8.10.12

Refraction (2/14)

Título: Refração
Resumo: Sequência de Mirror Image. Oliver convence Callie Donovan a se juntar a ele na formação de sua própria Liga da Justiça, mas quando descobrem que Clark Luthor encontrou uma segunda caixa espelhada, o seguem até a Terra 1 para alertar suas contrapartes.
Autora: fickery
Classificação: NC-17 (nos últimos capítulos)
Personagens/Pares: Ollie/Chloe, Lois/Clark, Tess/Emil, Justice League; Oliver/Callie, Justice League, Lois, Clark Luthor, Lionel Luthor, Tess Luthor
Categoria: AU, drama, angst, romance
Aviso: spoilers até Finale, mas como sempre eu tomo muita liberdade com os acontecimentos da série e a cronologia
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Anterior: Um




Ela escreveu o artigo, livremente citando as falas da entrevista que fez com Oliver, porque suas respostas tinham sido honestas e amáveis. O editor da revista lhe cumprimentou, dizendo que ela tinha feito perguntas provocativas e encontrado uma nova perspectiva. "Você realmente fez com que ele se abrisse. Qual o segredo?"

"Acho que ele estava falante naquele dia", ela disse modestamente.
Imediatamente lhe foi oferecida outra tarefa, mas ela não achou que pudesse se concentrar corretamente até que montasse com Oliver um plano estratégico, então recusou a proposta e disse que entraria em contato assim que cuidasse de algumas outras obrigações.
Oliver a escaneou para o sistema de segurança da Watchtower e lhe deu sua própria senha. Assim que ele lhe deu direitos administrativos à sua rede de computadores, ela integrou a segurança do prédio e mudou algumas configurações como achou melhor. Ele também lhe deu seu próprio controle remoto, que servia não só para os elevadores, mas também para os escudos de chumbo dos paineis de kriptonita.
"Não que eu não aprecie o voto de confiança", ela disse a ele, "mas... você não me conhece de verdade. Você está colocando muita confiança em mim considerando que só nos conhecemos há alguns dias."
"Claro que eu te conheço", ele disse. "Você é prima da Lois. Você quer derrubar os Luthors. E você é Chloe Sullivan." Ele lhe deu um sorriso despreocupado.
Ela não tinha certeza se se acostumaria ao jeito que ele dizia aquilo, como se ela já fosse algum tipo de heroina famosa. Se sua versão do universo paralelo era tão maravilhosa quanto Oliver dava a entender, então ela tinha muita expectativa a atender, ao passo que Oliver parecia sempre se diminuir em comparação a versão do universo paralelo dele mesmo.
A versão da Terra 1, ela se corrigiu. Chloe tinha designado as realidades paralelas como Terra 1 e Terra 2 em suas anotações, e Callie e Oliver tinham escolhido manter a nomenclatura, por questões de clareza. Só estava demorando um pouco para se acostumar.
"Por falar nisso, eu venho pensando em te fazer um pergunta: eu sei que preciso te chamar de Callie Donovan em público, mas como você quer que eu te chame em particular? Callie ou Chloe?"
Ela pensou por um momento, então sorriu com um pouco de tristeza. "Eu não vou mentir, é legal ser chamada pelo meu nome verdadeiro de novo." A vida sob disfarce tinha lhe dado uma certa crise de identidade; ela ainda se lembrava de como ficou desorientada quando sua primeira reportagem saiu como Callie. "Mas só pra prevenir algum deslize, até os Luthors estarem neutralizados - ou até eles me descobrirem, o que acontecer primeiro - acho melhor você continuar me chamando de Callie."
Ele olhou pra ela com simpatia. "Ok. Mas se você algum dia precisar ouvir seu próprio nome, é só me avisar. Não importa o que aconteça, Chloe, eu sei quem você realmente é."
Desta vez o sorriso dela foi mais carinhoso. Ele realmente era impossivelmente doce. "Eu aviso. Prometo. E obrigada por isso."
*-*-*-*
Ela estava passando doze - catorze - e às vezes, dezesseis horas por dia na Watchtower, lendo o banco de dados de sua contraparte. Parte da razão era o senso de urgência: Oliver já sabia tudo que havia nos arquivos, mas ela tinha muito o que ler, e precisava tomar conhecimento de tudo antes de começarem a recrutar novos membros.
Parte era pura fascinação. As situações que a outra equipe tinha enfrentado - Lex Luthor, que aparentemente era o equivalente ao Clark do universo deles, só que sem poderes, e mau na mesma medida, e seus laboratórios 33.1; os kandorianos; Brainiac; Doomsday; o governo Americano, pelo amor de Deus - eram muito detalhadas nos registros de Chloe.
Ela tinha sido brutalmente honesta também. Quando alguém tinha ferrado as coisas, feito um julgamento errado, fosse Clark tentando ser amigo de Zod, ou o caminho auto-destrutivo de Ollie, ou os próprios esforços de Chloe em proteger Clark ao tentar lidar sozinha com Davis Bloome, ela tinha registrado tudo ali em preto e branco. Armando-se das informações de Chloe, com sorte ela e Oliver podiam tentar evitar de cometer os mesmos erros aqui, se situações similares surgissem. Ela tinha quase certeza que eles acabariam cometendo erros novos e completamente diferentes, mas mesmo assim.
Ela analisou as armas e táticas, devorou os detalhes das missões que tinham corrido bem e as que tinham dado errado. Ela nem sempre concordava completamente com as análises posteriores de Chloe, mas novamente, ela tinha o benefício de estar do lado de fora das situações. Era uma das razões pelas quais tinha que estudar tudo isso agora, antes que começassem a trazer seus próprios membros para a equipe; assim que começassem a se conhecer como indivíduos, ela suspeitava que sua objetividade seria atingida também.
Ela sempre se considerou uma hacker muito boa - jamais tentaria apagar sua própria identidade online se não tivesse confiança em suas habilidades - mas Chloe a deixava no chinelo. O jeito que ela e seu colega Victor casualmente invadiam imagens de satélites, sistemas privados de segurança, sites governamentais densamente encriptados, e os firewalls múltiplos das 500 corporações da Fortune eram impressionantes. E educativo. Ela teria que ser tão rápida e eficiente quanto se quisesse ser um bom recurso para esta equipe como Chloe era para a dela.
Ela começou a visitar fóruns de hackers, seguindo as discussões, criando algumas identidades online pra si mesma e brincando com desafios reais de invadir IPs e proxies. Ela começou a invadir alguns websites renomados por sua forte segurança, só pra ver se conseguia.
Ela passou tempo praticando as habilidades na Watchtower também: seguindo registros das delegacias quando atendiam chamadas sobre crimes, acessando câmeras de vigilância e de tráfego, e imagens de satélite em tempo real para ver perseguições e capturas - ou fugas; correndo pesquisas sobre a identidade de criminosos caso tivessem sido reconhecidos ou rastreando via programa de reconhecimento facial; observando se eram presos ou levados para o hospital.
Depois de algumas semanas, ela estava mais rápida e fluida, as conexões vindo mais intuitivamente. Era importante pra ela ser boa nisso, porque seu inexperiente time ia precisar de todo suporte tecnológico que ela pudesse oferecer para mantê-los a salvo enquanto se acostumavam com seus próprios papeis.
Ela e Oliver também estavam se conhecendo melhor. Nos finais de semana, os dois passavam o dia na Watchtower. Durante a semana, ele vinha durante as tardes - algumas vezes depois do trabalho, algumas vezes depois do treinamento noturno. Na maior parte das vezes, ele a encontrava no computador, olhos vermelhos apesar do café que tomava o dia todo; ou adormecida no sofá, onde se forçava a 'descansar os olhos por um minuto'.
Uma noite ele a acordou gentilmente. "Ei. Há quanto tempo você está aqui?"
Sua cabeça ainda estava zonza enquanto lutava para se sentar. "O dia todo", ela disse, como se fosse óbvio. Ela não vinha passando todos os dias aqui?
"E quando foi a última vez que você comeu alguma coisa?"
"Não lembro." Não era mentira. Ela sempre parava para um café e um muffin a caminho da Watchtower, algumas vezes pegava um sanduíche ou uma sopa e guardava na geladeira para o almoço, mas se deixasse ela ficava no piloto automático, forçada a comer só porque a fome ficava muito forte pra ser ignorada.
"Foi o que eu pensei. Eu trouxe o jantar." Tendo descoberto como ela mal se alimentava, ele começou a trazer comida quando vinha no começo da noite. Os dois jantavam, isso a forçava a parar, e lhes dava algum tempo pra conversar sobre alguma coisa além do trabalho, porque ele tinha uma regra de não-falar-sobre-trabalho enquanto comiam.
Esta noite era comida tailandesa, e ele serviu Phad Thai e curry vermelho e vegetais em dois pratos antes de entregar um a ela com um par de pauzinhos.
"Obrigada." Ela o observou, perplexa, enquanto ele comia, e ele a viu franzindo a testa.
"O quê?" ele disse com a boca cheia de frango satay.
"Os registros de Chloe mencionam que Ollie era alérgico a amendoim. Você não é?"
Ele balançou a cabeça. "Não. Nunca fui. Sou alérgico a camarão, no entanto."
"Só camarão, ou todos os mariscos?"
"Só camarão."
"Huh", ela disse pensativa, finalmente começando a comer.
"E você? Alérgica a alguma coisa que eu deveria saber?"
"Acho que não", ela disse. "Tem comidas que eu não gosto, mas não porque estão tentando me matar." Ele deu risada, quase inalando um gole de cerveja no processo.
Quando ele teve certeza que não tinha aspirado, disse, "Escuta, seu horário de trabalho precisa ser revisto."
Ela se perguntou por que de repente ele estava quebrando a regra de não falar sobre trabalho. "Ok. O que você precisa que eu faça?"
"Saia deste prédio de vez em quando", ele disse.
Ela revirou os olhos. "Oliver, esse assunto de novo não. Eu tenho coisas pra fazer. Você não está me pagando a hora-extra, então porque se importa?"
"Eu me importo porque neste momento você é a outra metade desta equipe, e eu não posso ter você ficando doente ou passando mal de exaustão antes de termos sequer começado." Ele viu a expressão rebelde dela. "Não me entenda mal, eu admiro sua ética trabalhista. Se todos os meus funcionários trabalhassem desse jeito, eu valeria o dobro de agora. Mas catorze - até dezesseis - horas por dia, todo dia? Callie, não é sustentável. Eu estou instituindo uma nova política. Você tira pelo menos um dia inteiro de folga todo fim de semana. E seu trabalho diário está limitado a doze horas no máximo. Eu vou monitorar você eletrônica e pessoalmente se for preciso. E desligo a força se você passar do tempo limite."
"Pelo amor de Deus, Oliver", ela começou, então deu uma boa olhada no rosto dele. Ele não estava brincando.
Ela olhou para o prato, e empurrou um pouco de espinafre de lado com os pauzinhos. "Eu me sinto segura aqui", ela admitiu. Sua voz bem mais baixa.
"O quê?" ele disse, confuso.
"Quer dizer, sim, eu tenho um monte de coisa pra ler e pesquisar e preparos pra fazer, mas uma das razões pra eu passar tanto tempo aqui é que é o único lugar onde me sinto realmente segura."
Talvez fosse uma simples paranoia tomando conta dela, mas quando estava fazendo alguma coisa fora ultimamente - compras no supermercado ou abastecendo o carro - algumas vezes ela tinha a sensação que estava sendo observada. E com os atentados que já tinha sofrido, não conseguia deixar o sentimento de lado: só porque Clark tinha desaparecido e Lionel estava dando um tempo, ela não imaginava nem por um nanosegundo que qualquer um deles fosse dispensar uma oportunidade.
Oliver fechou os olhos, sentindo repulsa por si mesmo por não ter percebido isso mais cedo. "Por que você não me disse nada?"
Ela deu de ombros, e tomou outro gole de cerveja. "Por que motivo?"
"O motivo é, eu vou mandar as mesmas pessoas que instalaram o sistema de segurança da Watchtower, instalarem no seu apartamento. E blindar o seu carro. Eu sinto muito. Eu deveria ter deduzido que você não se sentia segura com Lionel e Clark ainda a solta."
"Oliver, você não tem..."
Ele ergueu a mão para pará-la. "Isso não é negociável. Você vai ter tudo instalado assim que eu conseguir agendar."
Ela hesitou, então disse suavemente. "Ok. Obrigada."
*-*-*-*
Ele não pressionou sobre os novos limites de tempo no trabalho até que tudo estivesse pronto em seu apartamento e carro. Ela tinha um botão do pânico no chaveiro que o notificava automaticamente via Watchtower se fosse ativado; seu telefone, laptop e notepad, e até seu relógio tinham rastreadores eletrônicos instalados.
"Sente-se melhor?" ele perguntou, depois de ter mostrado a ela os novos sistemas.
"Muito. Obrigada de novo."
"Ótimo. Talvez você possa realmente sair pra caminhar ou algo assim." Ela lhe deu um olhar nada satisfeito. "Eu estou falando sério. O que você pra relaxar, pra se divertir? Saia pra beber, vá jogar boliche, vá ao cinema."
"Boliche?"
"Uma galeria de arte, então. Eu não sei do que você gosta. Você só precisa sair daqui de vez em quando."
"Eu agradeço a preocupação. Mesmo. Mas eu acabei de me mudar e estou vivendo sob uma identidade falsa. Fazer novos amigos não tem sido uma prioridade."
Um canto da boca dele se ergueu. "Sim, eu entendo. Não estou exatamente rodeado de amigos ultimamente."
"Oh, qual é", ela zombou. "Você é o novo Menino de Ouro de Metrópolis. As pessoas devem estar fazendo fila pra se tornarem suas amigas."
"Amigos de ocasião que só querem se beneficiar do meu dinheiro ou notoriedade, claro. Pessoas que querem de fato me conhecer? Não. Eu nem preciso de todos os dedos de uma mão pra listar as pessoas nas quais confio no momento. Só pra constar, neste universo? É a Lois, minha assessora de imprensa, minha secretária, e você. Lois está em outro continente, e eu não passo tempo com as outras duas socialmente."
Ela nunca foi esse tipo de pessoa que tinha uma tonelada de amigos. Mesmo na escola, era mais quieta, reservada. Ela estava começando a ver isso em Oliver também. Embora não achasse que nenhum deles se ressentisse do novo glamoroso trabalho de Lois, era óbvio que os dois tinham perdido a melhor amiga quando ela foi para a África.
"Escuta", ele disse. "Eu sei que não podemos começar a ser vistos em público juntos; isso deixaria as pessoas muito interessadas em você e seu disfarce iria para o espaço. Mas por que você não vai até minha casa e podemos assistir um filme ou algo assim?"
Ela franziu a testa. "Só... por distração, você diz?"
"Sim, sabe. Como amigos." A expressão facial dela não mudou. Ele tentou de novo. "Você lembra o que é isso, amigos, certo? E atividades preguiçosas? Onde você faz coisas que não são trabalho, e dá ao seu cérebro um descanso?"
"Eu lembro", ela disse inexpressivamente. "Mais ou menos."
"Seria igual nós jantando aqui toda noite, exceto que teríamos assentos mais confortáveis e um pouco de diversão. E meu apartamento é seguro, então você estaria segura do mesmo jeito lá."
Ela não respondeu por um longo momento, e ele podia vê-la procurando vários argumentos na cabeça. "Ok", ela disse devagar, talvez porque realmente quisesse, talvez porque não conseguiu encontrar uma desculpa razoável para recusar. "Acho que posso fazer isso."
"Ótimo. Quando você vai tirar seu dia de folga esta semana?"
"Eu.. sábado, eu acho?"
"Por que você não vai pra lá por volta das seis e meia? O estacionamento é no subsolo. Tem segurança biométrica, do mesmo jeito que meu elevador, mas eu vou usar sua info do sistema da Watchtower pra liberar sua entrada."
A expressão no rosto dela pareceu indicar que estava indo tudo muito rápido pra ela. "Hum... eu tenho que levar alguma coisa?"
"Não. Eu forneço a comida, bebidas e filmes. O traje é confortável e casual. Vista moletom se quiser." Ele sorriu pra ela.
Ela sorriu de volta, relutante. "Ok. Sábado então."
*-*-*-*
Ela vestiu jeans largo e camiseta, não querendo parecer que tinha se vestido para um encontro. Algumas vezes achou ter sentido uma vibe de interesse ou flerte por parte de Oliver que implicava que ele não seria avesso a um relacionamento romântico – ou pelo menos sexual – entre eles, mas assumindo que ela não estivesse entendendo tudo errado, e mesmo colocando de lado a questão de ‘ex-noivo de Lois’, isso seria estúpido. Os dois estavam tentando construir algo importante, e teriam muito no que trabalhar, e a última coisa que eles precisavam era da distração de um drama colegial.
"Ei", ele a cumprimentou quando saiu do elevador. "Teve dificuldade para encontrar o lugar?"
"Se eu tivesse, estaríamos com problemas sérios, não é? Já que supostamente eu serei sua controladora aérea assim que a equipe começar a trabalhar."
"Verdade", ele concedeu. "Aqui, deixa eu pendurar seu casaco."
"Eu faço isso. Só me mostre onde."
Ele lhe deu um olhar difícil de decifrar, mas ela teimosamente recusou mesmo assim. "Vamos fazer o seguinte. Eu vou te mostrar o apartamento, e podemos pendurar seu casaco no caminho. Deixa sua bolsa onde você quiser."
O apartamento dele era espaçoso o suficiente para precisar de uma apresentação. Tinha mais salas, e mais quartos do que um cara sozinho poderia precisar, mas era assim com as pessoas ricas, ela deduziu.
Talvez ele tivesse planejado encher aqueles quartos com filhos depois que ele e Lois se casassem. Ela sentiu uma dor por alguma razão - talvez piedade - por ele, antes de se lembrar que foi ele quem insistiu que eles terminassem. Então ela se lembrou que não era da sua conta afinal.
"Nós podemos pedir alguma coisa pra comer se você quiser, mas comemos tanta comida fora que achei que seria legal uma comida caseira pra variar", ele disse quando voltaram para a cozinha. "Nada demais, eu só estava pensando em grelhar uma carne."
Ele cozinha também?
"Claro, parece ótimo. Se não der muito trabalho."
Ele lhe deu um sorriso. "Não dá. Eu esperava que você fosse concordar, então já deixei a carne marinando no congelador. Como você é na cozinha? Quer me ajudar fazendo a salada enquanto eu fico de olho na carne?"
"Fazer a salada está dentro do limite das minhas habilidades culinárias", ela admitiu.
"Ótimo." Ele pegou os ingredientes da geladeira e deu uma faca a ela e uma tábua de corte enquanto ela lavava as mãos. Ela percebeu que todos os seus aparelhos eram altamente tecnológicos, como era de se esperar, incluindo um daqueles grills super caros. Mas então, se ele realmente gostava de cozinhar, não podia culpá-lo por equipar sua cozinha com o melhor.
"Eu abri um vinho para marinar a carne", ele disse. "Quer uma taça? Eu jamais conseguiria terminar a garrafa de outro jeito."
Ela hesitou. "Ok." Vinho fazia parecer um pouco... como um encontro, mas por outro lado ele tinha acabado de lhe colocar pra cortar tomates, o que não era contado como um movimento de sedução.
Ele pegou duas taças no armário e as serviu, entregando uma a ela. "É uma mistura Bordeaux, mas mais puxado para o Merlot."
"Ah bom", ela disse. "Não tem nada que eu odeie mais do que ficar presa no Bordeaux." Ele deu risada e tiniu sua taça na dela.
"À Liga da Justiça."
"À Liga da Justiça", ela repetiu, sorrindo.
O jantar estava delicioso. A carne estava macia e saborosa e bem grelhada, e ela ficou satisfeita com a salada que fez, embora tivesse que admitir que a melhor parte era o vinagrete feito por ele no dia anterior.
Ela olhou para o prato vazio, surpresa que tivesse conseguido comer tudo que tinha nele. "Sabe, não tem nada errado com a comida que pedimos normalmente, mas eu meio que tinha esquecido como é bom o sabor de uma comida simples feita em casa."
"Bem, temos que fazer isso de novo. Phad Thai e frango satay não são difíceis de fazer, sabia? Nem lasanha. Eu posso te ensinar a cozinhar algumas coisas que normalmente compramos prontas."
Ela pareceu duvidosa. "Não sei se você vai conseguir me transformar numa cozinheira, mas estou disposta a aprender a ser uma excelente assistente na cozinha."
"Ok, mas você pode se surpreender."
Ele já foi limpando tudo enquanto cozinhavam, então a louça do jantar não demorou mais do que alguns minutos pra ser lavada. "Vai dar uma olhada na minha coleção de filmes e escolhe o que você quiser", ele disse a ela. "E se não tiver nada que você queira, podemos checar o pay-per-view."
"Eu não tenho frescura. Não tenho me entretido muito ultimamente, lembra?" Depois de alguma deliberação, ela selecionou um filme de ação-aventura. "Talvez um pouco de herois em ação nos inspire."
"Bem pensado."
Ele preencheu suas taças com vinho e as levou para a sala. Houve um momento embaraçoso quando foi hora de escolher o lugar pra se sentar no sofá, mas ela resolveu. "Eu gosto de assistir TV sentada no chão. É estranho? Você se importa?"
"Não, claro que não." Ele pegou algumas almofadas. "Espero que você não se importe se eu me juntar a você. Eu me sentiria um péssimo anfitrião ficando no sofá."
"Tudo bem pra mim." Ela pegou uma almofada dele para sentar e se recostou contra o sofá, pegando a taça de vinho. Ele se sentou ao lado dela.
Eles acabaram assistindo dois filmes. O segundo que ela escolheu era uma comédia, e ele a observou pelo canto do olho, feliz quando a via sorrir ou dar risada. Ela não era rabugenta ou austera, mas sua atitude tendia mais para o lado sério, e não era sempre fácil conseguir um sorriso, muito menos uma risada dela. Ele sempre se sentia um pouco realizado quando conseguia.
Na verdade fazia bem ao seu coração vê-la de fato relaxada pra variar. Não o suficiente pra ela tirar os sapatos quando ele sugeriu, mas mais do que ele já a tinha visto. Ele estava feliz que tivesse conseguido ver isso.
Ele estava tentando manter uma perspectiva a longo prazo: Chloe e Ollie tinham se conhecido, sido amigos e colegas de trabalho durante anos antes de se envolverem romanticamente.
As primeiras coisas primeiro: amizade e confiança e estar confortável um com o outro. O resto viria depois.
Depois do segundo filme, ele colocou as taças na pia enquanto ela devolvia as almofadas e pegava o casaco. Ela tomou apenas duas taças de vinho então ele não estava preocupado que ela dirigisse, mas não queria que ela fosse até a garagem sozinha aquela hora da noite, não importa o quanto o prédio fosse seguro.
"Oliver, eu não preciso que você..."
"Nem começa", ele avisou. Ele estava perversamente feliz que ela o conhecesse bem o suficiente pra saber que não havia razão em discutir.
Ele segurou a porta pra ela entrar atrás do volante. "Bem... obrigada pelo jantar. Estava muito bom."
"Você ajudou", ele a relembrou. "Considere-se convidada a voltar semana que vem se quiser fazer isso de novo. Podemos cozinhar outra coisa." Ele a viu vacilar, obviamente relutante a se comprometer agora, e acrescentou casualmente. "Você sabe, dependendo da sua agenda."
Ela assentiu, aceitando a fuga que ele estava oferecendo. "Ok. Eu te aviso."
"Eu sei que provavelmente não vou conseguir te tirar do trabalho amanhã, mas se você de fato for trabalhar, me faça um favor e durma pelo menos uma ou duas horas a mais?" ele sugeriu.
Ela sorriu a isso. "Talvez. Sem promessas."
*-*-*-*
Ela voltou no sábado seguinte. Ele lhe mostrou como fazer Phad Thai - "É fácil mesmo", ela disse, surpresa - e eles decidiram continuar com a sequência filme de ação e comédia em seguida, já que tinha sido uma fórmula vitoriosa na semana anterior. Ela ainda bebeu cautelosamente, e também não tirou os sapatos, mas ele deduziu que ainda era muito cedo.
Ela também foi no sábado seguinte. E eles fizeram risoto.
_________Três
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13 comentários:

  1. Essa história é muito boa, não via a hora que vocÊs começassem a postar... obrigada pessoal...

    Patrícia

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    1. Essa história, na minha opinião, é inclusive bem melhor que Mirror Image.. Eu adorei, que bom ter sua companhia, Patrícia... :D

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  2. Eu simplesmente AMEI Mirror Image, votei muito nessa fic no mês de aniversário, mas infelizmente não deu, então estou mais do que feliz em finalmente poder ler... Estou amando a Callie e o jeito que podemos dizer todas as diferenças entre a personalidade dela e da Chloe, e o jeito que o Oliver está tentando conquistá-la, demais!!!!!

    Teremos um capítulo por dia? Diz que sim, fico muito perdida quando a história demora a ser atualizada... neste blog isso não acontece, mas mesmo assim, acho que preciso ler diariamente, sim? sim? sim? :DDD

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    1. Sim, será um capítulo por dia, Heloísa... pode ficar tranquila... :D

      Também me apaixonei pelo casal Callie/Oliver, a fickery conseguiu dar uma personalidade pra eles bem deles, eu me vi querendo saber mas da história deles do que os originais da Terra 1, lol...

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  3. É mesmo, e muito legal que Chlollie da Terra 2 tenha suas próprias personalidades...

    Aguardando, Sofia...

    GIL

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    1. Eu adorei a Chloe da Terra 2, tão parecia e tão diferente da Chloe, o Oliver também conseguimos perceber as sutis diferenças, a fickery arrasou nessa história, acho que vc vai gostar, GIL...

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  4. Ai meu Deus, eu meio que tentei ler essa história em inglês, mas fiquei na tentativa, não entendo mais da metade dos termos, tenho uma ideia básica do que aconteceu... Estou muito feliz em vê-la aqui no blog, agora vou poder desfrutar de cada detalhe... e posso dizer, já estou apaixonada, e mais feliz ainda em saber que será um capítulo por dia... muito obrigada seres maravilhosos desse blog...

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    1. De nada, Raquel... Essa história foi uma delícia de traduzir, ela é muito, muito boa mesmo... :D

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  5. Maria Eduarda08 outubro, 2012

    YES YES YES

    AMO histórias da Terra 2 e essa eu estou louca pra ler desde que vcs postaram o rpimeiro capítulo!!!!!!


    MeoDeos, o blog tá tão lindo...

    Dei uma lidinha nas fics de Halloween, quer dizer que teremos mais algumas temáticas este ano? :DDDDDD

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    1. Obrigada :D

      Sim, teremos... :D

      Obrigada pela companhia na leitura dessa história, Maria Eduarda...

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  6. *chegando atrasada*

    EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE
    estava bem ansiosa pra vocês publicarem essa tradução! Li a história em inglês, e tô relendo agora aqui, com muito prazer! Gostei imensamente de Mirror Image, e Refraction não fica pra trás...
    Obrigada!

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    1. Que bom ter sua companhia, Ciça, nós é que agradecemos... eu particularmente amei essa história quando li, me apaixonei pela Callie/Oliver e torço para que a fickery escreva mais histórias com eles... :D

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