7.3.13

Dark Angel



Autora: Beatriz S. 

“Uma densa neblina cobria o chão, em uma vasta sala enegrecida pela falta de luz, onde nada se via e nada se ouvia.

Passos silenciosos e vacilantes ecoavam como se o assoalho fosse de madeira. Enquanto circulava tontamente ao redor do grande e espaçoso local, os sentidos aguçavam-se automaticamente e, por mais que seu coração se aquecesse, num recado incontestável de que aquele era um lugar seguro, seu cérebro comandava o corpo como se estivesse dentro das linhas inimigas.

Da mesma maneira continuou procurando algo palpável, vagando no breu, detendo-se somente quando viu, ou imaginou ter visto, um vulto. Medo assolou-a em conjunto com a ansiedade ácida de se ver livre daquele lugar.

Virou o rosto, girando levemente o corpo, para se assustar sob a forma graciosa de um anjo sem asas. Seria um anjo, certo? Com sua forma levemente iluminada e seus pés descalços sem nunca tocar o chão. Encanto se misturou com uma espécie de surpresa desagradável. Seu rosto surrealmente bonito casando com cabelos loiros, perfeitamente desalinhados.

—Quem é você?

A voz suave e feminina ecoou sem resposta nas trevas, como um tiro em uma casa vazia. O silêncio, porém, continuou imponente e quase palpável, assim como a tensão formada pelo pequeno intervalo de tempo em que ambos se encaravam. Não gostou de vê-lo inclinar a cabeça levemente para o lado, avaliando-lhe como se quisesse comê-la. Sentia-se nua, mesmo que estivesse apertando a barra da jaqueta com uma das mãos.

—Quem é você?

Repetiu a loira, encarando-o temerosamente. Acima das sobrancelhas, dois pequenos símbolos do alfabeto grego pareciam estar quase que imperceptivelmente tatuados com uma fraca luz. O alfa e o ômega. Não conseguiu ligar o sentido deles com o anjo, mas algo em si dizia que não era boa coisa.

Os olhos verdes percorreram toda a extensão do rosto impecavelmente angelical, trombando por vezes com as frias íris castanhas.

—Um servo do diabo. - Respondeu ele simplesmente, rodeando-a logo em seguida. A viu tremer e sabia que não era de frio. No entanto, admirava-o a coragem dela manter-se de costas á uma criatura desconhecida e aproximou-se lentamente, perpassando a língua pelos lábios.

A sentença que lhe saíra da boca não fazia sentido para ela. A segurança que sua alma lhe dava não condizia com as palavras dele, mesmo que seus instintos gritassem: corra!

—Você vai me matar? - Perguntou ela, a voz tremendo na indecisão. Contraditoriamente, a firmeza de uma típica repórter ainda ainda existia em seu tom, no entanto.  - O que quer de mim?

Ele por sua vez, deixou soar uma risada venenosamente irônica, sem uma resposta inteligível. Puxou a mulher num ímpeto, cravando os dedos longos no ombro da garota, furando a pele como se ela fosse feita de argila úmida, sujando-os de sangue. Gargalhou ao ouvir o grito rouco e alto de dor e então o chão pareceu-se abrir em dois, queimando a escuridão com luz amarelada.”

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2 comentários:

  1. Como já tinha comentado antes, Beatriz: ainda prefiro crê em que tudo não passe de um sonho... o subconsciente da Chloe alertando sobre o Oliver e o simbolo ômega...

    Parabéns, de novo! =D

    Oi, Angelique!! \o

    GIL

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    1. Oi, GIL!!!! Andei sumida, mas estou de volta... :D

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