15.11.13

Just Married (1/8)

TítuloRecém-casados
Resumo: Algo horrível aconteceu, mas Chloe não consegue se lembrar. Se ela não juntar as peças a tempo, pode ser muito tarde para Oliver.
Autorabella8876
Classificação: R
Linha de tempo: Sétima temporada. Universo Alternativo. A oitava temporada nunca aconteceu.
Anterior: PRÓLOGO




"Sai da minha frente." Lois gritou. "Onde ela está? Onde está minha prima, eu quero ver minha prima." Os dois oficiais na frente dela não responderam.

"Senhora, eu não sei quem é sua prima, mas você tem que esperar na fila." O oficial na mesa disse.

"Besteira." Lois olhou feio pra ele. "Se você não vai me dizer onde ela está, eu descubro sozinha." Lois estudou os oficiais bloqueando seu caminho, fingiu ir para a esquerda, então pulou a mesa e correu para trás do balcão.

"Você não pode ir lá atrás." O oficial gritou. "Ei, alguém tira essa mulher daqui."

Lois percebeu que talvez não estivesse pensando direito. Ela estava de repente rodeada de policiais. "Ok, isso foi obviamente errado." Lois sorriu numa tentativa de desarmá-los.

"Obviamente." Um dos policiais disse, sua mão descansando na arma como um sinal de alerta.

"Sabe, se estivéssemos em Metrópolis isso não seria um problema." Lois tentou dizer a eles, lentamente erguendo as mãos.

"Não estamos em Metrópolis, senhora." Um dos policiais disse pegando as algemas e indo na direção dela.

"Não me diga." Lois bufou.

"Srta. Lane?" Wise perguntou de uma porta no fundo da sala. Ele estava pegando café quando ouviu um dos oficiais dizer 'Metrópolis'. Ele se lembrou que a prima de Chloe era de Metrópolis.

"Sim?" Lois perguntou esperançosa enquanto um dos oficiais passava as algemas em seus pulsos.

"Está tudo bem, pode soltá-la." Wise acenou para as algemas.

"Tem certeza?" O policial perguntou.

"Ela é prima d'A Noiva." Ele disse como se isso explicasse tudo.

"Oh." O oficial abriu as algemas e ofereceu a Lois um triste sorriso. "Sinto muito." Ele assentiu e se afastou. Lois olhou ao redor confusa enquanto todos os policiais, que tinham há um minuto se preparado para pegar as armas, agora lhe ofereciam testas franzidas em preocupação.

Lois virou-se para Wise. "Ele sente muito?" Ela perguntou. "O que isso quer dizer?"

"Eu sou o Sargento Carl Wise, fui eu quem falou com você pelo telefone." Ele estendeu a mão, mas Lois ignorou.

"Onde está minha prima? Aconteceu alguma coisa com ela? Ninguém quis me dizer nada. Eu estava... Eu estava no aeroporto, pronta para voltar pra Metrópolis quando você me ligou. Você disse que era uma emergência, mas não me disse se ela..."

"Chloe está viva." Wise garantiu rapidamente.

"Mas alguma coisa aconteceu? Quer dizer, claro que aconteceu, você não teria me ligado se não tivesse acontecido nada." Lois perguntou. Wise agarrou seu braço e a puxou pelo corredor. "Você a chamou de 'A Noiva'. O que isso significa?"

"Não sabemos ao certo o que está acontecendo." Wise respondeu verdadeiramente e abriu a porta. Ele apontou para Lois entrar e fechou as portas atrás dele. A primeira coisa que ela viu foi uma enorme janela que levava a outra sala e ela reconheceu instantaneamente como sendo o outro lado de um espelho. Foi o que ela viu do outro lado do espelho que chamou a atenção de Lois. O ar ficou preso em sua garganta e ela lentamente levou a mão ao vidro, incapaz de absorver completamente a imagem em sua frente.

Sua prima estava sentada na outra sala. Não, Lois retirou o que disse, uma mulher que parecia com sua prima estava sentada na outra sala. A coisa que fazia Chloe ser Chloe, aquele brilho especial de vida que ela sempre teve havia desaparecido, substituído pela casca de uma pessoa.

Seu vestido de casamento estava em frangalhos, salpicado de sangue, rasgado e sujo. Seu rosto marcado de lágrimas, seus olhos vazios, vermelhos e inchados de chorar. Seu cabelo estava uma bagunça, endurecido de sujeira e sangue, criando emaranhados onde antes havia cachos. Seu pulso esquerdo estava enfaixado e os dedos da mão direita distraidamente giravam a aliança na esquerda e ela olhava pra frente, sem ver, sem se importar.

"Por que ela está assim?" Lois perguntou horrorizada.

"Ela não nos deixa... não nos deixa limpá-la. Ela desmaiou pouco depois de chegar aqui. Perda de sangue por um ferimento na perna. Os paramédicos fizeram um curativo, o melhor que conseguiram, mas ela não quis tirar o vestido. Ela nem deixou que o cortassem. Seu pulso está provavelmente fraturado, mas ela se recusou a ir ao hospital, então eles o envolveram da maneira que conseguiram."

Uma mulher de cabelo curto e castanho, um par de óculos e carregando uma enorme bolsa entrou na sala. Ela puxou a cadeira de metal oposta a Chloe, as pernas arranhando o concreto do chão. O inesperado barulho vindo dos alto-falantes fez Lois pular surpresa, mas Chloe não se moveu, não se encolheu.

"Aquela não é minha prima." Lois se virou de repente, incapaz de continuar olhando.

"Srta. Lane." Wise disse.

"Aquela não é minha prima." Lois balançou a cabeça mais insistentemente e correu da sala. Wise xingou e colocou o café na mesa antes de correr atrás dela. Ela não foi muito longe. Ela tinha dado dois passos antes de se encostar na parede. Ela estava chorando e embora Wise a tivesse conhecido há apenas dez minutos, ele sabia que estava vendo algo raro. "O que aconteceu?" Lois sussurrou, sua voz instável.

"Como eu disse, não sabemos." Ele disse a ela.

Lois afundou no chão e enxugou as lágrimas. "Eu não entendo. Ela deveria estar no Marrocos agora, ela não está... ela não deveria estar aqui, ela não deveria estar daquele jeito." Lois balançou a cabeça e então um pensamento lhe ocorreu e o café que mal tinha conseguido segurar no estômago quando viu Chloe ameaçou reaparecer. Ela se virou para Wise e se levantou. "Onde está Oliver? Onde está o marido dela?"

Não fazia nenhum sentido, se algo tivesse acontecido a Chloe, ele estaria aqui. Ele estaria gritando e mandando nas pessoas, geralmente perguntando o que poderia fazer enquanto alguém não resolvesse as coisas, até ele mesmo resolver. O fato de ele não estar ali, de Chloe parecer quase morta fez Lois automaticamente temer o pior.

"Não sabemos." Carl admitiu.

Lois expirou e seu café conseguiu ficar onde estava. 'Não sabemos' era melhor do que 'No necrotério'.

"Ela não se lembra de nada, não lembrava nem o nome quando entrou." Wise balançou a cabeça. "Talvez você pudesse assistir a entrevista, nos ajudar a preencher algumas lacunas sobre o dia que ela teve ontem?"

"Sim, ok." Lois assentiu. Ela parou antes de entrar na sala de novo. Sabia logicamente que Chloe não podia vê-la, que o espelho só dava visão pra ela, mas sentia como se tivesse que ser forte por sua prima. Se ela não conseguisse ser forte, pelo menos pareceria forte. Ela correu os dedos pelo cabelo e enxugou o resto das lágrimas.

"Pronta?" Wise perguntou e Lois assentiu.

**********

"Sra. Queen, se importa se eu gravar nossa conversa?" Mia Stevens virou a cabeça para abafar um bocejo. A sala embaralhou e ela tirou os óculos para esfregar os olhos. Ela estava exausta. Ela estava no carro, pronta pra ir pra casa depois de um turno duplo quando o Chefe mandou-a voltar. Ela não era apenas a especialista em trauma do departamento, mas era a única mulher no time.

Já que ninguém tinha conseguido arrancar nada da Sra. Queen desde que ela voltou do desmaio, eles não tinham como saber exatamente que tipo de trauma ela tinha sofrido. Por segurança o departamento queria uma mulher para entrevistá-la. Mia estava tentada a dizer ao Chefe que ela ficaria feliz em ajudar depois que dormisse umas doze horas, mas quando foi apresentada às particularidades do caso, não conseguiu dizer não.

Mia recolocou os óculos e percebeu que Chloe não tinha lhe respondido ainda. "Sra. Queen?"

"Onde está o Sargento Wise?" Chloe perguntou.

"Ele teve que sair por um momento." Mia abriu o notebook. "Sra. Queen, se importa se eu gravar a conversa?"

Chloe balançou a cabeça, ainda sem olhar para Mia. Mia suspirou e apertou o botão para gravar. "Aqui é a Tenente Mia Stevens, Chefe Especialista em Trauma para o Departamento de Polícia, entrevistando Chloe Queen. A data é 27 de julho, o horário é nove da manhã. Sra. Queen, você pode me dizer o que aconteceu?"

"Ele disse que ia me ajudar." Chloe disse ao invés.

"Quem?"

"Sargento Wise." Chloe disse a ela.

Mia franziu a testa. Ela estava começando a suspeitar que a ligação de Chloe ao Sargento Wise mostrava que seu trauma não era sexual. Isso significava que qualquer um dos outros poderia pegar o caso. Mas ela estava lá agora, já tinha formado uma espécie de ligação com Chloe e no mínimo, tinha certeza que esse caso lhe daria material suficiente para alguns artigos sobre os efeitos do trauma ou até mesmo estresse pós-traumático. Você não passa um caso que tem chance de ser publicado. "Ele te ajudou. Ele me chamou." Mia tirou os óculos de novo. "Eu estou aqui pra te ajudar agora. Mas pra fazer isso eu preciso saber o que aconteceu. O que aconteceu ontem?"

Chloe fechou os olhos, sua expressão dolorida e ela choramingou enquanto se lembrava.

Ela estava dando risada. Havia música ao fundo e risada, muita risada. Ela estava feliz, ela pensou, embora não tivesse certeza do que felicidade significava, mas em algum momento ela tinha certeza que estava feliz. Então o barulho, o horrível barulho e a dor. A dor estava em todo lugar, explodindo de sua perna à cabeça. Luz explodindo atrás de seus olhos e doía respirar. Então uma voz, a voz dele. "Chloe! Abre os olhos, olha pra mim." Oliver gritou, sua voz frenética e... errada de alguma maneira.

"Não!" Chloe gritou de repente, assustando Mia, Lois e Wise.

"Ok." Mia disse em sua melhor voz calma. "Ok, está tudo bem, está tudo bem." Ela estendeu a mão para tocar a de Chloe, mas pensou melhor e desistiu.

De repente a porta se abriu pelo lado de fora e duas pessoas entraram na sala. Um homem que Mia vagamente se lembrava de ter passado por ele nos corredores ou subindo no elevador com uma mulher que tinha visto muitas vezes na academia, Sophia, ela achou que era esse seu nome. "Desculpe, posso ajudá-los?" Mia pulou do assento. "Estamos no meio de uma conversa aqui."

"Eu sei." O homem sorriu e Mia resistiu ao desejo de estremecer. Algo sobre ele gritava sordidez, como o sentimento que você tem diante de um vendedor de carros usados. "Estávamos nos perguntando quando você vai terminar. Gostaríamos de conversar com a Sra. Queen."

"Eu vou terminar quando terminar." Mia estreitou os olhos. "Vocês se importam se eu perguntar o que vocês têm a ver com ela?"

O homem não disse nada e de repente algumas coisas clicaram na cabeça de Mia, como o porquê de eles estarem na sala de interrogatório. "Posso falar com vocês lá fora um segundo?" Mia agarrou o cotovelo do homem e o empurrou pela porta, Sophia os seguindo. "Você pensa que eu não sei o que está acontecendo aqui?"

"Espero que sim, dizem que você é esperta." O homem deu um risinho pra ela.

"O que está acontecendo?" Lois e Wise surgiram da sala adjacente.

"Você ao menos olhou pra ela?" Mia perguntou. "Deu uma boa olhada nela? Ela nem sabe onde está, ela mal sabe quem ela é. O mero pensamento do que aconteceu a ela quase a mandou ao limite. Você realmente vai ficar parado aí, olhar dentro dos meus olhos, e me dizer que acha que ela tem alguma coisa a ver com isso?"

"Espera." Lois deu um passo pra frente lentamente. "Você acha... você está dizendo que ele acha que ela fez alguma coisa com Oliver?" Lois balançou a cabeça. "Isso é loucura. Você não pode achar isso, é loucura."

"É?" Ele se virou para Lois e ela instantaneamente o odiou, desde seu cabelo perfeitamente arrumado até o bico de seus sapatos Gucci. "A mulher acabou de se casar com uma fortuna multibilionária e no dia seguinte o marido dela desaparece?"

"A mulher tem um nome." Lois atirou. "É Chloe, Chloe Queen. E ela não se casou com uma fortuna multibilionária. Ela se casou com o amor de sua vida."

"É o que todas dizem." Sophia bufou.

"Desculpe, mas quem diabos é você?" Lois perguntou.

Eles ignoraram Lois, ao invés voltando a atenção para Mia. "Ela está pronta pra conversar comigo?"

"Ela não está pronta nem pra conversar comigo." Mia colocou as mãos nos quadris e olhou feio. "Mas a Srta. Lane fez uma boa pergunta, quem diabos são vocês?"

"Detetive Love." Ele tirou o distintivo. "Está é minha parceira, Detetive Marino." Sophia mostrou o seu. "Ela está falando alguma coisa?"

"Olha." Mia disse anotando o número do distintivo dele. "Este caso é meu, não de vocês. Então, eu vou levá-la para outra sala e vou tratá-la como a vítima que ela obviamente é até eu encontrar algum motivo pra pensar o contrário. Eu sugiro que vocês façam o mesmo ou eu vou ligar para o Chefe e preencher uma reclamação. E também, se em algum momento eu sentir que ela precisa falar com vocês, eu mesma ligo, entendido?"

"Ei." Love jogou as mãos pra cima e deu um passo pra trás. "Eu só estou tentando fazer meu trabalho."

"E eu só estou tentando fazer o meu." Mia disse.

Detetive Love saiu da sala pegando o celular e Lois o acompanhou. "Ei." Ela chamou com raiva e ele se virou. "Só pra você saber, ele estava falido quando ela o pediu em casamento."

"Ele não estava quando ela se casou com ele." Love ofereceu a Lois um sorriso e a única coisa que a impediu de esmurrar o rosto dele foi o peso da mão de Wise em seu braço.

"Ela o pediu em casamento?" Mia se virou para Lois.

"Sim." Lois esfregou a testa. "Foi uma coisa de momento. Isso é importante?"

"Pode ajudar." Mia assentiu e foi até a pequena cozinha no fim do corredor. Lois e Wise a seguiram. "Ela não quer falar sobre o que aconteceu ontem. Ela nem consegue pensar sobre ontem. Talvez se eu puder fazê-la falar sobre outra coisa, a ajude a se abrir." Lois assentiu compreendendo. "Sargento, você pode acompanhar a Sra. Queen até a sala de notificação? Ela parece ter se apegado a você."

"Claro." Wise seguiu pelo corredor e Mia se serviu de um copo de café.

"Você acha, ficaria tudo bem se eu a visse?" Lois perguntou.

"Claro, ter alguém familiar ali com ela, alguém com quem ela se sente em segurança pode ajudá-la a se sentir mais confortável, talvez ajude-a a se abrir." Mia sorriu. "É melhor tentar cercar as vítimas com coisas que elas acham relaxantes."

"Você quer uma coisa que Chloe acha relaxante?" Lois sorriu levemente. "É melhor você levar isto." Ela assentiu com a cabeça na direção da cafeteira e Mia deu risada.

**********

A sala de notificação era pequena e aconchegante, continha um sofá, duas cadeiras estofadas e uma mesinha de café. Era muito mais relaxante e era normalmente usada para dar notícias tristes às pessoas. Mia desejava que não tivesse que dar uma notícia assim hoje. Ela só achou que Chloe fosse se sentir mais confortável ali, mais aberta a falar num lugar em que era tratada como uma vítima e não uma suspeita.

Chloe estava no sofá, o Sargento Wise ao lado dela. Sua mera presença parecia ter a habilidade de aliviar um pouco de sua tensão e ela assentiu distraidamente enquanto ele sussurrava palavras de conforto em seu ouvido. "Eu trouxe um pouco de café pra você." Mia disse deslizando um copo de papel pela mesa pra ela e então outro para Wise enquanto se sentava em uma das cadeiras. Lois se sentou ao lado dela, mas Chloe pareceu nem perceber que sua prima estava na sala. Mia quase desabou aliviada quando Chloe pegou o café. Ela não bebeu, apenas o segurou nas mãos.

Pelo que Lois disse a Mia, Chloe bebia muito café. A familiaridade de segurar um copo poderia ser suficiente para lhe fazer algum bem. "Chloe, eu sei que você não está pronta pra falar comigo sobre o que aconteceu ontem." Seu rosto se contorceu de dor. "Está tudo bem." Mia apressou-se em assegurar. "Está tudo bem. Eu tenho todo o tempo do mundo. Quando você estiver pronta, me avise." Chloe não disse nada. "Talvez possamos conversar sobre outra coisa." Mia colocou o café na mesa. "Lois me disse que você pediu Oliver em casamento? Você quer me contar sobre isso?"

Ainda assim Chloe não disse nada. "Eu me lembro de quando pedi minha esposa em casamento." Wise disse de repente. "Eu estava tão nervoso, eu pratiquei meu discurso tantas vezes que em certo momento deixou de fazer sentido."

"Eu não pratiquei." Chloe disse de repente. Ela olhou para o café e observou a fumaça subir. "Eu não planejei, eu nem sabia que ia fazer o pedido, eu só... o momento pareceu certo."

"Conte como foi." Mia disse suavemente.

"Eu só queria animá-lo." Chloe olhou para Mia pela primeira vez. "Ele andava tão depressivo. Eu só queria fazê-lo se sentir melhor."

Dois Anos Antes

Chloe olhou para o relógio sobre a lareira e suspirou. Enquanto olhava ao redor do pequeno apartamento e as caixas espalhadas ainda por desempacotar ela soube que não queria nada mais do que passar a noite em casa. Ela pensou que talvez pudesse arrumar tudo, que se ela conseguisse fazer o lugar parecer mais como um lar, talvez ele não ficasse tão miserável.

Ir da cobertura nas Torres Queen para um apartamento minúsculo em um lugar que podia ser carinhosamente chamado de favela não era parte dos planos de Oliver. Chloe sabia que não fazia parte dos seus também, mas ela estava tentando o possível para ver um lado bom nas coisas. Pra dizer a verdade ela não tinha processado tudo ainda, tinha acontecido tão rápido.

Em questão de um mês Oliver perdeu tudo, seu apartamento, os negócios, o dinheiro e a casa. Todas as suas posses tinham sido retomadas ou vendidas para pagar as dívidas e eles tiveram que começar do zero com nada além de alguns pertences que Chloe trouxe de Star City.

Ela ainda não tinha certeza de como tinha acontecido, Oliver era sempre muito vago sobre os detalhes e toda vez que Chloe trazia essa questão ele mudava de assunto. Tudo que ela sabia era que um dia estava tudo bem, no outro todos os bens tinham sido roubados na cara dele em uma aquisição hostil e agressiva e então seu próprio conselho de diretoria votou por sua saída. O apartamento e os carros e a maioria das coisas que Oliver tinha eram propriedade da Queen Industries e tudo foi perdido junto com a empresa.

Eles teriam ficado bem, ele tinha uma substancial quantidade de dinheiro mas então veio a descoberta de que ele vinha financiando um projeto paralelo, a LJA com dinheiro da empresa. Ele usava uma empresa de fachada que pertencia a Queen Industries e antes que soubessem, as poucas posses remanescentes tiveram que ser vendidas pra pagar a empresa, incluindo a casa de seus pais e tudo que havia nela.

Chloe tentou tudo que podia para impedir isso; ela e os rapazes juntaram todo o dinheiro que tinham. Ela até procurou Lois e Clark e tentou um empréstimo no banco, mas não conseguiu dinheiro suficiente a tempo. A dor de estar na porta de entrada da casa que tinha aprendido a amar pela última vez ainda era fresca em sua memória. A casa em que ela e Oliver passavam praticamente todo fim de semana e feriado nos últimos três anos, a casa na qual ela planejava viver no futuro. Ela chorou enquanto ele entregava as chaves. Não pela perda do dinheiro ou da propriedade, mas pelas lembranças. As que tinha medo de esquecer sem a casa ali para relembrá-la e as que não teve chance de criar.

Oliver permaneceu estoico a princípio, passando por tudo de uma vez, agindo como se não o incomodasse, dizendo que o dinheiro e as coisas eram enfim apenas uma inconveniência. Ele pareceu animado com o prospecto de uma vida mais simples, de um período de férias, algo que não fazia há anos. Ele chamou o novo apartamento de aconchegante e confortável. Foi fazer compras com Chloe nas lojas de revenda para mobiliar o novo lar e disse que tinham um estilo eclético e divertido.

Mas estando fora do trabalho, sem nada pra preencher seus dias, ele teve cada vez mais tempo pra pensar. Pensar sobre sua vida, sobre suas escolhas, sobre sua situação e a máscara de felicidade começou a enfraquecer. O apartamento foi de aconchegante a apertado, o estilo de eclético a brega e as férias, de um sonho realizado a um pesadelo diário.

Logo ele não estava mais tentando fingir. Ele estava miserável com a situação e garantiu que Chloe soubesse disso. Chloe também não estava tendo o melhor momento de sua vida. Ela estava a frente de tudo, sozinha, aguentando, sua vida, a de Oliver e os rapazes, a LJA. Era difícil e alguns dias ela queria desistir, se enroscar na cama ao lado de Oliver e esquecer tudo, mas ela não podia fazer isso.

Eventualmente as coisas iam melhorar, ela tinha que acreditar nisso. Ela tinha que fazer tudo em seu poder para fazer Oliver acreditar nisso. Não era fácil e houve um momento há um mês atrás em que ela pensou pela primeira vez que não iam sobreviver.

Chloe estava olhando para as tulipas no cesto do lixo. Ela pensou que Oliver as tivesse trazido pra ela. Pensou que talvez sua atitude tivesse mudado, mas ele deu uma olhada nelas e as jogou fora, e desde então andava cada vez mais irritado.

"Gotham City?" Oliver perguntou jogando a passagem que encontrou na bolsa dela no balcão da cozinha. "Você está me deixando?" Ele tentou brincar.

"Eu tenho uma reunião de negócios." Chloe comeu um pouco de seu cereal. Ela estava tomando o café apressada na pia da cozinha, porque o apartamento não tinha espaço para uma mesa na cozinha. O que estava ótimo porque eles não tinham uma mesa de cozinha.

"Uma reunião de negócios?" Oliver franziu a testa confuso. "Que negócios você tem em Gotham?"

"Negócios da Liga." Chloe jogou o resto do cereal na pia e lavou a vasilha. "Eu vou encontrar com alguém que eu acho que pode dar conta do financiamento." Ela não queria tocar no assunto até o negócio estar fechado. Ela sabia que era um assunto delicado para Oliver.

"Certo." Oliver assentiu. "Você precisa de dinheiro para lutar contra o crime e eu estou meio quebrado."

"Oliver." Chloe suspirou. "Nós concordamos que eu ficaria à frente do time e sim, nós precisamos de dinheiro pra manter a Liga e eu vou lá conseguir."

"Que bom." Oliver disse. "Na verdade é ótimo." Ele parou, juntando as peças. Gotham City, alguém que tinha dinheiro suficiente para financiar algo como a LJA, alguém que Oliver preferia perder um olho a pedir ajuda. Seu estômago revirou horrivelmente e ele se virou para Chloe. "Então você vai querer o pacote completo?"

"O que isso quer dizer?" Chloe franziu a testa.

"Como você fez comigo?" Oliver sorriu. "Afinal você não perdeu só o financiamento para a Liga. Você perdeu a cobertura e o carro legal e a casa nos Hamptons."

"Oliver." Chloe estava tentando ao máximo ser paciente, mas ele tinha ido longe demais.

"Oh e não vamos esquecer as joias e os jantares de luxo." Oliver deu risada. "Ei, ele é do meu tamanho? Porque ele pode pegar meu uniforme e roubar essa parte da minha vida também. Qual é o número dele? Eu deveria ligar, talvez avisar o quanto você é generosa na cama que ele poderia colocar num jatinho particular."

As paredes do apartamento eram tão finas que os vizinhos ao lado ouviram o som do tapa, mas estando acostumados a violência doméstica eles simplesmente voltaram a ler seus jornais na mesa da cozinha. Eles sabiam a rotina, chamariam a polícia em alguns dias se começasse a cheirar mal. Chloe parou na frente de Oliver, mais chateada do que jamais se sentiu em toda a vida. Oliver levou uma mão à bochecha e seu rosto registrou choque e vergonha e dor, tudo de uma vez.

"Chloe, eu exagerei." Ele sussurrou.

"Sim, exagerou." Chloe disse afastando-se dele calmamente e pegando a bolsa. "Meu voo parte as dez, eu ligo quando pousar pra você saber que está tudo bem." Ela pegou a passagem.

"Chloe, espera."

"Oliver, eu realmente tenho que ir agora. Eu preciso sair agora porque senão, a próxima vez que eu sair, eu não volto mais." Ela disse secamente.

"Sim, ok." Oliver assentiu e ela saiu pela porta. Ela parou com a mão na maçaneta e se virou. Ela foi até Oliver, ficando na ponta dos pés e beijando-o suavemente.

"Isso também não é fácil pra mim. Mas eu estou tentando ver o lado bom. Espero que você possa fazer o mesmo. Eu te amo." Ela disse antes de se virar e sair do apartamento.

Ela voltou e ele se desculpou uma vez seguida da outra e prometeu que tentaria ser melhor, tentaria ser melhor por ela. Alguns dias depois um par de convites chegou para um baile de caridade que tinham sido pagos meses antes e Oliver sugeriu que eles fossem, que tivessem uma última festa legal, comessem caviar e bebessem champanhe antes de voltar a vida de macarrões instantâneos e refrigerantes imitação. Chloe foi relutante, mas era a primeira vez em muito tempo que ele ficava tão animado que ela teve que concordar.

Então ali estava ela se perguntando se teria dinheiro suficiente pra pagar a conta de luz indo para uma festa onde os pratos custavam algumas centenas de dólares. Oliver saiu do quarto arrumando o terno e franziu a testa pra ela. "O que essa roupa fala sobre mim, que estou falido, sem emprego e tenho uma namorada que está segurando as pontas, mas ainda tenho um terno?"

"Fala que é um terno feito sob encomenda e o que banco não achou que valesse muito no leilão." Chloe sorriu indo arrumar a gravata dele.

Diferente de Oliver, todos os vestidos que ela tinha conseguido acumular no passar dos anos tinham sido retomados e vendidos, então ela estava usando um vestido que Lois tinha emprestado no dia anterior, e que era um pouco longo demais. Isso era bom, porque assim ninguém conseguia ver que seus sapatos não eram Jimmy Choo e sim de uma loja de departamentos.

**********

A noite poderia ter sido pior, mas também poderia ter sido melhor. Não foi tão ruim quanto foi estranha. Todos os amigos de Chloe, os que ela não via desde a mudança foram legais o quanto puderam e todos falaram sobre marcar um almoço. Mas ela sabia que nenhum deles iria atravessar a cidade pra comer um cachorro-quente de 1 dólar vendido por um cara chamado Milo. (Em defesa de Milo, o cachorro-quente que ele fazia era o melhor da cidade e ele sempre os oferecia com um sorriso). Eles também sabiam que Chloe não podia mais pagar por um almoço de duas horas no Nobu, nem uma tarde no spa.

Quanto aos velhos amigos e colegas de Oliver, eles pareciam inclinados a lhe dar sermões de incentivo e dicas de negócios, sugerindo que ele simplesmente investisse alguns milhares de dólares e que voltaria ao que era antes rapidamente. Nenhum deles parecia perceber que eles não tinham alguns dólares, muito menos alguns milhares.

Eles estavam com os Masons, o casal com quem Chloe e Oliver antes dividiam uma cabine na ópera. Os Masons estavam contando a eles sobre o casal que tinha comprado seus tíquetes no leilão bancário e como ficaram tristes quando Oliver perdeu. "Se vocês nos dão licença." Ele sorriu tenso e puxou Chloe de lado. "Não consigo fazer isso, Chloe. Achei que podia, mas não posso."

"Isso tudo foi ideia sua." Chloe pontuou enquanto ele a puxava pelo corredor.

"Eu não faço mais parte deste mundo." Ele balançou a cabeça.

"Eu sei." Chloe sorriu com tristeza.

"E por minha causa, você também não." Ele disse e Chloe franziu a testa.

"Isso não importa pra mim, você sabe que não importa." Chloe agarrou o braço dele. "Eu vivi metade da minha vida não fazendo parte deste mundo, eu posso viver o resto sem ele."

"Mas não deveria ser assim." Oliver riu com amargura. "Você deveria estar usando um vestido novo, não um de Lois. Você deveria poder ir a ópera semana que vem, é sua peça favorita. Você deveria viver num apartamento legal, não ter que decidir entre pagar a luz ou o supermercado, poder almoçar com suas amigas. Você deveria estar falando sobre ir ao comitê para arrecadar fundos para o Hospital Gala este ano e não ter que ouvir Sissy Parker falar sobre como ela teve que assumir sua função."

"Oliver, eu não... espera, Sissy Parker está falando sobre eu não poder lidar com a arrecadação de fundos do Hospital? Eu reinventei a arrecadação de fundos para o Hospital." Chloe protestou e Oliver ofereceu a ela um pequeno sorriso. "Essa não é a questão."

"É sim, você merece todas essas coisas e mais e eu não posso mais dá-las a você." Oliver disse.

"Isso é sobre eu ir conseguir financiamento para a Liga em outro lugar? Porque se isso te incomoda tanto eu faço uma venda de bolos. Eu construo computadores do zero, eu faço os rapazes pegarem voos comerciais."

Oliver deu risada. "Não é sobre isso. Eu odeio não prover isso a você, eu odeio que você tenha que ir a outro lugar, procurar outra pessoa. Eu sinto como se tivesse te decepcionado. Você merece mais do que isso. Você merece coisa melhor que eu." Ele beijou sua testa e se afastou, saindo do baile e quando Chloe percebeu que ele estava indo embora, ele já tinha desaparecido.

**********

"Outro." Oliver empurrou seu copo vazio para Mary, a garçonete, e por um segundo se arrependeu. O uísque custava vinte dólares o copo e ele estava no terceiro. Mas havia cem dólares queimando seu bolso, o último dinheiro que tinha no mundo, e ele não ia sair dali até que gastasse tudo.

"Eu estou te procurando pela cidade toda." Chloe disse sentando no banco ao lado dele. Ela tinha voltado pra pegar a bolsa e as chaves que tinha deixado na festa. Ela foi até os antigos bares, mas ele não podia mais pagar então ela tentou o parque e a beira-mar sem sorte. Ela estava seguindo pela rua que levava ao apartamento, desejando que ele estivesse ali quando passou pelo Stout Goat, um bar que ela deveria passar na frente diversas vezes por semana, mas nunca se incomodou em entrar. Ela apostou na sorte e ali estava ele, sentado no bar.

"Vai pra casa, Chloe." Oliver grunhiu, sem olhar pra cima.

"Não." Ela balançou a cabeça. "Não, precisamos conversar sobre isso."

"Não tem nada pra ser conversado." Oliver disse a ela, agarrando o copo que Mary lhe entregou e tomando um lento gole do líquido âmbar.

"O diabo que não tem." Chloe argumentou. "O que exatamente foi aquilo no baile? Porque, e me corrija se eu estiver errada, mas pareceu como se você estivesse terminando comigo." Ela deu risada sem nenhum humor.

"E se fosse?" Oliver finalmente se virou para olhar pra ela, seus olhos cansados e turvos pela bebida, o rosto ilegível. "Você ficaria muito melhor sem mim como peso morto."

"Peso morto?" Chloe perguntou. "É isso mesmo que você pensa."

"Sim." Ele assentiu. "Deus, Chloe, olha pra mim; eu estou usando um terno de vinte mil dólares, em um bar sujo, tomando uma bebida de vinte dólares que eu não posso realmente pagar. Eu não tenho emprego, não tenho casa, não tenho prospectos. Eu não tenho nada pra te oferecer, Chloe."

Chloe olhou pra ele por um segundo, sua expressão ilegível e Oliver suspirou aliviado quando ela assentiu lentamente e se levantou do banco. O revirar em seu estômago enquanto a observava se afastar com raiva dele foi aliviado por um pequeno senso de alívio. Ele verdadeiramente acreditava que ela ficaria melhor sem ele e tudo que importava era que Chloe ficasse bem.

A música de fundo do Stout Goat era sempre uma mistura de rocks clássicos dos anos 70 com um pouco de metal. Não era incomum ouvir um pouco de AC/DC, Skynyrd, até mesmo Metallica. Então a interrupção abrupta da bateria pesada e das guitarras era estranho pra dizer o mínimo, e Oliver, assim como os outros clientes do bar, se viraram para a jukebox enquanto a voz de John Lennon saía pelos alto-falantes ao invés de Robert Plant ou David Lee Roth.

Não há nada que você possa fazer que não possa ser feito.
Nada que você possa cantar que possa não ser cantado. 

Chloe estava parada ali perto com uma expressão envergonhada olhando para todos os rostos confusos. "Desculpem." Ela se encolheu. "Eu só estou tentando provar um ponto aqui; vai acabar em um segundo, eu prometo." Quando todos continuaram olhando pra ela, ela olhou feio de volta. "Ei, vocês é que colocaram isso aqui, pra começo de conversa." Ela pontuou antes de se virar para Oliver.

"Chloe?" Ele perguntou se levantando.

"Eu prefiro uma calça confortável a um vestido bonito o dia inteiro." Ela disse a ele. "Eu odeio te dizer isso, mas odeio ópera com a força de um milhão de estrelas. Eu só fingia gostar porque sei que você gostava." Oliver sorriu. "E seu apartamento era muito grande pra começar, ninguém que não cozinha precisa de três lavadoras de louça e eu constantemente me perdia para encontrar o banheiro nas primeiras semanas que passei lá."

"Chloe." Oliver abaixou a cabeça.

"Almoçar com minhas amigas? Aquelas mulheres nunca foram minhas amigas, amigos não te abandonam quando você enfrenta dificuldades, você sabe como eu me sinto ridícula dando duzentos dólares por alguns pedaços de sushi? Eu prefiro o cachorro-quente do Milo, três por dois dólares, sem pensar duas vezes." Ela sorriu enquanto se aproximava dele.

"Milo realmente tem o melhor cachorro-quente da cidade." Um cara jogando bilhar concordou com ela. Um murmúrio de consentimento ecoou pelo bar e Chloe percebeu que todo mundo estava ouvindo o que ela dizia.

"E quanto a Sissy Parker, ela é uma vaca que está triste porque o marido é gay e todo mundo sabia antes dela." Oliver deu risada. "Eu não me apaixonei pelo seu dinheiro, ou suas coisas, ou seu estilo de vida. Eu amo você, seu idiota."

"Eu também te amo." Oliver garantiu.

"Olha, eu sei que quando tudo isso começou dissemos que eu administraria a equipe e você o relacionamento. Eu sinto muito, mas você não está fazendo um bom trabalho no momento, então vou ter que te tirar do comando." Chloe sorriu e ele assentiu. "Oliver Queen, você quer se casar comigo?" Todo mundo estava em silêncio e o único som tocando no lugar era a voz de John Lennon.

Não há nada que você possa fazer, mas você pode aprender como ser você a tempo, é fácil.
Tudo que você precisa é de amor, tudo que você precisa é de amor.
Tudo que você precisa é de amor, amor, amor é tudo que você precisa.

Um minuto se passou e Oliver não disse nada, então o sorriso de Chloe começou a enfraquecer. "Oliver?" Seu ar preso na garganta e lágrimas se juntando em seus olhos e de repente ela se perguntou se tinha entendido tudo errado.

"Chloe." Ele disse suavemente.

"Não, espera." Ela deu alguns passos de volta pra ele. "Eu fiz errado. Não somos muito bons com perguntas." Ela o relembrou, segurando as lágrimas que ameaçavam cair de seus olhos e forçando um largo sorriso no rosto. "Temos a tendência de dar respostas erradas, então que tal isso." Ela olhou ao redor e então sorriu para o cara que tinha concordado com ela sobre Milo. "Desculpe..."

"Jake." O homem se apresentou.

"Eu posso pegar emprestado seu taco de bilhar, Jake?" Ela perguntou docemente.

"Claro." Ele assentiu e entregou a ela.

Chloe se virou para Oliver e respirou fundo. "Bola 8, no canto." Ela apontou para a mesa. "Eu acerto essa e você se casa comigo."

"E se você errar?" Oliver perguntou, levemente temendo a resposta.

"Eu não vou errar." Chloe garantiu.

A esperança em seu rosto só era obscurecida pela determinação em seus olhos e ele assentiu. "Ok." Oliver se levantou e foi até a mesa.

"Ok." Chloe assentiu e se virou para a mesa. "Giz?" Ela pediu a Jake. Ele apressadamente entregou a ela e suas mãos tremeram enquanto pegava dele. Chloe respirou fundo e apontou para Jake se aproximar. "Que bolso eu chamei?" Ela sussurrou.

Jake olhou pra ela por um segundo. "Hum, o do canto direito." Ele respondeu. "Você já jogou bilhar antes?"

"Uma, talvez duas vezes." Chloe riu nervosamente.

"Certo." Jake sorriu esperançoso pra ela. "Uh, boa sorte."

"Obrigada." Chloe assentiu e foi até a mesa.

O feltro verde da mesa era de repente mais ameaçador do que o verde tinha direito de ser. Chloe deu a volta na mesa, determinando o melhor ângulo para acertar a bola oito. Ela parou de se mover e se posicionou e Jake começou a tossir violentamente. Chloe olhou pra cima e ele sutilmente balançou a cabeça em negativa. Ela se endireitou e foi para a esquerda; Jake balançou a cabeça de novo e Chloe se moveu um pouco para a direita. Ele assentiu e Chloe sorriu em agradecimento antes de se inclinar. Ela segurou o taco com a mão direita e o posicionou sobre a esquerda que estava sobre a mesa.

"Espera." Ela se levantou e passou o taco a mulher ao seu lado antes de se inclinar e tirar os sapatos. Ela suspirou aliviada antes de pegar a saia do vestido e rasgar um pedaço do tule, jogando-o no chão antes de olhar para os clientes. "Alguém tem um canivete?" Ela perguntou e antes que terminasse a frase havia três estendidos em sua direção. Ela pegou o mais próximo e o abriu. Ela pegou a saia com as mãos, fez um pequeno pedido de desculpas a Lois antes de afundar a faca no tecido, fazendo um buraco grande o suficiente para passar seus dedos. Ela devolveu o canivete ao dono, agarrou o corte que ela fez e rasgou o tecido até que a saia estivesse do tamanho certo. Ela depositou o tecido extra em cima do tule e sorriu. "Bem melhor."

A jukebox ainda tocava, mas o único som que Chloe conseguia ouvir era seu próprio sangue correndo. Ela posicionou o taco sobre a mesa e deslizou algumas vezes para melhorar a mira e o equilíbrio. Ela olhou para Oliver e sorriu, ele parecia preocupado e ela podia apostar que ele estava com medo que ela não acertasse. "Lá vai." Chloe piscou pra ele.

Quando as pessoas vivem momentos de mudança, elas normalmente dizem que as coisas se movem em câmera lenta. Oliver nunca experimentou isso antes. Ele observou Chloe deslizar o taco até a bola branca. Observou a bola branca lentamente fazer seu caminho até a oito, cada movimento parecendo durar horas. A bola atingiu a oito e depois de uma breve pausa em que nenhuma das duas parecia se mover, as duas continuaram seu caminho até o buraco.

Cada pessoa do bar parecia estar prendendo a respiração e gritaram animadas quando a oito entrou na caçapa. Chloe suspirou aliviada e olhou para Oliver que estava sorrindo. Alguém arfou e Chloe e Oliver olharam pra baixo. Eles viram a bola branca se equilibrar na borda do buraco da mesa e então cair sobre a oito.

Chloe olhou pra cima chocada. "Eu quase errei." Ela olhou ao redor do bar, seu rosto partido que doía olhar. "Eu não acredito que eu quase errei."

"Não conta." Jake disse de repente. Todo mundo voltou a atenção pra ele. "Não conta. A aposta era apenas para a bola oito, e a outra era só... lucro."

"Lucro?" Chloe repetiu esperançosa.

"Lucro." Mary concordou e todo o bar pareceu assentir em uníssono.

"Então, o que você diz?" Chloe se virou para Oliver. "Aposta é aposta."

Lennon ainda estava tocando no rádio e Oliver ouviu por um minuto.

Não há lugar onde você esteja, que não seja onde você deva estar, é fácil.
Tudo que você precisa é de amor, tudo que você precisa é de amor.
Tudo que você precisa é de amor, amor, amor é tudo que você precisa.

"Eu não tenho dinheiro." Oliver a relembrou, tentando essa teoria em particular.

"Odeio isso." Chloe sorriu.

"Não posso te dar um grande casamento." Oliver disse passando as mãos na cintura dela.

"Grandes casamentos são só uma desculpa para alimentar pessoas que você realmente não gosta." Chloe disse a ele.

"Provavelmente teremos que viver naquele apartamento minúsculo por mais alguns anos." Oliver a puxou mais perto.

"Não é minúsculo, é aconchegante." Ela deu um risinho.

"Eu vou te avisar que este provavelmente não é o último incidente comigo bancando o idiota."

"Tudo bem." Chloe disse. "Se você não fosse um idiota de vez em quando eu não teria a chance de estar certa." Ele não disse nada mais, então o sorriso de Chloe aumentou.

"Bem, você tem um anel?" Oliver perguntou.

O sorriso de Chloe sumiu e ela procurou desesperadamente ao redor por alguma coisa que pudesse usar. "Espera um minuto." O cara que tinha lhe entregue o canivete disse. Ele usava uma camiseta gordurosa e tinha tatuagens nos dois braços. Ele colocou a cerveja no balcão e procurou nos bolsos com determinação. "Aha." Ele sorriu triunfante e estendeu a mão para Chloe. Quando ele abriu os dedos, havia um parafuso e uma porca de aço.

"Perfeito." Chloe sorriu, pegando a porca do parafuso e virando-se para Oliver.

Oliver deu um risinho e Chloe deslizou o pedaço de metal em seu dedo, era muito grande, mas nenhum dos dois se importou. "Você aceita se casar comigo?"

"Acho que agora eu tenho que casar, não é?" Ele disse com um sorriso e Chloe jogou os braços ao redor de seu pescoço. Ele a ergueu e a girou, a risada explodindo de algum lugar dentro dele, algum lugar que andava escondido nos últimos meses. Ele a colocou no chão e olhou pra ela, realmente olhou pra ela e de repente a viu. Ela estava num bar nojento, o cabelo ainda feito, nenhum cacho fora do lugar, o vestido rasgado um pouco abaixo dos joelhos, os pés descalços no chão sujo e um sorriso enorme no rosto. Ele percebeu que rico ou pobre não importava, contanto que acordasse ao lado dela todo dia pelo resto da sua vida.

Todo mundo no bar estava oferecendo cumprimentos para o novo casal de noivos, mas Oliver não estava nem ouvindo. Ele estava olhando para Chloe. "O quê?" Ela finalmente perguntou.

"Eu tenho sido um grande idiota nas últimas semanas, não é?" Ele franziu a testa.

"Para sua sorte, eu tenho uma queda por idiotas." Ela respondeu e ele não resistiu a inclinar-se e beijá-la. Era pra ser um suave roçar de lábios, mas quando seus lábios encontraram os dela, ele de repente percebeu há quanto tempo ele não a beijava de verdade. Seus lábios foram tomados pelo instinto e ele percebeu ali que não a estava valorizando o suficiente. Ele sentia falta do jeito como ela angulava o corpo contra o dele, o jeito que ela apertava os dedos em seu cabelo, quando seus dentes roçavam a parte sensível dentro do lábio inferior dela. Ele tinha sentido falta do som que ela fez no fundo da garganta quando ele a puxou perto, pressionando o corpo contra o dela. Ele tinha sentido falta dela.

Os dois foram trazidos de volta a realidade pelo repentino som de assobios e se separaram envergonhados. Chloe clareou a garganta, sua mão no braço de Oliver por apoio. "Uma rodada de bebida pra todo mundo." Chloe gritou. "Por minha conta." O público mudou o objetivo da comemoração e Chloe sorriu para Oliver. "Eu sempre quis dizer isso."

"Chloe." Oliver balançou a cabeça. "Sou favorável a comemoração, mas não podemos pagar."

"Oh, não vamos pagar." Chloe disse, pegando o que parecia um cartão de crédito da bolsa.

"Onde conseguiu isso?" Oliver arregalou os olhos.

"O financiador da Liga." Chloe disse. "Acho que vou registrar isso como um gasto de negócios."

Oliver agarrou o cartão em choque e leu o nome na frente confirmando suas suspeitas. Ele ergueu as sobrancelhas. "Como no mundo você conseguiu convencer Bruce Wayne a financiar a Liga da Justiça?"

"Eu só mencionei casualmente seu próprio amor pelo couro e o mundo vigilante e ele ficou ansioso o suficiente para abrir o talão de cheques." Chloe deu de ombros.

"Você o chantageou?" Oliver sorriu.

"Não." Ela suspirou irritada. "Eu só o relembrei que estávamos do mesmo lado. Eu pontuei todo o bem que fizemos e todo bem que podíamos continuar fazendo se tivéssemos capital. Mas eu acho mais legal dizer que o chantageei."

**********

Duas horas depois Chloe se aconchegou contra a lateral de Oliver no banco no fundo do bar enquanto Jake e Randy, o cara que tinha lhes dado o 'anel' conversavam. "Então, quer dizer que seis meses atrás você era dono de uma McLaren e agora você anda de ônibus?" Jake perguntou. "Era um carro de um milhão de dólares."

"Um milhão e meio depois que ele terminou de customizar." Chloe revirou os olhos. "Eu odiava aquele carro; você só comprou aquele carro porque Bruce comprou a Ferrari."

"Não é verdade. Eu estava na lista de espera pela McLaren quando Bruce começou a se interessar pela Ferrari." Oliver pontuou.

"Mas você tinha um carro de um milhão de dólares. Eu mataria pra dirigir uma dessas coisas, só uma volta no quarteirão, nem consigo imaginar ter um carro desses." Jake deu risada e tomou um gole de sua cerveja.

"O carro parava na terceira marcha." Oliver disse tentando fazê-lo se sentir melhor. "O ônibus é um transporte bem mais suave."

"Mentiroso." Jake deu um risinho.

"Eu sei que o noivo normalmente não escolhe muita coisa no casamento, mas vendo que não temos muito dinheiro, acho que deveríamos fazer nossa recepção aqui." Oliver se virou para Chloe.

"No Stout Goat?" Chloe perguntou e ele assentiu. "Podemos pedir para o Milo fazer a comida." Oliver deu risada.

"Aposto que ele ia adorar." Ele descansou o braço ao redor da cintura dela e a puxou mais perto. "Então, o que você me diz?"

Chloe olhou ao redor do bar, pensando que se essa seria parte de sua nova vida, tinha que ver por um ângulo positivo. "Podia ser pior. Podia ser quinhentos de nossos amigos tomando champanhe e comendo no grande salão do Plaza." Chloe e Oliver suprimiram um tremor.

"Eu te amo." Oliver disse.

"Bom, porque você está preso comigo agora." Chloe sorriu pra ele.

Dia Atual

Mia olhava para Choe. Era difícil ligar a garota da história com a que estava sentada na frente dela agora. Era difícil imaginá-la dançando descalça no balcão de um bar, sem nenhuma preocupação e Mia de repente também sentia a perda desta garota, da que nunca conheceu, mas de quem provavelmente teria gostado.

A história tinha conseguido colocar um fraco sorriso no rosto de Chloe enquanto ela contava, mas tinha sumido agora, substituído pelo olhar vago que ela tinha antes. Todo mundo conhecia a história deles, pelo menos as partes da riqueza a pobreza. Um dia Oliver Queen tinha tudo. O homem mais rico de Star City, o terceiro homem mais rico do mundo e no outro ele não tinha nada. Mais ou menos um ano depois, misteriosamente ele estava de volta. Ele tinha sua empresa, seu dinheiro, e sua casa e era quase como se nada tivesse acontecido. Ele nunca falou sobre o que a mídia se referia como 'ano perdido'. Algumas pessoas diziam que era golpe publicitário, algo que a equipe de Relações Públicas inventou, fazer o cara rico viver como um mendigo por um ano. Havia especulação de que havia sido até uma filmagem para algum tipo de reality show, mas já fazia dois anos e nenhum show apareceu.

Da sua parte, Mia acreditava ser verdade. Claro, ela era treinada pra ver as pequenas mudanças, as insignificantes mudanças de personalidade que outros poderiam não notar, mas que ela via em Oliver Queen. Quando ele recuperou seu dinheiro, ele não voltou imediatamente para os carros luxuosos e roupas e jantares. Ele nem voltou para a cobertura, ao invés, escolheu um apartamento menor na cidade pra trabalhar durante a semana, e ia para a casa de seus pais nos fins de semana. Ele praticamente triplicou as doações anuais para caridade, criou mais fundos para faculdades e pessoalmente se voluntariava uma vez por mês no abrigo local.

A única mudança significante tinha sido seu gosto por joias. Ele nunca gostou muito de aparecer, claro, ele dirigia um carro de um milhão de dólares e comprava óculos de dez mil dólares, mas não andava por aí com correntes de ouro ou relógios encrustados de diamantes. Mas depois de seu ano perdido, ele nunca era visto sem sua corrente. Era uma corrente simples de prata com uma porca de aço pendurada. Mia tinha especulado se era um lembrete da vida que teve, de um lugar para o qual poderia voltar facilmente ou algo assim, mas agora sabia que era por uma razão mais pessoal do que isso.

Ela estava agora mais convencida do que nunca de que de jeito nenhum Chloe tinha algo a ver com o que quer que tenha acontecido com seu marido. Ela também estava preocupada que se não chegassem logo ao fundo disso, se não o encontrassem e o encontrassem vivo, então Chloe jamais voltasse a ser aquela garota que dançava com os pés descalços em bares.

_____
DOIS

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3 comentários:

  1. WOW! WOW! WOW!

    Que primeiro capitulo!!!
    Onde está Oliver???? Achem-no!!!

    Adorei!

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  2. Wow... foi exatamente a palavra que me veio a mente ao terminar esse capítulo...
    WOW!!

    Maravilhoso esses mistérios, curiosidade vai a mil...
    E o Oliver disse mesmo 'aquilo' pra Chloe, eu li isso direito? Foi tenso e inesperado... e o pedido de casamento, muito bom, viu? E o que poderia ser mais fofo que o Oliver continuar usando o seu 'anel' mesmo depois de voltar por cima?

    Também quero que achem o Oliver logo... isso me aflige!

    GIL

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  3. Wow msm cara que incrível essa historia confesso que o olho ficou pesado quando o Oliver falou aquilo pra ela e confesso que sempre quis ler uma historia com o Oliver pobre não sei pq kkkkk mas eu quero mais preciso de mais e logo!!! :D

    Aaaaaa e que lindoooooo ele com "anel " ^.^
    Jami

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