eu sou agora, quem eu serei de agora em diante. A garota no vestido de noiva ensanguentado." Eu não tenho que dizer nada, concordar ou discordar. Nós dois sabemos a verdade. Foi quem ela se tornou no minuto em que as fotos vazaram. Vazaram através de uma fonte ainda desconhecida do departamento de polícia, o que, acredite em mim, é um assunto doloroso que você não quer abordar com eles. Como se sentisse o que Chloe estava me contando, Oliver parou a conversa que vinha tendo e se juntou à esposa, oferecendo sua ajuda e apoio.

Então sem mais incentivo da minha parte, a história toda pareceu se desenrolar, como se ela estivesse segurando por muito tempo e precisasse se livrar de tudo. Eu permiti a ela esse luxo e apenas ouvi. Eu nem tomei notas, eu não precisava, é o tipo de história que você nunca mais esquece. Oliver foi rápido em preencher as lacunas, as partes da história que Chloe não conhecia, as partes da história que Chloe não conseguiria contar.

Muitas das acusações contra Carmine Luciano não tinham sido julgadas e sendo a grande parte deles sob investigação, existe só uma quantidade de coisas que posso revelar por enquanto. A maior parte das particularidades você já sabe. Por volta das quatro da manhã, depois de deixarem a segunda recepção, Chloe e Oliver foram para casa tomar um banho rápido, trocar de roupas e então iriam para o aeroporto para relaxar durante duas semanas no Marrocos. Eles nunca chegaram em casa, às 4:28hs foram tirados da estrada por alguns dos capangas de Luciano. Chloe foi deixada para morrer enquanto Oliver foi tirado do carro, levou um tiro no joelho, e teve um braço quebrado antes de ser levado embora.

Chloe de alguma maneira conseguiu se libertar do cinto, caminhou alguns quilômetros de volta a Estação Policial de Star City, chegando lá às 8:00hs. Por volta das três daquela tarde, a polícia recebeu uma ligação de um homem simplesmente chamado de 'Jack o Estripador', oferecendo a Chloe trocar Oliver pela quantia de cem milhões de dólares. A oferta foi um ardil, apenas para enganar a polícia e não demorou muito para descobrirem isso. Jack estava simplesmente tentando ganhar tempo para que pudesse matar Oliver e ir embora. Ele nunca teve a chance no entanto, já que seria retirado mais tarde da cabine em Clearwater Ridge dentro de um saco, morto pelas mãos do próprio Carmine Luciano pelo que Carmine viu como uma tentativa de traição.

Eles sabiam que a exigência de resgate era uma farsa, aquilo não era sobre dinheiro, era sobre informação. Eles precisavam saber o que Oliver sabia, e mais importante, eles precisavam saber o que Oliver tinha dito ao FBI. Numa ação arriscada, o Agente Especial Conner Mason aprovou um plano completamente incomum, pensado pela própria Chloe Queen. Ela se ofereceu para entrar, ver Luciano frente a frente, fingir barganhar com ele por tempo suficiente para o FBI se posicionar e pegá-lo. A operação deu certo. O dia terminou com Oliver se recuperando num hospital próximo, Chloe ao seu lado, Carmine e 27 de seus associados numa cadeia aguardando julgamento e o FBI de posse dos três números de contêineres, números que eventualmente ajudariam a salvar muitas vidas e acabar com o mafioso mais notório desde Al Capone.

Só porque tudo pareceu terminar bem, não significa que tudo foi arco-iris e unicórnios, céu azul e sonhos doces. Há obviamente as sequelas, as cicatrizes visíveis daquele dia; uma linha fina e clara na têmpora esquerda de Oliver, Chloe algumas vezes manca levemente de sua perna direita quando está muito cansada. Estas são as cicatrizes físicas.

"Quer ver uma coisa legal?" O rosto de Oliver se ilumina quando eu digo que sim. Ele sobe a manga da blusa e estende o braço que se curva para a direita de um jeito estranho e desagradável. "Legal, né?" Oliver dobra e estende o braço mais algumas vezes até Chloe lhe dar um tapa. "Não curou direito." Ele desce a manga.

"E de quem é a culpa?" Chloe olhou feio pra ele, mas ela não estava realmente nervosa. "Ele decidiu tirar o gesso ele mesmo três semanas antes da data certa, na pia da cozinha, com minha faca de pão."

"Estava coçando muito." Oliver se defendeu.

Havia também outras cicatrizes, não tão visíveis a olhos nus. O jeito que os nós dos dedos de Chloe ficavam brancos enquanto segurava a mão de Oliver, como se ele fosse sumir se ela não segurasse com força. O jeito que nenhum dos dois parecia conseguir ficar mais do que cinco minutos sem procurar o outro na multidão, só para garantir que a outra pessoa estivesse ali, estivesse bem.

"Confiança foi um problema por um tempo." Chloe admitiu. "Você tem que entender, eu não sabia sobre nada disso até ele desaparecer por cinco horas. Ele vinha mentindo pra mim durante todo um ano e por mais que eu estivesse feliz que ele tivesse sido salvo, por mais orgulhosa que eu estivesse do que ele tinha feito, eu ainda estava realmente magoada por ele não ter me contado. Eu sabia que ele estava fazendo o que achava ser melhor, tentando me proteger, mas nunca havíamos tido segredos antes." Ela deu de ombros. "E agora nunca teremos segredos novamente."

Parece água com açúcar e ingênuo, mas eles realmente não têm, exceto claro o que exatamente Chloe e Bruce fizeram na noite de aventura, Chloe e Oliver contam tudo um ao outro, e estranho o suficiente isso funciona pra eles. Talvez seja porque eles sabem coisas que os outros não sabem. Eles conhecem as severas consequências do que pode acontecer quando segredos são guardados e coisas escondidas e farão de tudo para não ter que passar por isso de novo.

Eu estava ligeiramente chocado quando ela terminou e me perguntei como no mundo a festa podia continuar ao redor depois de tudo que eu tinha acabado de ouvir. Chloe tinha um estranho olhar de alívio no rosto e surpreendentemente tirou alguns anos do rosto dela. Eu resolvi que agora era uma boa hora como qualquer outra para trazer o próximo grande assunto. "O que acontece agora?" Eu perguntei aos dois.

"Bolo, eu acho." Chloe respondeu sorrindo.

"Eu quis dizer pra vocês. O que acontece agora com Chloe e Oliver. Falam sobre você concorrer para um cargo público, prefeito, governador, talvez até presidente um dia." Eu pontuei, como se talvez eles mesmos não tivessem ouvido os rumores. Aquela imagem de Camelot surgiu na minha cabeça novamente e eu esperei enquanto eles pareciam refletir sobre a pergunta.

"Eu sei que as pessoas estão falando muita coisa." Chloe franziu o nariz. "Elas já estão nos chamando de 'Primeiro Casal', dizendo que podemos ser o novo Camelot."

"O que você acha disso?" Eu quis saber, eu precisava saber.

"Eu acho..." Chloe parou por um minuto, recolhendo os pensamentos. "Eu acho que minha mesa da sala de jantar é quadrada e que eu fico horrível com pérolas." Ela disse levemente. "Além disso, choveu sem parar semana passada e estamos na Califórnia. Se a névoa sumir antes do meio-dia o dia vai ser bom." (Sem que ela soubesse, e alimentando ainda mais minha crença em Camelot, Chloe se referia aqui ao mesmo musical a que Jackie se referiu. A música, sabiamente chamada Camelot diz: A chuva pode nunca cair antes do pôr-do-sol, pelas oito, a névoa da manhã deve desaparecer).

Quanto a Oliver, ele não descarta nada, mas certamente não está anunciando sua candidatura. "Eu faço o que Chloe quiser que eu faça." Ele brincou e ela muito apaixonadamente o cutucou no peito. "Eu não sei o que o futuro nos prepara. Com sorte algum dia teremos filhos, talvez eu concorra a alguma coisa, talvez eu me aposente no ano que vem e abra uma loja de surfe na praia. O que eu sei é que estão prestes a tocar minha música." Oliver ergueu as sobrancelhas e Chloe olhou para ele em dúvida. "Você fique sentada e desfrute."

Ele virou o banco dela para que ela ficasse de frente para o meio do bar. Ele assentiu para o homem perto da jukebox e a música parou abruptamente. "Como vocês sem dúvida devem saber, minha sofredora esposa passou por muita coisa nos últimos anos." Houve murmúrios concordando ao redor do bar, especialmente de Lois Lane-Kent. "É uma prova de seu amor e paciência ela não ter se livrado de mim há anos atrás, não que ela pudesse se tentasse. Quando nos casamos, eu prometi a ela oitenta anos, eu não tenho certeza se ela vai me aguentar tanto tempo, então que tal mirarmos em trinta e ver o que acontece?" Ele deu um risinho e assentiu de novo para o homem parado na jukebox.

A música começou e de repente havia um microfone na mão de Oliver. Eu reconheci a música imediatamente, Beatles, "When I'm Sixty-Four". Pela expressão no rosto dela, Chloe também. O bar enlouqueceu quando Oliver começou a cantar.

"Quando eu estiver velho e perdendo o cabelo, daqui a muitos anos. Você ainda vai me mandar cartão no Dia dos Namorados? No meu aniversário? Garrafa de vinho? Se eu ainda estiver fora até quase três da manhã, você vai trancar a porta? Você ainda vai precisar de mim, vai me alimentar, quando eu tiver sessenta e quatro?"

O rosto de Chloe tomou uma interessante sombra de rosa enquanto Oliver continuava a cantar pra ela, mapeando o futuro deles com a ajuda de Sir Paul McCartney. Ele fez com um humor suave que conseguia cortar a seriedade da canção. Um sorriso foi traído pelo olhar dele que implorava, pistas de um solteirão inseguro, o remanescente de um homem com muito medo da rejeição para pedir Chloe em namoro. Como se sentisse isso, Chloe sorriu brilhantemente pra ele, reafirmando, reassegurando. E quando ele cantou as palavras 'Netos aos seus pés. Vera, Chuck e Dave.' Ela riu de verdade e piscou pra ele.

"É exatamente como vamos chamar nossos filhos." Ela o ameaçou, meio brincando, meio séria enquanto ele a puxava do banco e a girava contra seu peito. "Não me importa se tivermos três meninas."

Quando a música chegou perto do fim a risada dos outros clientes foi cortada rapidamente pelo beijo sincero e apaixonado que Oliver deu em sua esposa, deitando-a quase no chão e marcando-a muito publicamente. "Eu não estava brincando sobre os nomes." Ela disse, seus olhos levemente desfocados, sua respiração muito rápida.

Foi a vez de Oliver dar risada e balançar a cabeça. "Vamos resolver num jogo." Ele ofereceu e de repente ela estava alerta novamente, aceitando o desafio e os dois foram para a mesa de bilhar. Seus tacos entregues com reverência enquanto as bolas eram alinhadas. Eu observei do meu banco enquanto sorriam e brincavam, mal prestando atenção enquanto acertavam uma bola seguida da outra, o destino dos nomes de seus futuros filhos em jogo e eu pensei comigo mesmo que eles fariam. Eles fariam sessenta e quatro anos juntos, provavelmente faria oitenta e quatro.

Quando você pensa em contos de fadas, você pensa em madrastas malvadas e bruxas terríveis, você pensa em feitiços mágicos e fadas madrinhas. Geralmente tem um príncipe e uma donzela em perigo. Normalmente há uma busca heroica e um resgate no último minuto. O deles não é este tipo de conto de fadas. Ninguém pode negar que Oliver seria um belo príncipe, mas um minuto com Chloe e você vai descobrir que ela não é uma donzela em perigo. Se você passar uma hora ou mais com ela se torna óbvio que é ela quem de fato faz a coisa do salvamento no relacionamento deles.

Os contos de fadas têm uma coisa certa. Sempre que há madrastas malvadas e dragões cuspindo fogo, ou fadas madrinhas e bruxos espertos, uma coisa nunca falha. As histórias de amor mais épicas não começam muito épicas e está tudo bem porque o começo não é o que importa. O que importa é o final, o que importa é o depois, o Felizes Para Sempre. E se você conseguir chegar a isso, então, nas palavras de John Lennon, vai ficar tudo bem.

"Em suma, não há um lugar mais agradável para finais felizes do que Camelot."
-Camelot, o Musical

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CONTEÚDO BÔNUS:

Pessoal, clicando AQUI vocês vão encontrar a versão ilustrada da revista onde Finn publicou seu artigo. 

Para deleite dos leitores, links para as imagens que inspiraram a autora:

Vestido de Chloe: Vintage Dior que Chloe usou no evento de caridade.

Anel de noivado de Chloe: Uma relíquia da família Queen.

Vestido de casamento original de Chloe: o que ela comprou em um brechó.

Vestido que Chloe usou em seu casamento: menos o sangue. Este é o vestido que Jackie O. usou para se casar com JFK.




Carro de Bart.

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9 comentários:

  1. Confesso que sou suspeita porque simplesmente adoro as escolhas de vocês pras traduções, mas dessa vez vocês ARRASARAM!!!!!

    Sou fã de 'Moving Targets', amo de paixão o universo 'Two of Us' e sou louca por 'Friends With Benefits', mas Just Married entrou na briga do meu top 3 Chlollie multi chapters e a disputa é acirradíssima!!

    Esse final foi espetacular, o modo como o texto do Finn foi escrito, contando esses pequenos detalhes que fazem os 'famosos' mais humanos, mais verdadeiros, é fantástico! E eu, como beatlemaníaca, senti os olhos úmidos ao ler a passagem em que o Ollie canta When I'm Sixty-Four *_* [assim meu coração não aguenta!!!!]


    Quero novamente agradecer pela dedicação da Sofia pela tradução e postagem, pois foi uma jornada inesquecível!

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    1. Ciça, uhu \o/ Que bom que estamos acertando! Haha, entendo, essa fic é realmente muito boa, está de fato entre as melhores histórias Chlollie... Também gostei de ver esses detalhes da vida dos dois que os tornam iguais a todo mundo, muito bom o texto do Finn. Nossa, nem me fale, também AMO Beatles, eles têm as músicas mais perfeitas de todos os tempos e foi uma referência maravilhosa usada pela autora, deu um grande charme à história, não é?

      Ciça, querida, nós do blog é que agradecemos sua companhia durante todo esse ano e seus comentários sensacionais em Just Married, obrigada!!!!!

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  2. Assim como a Ciça, quero agradecer pela sua dedicação ao traduzir essa fic Sofia. Foi cheia de ação e muuuito detalhada. Eu amei!!!
    Esse final foi muito bom!!! Essa fic é uma forte candidata a ser relida outras vezes rs

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    1. Essa fic é sensacional, Paula, acho que uma das primeiras que li sobre Chlollie, que bom que finalmente ela está traduzida e compartilhada... Fico muito feliz que tenha gostado!!!! :D

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  3. Ai que coisa mais linda quando achei que não podia ficar melhor eu amei os pequenos detalhes da vida chlollie babei no Oliver falando em filhos <3 e imaginei direitinho ele cantando pra ela anw mais uma vez Sofia muito muito obrigado pela tradução vc é mais que ótima kkk
    Só não conseguir ver a versão ilustrada da revista ai nesse bônus :( mas de resto ta tudo lindo e queroooo muito mais kkkkk
    Jami

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    1. Oi, Jami, que bom que curtiu também o fim da história... Nossa, verdade, dá pra imaginar o Ollie perfeitamente né? Imagina, eu é que agradeço seu carinho, sua companhia e os comentários que nos animam a continuar...

      Então, alterei o link para a revista, veja se consegue agora... Beijos! :D

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  4. Deu que a pagina não existe :(
    Jami
    Ps: obrigada mesmo assim Sofi

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  5. Terminei a leitura da fic ontem, mas não conseguir comentar pois acabei me empolgando com o espetáculo que é este texto e quando me dei conta já era muito, muito tarde, e queria comentar sem pressa...

    Sofia, que fic mais maravilhosa, estou totalmente encantada com este imenso universo que a autora criou, que riqueza todos estes cenários, é impressionante, me sentir lendo não uma simples fic, mas sim um verdadeiro romance policial repletos de mistérios e heróis...

    E este texto do Finn! Gente, o que é isso?!! Que incrível!!
    E não é apenas o enredo, mas também a escrita, a forma como a história se desenrola, todos os detalhes e mistérios conquista e empolga qualquer leitor, ela é espetacular e não é apenas por ser Chlollie... então, eu também agradeço por toda a dedicação, porque esta sem dúvida é uma daquelas fics que todo mundo deveria ler, obrigada por nos oferecer esta oportunidade!

    Obrigada, Sofia!! \o

    GIL

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    1. Oi, GIL, fico imensamente que tenha acertado com a escolha dessa história, muito mesmo! Que bom que gostou! Realmente é uma história muito bem escrita, um verdadeiro romance policial como você disse...

      O texto do Finn também é MUITO bom, né?

      GIL, eu é que agradeço sua participação no blog durante todo o ano e seus comentários que só nos animam a continuar... :D

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