10.9.12

In Our Hands (12/27)



Título: Em Nossas Mãos
Resumo: "As palmas não mentem, Oliver." Zatanna aclamou enquanto ele afastava a mão. "Você tem um filho."
Autora: slytherinpunk
Classificação: R (eventualmente NC-17)
Spoilers: segue os acontecimentos até o terceiro episódio da décima temporada e segue AU depois disso. Oliver nunca se revelou como Arqueiro Verde e Tess nunca comandou a Watchtower.
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Oliver estava parado na linha lateral, Connor entre ele e Chloe enquanto o técnico, um homem alto com cabelos castanhos, colocava os cones no campo e ia até as traves. Olhando ao redor, Oliver contou vinte crianças ou mais, todos meninos, e todos mais ou menos com a mesma idade e altura que Connor. Ele olhou para os pais, indo se sentar nos pequenos bancos atrás deles. Seu olhar voltou para Connor que tinha terminado de colocar as chuteiras e tirado a blusa, a tempo de ver o técnico soprar o apito, sinalizando para as crianças entrarem no campo.

Connor correu junto com Nickolaus para o meio do campo onde o técnico começava a distribuir coletes de duas cores diferentes, amarelo e vermelho, enquanto ia chamando cada garoto.

Oliver olhou para Chloe, percebendo o espaço vazio entre eles com Connor no campo agora e ele se aproximou mais. "Então, como é o treino? Eles se dividem, fazem exercícios ou um mini-jogo?"

Chloe manteve os olhos no campo enquanto apontava na direção das crianças, a voz suave tentando explicar como eram os treinos normalmente. "Ele sempre começa treinando algumas jogadas e dependendo do dia ensina novos chutes e jogadas, mas não vai fazer isso hoje já que tem um jogo amanhã. Hoje eles vão relembrar tudo que aprenderam essa semana, fazer alguns exercícios e então jogar uma pequena partida. Por isso que eles estão com os coletes."

Oliver assentiu, entendendo facilmente. "Acho que na feira de livros vou comprar alguns sobre futebol", ele riu.

Chloe ficou parada ali, a alguns passos dele enquanto olhava ao redor pelo canto do olho. Ela observou o olhar dele seguir cada movimento que Connor fazia no campo, assistindo a tudo com ávido interesse.

Ela engoliu em seco enquanto dobrava a blusa de Connor sobre o braço. "Tenho certeza que se você demonstrar interesse em aprender alguma coisa, ele vai gostar de te ensinar. Ele é como um dicionário ambulante sobre futebol... é até meio assustador..." Ela deu risada levemente enquanto o técnico soprava o apito novamente.

"Que bom que ele puxou a você nesses aspectos", Oliver sorriu e voltou a olhar para o campo, onde o técnico dava instruções para as crianças sobre em que posições deveriam jogar. Algumas crianças conversavam, não prestando muita atenção. Mas Connor estava atento, mantendo contato visual com o técnico.

"Eu amo que ele esteja tão interessado e dedicado sendo tão pequeno." Virando-se, Oliver sorriu para Chloe. "E ele é tão educado e respeitoso... qual seu segredo?"

Chloe deu de ombros. "Verdade... mas eu não tenho ideia." Ela sorriu para Oliver. "Eu esperava que ele fosse me dar trabalho igual ao pai... mas eu não sei. É como se ele soubesse que eu precisava que ele não fosse tão difícil."

Ela olhou para o campo e respirou fundo enquanto continuava falando. "Quando ele nasceu... eu estava apavorada." Chloe guardou para si mesma como tinha chorado por Oliver por três semanas diretas antes de ficar brava com ele por ter esquecido dela tão facilmente.

Ela afastou os pensamentos e clareou a garganta. "Ele era tão pequeno e eu achei que ia quebrá-lo. Eu não tinha ideia do que fazer com um bebê... Me dê firewalls e algoritmos complicados qualquer dia, mas um bebê..." Ela parou e deu de ombros. "Os primeiros meses foram difíceis, mas depois as coisas pareciam ir dando certo. Eu li muitos livros..."

Chloe deu risada novamente. "E Connor e eu... somos muito próximos. Ele sempre se comporta bem... e é extremamente protetor. Mesmo quando era pequeno não gostava de me compartilhar."

Um sorriso caloroso se espalhou nos lábios de Chloe enquanto olhava para Oliver. "Quando ele era mais novo, os amigos dele vinham até em casa e ele ficava bravo se eles me abraçavam e mesmo agora ele está sendo super protetor comigo e as pessoas com quem ele se preocupa... uma coisa que ele puxou de você."

Oliver arfou e olhou pra ela, incerto de como receber o elogio e olhou de volta para o filho, que estava correndo e bloqueando os oponentes. "Eu não tenho certeza se é só de mim... a Watchtower tinha seu próprio jeito de ser super-protetora..." Ele deu um risinho enquanto olhava pelo canto do olho. "Como jogar um caminhão de três toneladas no seu caminho pra te salvar..."

Chloe deu de ombros. "Se eu não tivesse feito, alguém teria... você é importante para a equipe... um líder, eles precisam de você. Era só uma questão de tempo até alguém jogar algum senso em você. Só aconteceu de eu chegar antes."

Mexendo-se, ela segurou o braço de Oliver levemente enquanto ficava na ponta dos dedos, um sorriso cobrindo seu rosto vermelho, a voz cheia de orgulho enquanto seguia Connor com os olhos, ele estava correndo e em seguida deu um chute que foi direto para o fundo da rede. "Você viu? Ele não é garoto mais lindo do mundo? Ele desvia das pessoas como se elas nem estivessem ali, seus reflexos me impressionam e olha que eu assisto ele o tempo todo. Ele é tão preciso... é uma... obra de arte", ela balançou a cabeça levemente.

"Você vai ver amanhã no jogo..." Ela abaixou a voz e se inclinou na direção dele, olhos ainda em Connor. "Nosso filho é... por falta de uma palavra melhor, foda, e é tão errado mas eu adoro ver ele passando pelas outras crianças e fazendo gols... quer dizer, mesmo... é impossível não gostar..." Ela olhou pra ele, finalmente percebendo que tinha chegado muito perto. Mordendo o lábio, ela se afastou levemente, suas mãos soltando o braço dele lentamente.

Oliver não a percebeu se afastando, seus olhos estavam colados no filho enquanto os colegas bagunçavam seu cabelo em cumprimento antes de voltarem para o treino.

"Acho que é impossível não gostar", ele se virou pra ela, orgulho brilhando em seus olhos. "Eu nunca imaginei que pudesse ser assim..." Ele viu Connor roubando a bola de outro jogador, e olhou de volta para o campo enquanto seu filho dava um passo para outro colega. "É gratificante."

Ela assentiu. "E é... sabe, antes de Connor, eu costumava pensar que não havia nada melhor no mundo do que completar uma missão... crianças nunca estiveram em meus planos, mas Connor... ele é uma mistura perfeita de..."

Chloe parou, sua voz suave enquanto desviava o olhar. "É como se todas as nossas qualidades tivessem se juntado nesse pequeno pacote e... ele é simplesmente perfeito. Eu sei que isso provavelmente parece estúpido..." Ela deu de ombros, passando os braços ao redor do corpo por causa do frio que atravessou sua espinha.

Oliver balançou a cabeça. "Não... definitivamente ele é perfeito." Um canto da boca dele tremeu ao ver Connor chutar a bola para o fundo do campo, outro passe certo para um dos colegas. "Embora... acho que conforme ele vá crescendo, vamos descobrir que ele herdou minha confiança..." Ele riu. "Eu já posso dizer que ele vai ser convencido como eu era."

Ele se virou pra ela com um risinho antes de perceber o jeito que ela esfregava os braços e tirou a jaqueta de couro e passou sobre os ombros dela.

Chloe bufou. "Desculpe, você disse que era?" Seus olhos brilharam com diversão. "Você está querendo dizer que não é mais convencido?" Ela ergueu uma sobrancelha, mas não esperou pela resposta dele antes de recomeçar a falar. "Além do mais, eu já percebi isso, ele tem seus momentos 'Eu sou Connor' quando olha pra mim do mesmo jeito que você costumava olhar. Sabe, aquele olhar que você me dava quando eu negava alguma coisa que você queria, você parecia confuso com o fato de eu dizer não a Oliver Queen... Sim, nosso filho faz isso."

Ela virou a cabeça na direção de Connor. "Confiança, assertividade - boas qualidades... não muito convencido. Embora ele já jogue o charme nas professoras..." Ela balançou a cabeça. "Elas amam ele... Mas como não amar?" Ela observou Connor marcar outro gol e suspirou contente.

Oliver balançou a cabeça em diversão. "Espera até ele começar a se interessar por garotas..." Ele ergueu as sobrancelhas. "Você acha que eu era convencido? Imagine minha confiança e beleza combinada com a sua..." Uma risada lhe escapou. "Você vai atirar garotas pela porta."

Ela lhe deu um meio sorriso e seu estômago afundou com as palavras dele. 'Você vai atirar garotas pela porta', implicando que ele não estaria mais ali.

O coração de Chloe apertou ao perceber que não queria espantar as garotas sozinha e não queria ser a única mulher nos jogos de futebol que não tinha um pai orgulhoso do lado. Ela queria que Oliver fizesse parte da vida de Connor... Não só agora, mas sempre.

Ela respirou fundo, as emoções de repente tomando conta e ela deu um passo pra trás. Sua voz levemente trêmula quando falou e apontou para os bancos. "Eu vou... me sentar."

Oliver assentiu. "Parece ótimo, eu vou com você." Ele caminhou atrás dela, olhando por sobre o ombro para o time, para não perder nada do que as crianças estavam fazendo.

Ela foi até um dos bancos onde havia outros pais sentados e deu um passo na direção de um mais vazio e mais uma vez se concentrou em Connor enquanto Oliver ao lado dela fazia o mesmo. Chloe tentou manter o foco no treino, mas não pôde deixar de perceber a proximidade e o jeito que sentia o calor do corpo dele e com a jaqueta dele.

Chloe lambeu os lábios repentinamente secos enquanto conversava. "Então, eu estava me perguntando se você já sabe quanto tempo vai ficar? Eu não estou tentando fazer você se sentir incomodando... eu só estou curiosa. Quer dizer, e a Queen Industries e a Liga? Eles... sabem que você está aqui?"

Oliver suspirou. "Queen Industries... não muito. Mas estou conduzindo as reuniões pelo laptop por enquanto." Ele deu de ombros olhando Connor. "E a Liga sabe. Bem - não a base Leste..." ele olhou pra ela, mantendo o olhar. "Achei que você não ia querer Clark sabendo ainda... mas Vic e Hal sabem."

Ela apertou os lábios e assentiu. "Eu agradeço... Mas você não respondeu minha pergunta, quanto tempo você vai ficar, ou melhor, quanto tempo você pode ficar? Porque eventualmente vamos ter que dizer a ele porque você está aqui de verdade..." Ela parou de falar quando o técnico soprou o apito novamente sinalizando um tipo de intervalo enquanto as crianças se alinhavam e ele começava a conversar com eles e gesticulava para o campo.

Oliver assentiu. "É, eu sei. Mas como eu disse, eu gostaria que ele me conhecesse antes de contarmos a ele..." Ele olhou de volta para o campo. "Eu acho que vai ser fácil pra ele entender nosso relacionamento melhor depois que souber de mim sem pressão." Ele ergueu uma sobrancelha quando viu os garotos se alinharem novamente. "O que eles estão fazendo agora?"

Chloe suspirou por não ter ainda uma resposta clara de Oliver. Ela desejava que ele dissesse quando ia embora para ao menos se preparar mentalmente. Por alguma razão viver sem ele nos últimos seis anos tinha sido mais fácil quando ele não sabia sobre eles. Agora que ele sabia... Quando ele fosse embora, estaria deixando eles, algo que ela não sabia como ela ou Connor iriam lidar.

Ela deu de ombros. "Eu não sei. Parece que ele está dando uma bronca neles. Acho que algumas crianças erraram as jogadas, então acho que ele está dando uma reprimenda por eles não terem prestado atenção às aulas que ele deu durante quatro dias."

"Ah", ele se mexeu levemente. Apostava que era o único pai que não sabia o que estava acontecendo. E só piorava imaginar quantos jogos havia perdido. Ele virou o pescoço e olhou ao redor para todos os pais sentados nos bancos, percebendo a quantidade de pais e pensando em quantos deles tinham ajudado seus filhos a darem o primeiro chute em casa, encorajando-os a praticar.

Ele olhou de volta para Chloe. "Por mais que eu saiba que é um dom natural, posso imaginá-lo jogando bola lá fora durante horas só pra treinar o suficiente." Oliver lhe deu um pequeno sorriso. "Se você tivesse ficado.." Ele parou, sua garganta tremendo com o mero pensamento. "Eu imagino se ele teria a mesma paixão pelo futebol ou se teria escolhido outra coisa..."

Ele olhou de novo para o meio do campo onde Connor chutava a bola de longe. "Ele é um jogador talentoso para uma criança de seis anos... Por mais que as circunstâncias doam, fico feliz que ele tenha encontrado alguma coisa que ele goste." Oliver se virou pra ela, os olhos suaves. "Isso faz algum sentido?"

Ela se encolheu às palavras, mas manteve os olhos em Connor seguindo seus movimentos fluidos pelo campo com o recomeço da partida. Ela tinha certeza que se tivesse ficado com Connor não ia gostar de Oliver os abandonando para ficar com Dinah. Podia se sentir culpada por privar Oliver do filho durante seis anos, mas sabendo como as coisas teriam acontecido, estava agradecida por ter partido.

Pelo menos agora, Connor tinha uma chance honesta de conhecer Oliver pela pessoa decente que ele era e não pela pessoa que Connor pensaria dele por abandoná-los por outra pessoa.

Seu tom foi seco, mas não maldoso quando falou. "Sim, faz sentido."

Oliver se encolheu às palavras. Tinha se perguntado se ela tinha se arrependido de ter partido, mas aparentemente esse não era o caso. Engolindo em seco, ele manteve os olhos no campo e mudou de assunto. "Que horas o treino termina?"

Connor viu Chloe e sorriu e o rosto dela se iluminou imediatamente enquanto acenava de volta. "Por volta das sete e meia. E então o técnico conversa um pouco... normalmente saímos por volta da sete e quarenta e cinco."

Chloe olhou para o campo e para Oliver momentaneamente. "A locadora não é longe então podemos pegar os filmes e ir pra casa... se estiver tudo bem pra você."

Oliver assentiu. "Claro." Ele inclinou-se perto dela, colocando a mão em um dos bolsos de sua jaqueta antes de pegar as chaves do carro dela. "Suas chaves estão no bolso direito da minha jaqueta, você se importa de dirigir até a loja depois do treino?"

Chloe ergueu as sobrancelhas, mas deu de ombros. "Claro... sem problema." Ela voltou os olhos para o campo e observou Connor fazer a última série de exercícios com as outras crianças. Observou ele forçar bastante, conseguindo uma certa vantagem em relação às outras crianças. Ele terminou a série de exercícios e quando o apito soou pela última vez, o técnico os mandou pegar as garrafinhas enquanto falava com eles por mais alguns minutos antes de dispensá-los.

O técnico foi com Connor até Chloe e acenou com um sorriso no rosto. Chloe se levantou e retornou o sorriso enquanto Connor corria na frente, a voz do técnico um pouco alta para ser ouvida. "Gutten Abend Miss Hawke, Wie geht es ihnen (Boa noite, Sra. Hawk. Como vai)?"

Ela observou Connor ir pegar a bolsa e olhou para o técnico. "Ich bin gut und tun Sie (Eu vou bem, e você)?"

Ele assentiu vendo o homem que estava ao lado de Connor. "Connor hat grobe Natch, aber ich bin sicher, dass Sie sich nicht wundern (Connor foi ótimo hoje, mas tenho certeza que você não está surpresa)." Ele sorriu e Chloe deu risada. Quando Oliver olhou em sua direção ele sorriu, começando a falar em inglês e estendendo a mão. "Olá, eu sou o técnico Hartmann."

Apertando a mão dele, Oliver assentiu. "Eu sou Oliver."

O técnico sorriu e soltou a mão dele quando Connor chegou e ficou entre eles, a bolsa no ombro. Os olhos do técnico foram para Connor, e então viajaram de volta para Oliver com as sobrancelhas erguidas. "Você deve ser..."

"Um amigo da família..." Chloe interrompeu o técnico e ele olhou pra ela, apertando os lábios antes de olhar para Oliver novamente e então de volta. "Ah... bem, que bom conhecê-lo."

"Igualmente", Oliver respondeu, percebendo que o técnico sabia exatamente o que estava acontecendo quando ele olhou pra eles.

"Imagino que você esteja na cidade pra ver Connor jogar amanhã?" O técnico olhou entre eles de novo.

Connor balançou a cabeça. "Não, Oliver veio visitar minha mãe, a gente não se conhecia."

Oliver clareou a garganta. "Mas eu vou ficar por um tempo, então definitivamente vou assistir o jogo amanhã", ele interrompeu.

Chloe sorriu para o técnico e correu as mãos pelas costas de Connor. "Como ele foi hoje? Alguma recomendação para o jogo de amanhã? Aquele foi o novo movimento que eles falaram que iam aprender? Ou uma variação do que foi ensinado antes?"

"Como sempre, Connor foi muito bem", o técnico explicou enquanto colocava as mãos pra trás. "No entanto, eu realmente gostaria que Connor treinasse esse novo chute." Ele se virou para Oliver. "Eu sei que ele está na liga infantil, mas a maioria das crianças só pensa em movimentar as pernas e chutar. Gostamos de ensiná-los agora como usar os quadris pra que melhorem o jogo com o passar dos anos."

Oliver franziu a testa. "Os quadris? Ele não tem nem sete anos."

"Faltam só três meses", Connor corrigiu.

"Certo, mas não é um movimento difícil. Eu gostaria que Connor trabalhasse isso nas próximas semanas. Ele tem reflexos mais rápidos que os outros garotos, eu quase o coloquei como goleiro", ele sorriu para Connor. "Mas eu sei que ele quer jogar na linha."

Connor sorriu, claramente concordando. "Obrigado, técnico."

Chloe deu risada e sorriu assentindo. "E Connor agradece. Não se preocupe, vamos garantir que ele treine nas próximas semanas. Obrigada de novo. Nos vemos amanhã no jogo."

Ele assentiu na direção deles antes de acenar e ir até outros pais que esperavam pra falar com ele. Chloe pegou a bolsa de Connor e o cutucou na direção do carro enquanto pegava as chaves no casaco de Oliver que ela ainda estava vestindo. "Então, pronto pra ir até a locadora?"

Oliver os seguiu, observando o filho entrar no banco de trás e Chloe no do motorista, abrindo a porta pra ele e arrumando o banco para que pudesse dirigir.

"Sim, qual filme vamos pegar?" Connor perguntou enquanto colocava o cinto.

Oliver entrou no carro, também colocando o cinto. "Estávamos ocupados olhando você treinar." Ele olhou pra trás, sorrindo para Connor. "Seu time deve ganhar muitos jogos."

Connor deu de ombros. "Nem sempre ganhamos, e a mamãe diz que está tudo bem... mas eu fiquei triste porque a gente perdeu o campeonato do ano passado."

Oliver ergueu a sobrancelha. "Campeonato? Você tinha só cinco anos, certo?"

Franzindo a testa, Connor deu a Oliver um olhar incrédulo. "Só metade do ano, então eu fiz seis..."

"É uma grande conquista, chegar até a final", Oliver sorriu de novo. "Eu teria amado ver você jogar."

O filho deles franziu a testa. "Você pode ver, a mamãe filma todos os meus jogos."

Chloe assentiu, olhando brevemente para Oliver antes de sair com o carro e hesitou antes de falar, a voz suave. "Se você quiser... podemos assistir. Eu gosto de gravar tudo..." Ela deu de ombros enquanto virava à direita. "E eu queria ter tudo registrado, para o caso de... Connor querer ver a si mesmo jogando."

A verdade era que ela filmou cada passo de Connor desde que ele nasceu para o caso de Oliver voltar para suas vidas. Nunca achou que ele fosse voltar, mas se sentia melhor fazendo isso.

A voz de Oliver ficou presa na garganta. "P-podemos? E-- quer dizer..." Ele engoliu em seco e respirou fundo olhando para o banco traseiro. "Você quer?"

Connor tentou se endireitar, mais animado que antes. "Mamãe, podemos? A gente aluga Robin Hood outra noite." Ele sorriu para Oliver. "Assim vai ser mais fácil você entender o jogo amanhã, oh! E eu posso te mostrar o gol que eu marquei!"

Chloe assentiu. "Claro, podemos fazer isso." Ela fez outra curva e foi pra casa ao invés de ir para a locadora. Menos de dez minutos depois estava parando o carro na frente de casa. Connor pegou a bolsa e abriu a porta do carro antes de correr até a porta da frente. Chloe deu risada ao ver o entusiasmo do filho enquanto seguia Connor com Oliver.

Olhando por sobre o ombro, Connor sorriu para Oliver e sua mãe. "Podemos começar com meus primeiros jogos, assim você vai ver que eu melhorei!" Ele parou por um momento. "Pode, mãe? Eu posso ficar acordado até mais tarde?"

Chloe abriu a porta e deixou Connor entrar e o seguiram pra dentro. Ele jogou a bolsa perto da porta e Chloe franziu o nariz enquanto Oliver fechava e trancava a porta. Sua voz leve quando falou. "Vamos fazer o seguinte, se você tomar banho e colocar o pijama, depois de guardar suas coisas, eu deixo você ficar acordado por mais uma hora... Que tal? Eu não quero você acordado até muito tarde porque seu jogo amanhã é no meio do dia e eu sei que você vai querer estar bem descansado."

Connor assentiu com um leve dar de ombros. "Tudo bem." Ele jogou a bolsa sobre o ombro e subiu as escadas, mas parou no topo e olhou de novo pra trás. "Já que não compramos salgadinhos, podemos comer a torta que sobrou?"

Ela deu risada. "Quando eu disse não para torta? E eu não sei quanto a você, mas eu estou com vontade de comer pipoca." Ela inclinou a cabeça para o lado e assentiu na direção da cozinha. "Eu vou preparar tudo enquanto você vai tomar banho."

"Ok", Connor disse e correu para o quarto.

Assim que a porta do quarto de Connor se fechou, Oliver se virou para Chloe, um pequeno sorriso nos lábios. "Obrigado... Você não precisava sugerir isso, e eu sei que você fez por mim."

Chloe olhou pra baixo e deu de ombros, percebendo que ainda estava usando a jaqueta de Oliver. Ela tirou e entregou pra ele, a voz suave. "Obrigada de novo, pela jaqueta... e não é nada de mais, eu vi o jeito como você assistiu o treino... achei que você ia gostar de ver."

Ela foi para a cozinha enquanto continuava falando por sobre o ombro. "Como eu disse antes, eu filmei tudo... ou fotografei... só pra você sabe, ter." Ela mordeu o lábio e começou a procurar a pipoca.

Não queria dizer a ele que tinha feito pra ele. Que toda vez que tirava uma foto, ou filmava um jogo, uma brincadeira ou evento, era porque achou que ele ia querer ver esses momentos... Ou que um dia seriam uma família novamente. Pensamentos bobos que eram obviamente infantis porque Oliver não era uma parte da família. Ele tinha sua própria família... a equipe, Dinah, e quando Chloe partiu ela perdeu essas coisas. Agora tudo que tinha era Connor.

Oliver pegou a jaqueta e a seguiu até a cozinha, colocando a jaqueta em uma das cadeiras. "É uma grande coisa... quando eu vim pra cá, pensei que você não ia querer nada comigo... que você não ia querer que eu o conhecesse."

Ele parou, estudando-a por um momento. "Mas você está me deixando conhecê-lo sem resistência, então estou começando a achar que eu estava errado."

Ela pegou um pacote de pipoca e se virou pra ele. Abriu a boca e parou, apertando os lábios e se recostando no balcão para estudá-lo. Ela escolheu as palavras cuidadosamente, o tom suave. "Bem, não quero ser rude, mas você está errado. Quer dizer, eu entendo seu pensamento, mas não é o caso... nunca foi o caso."

Chloe engoliu em seco e foi colocar a pipoca no micro-ondas. Nunca tinha questionado a habilidade de Oliver de ser um bom pai... Não percebeu que quando partiu e ele descobriu sobre Connor, que era onde sua mente estaria imediatamente. Chloe mordeu o lábio levemente. Talvez fosse hora de explicar alguma coisa... alguma coisa que mostrasse que ela não queria afastá-lo completamente.

Ela falou, a voz mal um sussurro. "Eu tenho uma coisa pra você... quer dizer, se você quiser. Desde que Connor nasceu eu faço cópia de tudo. Tem relatórios... projetos de escola, vídeos de jogos, não têm muitos é claro, ele está começando agora..."

Chloe umedeceu os lábios antes de continuar, só o barulho do micro-ondas além de sua voz. "Só porque você não estava aqui... não significa que você tinha que perder tudo... a primeira palavra... os primeiros passos. Eu consegui registrar a maioria..." Sua voz parou quando o micro-ondas bipou e ela pegou uma tigela para colocar a pipoca e não virou pra ele com medo da reação dele às suas palavras.

Ele manteve os olhos nela enquanto refletia sobre as palavras. Pensou que estavam progredindo, mas era como se cada vez que as coisas ficavam bem entre eles, ela arruinava tudo com algum comentário e ele queria escolher bem as palavras antes de responder.

"Eu quero tudo... claro." Oliver manteve o olhar. "Mas acho que ficaria melhor se assistisse sozinho. Connor vai fazer muitas perguntas e francamente, pode parecer bobo eu chorar enquanto assisto." Ele respirou, tentando relaxar. "Obrigado por me oferecer as cópias."

Ela assentiu e desviou o olhar, o coração apertado. "Eu não quis dizer pra você assistir com ele... acho que nem eu seria capaz de disfarçar e honestamente não gosto de mentir para Connor. Então... eu vou juntar tudo pra você no fim de semana... se você quiser assistir sozinho pode aproveitar quando eu e ele estivermos na escola", ela suspirou enquanto abria a geladeira para pegar a torta. Voltou para a mesa, a colocou ali e foi para o armário pegar três pratos.

"Você não precisa me agradecer, Oliver, você é o pai dele... tem todo o direito de ver isso." Ela pegou uma faca e começou a cortar a torta. "Você quer um pedaço?"

Oliver balançou a cabeça. "Não, obrigado, ainda estou cheio do jantar."

Chloe assentiu e hesitou antes de olhar pra ele. "Você se importaria em subir e dar uma olhadinha no Connor? -- Ele está muito quieto e isso não é anormal, mas mesmo assim... não sei se ele vai deixar você ajudá-lo a tomar banho, mas pode tentar e se ele não deixar é só me chamar... tudo bem? Você se importa?" Ela sabia que Oliver queria conhecer Connor e estava tentando lentamente incorporá-lo a vida de seu filho sem que as coisas fossem estranhas para Connor. Mas não queria forçar Oliver... Tinha medo de assustá-lo a ponto dele voltar pra casa.

"Não me importo, não sei o quanto ele grita quando não concorda, no entanto." Ele estava saindo da cozinha quando parou. "Me chama se precisar de alguma coisa." Indo pelo corredor, ele subiu os vinte degraus até o andar de cima e foi até a porta do banheiro, batendo levemente.

"Sim?" Connor respondeu através da porta.

"Hum... sua mãe pediu pra eu dar uma olhadinha em você", Oliver respondeu nervoso.

"Por quê?" Oliver não podia ver através da porta, mas podia facilmente ver Connor com a sobrancelha erguida enquanto fazia a pergunta.

"Bem", Oliver lambeu os lábios nervosamente. "Ela é mãe, elas se preocupam... Eu não tenho que entrar, mas você pode conversar comigo pela porta." Ele ouviu o barulho da água seguido por um 'ok' e Oliver descansou as costas contra a parede ao lado da porta, deslizando até estar sentado no chão.

"Você está dolorido por causa do treino?"

"Não", Connor respondeu. "Mas é porque o técnico faz a gente alongar antes do treino."

"Isso é muito importante. Há quanto tempo ele é seu técnico?" Oliver perguntou curioso.

"Desde que eu tinha cinco anos. Ele também ensina para as outras séries da minha escola."

Oliver assentiu, mesmo sabendo que Connor não podia vê-lo. "E você gosta da sua escola?"

"Sim..." Connor respondeu baixinho. "Meus amigos estão lá, e o técnico está lá..."

Oliver podia dizer pelo tom de voz que Connor estava hesitante, do mesmo jeito que acontecia com a voz de Chloe quando ela estava incerta. "Tem alguma coisa errada? Você não parece muito convencido."

"A Alemanha fica fora do território do Arqueiro Verde... Então, tem pouca chance da gente se conhecer."

Apertando os lábios, Oliver tentou imaginar o melhor jeito de lidar com a situação.

"Você acha que ele sabe?" Connor perguntou, interrompendo seus pensamentos.

"Ahn? Se eu acho que ele sabe o quê?" Oliver franziu a testa confuso. Connor não lhe respondeu e Oliver se inclinou na direção da porta.

Ele foi recebido pelo silêncio de novo e Oliver sentiu o coração parar. "Connor? Connor, eu vou entrar."

Levantando-se, Oliver segurou a maçaneta, abrindo a porta e entrando em pânico. Gelou quando viu o filho sentado na banheira cheia até a metade de água, as pernas puxadas contra o peito e seguras pelos braços enquanto descansava a cabeça nos joelhos.

"Você está bem, atleta? Você me assustou quando não respondeu..."

Connor manteve o olhar no canto da banheira. "Sim... eu só pensei se ele sabe que a mamãe e eu viemos embora."

Oliver engoliu em seco, nunca tendo ouvido uma criança parecer tão vulnerável antes e se encontrou segurando-se no balcão. "Eu tenho certeza que ele não sabia sobre você, Con... não imagino ele não querendo te ver."

"Mas então por quê? Por que ele não está aqui?" Connor fez um bico.

Suspirando, Oliver se sentou no balcão. "Sua mãe sempre foi corajosa, Connor... e talvez ela teve que partir pra te proteger... o Arqueiro Verde tem muitos inimigos. E eles podiam ir atrás de você e sua mãe pra atingi-lo."

Connor olhou pra ele pela primeira vez desde que ele tinha entrado no banheiro. "Você acha que ele teria ido aos meus jogos se soubesse sobre mim?"

Oliver sentiu as lágrimas nos olhos. "Sim... sim, eu tenho certeza que ele teria sentado ao lado da sua mãe, pra torcer por você."

Connor assentiu, aceitando as palavras de Oliver com facilidade. "Eu vou garantir que um dia ele me veja jogar."

Oliver sentiu como se o coração tivesse girado dentro do peito, e não queria mais nada além de contar a Connor naquele momento que ele sempre foi querido e amado, mesmo Oliver não sabendo dele até agora. Mas ele ainda era um estranho para Connor e ainda havia algumas coisas que ele não conseguiria explicar. Não podia responder todas as dúvidas que ele tivesse.

Franzindo a testa, Connor olhou para Oliver. "Você acha que ele tem outros filhos?"

Oliver piscou, sem entender. "O quê?"

"Aquela foto dele com a Canário Negro... Você acha que eles têm uma família?" Connor voltou a olhar para a água.

"Não... eu duvido, mesmo com a Canário, nenhum cara esqueceria sua mãe o suficiente para formar outra família", Oliver lhe deu um pequeno sorriso.

O rosto de Connor se animou com esperança. "Então, você acha que ele ainda ama minha mãe?"

Oliver apertou os lábios enquanto seu coração apertava. Ele respirou bruscamente e forçou outro pequeno sorriso. "Eu acho que seu pai ainda ama sua mãe."

Connor assentiu. "Ok, então... ele só tem que voltar pra gente", ele decidiu com determinação antes de olhar para Oliver de novo. "Você pode me dar a toalha?"

Levantando-se do balcão, Oliver pegou a toalha e entregou a Connor antes de desviar o olhar. "Eu vou descer e esperar com sua mãe."

Connor assentiu e observou Oliver sair do banheiro. Chloe ouviu os passos e colocou a cabeça no corredor, da sala onde estava organizando os filmes, a comida e bebidas.

Ela observou Oliver descer as escadas com uma expressão distraída e franziu a testa. "Ollie... Tudo bem? Connor está bem?"

Oliver prendeu a respiração e desceu o último degrau olhando para Chloe. "Sim, sim, ele está bem." Seu olhar foi para o chão. "Chloe... Alguma vez ele perguntou sobre m- quer dizer... ele pergunta sobre o pai?"

Chloe gelou por um segundo, não esperando aquela pergunta, mas sabendo que ele deveria estar perguntando por alguma razão. Ela estendeu a mão cautelosamente até o braço dele, fazendo-o olhar pra ela enquanto o puxava gentilmente pra longe das escadas.

Ela lambeu os lábios antes de falar baixinho, um tom de incerteza na voz. "Ele perguntou de você algumas vezes... e eu disse a verdade..." Ela olhou pra baixo, engolindo em seco, a voz ainda mais baixa que antes. "Que o pai dele e eu nos amávamos e mesmo quando você ama alguém mais do que tudo no mundo, algumas coisas não dão certo."

Lágrimas em seus olhos, mas ela não olhou pra cima enquanto continuava. "E quando ele perguntou porque você não estava aqui... eu disse... que você era um heroi... e se você pudesse estar conosco você não estaria em nenhum outro lugar do mundo... mas ele tinha que lembrar que não importa o quanto você estivesse longe, não havia ninguém que o amasse mais..."

Oliver sentiu as lágrimas no canto dos olhos enquanto tentava engolir um soluço antes que pudesse escapá-lo. Quaisquer que fossem os razões pra ela partir, Chloe não precisava responder as perguntas de Connor. Ela podia ter sido desonesta e dito a Connor que seu pai tinha morrido em um acidente ou alguma coisa assim, mas ela não fez isso.

Sem pensar, ele puxou Chloe para seus braços, descendo a cabeça até o ombro dela. "Obrigado", ele sussurrou contra ela, se demorando enquanto mantinha o abraço.

Chloe ficou tensa ao sentir os braços ao redor dela, mas quando ele não soltou ela relaxou em seu abraço, abrindo os braços e os envolvendo no pescoço dele enquanto fechava os olhos, algumas lágrimas descendo deles. Depois de seis anos, estar nos abraços dele fazia muitas emoções diferentes girarem... mas se tivesse que escolher uma palavra pra descrever a sensação dos braços dele a envolvendo... seria casa.

Ela era tão familiar -- seis anos tinham se passado e seu corpo de algum jeito ainda sentia o mesmo com a pequena forma dela em seus braços. Ele se lembrava de noites como essa tão facilmente, como se as lembranças fossem recentes e tivessem acontecido ontem quando procuravam abrigo e segurança um no outro. Mas ele sabia bem que as coisas não eram mais as mesmas entre eles.

Sabia que não podia esperar por isso.

"Por que vocês estão se abraçando?" Connor perguntou atrás deles e Oliver pulou afastando-se de Chloe como se tivessem jogado água nele.

"Somos amigos!" Oliver disse um pouco abruptamente antes de clarear a garganta. "E amigos... se abraçam."

Connor olhou para sua mãe ceticamente. "Nick e eu não nos abraçamos..."

Chloe mordeu o lábio e deu a Connor um pequeno sorriso. "Bem, por que não? Vocês são muito machões pra abraçar? Porque saiba que eu ouvi dizer que abraços podem curar qualquer coisa..." Ela sorriu antes de ir até ele e começar a fazer cócegas fazendo-o dar risada e ele tentou passar por ela brincando. Mas ela o segurou e o puxou para um grande abraço.

Connor deu risada e revirou os olhos enquanto abraçava Chloe de volta. "Você é tão boba, mamãe."

Ela o soltou e deu um risinho. "Mas você não se sente melhor quando eu te dou um abraço especial? Você não sabe que eu dou os melhores abraços? Eu sei que ele cura. Porque eu sou demais."

Ela olhou para o filho pelo canto do olho e ele estava balançando a cabeça, mas sorrindo. "Sim, sim... você é ok."

Chloe arfou, colocou a mão sobre o coração e fez bico. "Agora isso doeu... você está tentando dizer que existe uma mãe melhor que eu por aí? Porque eu gostaria de conhecê-la." Oliver observou os dois e sorriu.

Connor levantou a mão para impedir a mãe de fazer cócegas novamente. "Isso depende... você cortou torta pra mim?"

Chloe lhe deu um olhar pensativo. "Hmm, é possível..."

O sorriso dele se abriu mais. "Então você é a melhor mãe do mundo!"

Ela sorriu. "E você é o meu cara favorito."

"Você pegou os discos com meus jogos?" Connor olhou para o relógio. "Não vai dar tempo de ver tudo mas você disse que eu podia ficar acordado até um pouco mais tarde.

Chloe assentiu. "Eu sei e é claro que eu peguei. O que você acha que eu estava fazendo esse tempo enquanto você estava nadando na banheira?" Ela deu risada e assentiu na direção da sala.

Connor correu e ela e Oliver o seguiram enquanto ele pegava o controle e pulava no sofá, sentando-se no meio dele, diretamente em frente a TV. Chloe apontou para a torta na mesinha na frente dele. "Temos torta, pipoca, leite pra você e água pra gente. É só apertar o play, eu já coloquei no seu primeiro jogo."

Oliver foi para o lado esquerdo de Connor, quando ele estendeu a mãozinha para pegar a torta. Ele arqueou a sobrancelha enquanto olhava para Oliver. "Não quer comer?"

Balançando a cabeça, Oliver se sentou. "Não, só água. Ainda estou cheio do jantar."

Connor deu de ombros e apertou o play antes de entregar o controle à mãe, e ele se virou para Oliver. "Você não pode rir se eu cair. Estava chovendo e tinha muita lama."

Oliver sorriu. "Eu prometo que não vou dar risada."

"Ok", Connor assentiu, e Oliver olhou por sobre a cabeça dele para Chloe carinhosamente, com um brilho de diversão nos olhos.

Ela lhe deu um sorriso caloroso e balançou a cabeça enquanto se sentava do outro lado do filho. Connor definitivamente herdou a auto-consciência dela. Sempre que ela fazia alguma coisa com Oliver que ela pudesse vir a ficar embaraçada, ela sempre dizia 'você não pode rir de mim...' E esse acordo com ela era o único jeito de ele convencê-la a tentar algo diferente, bem alguma coisa nova que não tinha nada a ver com sexo. Ela não precisava de muito convencimento nesse departamento.

Chloe clareou a garganta, sentindo um pouco de calor ao pensar em Oliver e sexo na mesma frase. Ela umedeceu os lábios antes de pegar uma fatia de torta e puxar as pernas pra cima do sofá. Cinco minutos depois ela e Connor tinham terminado a torta, seus pratos descartados sobre a mesa enquanto ele se esticava um pouco, a cabeça descansando contra a lateral de Chloe, pernas tocando levemente as de Oliver enquanto seus olhos estavam colados na tela assistindo atentamente.

Chloe sorriu enquanto uma versão um pouco menor de seu filho atravessava o campo, tropeçando na lama, mas ainda assim conseguindo fazer um gol. Ela falou suavemente, afeição na voz. "Eu esqueci o quanto você era menor ano passado... e do jeito que você está crescendo, logo você vai estar mais alto que eu..." Ela brincou enquanto corria os dedos no cabelo dele gentilmente.

Oliver deu risada. "Contanto que ele fique longe do café..."

Connor franziu o nariz. "Eca, sério? Café faz você parar de crescer?"

Ainda dando risada, Oliver assentiu. "Faz você parar de crescer."

Connor olhou para sua mãe por um segundo antes de balançar a cabeça. "Eu não vou mais beber café."

Chloe bufou. "Você fala como seu eu dividisse meu café com você." Ela deu risada. "Você sabe que sua mãe não divide o café com ninguém... é muito precioso. Como você, mas eu amo você mais que o café, o que realmente mostra o quanto você é especial", ela deu um beijo no alto da cabeça dele e suprimiu um bocejo.

Connor franziu a testa. "Você não pode ficar com sono... bocejo é contagioso."

Oliver deu risada. "É outro efeito colateral do café, seu corpo está tentando dizer que ele precisa de mais cafeína."

Chloe riu. "Eu não estou com sono, Con... Mas café parece ótimo. Talvez eu faça um daqui a pouco." Ela se mexeu levemente, mas Connor não se moveu.

Ela o cutucou gentilmente e ele se aconchegou mais nela. "Eu estou confortável."

Chloe franziu o nariz para Connor. "Mas eu quero café."

Connor riu e deu de ombros. "E daí? Nem sempre conseguimos o que queremos, não é o que você diz?"

Chloe revirou os olhos. "Acho que você entendeu errado, garoto. Eu sou adulta, e os adultos sempre conseguem o que querem... você é criança e por isso só às vezes consegue o que quer."

Connor olhou para a mãe com as sobrancelhas erguidas. "Então, você está dizendo que você tem tudo que você quer?"

Chloe abriu a boca pra falar quando viu Oliver pelo canto do olho. Não... ela não tinha tudo que queria.

Ela engoliu em seco e lhe deu um pequeno sorriso, mas seus olhos não brilhavam do mesmo jeito que antes. "Eu tenho você... o que mais eu posso querer?" Ela tentou quebrar a tensão com uma resposta mais leve. "... além do meu café, claro."

Connor deu de ombros. "Torta... você sempre reclama quando a padaria fica sem..." Chloe abriu a boca para protestar quando Connor pulou, batendo freneticamente no braço de Oliver. "É agora! Nesse chute, presta atenção!" Ele disse animadamente.

Oliver seguiu os olhos de Connor para a tela, seu olhar completamente colado na ação que Chloe havia registrado com a câmera. Um colega de Connor deu um chute muito alto na direção do gol e para o lado, fazendo a bola bater na trave. Por um momento, Oliver achou que Connor era a criança que ia chutar, mas a bola ainda estava muito alta.

Antes que a bola caísse no gramado, Oliver viu Connor pular, batendo a bola na direção do gol com a cabeça. O goleiro foi pego de surpresa porque a bola nem quicou, e foi direto para o gol, do lado contrário ao goleiro.

"E foi assim que ganhamos!" Connor sorriu enquanto continuava a assistir os coleguinhas o rodearem.

Oliver sentiu o coração inchar de orgulho, e embora estivesse feliz por poder assistir o jogo, desejava que tivesse estado ali. "Muito bom, o que te fez pensar em fazer aquilo?"

"Eu vi um jogador profissional fazendo isso, e eu só--" Connor sorriu novamente enquanto o jogo terminava, e depois de se alinharem e apertarem as mãos dos adversários, ele correu até sua mãe ansiosamente, uma marca vermelha na testa de onde a bola havia batido. "Bom, eu improvisei quando vi a bola caindo."

"Você ficou com a testa vermelha, doeu?" Oliver perguntou, observando a tela, com Connor sorrindo para a câmera de Chloe, continuamente perguntando se ela tinha visto.

"Um pouco", Connor respondeu. "O técnico disse que as crianças não fazem essa jogada, mas não ficou machucado."

"Cabeça dura então, como sua mãe", Oliver deu um risinho para Chloe.

Connor deu risada e assentiu. "É!"

Chloe franziu a testa pra eles. "Ei! Eu estou sentada bem aqui... você sabe disso certo? Nada de ficar contra a pessoa que passou dezoito horas da vida pra trazer você para este mundo."

Connor fez uma cara enquanto revirava os olhos. "Mas não foram as melhores dezoito horas da sua vida?"

Chloe bufou. "Não... o que eu ganhei depois dessas dezoito horas foram as melhores da minha vida."

Connor sorriu e olhou de lado para Chloe. "Podemos assistir o próximo agora?" Chloe assentiu e Connor se levantou para pegar o DVD seguinte. Ele voltou para o sofá enquanto Chloe apertava o play e se aconchegou ao lado dela novamente.

Oliver olhou de Connor para Chloe, e se perguntou como deveriam ter sido essas dezoito horas. Ele imaginou que ela tivesse chorado, gritado, e xingando seu nome bastante, mas teria dado tudo pra estar lá. Sabia que Chloe não o queria lá, o que só provou sua ausência durante seis anos. Mas ele conhecia Chloe bem o suficiente pra saber que ela provavelmente se sentiu assustada e sozinha quando sua bolsa estourou e tentava dar a luz a Connor sozinha. O que só cimentava como ela ainda era a pessoa mais forte que ele conhecia.

Ele voltou sua atenção para a TV, observando Connor jogar, roubando a bola de um oponente. Ele ficou surpreso em como eles eram parecidos no jeito que se moviam, apesar da diferença de idade e de Connor não ter tido Oliver por perto.

Chloe correu a mão pelo cabelo de Connor enquanto via a imagem dele na tela. Era estranho como seu filho era igual a Oliver. Tudo em Connor a fazia lembrar dele... Tinha sido difícil a princípio. Nos primeiros anos da vida de Connor ela se lembrava de ter chorado bastante. Cada expressão dele, a lembrava de Oliver e a levava às lágrimas. Ela tinha caído num estado de depressão, mas nunca deixou isso tomar conta... sempre empurrava para o lado... por Connor. Ele precisava dela.

Mas apesar de deixar suas emoções de lado, Chloe sentia falta de Oliver e até considerou voltar pra ele algumas vezes, mas Connor a fez ficar distante. Como ela podia ser egoísta e voltar por si mesma quando tinha visto o futuro? Não podia colocar o filho nessa situação não importa o quanto quisesse que fossem uma família... No dia que Connor nasceu foi o dia em que tudo que ela queria parou de importar.

Chloe olhou para Oliver enquanto ele assistia o jogo atentamente e ela se perguntou como teria sido tê-lo ali nas linhas laterais, torcendo por Connor junto com ela. Ou se preparando para os jogos e comemorando com pizza depois. Ela se voltou para a tela com a visão borrada, precisava parar de deixar esses pensamentos tomarem conta de sua mente. Não importava o que teria sido porque embora Oliver estivesse sendo civilizado com ela... até legal, não significava que tinha lhe perdoado. ela sabia que ele só estava sendo amigável porque queria conhecer o filho deles e isso era algo que ela teria que aceitar.

Na tela, Connor passava por um jogador, desviando dele e chutando a bola no gol, no ângulo enquanto deslizava pelo chão, com bola voando direto pra rede e houve uma tomada profunda de ar na TV, a voz sussurrada de Chloe sendo pega pela gravação, soando levemente triste, a voz baixa com os outros pais comemorando ao fundo. "Deus, ele se move igual a ele..."

Oliver imediatamente encontrou o olhar de Chloe e respirou fundo olhando pra ela, surpreso que estivesse em seus pensamentos e que o vídeo tivesse gravado as palavras.

Chloe segurou o controle com mais força e pausou o vídeo, engolindo em seco. Ouvindo a dor em sua própria voz e desejando que pudesse voltar no tempo e parar o vídeo antes de Oliver ouvir aquilo. Não tinha percebido que o vídeo tinha pego suas palavras e de repente se lembrou muito bem do jogo. Tinha sido no ano passado e sua mente já estava em Oliver porque tinham começado o relacionamento deles no mesmo dia há sete anos. E observar Connor trouxe lágrimas aos seus olhos.

Ela lembrou dele correndo até ela depois do jogo com o rosto vermelho de orgulho e então perguntando várias vezes se ela estava bem e porque ela estava chorando. Era bem seguro dizer que Oliver não ia terminar de ver esse vídeo.

Ela olhou para Connor, percebendo que ele tinha dormido. Podia sentir os olhos de Oliver nela e clareou a garganta, a voz baixa. "Ele dormiu..."

Oliver a estudou em silêncio por um momento antes de olhar para o filho adormecido, sua respiração lenta e relaxada. Lambendo os lábios nervosamente, Oliver olhou de volta para Chloe. "Quer que eu leve ele para o quarto?"

Ela assentiu sem olhar pra ele enquanto tirava o braço que envolvia Connor, dando a Oliver espaço para pegá-lo. "Você leva? Eu tenho que arrumar essas coisas aqui embaixo."

"Sim", Oliver respondeu enquanto deslizava os braços embaixo de Connor e o levantava contra o peito. "Você vai me ajudar a colocá-lo na cama, certo?" Oliver riu nervosamente, e bem devagar se levantou do sofá, com medo de acordar Connor. "Eu meio que sou... novo nisso e não tenho muita certeza..."

Ela balançou a cabeça e se levantou, recolhendo os pratos em silêncio. "Não... eu vou deixar você fazer isso sozinho. Tenho observando você, Oliver... você não tem nada com o que ficar inseguro. Você é natural..."

Chloe hesitou um pouco antes das próximas palavras voarem de sua boca. "Eu confio em você com ele... Se precisar de mim, vou estar na cozinha", ela tocou o braço dele levemente enquanto ia para a cozinha, seu coração disparado contra o peito.

Nos últimos dias ela não queira deixá-los fora de vista, com medo que ele fosse desaparecer com seu filho. Mas em algum momento tinha que deixar isso pra lá... confiar que ele não ia fazer nada para machucar Connor e precisava começar com coisas pequenas. Esse era seu jeito de tentar mostrar a ele que o considerava parte de suas vidas agora... Bem, mais ou menos isso. Não era um gesto muito grande, mas era tudo que podia dar a ele no momento.

Assentindo, Oliver se virou e saiu da sala, arrumando Connor cuidadosamente nos braços antes de começar a subir as escadas. Ele subiu os degraus devagar, sem querer correr a chance de acidentalmente machucar ou acordar o filho que dormia sonoramente em seus braços. Ele queria rir ao quão bobo parecia, que alguém que pulava de telhado em telhado, estivesse mais preocupado em não ser cuidadoso o suficiente ao segurar uma criança de seis anos.

Ele chegou no topo da escada, indo na direção do quarto dele. Entrou, usando a luz do corredor para dar a volta na cama de Connor.

Deitando o filho gentilmente, Oliver puxou os cobertores com lenta precisão, com cuidado para não acordá-lo. Ele se ajoelhou ao lado de Connor, cobrindo-o gentilmente antes de correr a mão pela cabeça de Connor suavemente.

Respirando fundo, Oliver lambeu os lábios ansiosamente. "Eu sinto muito não ter estado aqui... não ter dado à sua mãe uma razão pra ficar."

Ele engoliu em seco, quase engasgando com suas próprias palavras enquanto olhava para a expressão relaxada no rosto de seu filho. "Eu posso não ter sabido sobre você até recentemente... mas eu juro que te amo desde antes de você ser uma possibilidade."

Oliver respirou tremulamente mais uma vez enquanto corria os dedos pelas ondas loiras de Connor de novo. "Eu só espero que você me ame." Inclinando-se, ele roçou os lábios sobre a testa de Connor ternamente, antes de se afastar, saindo e fechando a porta atrás dele.


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11 comentários:

  1. To muito ansiosa pra o decorrer da história...e mais ansiosa ainda pra um momento Chlollie!!!

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  2. A Chloe que é tão esperta nem pensou na possibilidade do Oliver ficar com a Dinah por que ela foi embora rsssss "EXATAMENTE O QUE ACONTECEU" KKKKK isso parece até casos de familia, quero ver logo o confronto e claaaaaro os momentos hot que não chega nunca...

    Alice

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    1. Casos de família kkkkkkk eu me divirto com esses comentários.

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    2. Estou começando a desconfiar que foi EXATAMENTE isso que ocorreu!! Será?

      Os comentários diminui um pouco da tensão né Vinicius?! Muitas vezes leio os comentários antes... adoro hahaha

      GIL

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    3. Gil, eu também, muitas vezes leio os comentários antes. Mas nessa fic em particular, sempre que já tem comentários no capítulo eu desço para ler antes da história.
      Não me aguento de curiosidade para saber se há muita tensão ou se resta uma luz no fim do túnel haushausa

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    4. Hahaha... os comentários são a melhor parte... espero que não estejam sofrendo muito com essa história... chega uma hora que dá mesmo um desespero pras coisas acontecerem mais depressa, é normal, eu também senti... vamos aguentar firme, pessoal...

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    5. Eu fico agoniado com os segredos.haha

      Fico querendo que a Chloe descubra logo que Oliver e Dinah já eram, que se explique de vez para ele, que contem a história para o menino e por aí vai... Mesmo que eles demorem para se entenderem depois kkkkk mas acho que aí não teria muita graça rs

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    6. haha, verdade... aí não teria história... lol

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  3. Deuuuuussss!! Essa fic está me mataaaandoo!! AIIIIIIII!
    Antes o coro era "onde está a Chloe, que não aparece nunca?" e agora é "CADÊ O MOMENTO CHLOLLIE, QUE NÃO ACONTECE NUNCA?"

    GIL

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    1. Calma, GIL, força... ele vai acontecer, calma, respira fundo e força!!!! :D

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