23.12.10

The End Of Dreams

Título: O Fim Dos Sonhos
Resumo: Ponto de vista da Chloe do episódio Pandora.
Autora: ladygawain
Classificação: NC-17
Categoria: Angst




Jimmy nunca foi o amor da sua vida. Ela sabe disso agora.

Mas era mais fácil mentir - pensar na mentira muitas e muitas vezes. Porque sem ela - bem, ela não quer pensar no que ela é sem a mentira.

Ela se senta na beira do colchão, joelhos dobrados encostados nos ombros, o velho portarretrato nas mãos; o peso em sua garganta torna difícil respirar. Ele está sorrindo pra ela do papel amassado, uma mancha escura de quando ela foi queimada no quadril pelo olho vermelho de um kandoriano. Seus dedos se movem sobre o sorriso dele, os olhos dele estão fechados nos cantos. Há novos calos, e uma unha machucada no seu dedo do meio das lições de arco e flecha oito horas por dia durante o último mês.

Ela havia tirado a foto há mais ou menos um ano, e se tentasse com muita força, ela podia relembrar a sensação dele olhar pra ela do jeito como ele fez na foto; ele estava feliz. Ela também.

O sol se põe no horizonte, deixando tudo escuro, da cor de sangue envelhecido. A fome arranha seu estômago; ela não vê comida de verdade há semanas. Eles conseguiram arrumar algumas barras de cereais vencidas e algumas outras coisas há uma semana atrás - mas sete dias sobrevivendo com frutas secas e grãos, que mal podem ser reconhecidos, e são estranhamente salgados, com certeza acabaram com o que restava de seu paladar.

Ela fecha os olhos e imagina uma tarde ou uma manhã, anos atrás; a inebriante fragrância doce dos morangos; o suco azedo explodindo em sua boca; um caixote de madeira produzido na fazenda dos Kent - um presente; e o calor do sol amarelo que a fazia suar.

Ela balança a cabeça, espantando a fantasia.

Ela olha para o quarto, um escritório que era usado por um velho tenente em um canto esquecido da favela, e imagina por um momento se isso era um sonho - as manchas de óleo e umidade na parede; o carpete sujo; o fino colchão em que ela está sentada.

Mas não, isso é a realidade e ela não tem outra escolha senão vivê-la.

Eles precisarão trocar alguma coisa por alimentos logo. Ou Oliver terá que levar um grupo pra fazer o que ele sabe fazer de melhor, roubar.

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Ela está deitada na cama. É perto da meia-noite, ela acha. Ela não consegue dormir mesmo sentindo as pálpebras pesadas, seus olhos queimam com a fadiga, e ela não consegue pensar em nada melhor do que estar morta para o mundo. É assim há meses.

A porta se abre.

Ela não se mexe nem se vira.

Ela se acostumou a esperá-lo.

Ele desliza no colchão ao lado dela; é grande o suficiente para os dois, só o suficiente. Ele fica deitado por um tempo e não diz nada, simplesmente respira até que os dois estejam inspirando e expirando ao mesmo tempo. Ela engole em seco.

Ele sabe que ela está acordada. Ela sabe que ele sabe.

Ele tem um cheiro distinto, outra coisa com a qual ela se acostumou. Simples, um leve odor da fumaça dos canos de fogo que ele acende toda noite para deixar todo mundo aquecido; um pouco do petróleo que irrita seu nariz por um momento antes de ela não perceber mais o cheiro; e sabonete.

Ela sente a cama afundar. Ele se vira de lado pra olhar pra ela. Ela permanece imóvel, perpendicular à sua horizontalidade, observando as sombras formadas no teto pela luz da única vela. Mas na verdade, ela está esperando, e não tem certeza quando foi que começou a prender a respiração.

Ele coloca uma mão em sua costela. Seus músculos se retraem instintivamente, ela engole em seco. As mãos dele são supreendentemente quentes através do fino tecido de sua camiseta.

Ela sente a respiração em sua garganta; ele a está beijando ali, uma fraca tentativa de romance. As mãos dele são mais honestas no entanto. Seu zíper já está abaixado e aberto, sua camiseta levantada até os seios. Ele coloca uma perna em cima das dela, e seus dentes percorrem a linha de sua clavícula.

É sempre nesse momento, todas as noites que ela começa a responder. Absolvida, em seu estúpido senso de responsabilidade. Ela abre as pernas e agarra seu quadril, o puxa pra cima dela. O peso dele é bom e real, faz com que seja difícil respirar. Ela o sente presente, do jeito que uma foto e uma fantasia nunca poderão estar.

Ela procura a cintura de sua calça, o liberta - nada muito elaborado. Os dois estão vestindo a maior parte de suas roupas, como das últimas vezes. Há algo furtivo e apressado na escuridão, os dois silenciosamente anseiam por isso - mas desejam que acabem logo também.

Ela ainda não está pronta, só um pouco molhada. Ele esfrega a frente de sua calcinha de cotton. Ele desce a cabeça até seu seio, chupa um mamilo através da roupa puída. Seus dedos trabalham na calcinha elástica e faz sua entrada tremular, toca seu cerne, desliza um dedo dentro dela - arrancando mais umidade de seu corpo. Ela segura na parte baixa de suas costas e arqueia ao seu toque. Ele raspa os dentes em seus seios e ela estremece.

Ele tem quatro dedos entrando e saindo dela, e a pontada de dor devido ao aperto a enfraquece. E ela adora. Ela respira ofegante contra seu ombro e engancha o pé atrás da perna dele.

Ele sabe quando parar de brincar. O plástico da embalagem da camisinha é rasgado - ele parece ter um estoque interminável e ela absurdamente imagina, nesse ponto da noite, onde ele encontrou tempo para roubá-las. Ele cutuca sua b*c*ta, e se empurra pra dentro. Sem muita finesse - esse momento não há espaço para mentiras.

Ela não envolve as pernas ao redor dele como determina o instinto, ou pareceria conluio. Ela agarra o cós da calça dele, desliza as mãos dentro do tecido grosseiro para agarrar a pele macia, para arranhar as unhas ao longo de suas coxas.

Ele geme em seu ouvido, sua boca paira sobre seu rosto. E ela sente os dedos dele em seu cabelo. Seus olhos encontram os dele no escuro. Eles não se beijam; há poucas carícias entre eles. Mas bem ali, por um segundo, com a boca dele a uma respiração da sua, os olhos dele brilhando no escuro, o corpo dele a pressionando com força, a preenchendo - há a ilusão.

De romance, ou talvez de algo que é mais do que essa vida tem a oferecer? É perigoso e vital. Ele é um amigo e durante a noite é só o que têm para dar um ao outro.

Ele se empurra com mais força, três investidas irregulares e ele está gozando. Ela o observa, os músculos de seu rosto tensos, o grunhido de prazer, o pulso de seu pênis dentro dela. Ele cai sobre ela e a esmaga desconfortavelmente.

Quando ele se recupera, um minuto ou dois depois, o som áspero de sua respiração é alto.

Ele sabe que ela não gozou. E ela sabe que ele sabe.

Antes que ela possa afastá-lo, os dedos dele encontram seu clitóris, ele a esfrega lentamente. Ele ainda está dentro dela, e ela aperta os músculos internos ao redor dele, ele geme. Ele pega seus nervos entre dois dedos, e aperta - um pico de prazer e alguma dor. Ela morde a parte interna da boca para se impedir de gemer.

Ele leva a boca até seu ombro, morde sua pele, e lambe para aliviar a dor. Ela revira os olhos e não demora muito, seu corpo se contorce, e um orgasmo ondula através dela, um sopro de ar escapa de seus lábios.

Quando termina, eles não conversam. Então lhe ocorre que eles nunca conversam durante os encontros. Conversa é barata, ela aprendeu. Línguas mentem e eles não têm que mentir para si mesmos no escuro, fingir que tudo ao redor deles vai desaparecer.

Ele rola para o lado; se deita de costas ao lado dela novamente, respirando. Ela fica deitada com a calça aberta, o suor resfriando sua pele. O esguicho molhado dele descartado no plástico da camisinha no cesto de lixo ao lado da cama e ela sobe a calça, abaixa a camiseta, e cruza os braços.

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Os lençóis se mexem e ele se levanta, fecha o zíper, arrasta os pés. Ele fica parado ao lado da cama por uns três minutos, olhando pra ela; ela pode sentir.

E então o colchão afunda e ele dá um beijo frio com os lábios secos em sua têmpora. Ela fecha os olhos com força e espera ele sair.

A porta se fecha e ela respira aliviada.

Ele pediu pra ficar uma vez; ela disse não; ele conhece as regras.

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A foto de Jimmy sorri para o teto na mesa ao lado de sua cabeça.

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Ela adormece.


Fim 

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3 comentários:

  1. tinha lido essa... é angustiante...

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  2. Sexo sem romance e como válvula de escape para as dificuldades...
    Dureza!

    Manu

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