23.8.17

Everybody Loves Me (2/4)

 
 
Autora: ihearttvsnark
Resumo: Um pouco de Chlollie no episódio Luthor, em que Oliver vai parar em outro mundo onde ele não está com Chloe e ela o odeia.
Classificação: PG-13
Anterior: 01
 

 

 
 
II - Head Down, Swaying To My Own Sound
 
 
 
"Como é?" Oliver gritou. Ele tinha que ter entendido errado, porque de jeito nenhum Tess tinha se referido a ele como marido. Não importava em que tipo de realidade maluca estivesse preso, aquilo não era possível.

Vendo que ele estava distraído, Chloe aproveitou a oportunidade para ir até a porta. "Vou deixá-los sozinhos", ela disse.

"Chloe, espera!" Oliver falou. A última coisa que queria era ficar sozinho com Tess, especialmente se havia alguma verdade no que ela dissera.

Ela o ignorou, correndo para fora do escritório sem dizer outra palavra. Tess revirou os olhos, fechou a porta e olhou feio para Oliver.

"Qual é o seu problema?" Tess exigiu.

"Nenhum", Oliver respondeu logo. Ele olhou para o enorme diamante que ela carregava no dedo da mão esquerda. Aquilo levava tudo a outro nível e não conseguia imaginar a Tess que conhecia sendo pega com uma monstruosidade daquela no dedo. Claro, a Tess que ele conhecia jamais se casaria com ele. Ele precisava sair daquela realidade.

"O que eu interrompi?" Tess perguntou desconfiada.

"Nada", Oliver disse. Ele deu a volta na mesa e se sentou na cadeira. Queria manter o máximo de distância possível entre eles. Ele não sabia que tipo de relacionamento seu eu alternativo tinha com Tess, mas estava disposto a deixar o assunto entre eles. Não queria dizer a ela que não era o Oliver com que ela estava acostumada.

"Me pareceu que você estava tentando seduzir outra de suas assistentes irritantes." Tess cruzou os braços sobre o peito e continuou olhando feio para ele. "Você sabe o quanto é brega ter um caso com a assistente? Mesmo num casamento de mentira?" ela acrescentou irritada.

Ele ergueu as sobrancelhas, aliviado. "Casamento de mentira?" ele repetiu. "Você está dizendo que não estamos casados de verdade?" Oliver não conseguiu esconder o tom esperançoso de sua voz.

Tess suspirou irritada, fechando os olhos por um momento. "Você está usando drogas de novo, não está?"

Oliver fez cara feia. Seu outro eu deveria ser realmente uma peça. "Eu realmente preciso que as pessoas parem de dizer isso", ele falou.

"Eu sou sua esposa, Oliver, em tudo aos olhos da lei." Tess descansou as mãos sobre a mesa, inclinando-se para ficar com os olhos no mesmo nível que os dele. "Eu não vou hesitar em te colocar na reabilitação." Ela parou, refletindo por um momento. "Isso pode até ajudar nossos planos."

Ele engoliu uma resposta sarcástica e se concentrou nas palavras dela. "Nossos planos?" ele perguntou.

"Sim", Tess respondeu. Ela tinha obviamente perdido a paciência com ele. "Tomar o controle de Lex da LuthorCorp? Isso refresca sua memória enevoada? Foi por isso que nos casamos."

"Nos casamos para tomar o controle da LuthorCorp.", Oliver repetiu. Ele sabia que soava como um idiota e provavelmente estava fazendo-a achar que tinha razão, mas não importava. "Foi um acordo de negócios", ele resumiu.

Tess revirou os olhos. "Eu certamente não sou idiota o suficiente para me encantar pelo seu sorriso. E nem sua assistente bisbilhoteira é." Ela fechou os dedos ao redor da gravata dele, puxando-o para frente. "Nós dois estamos trabalhando nisso há seis meses e não vou deixar você estragar as coisas porque não consegue resistir a um desafio. Ela te odeia, Oliver. Isso nunca vai mudar."

Ele se afastou, o estômago despencando. Mesmo que esta versão de Oliver Queen fosse um imbecil, ele ainda não queria nenhuma versão de Chloe o odiando. "Por que ela estaria trabalhando pra mim se me odiasse?" ele perguntou. Oliver sabia que soava petulante, mas a verdade era que ele precisava saber.

"Você paga a ela um bom salário", Tess respondeu simplesmente. "Sem mencionar toda a informação que ela passa para a prima", ela acrescentou com cara feia.

Oliver refletiu sobre as palavras. Ele duvidava que dinheiro tivesse alguma coisa a ver com as motivações de Chloe, já quanto às informações, era possível. Mas algo lhe dizia que ela não estava interessada em informações sobre os negócios dele, bem, do outro ele. Chloe estava provavelmente interessada as atividades extracurriculares que os tabloides desconheciam.

Ele relembrou Bart dizendo que fora sua assistente que o contratou. Ele não pensou muito no momento, mas não havia razão para uma assistente executiva contratar um mensageiro, a não ser que houvesse um motivo por trás. Ele se perguntou se Chloe também tinha contratado seu guarda-costas. E também não ficaria surpreso em descobrir que Victor estava trabalhando no departamento de tecnologia. Ele se perguntou se Clark trabalhava ali também ou se trabalhava no mesmo jornal que Lois.

"Você está me ouvindo?" Tess perguntou, a voz interrompendo seus pensamentos.

"Claro", Oliver mentiu. Ele deduziu que ela não havia dito nada de importante e mesmo que tivesse dito, não era problema seu. Seu outro eu que lidasse com sua mulher de mentira quando voltasse.

"Pare de dar em cima da Chloe", Tess alertou. "Vai dormir com uma daquelas socialites inúteis se está tão necessitado."

Oliver não se deu ao trabalho de negar ou tentar se explicar. Era óbvio que Tess o detestava como qualquer outra pessoa. Ele precisava que ela o deixasse sozinho para que pudesse voltar a tentar convencer Chloe de que estava falando a verdade. "Mais alguma coisa, querida?" ele perguntou.

Ela estreitou ainda mais os olhos. "Não se esqueça que temos o baile beneficente amanhã à noite", Tess respondeu. "Eu sugiro que tenha parado de ser um idiota até lá." Ela saiu do escritório, batendo a porta.

Oliver não perdeu tempo em apertar o interfone. "Chloe, preciso que venha aqui agora", ele disse.

A porta se abriu alguns segundos depois e Chloe olhou pra ele com desconfiança. "Sim?"

"Lamento pela interrupção, mas você precisa me ouvir." Oliver se levantou da cadeira, gesticulando para ela entrar no escritório e fechar a porta.

Chloe suspirou, mas fez o que ele pediu. "Eu tenho muito trabalho pra fazer e você realmente deveria estar se preparando para aquela reunião", ela disse.

Oliver balançou a cabeça. "Esquece a reunião." Ele a encontrou no meio do escritório, deslizando as mãos nos bolsos para que ela soubesse que ele não ia tentar nada. "Chloe, eu sei que você não acredita em mim, mas eu posso provar que não sou o cara com o qual você está acostumada a ter por perto."

Ela lhe deu um olhar de quem claramente não estava acreditando. "Oliver."

"Por que você está aqui?" Oliver pressionou. "Você é uma mulher esperta e pode conseguir emprego em qualquer lugar. Por que você trabalha para um cara que odeia?" Ele viu um vestígio de surpresa cruzar o rosto dela, mas ela escondeu imediatamente.

"Bons benefícios", Chloe respondeu. "Posso ir agora?"

Oliver podia ver que a teimosia dela era igual em todas as dimensões. Ele quase deu um risinho, mas deduziu que não ia ajudar sua causa. "Me diga uma coisa, Chloe", ele disse. "Você tem visto coisas estranhas que a maior parte das pessoas julgam ser apenas imaginação? Pessoas com habilidades especiais, talvez algumas aqui mesmo neste prédio?"

Ele observou a reação dela cuidadosamente. Ela arregalou os olhos muito levemente e ele podia ver o choque em seu rosto. Ela tentou esconder rapidamente com uma expressão neutra, mas ele a viu morder o canto do lábio antes de falar. "Eu não conheço ninguém que se encaixe nesta descrição."

Desta vez Oliver deu um risinho. Tinha conseguido exatamente o que queria. "Sim, você conhece. Eu sei quando você está mentindo, Chloe. Você morde o canto do lábio", ele pontuou. "Você faz a mesma coisa quando está muito concentrada."

Ela arregalou mais os olhos. "Como você poderia saber disso?" ela perguntou.

"Chloe, eu realmente não sei como funciona essa coisa de outras realidades, mas você continua sendo Chloe Sullivan", Oliver pontuou. "Em minha realidade, eu te conheço melhor que qualquer pessoa." Ele podia ver a confusão no rosto dela, mas havia um toque de compreensão por trás. Ela estava começando a acreditar nele.

Ela continuou a observá-lo sem dizer nada, os olhos o estudando. "Isso não faz nenhum sentido." Ela mordeu o lábio novamente e ele viu suas bochechas ficarem vermelhas quando ela viu que ele ainda a observava. "Você definitivamente não é o Oliver com o qual estou acostumada", disse finalmente.

Oliver suspirou aliviado. Agora que Chloe acreditava nele, havia uma chance de finalmente ir embora dali. "Qual é o problema desse cara, afinal?" ele perguntou.

Chloe deu de ombros. "Não faço ideia. Mas ele mal me olha quando está falando comigo então jamais saberia dizer quando estou mentindo." Ela deu um sorriso. "O que é uma coisa boa."

Ele riu. Oliver podia apenas imaginar ao que ela estava se referindo. "Chloe, eu realmente preciso da sua ajuda. Tenho que encontrar uma maneira de voltar para a minha realidade", ele disse. "Tem algum lugar onde possamos ir? Não quero ficar aqui e correr o risco de Tess ou outra pessoa descobrir sobre isso."

Chloe assentiu. "Me dê alguns minutos para cancelar sua agenda, ou melhor, dele. Te encontro no estacionamento", ela ofereceu.

Oliver percebeu que ela não queria ser vista saindo com ele e era uma boa escolha. "Te encontro lá." Ele esperou ela sair de seu escritório e voltar para sua mesa antes de ir até o elevador sem olhar em sua direção. Ele realmente esperava que pudesse sair do prédio sem encontrar com mais ninguém.

Ele atravessou a recepção, propositalmente ignorando a recepcionista, colocou os óculos e manteve a cabeça baixa enquanto atravessava a rua correndo até o estacionamento. Oliver entrou no carro e procurou em seu interior pela caixa espelhada que o trouxera até aquela realidade. Não estava em lugar nenhum, mas encontrou a aliança de seu outro eu entre o banco e o console, e decidiu deixá-la ali.

Enquanto esperava por Chloe, Oliver tentou lembrar de tudo que Clark havia lhe disto sobre a outra realidade em que estivera. Ele também havia perdido a caixa espelhada e de alguma maneira ela acabou com Lionel. Oliver supôs que fizesse sentido uma vez que ela estava com ele pra começar. Mas Chloe havia lhe dito que Lionel estava morto naquele mundo, então ele deduziu que Lex ou Tess pudessem estar com a caixa. Teria que pedir ajuda a Chloe para descobrir.

Ela entrou no carro alguns minutos depois, deixando a bolsa e o computador no chão perto dos pés e colocando o cinto de segurança. "Acho que ninguém me viu saindo e a assistente de Tess confirmou que ela estará em reunião pelas próximas horas."

"Ótimo." Oliver começou a dirigir. "Com sorte resolveremos isso antes que ela descubra que não sou o marido de mentira. Pra onde?" ele perguntou quando chegaram à rua.

"Esquerda", Chloe respondeu. Ela se virou levemente no banco para olhar pra ele. "Marido de mentira?" ela repetiu.

Oliver se encolheu. Ele esperava que Chloe pudesse guardar segredo porque ele não ia mentir pra ela. Ele olhou pra ela de lado enquanto parava num farol vermelho. "Tess pode ter mencionado que o casamento é um acordo de negócios."

"Eu sabia!" Chloe gritou triunfante. Ela sorriu para Oliver. "Aqueles dois não se suportam e então de repente eles se casam. Ele ainda vai para as festas toda noite e Tess não se importa. Eu sabia que tinha alguma coisa aí", ela disse.

"Tess disse alguma coisa sobre tomar o controle da LuthorCorp." Oliver explicou. A luz mudou e ele acelerou.

"Entre à direta no próximo farol", Chloe direcionou. Ela se recostou no bando e ele podia vê-la mordendo o lábio de novo pelo canto do olho. "Tess veio trabalhar na Queen Industries depois que Lex a demitiu. Todo mundo ficou surpreso quando Oliver a contratou, mas eu não porque ele sempre odiou Lex", ela disse.

"Finalmente algo que temos em comum", Oliver murmurou. Ele entrou na rua que Chloe indicou e reconheceu a vizinhança. Era feita quase que inteiramente de prédios industriais com alguns condomínios no meio. Ele era dono de um dos prédios residenciais em sua realidade e a Liga o usava como base quando estavam na cidade.

"Então você e Lex são rivais nos negócios na sua realidade também?" Chloe perguntou.

"Somos, mas Lex está morto em minha realidade", Oliver respondeu. Ele manteve os olhos na rua, seu estômago apertando com a familiar culpa. Ele fez o melhor para esconder a sensação e mudou de assunto. "Tess e eu na verdade comandamos a LuthorCorp. Eu comprei a maior parte das ações da companhia alguns anos atrás."

"Pode estacionar ali", Chloe disse, apontando para uma vaga. "Suponho que você e Tess se deem bem em sua realidade", ela comentou.

"Nós tivemos nossos altos e baixos durante os anos, mas agora conseguimos ser amigos", Oliver respondeu. Ele estacionou e desligou o carro, olhando pelo para-brisa para os prédios em cada lado da rua. "Você mora aqui?" ele perguntou.

Chloe balançou a cabeça. "Eu moro num apartamento no centro, com minha prima. O lugar em que vamos fica a um quarteirão daqui e é mais um centro de comando, por assim dizer." Ela abriu a porta e saiu do carro.

Oliver a seguiu pela rua, feliz que estivesse deserta e as pessoas que passavam não prestassem atenção a eles. Chloe passou pela entrada do prédio, levando-o por uma porta nos fundos e abrindo-a com um cartão-chave. Eles entraram num elevador e Chloe apertou o botão do último andar.

Alguns segundos depois, as portas se abriram e ela pegou outro cartão enquanto se aproximava de um porta no final do corredor. Ela deslizou o cartão, esperou a luz ficar verde e então colocou o polegar em um pequeno painel ao lado da porta. Houve um suave bipe e a porta foi destrancada.

"Cuidado nunca é demais", Chloe disse. Ela segurou a porta aberta para Oliver e acendeu as luzes.

O lugar era bem menor que a Watchtower, mas ainda assim estava repleto de equipamentos altamente tecnológicos. Chloe fechou a porta, jogou a bolsa sobre a mesa e foi até o computador central. Oliver a observou digitar alguns códigos e de repente os vários monitores e scanners ao redor ganharam vida.

"Que belo equipamento você tem aqui", ele comentou.

Chloe deu de ombros, olhos concentrados no monitor. "Eu falei sério quando disse que meu trabalho tem bons benefícios. Trabalhar na Queen Industries me dá acesso a tecnologia de ponta e Oliver pode ser um idiota, mas ele me paga muito bem. Sem ofensa", ela acrescentou, olhando pra ele por sobre o ombro.

"Sem problema", Oliver respondeu distraído. Sua atenção estava no quadro que havia na parede oposta. Estava repleto de artigos de jornal e impressões detalhando vários salvamentos e outras ocorrências misteriosas dentro e ao redor de Star City. No canto do quadro, havia fotos de Bart, AC e Victor. "Há quanto tempo você trabalha com o time?" ele perguntou.

"Time?" Chloe repetiu. Ela se afastou do monitor e atravessou a sala parando ao lado dele.

"Sim." Oliver apontou as fotos no canto do quadro. "Eu vi Bart e AC hoje e acredito que Victor também trabalhe na Queen Industries. Há quanto tempo vocês estão trabalhando juntos?" ele perguntou de novo.

Chloe olhou das fotos para ele e de volta para as fotos. "Você os conhece em sua realidade também?" ela perguntou.

Oliver não deixou de notar o fato de que ela estava propositalmente fugindo da pergunta. Ele entendeu que era apenas um hábito, que ela fazia isso com seu outro eu. "Nós trabalhamos juntos também, mas não na Queen Industries", ele acrescentou. Ele estudou o rosto dela, mas sua expressão se manteve neutra. Percebeu então que teria que ser mais direto. "Você os contratou como disfarce?" ele perguntou.

"Não exatamente", Chloe respondeu.

Ela estava obviamente hesitante em se abrir com ele e, de alguma maneira, Oliver compreendia e não podia culpá-la. A única coisa que ela sabia sobre ele era que ele era idêntico a um cara que ela detestava e que tinha vindo de outra realidade. Nada disso gritava 'confiável'. O único jeito de fazê-la se abrir era contar tudo que ele já sabia.

"Chloe, eu sei que eles têm habilidades super-humanas e que usam estas habilidades para ajudar as pessoas e combater o crime. Você não precisa protegê-los de mim", Oliver garantiu.

"Hábito", Chloe respondeu, confirmando os pensamentos dele. Ela foi até uma pequena cozinha e ligou a cafeteira, concentrando-se na tarefa antes de voltar a olhar pra ele. "Eu trabalho com Victor há mais tempo, acho que há uns cinco anos agora", ela disse.

Oliver sorriu, aliviado que estivessem chegando a algum lugar. "Bart mencionou que minha assistente o havia contratado. Você contratou todos eles?" ele perguntou.

"Tecnicamente Oliver os contratou, mas sim, eu o persuadi a tal", Chloe disse. "Eu os tenho monitorado há algum tempo, observando os salvamentos e tentando levá-los na direção correta. Mas é óbvio que eles precisam de empregos diurnos, então deduzi que a melhor coisa que eu poderia fazer era conseguir que Oliver os contratasse e tornasse minha vida muito mais fácil."

"Eles não sabem que você os tem ajudado, sabem?" Oliver perguntou.

Chloe balançou a cabeça. "Eu sou apenas um olho no céu. Eu repasso as informações quando posso e é bem mais fácil quando estamos trabalhando no mesmo prédio, mas eles não conhecem minha identidade."

"E Oliver?" Ele sentiu-se estranho em referir a si mesmo na terceira pessoa, mesmo que tecnicamente não fosse dele mesmo que estivesse falando. Oliver revirou os olhos ao absurdo de seus pensamentos. "Ele tem alguma ideia de que você é o olho no céu? Ou que os rapazes trabalhando pra ele são os mesmos dos artigos?" ele perguntou, apontando para o quadro novamente.

Chloe se serviu de uma xícara de café e revirou os olhos. "Ele é muito centrado em si mesmo e como eles não são mulheres com quem está tentando dormir, ele não tem nenhuma razão para prestar atenção a qualquer um deles. Na maior parte dos dias eles têm sorte se ele lembra de seus nomes."

Oliver se encolheu com a dura descrição e tentou lembrar de que ela não era sua Chloe e não importava o que ela pensava sobre ele. Mas ainda assim doía ver a desaprovação no rosto dela. "Ele deve ter algumas qualidades que fazem com que você consiga ficar por perto", ele disse.

"Bem, ele fica muito de ressaca ou dorme no escritório, e isso me dá uma chance de fazer o que faço sem que ele saiba." Chloe terminou de adoçar o café e olhou pra cima, a expressão mudando ao ver o olhar no rosto dele. "Desculpe", ela disse logo. "Eu sei que você é ele. Bem, não ele. Meio que ele." Ela fez uma cara. "Isso é estranho."

"Você não faz ideia", Oliver murmurou. Ele se sentou no sofá, correndo a mão pelo cabelo. Não entendia como seu outro eu poderia ter dado tão errado. Ele bancava o playboy bilionário de tempos em tempos para manter a imprensa longe de suas atividades reais e sim, tinha seguido caminhos autodestrutivos mais de uma vez. Mas embaixo de tudo isso, ele ainda era o cara que queria fazer do mundo um lugar melhor. Parecia que o outro Oliver era um pouco bom demais no papel de playboy. "Como ele encontra tempo para ser o Arqueiro Verde?" ele perguntou.

"Arqueiro Verde?" Chloe entregou a ele uma garrafa de água antes de se sentar na cadeira em frente. Ela sentou sobre as pernas e lentamente tomou o café. "Isso é algum tipo de código bilionário que eu não conheço?"

Oliver arregalou os olhos, seu estômago apertando à pergunta. Estava quase com medo de perguntar, mas tinha que saber. "Você está dizendo que ele não é o Arqueiro Verde?"

Chloe se mexeu, claramente desconfortável. "Oliver, quem é Arqueiro Verde?"

"Ele é um dos caras bons", Oliver respondeu. Desta vez ele estava falando de si mesmo na terceira pessoa, mas estava muito preocupado para se importar ou não soar ridículo. "Ele ajuda as pessoas e combate o crime do mesmo jeito que o resto do time faz. Na verdade, em minha realidade, Arqueiro é quem juntou o time."

"Espera", Chloe disse. Ela colocou a xícara sobre a mesa, os olhos repletos de incredulidade quando encontrou os dele. "Você está me dizendo que em sua realidade Oliver Queen de fato faz algo altruísta em benefício do bem maior?"

Ele travou a mandíbula, a tensão tomando conta de seus ombros ao choque na voz dela. Não importa o quanto se relembrasse de que aquela não era Chloe e ele não era o Oliver que ela conhecia, ainda o incomodava que Chloe pensasse tão pouco dele. Ele odiava o jeito que ela estava olhando pra ele, com uma mistura de desconfiança e incredulidade.

"Desculpe", Chloe disse, sua voz interrompendo seus pensamentos. "Não quis te ofender. Obviamente você é diferente do Oliver que eu conheço."

"Certo", Oliver murmurou. Ele respirou fundo, forçando-se a se acalmar. Não era culpa dela que seu eu alternativo fosse um idiota. Mas ele ainda não conseguia entender porque. O que era tão diferente naquela vida? Ele encontrou os olhos de Chloe novamente e soube que ela tinha a resposta. "Você tem um arquivo sobre ele?" ele perguntou.

Chloe assentiu, imediatamente se levantando da cadeira e indo até o armário que estava contra a parede. Oliver podia ver que ela estava aliviada em ter alguma coisa para fazer além de ter que se desculpar com ele. Ela lhe entregou um envelope e voltou a se sentar.

"Eu fiz muitas pesquisas sobre Oliver antes de aceitar o trabalho quando me mudei pra cá, do Kansas", ela explicou.

Oliver franziu a testa. Isso não tinha cruzado sua mente até agora, mas era estranho que Chloe e Lois estivessem em Star City e não em Metrópolis. "Como você acabou vindo pra cá?" ele perguntou.

"Lex Luthor comprou o Planeta Diário e demitiu minha prima. Eu estava prestes a me formar quando ela decidiu se mudar pra cá e aceitar o trabalho no Register, então eu vim com ela. Ela é praticamente toda a família que tenho", Chloe disse.

Ele percebeu o tom na voz dela e a observou desviar o olhar para o café. Oliver teve a sensação de que havia mais naquela história, mas sabia que não tinha o direito de pressioná-la. Ele sabia que ela já estava lhe contando mais do que se sentia confortável. Ele voltou a atenção ao arquivo em sua mão, vasculhando a vida de seu outro eu.

O peito de Oliver apertou quando viu que os pais dele também haviam morrido cedo. Ignorando o nó na garganta, ele olhou para as páginas que detalhavam a vida dele na escola e a transição para administrar a Queen Industries. Ele vasculhou mais algumas páginas, voltando atrás quando notou que estava faltando algo importante.

"Este Oliver nunca ficou preso numa ilha", ele comentou.

Chloe arregalou os olhos. "Você ficou?"

Oliver assentiu. "Durante dois anos depois que me formei. Foi onde desenvolvi minhas habilidades de arqueiro e também percebi que minha vida era um desastre que eu precisava consertar", ele acrescentou. Ele jogou o arquivo na mesa antes de se recostar no sofá. De repente fazia muito mais sentido porque aquela versão de Oliver era tão horrível. Ele nunca teve aquela experiência de humildade e então apenas continuou sendo o mesmo idiota de sempre. Oliver estava começando a sentir pena do cara.

"Você está bem?" Chloe perguntou.

Ele olhou pra ela, surpreso em ver preocupação genuína em seus olhos. Assentindo, ele conseguiu dar a ela um pequeno sorriso. "Eu estou bem", Oliver disse. "Ficarei ainda melhor quando descobrir como voltar para minha realidade."

Chloe lhe deu um breve sorriso antes de sua expressão ficar séria novamente. "Primeiro, eu preciso entender como você veio parar aqui", ela disse.

"Havia essa caixa espelhada", Oliver parou, perguntando-se qual era a melhor maneira de explicar como funcionava a tecnologia alienígena. Bem, ele não sabia como o objeto estúpido funcionava. "Era um dispositivo de um outro planeta." Ele parou de novo, olhando pra ela para ver sua expressão. Ela estava apenas ouvindo, então ele continuou. "Foi ativado por engano e me trouxe aqui, mas não o encontrei quando acordei."

Antes que Chloe pudesse responder, a porta se abriu e Lois entrou na sala. "Chlo, espere até ouvir o que aconteceu hoje de manhã", ela disse. Fechando a porta atrás de si, ela estava sorrindo até seus olhos caírem em Oliver. "Que diabos?" ela exigiu.

"Lois, eu posso explicar", Chloe começou. Ela rapidamente se levantou da cadeira e entrou no caminho da prima.

"Eu espero mesmo, prima, porque agora tudo que consigo pensar é que você perdeu a cabeça", Lois respondeu. Ela olhou feio para Oliver por sobre o ombro de Chloe antes de voltar seu olhar para a prima. "Por que você o trouxe aqui, de todos os lugares possíveis?" ela perguntou. "Ele te ameaçou?"

Oliver abriu a boca para se defender e então pensou melhor. Lois obviamente odiava o Oliver que conhecia e não havia nada que pudesse dizer ou fazer para que ela mudasse de ideia. Mas ele não tinha dúvidas de que Chloe seria capaz de convencê-la.

"Não, ele não me ameaçou", Chloe disse. Oliver podia praticamente ver as rodas girando em sua cabeça enquanto ela tentava encontrar palavras para explicar a situação a Lois. "Este não é o Oliver. Quer dizer, é o Oliver, mas não é o Oliver que conhecemos", ela disse.

"Você quer dizer que ele está sóbrio?" Lois completou. Oliver lutou contra o desejo de olhar feio pra ela. Sabia que não seria esperto fazer algo que pudesse deixá-la ainda mais irritada.

"Sim, ele está sóbrio, mas também ele é de uma realidade diferente", Chloe disse. Ela gesticulou na direção dele. "Eu sei que parece loucura, mas converse com ele por um minuto. Você vai entender o que eu estou falando."

Lois piscou, sua boca levemente boquiaberta. "Chloe, você ouviu o que acabou de me dizer?" Ela se voltou novamente para Oliver. "Você deu a ela alguma de suas drogas?" ela perguntou em tom acusatório.

"Chega dessa história de drogas", Oliver disparou. Ele se levantou do sofá, ficando entre as duas mulheres. O olhar de alerta nos olhos de Lois era familiar demais, mas Oliver deduziu que não era a primeira vez que ela lhe daria um soco, se chegasse a isso. "Eu sei que parece loucura, mas é a verdade. Chloe me trouxe aqui porque ela sabe que eu preciso de ajuda", ele disse.

"É verdade, Lo", Chloe insistiu. "Já vimos coisas estranhas assim antes", ela a relembrou. "Além do mais, você realmente acha que o Oliver que conhecemos ria comigo a algum lugar?"

Oliver fez uma careta, mas resistiu ao desejo de pontuar que seu outro eu era um idiota se não sabia o quanto Chloe era especial. Ele definitivamente sentia pena do bastardo.

Lois ergueu uma sobrancelha, estudando Oliver cuidadosamente antes de se voltar para Chloe. Eu tenho certeza que este é o maior tempo que ele já passou sem me insultar", ela disse. Ela encontrou o olhar de Oliver novamente. "Isto é estranho, mas se Chloe acredita em você, eu confio nela." Com um dar de ombros, ela foi até a cozinha pegar café.

Oliver suspirou aliviado e se voltou para Chloe. "Onde estávamos?" perguntou.

"Você estava explicando a caixa espelhada que te trouxe aqui. Você faz alguma ideia de para onde ela pode ter ido?" Chloe perguntou.

Oliver balançou a cabeça. "Eu procurei no carro e não estava lá. Mas na minha realidade, ela pertencia a Lionel Luthor. Você acha que é possível que esteja em posse de Lex ou Tess?"

"Lex herdou tudo quando Lionel morreu e desde então ele é o legítimo herdeiro", Chloe explicou. "Tess ficou sem nada, e é por isso que ela se juntou a Oliver para se vingar."

Lois bufou. "Aí estão duas pessoas que se merecem." Ela revirou os olhos quando Oliver olhou feio. "O quê? Foi você quem disse que não é ele, então não deveria se ofender."

Ele teve que rir a isso. Somente Lois poderia fazer uma declaração como aquela parecer lógica. "Se Lex está em posse da caixa espelhada, não o vejo entregando numa boa." Oliver sabia que se a quisesse, teria que roubar, o que significava que teria que ir para Smallville. Ele também deduziu que provavelmente não seria má ideia ter ajuda de alguém que de fato soubesse como a caixa funcionava. "E Clark? Ele está em Star City também?" perguntou.

Chloe e Lois trocaram um olhar. "Quem é Clark?" Lois perguntou.

"Sério?" Oliver respondeu incrédulo. "Clark Kent? Também conhecido como Blur?" Ele esperou que ela reagisse e quando Lois apenas continuou olhando pra ele como se fosse louco, ele se virou para Chloe. "Você não cresceu com ele em Smallville?" perguntou.

Chloe balançou a cabeça. "Eu nunca morei em Smallville. Eu morei em Metrópolis minha vida inteira antes de nos mudarmos para cá", ela disse. "Mas já ouvi falar do Blur, ou pelo menos acho que sei do que você está falando." Ela foi até o armário novamente e pegou outro arquivo.

Oliver deu uma olhada. A maior parte dos artigos eram do Planeta Diário ou do Inquisidor falando sobre salvamentos super-humanos e incidentes que soavam muito como Clark. "Este é ele", ele confirmou e hesitou por um momento, incerto se estaria contando demais a elas.

"O que foi?" Chloe perguntou.

"Bem, lembra quando disse que a caixa espelhada era de um planeta diferente? Clark também é", Oliver respondeu. Ele se sentiu mal por estar entregando seu amigo, mesmo que tecnicamente ele não fosse seu amigo nesta realidade. Mas já havia decidido que não mentiria para Chloe e se eles iam pedir a ajuda de Clark, a verdade teria que surgir de qualquer jeito.

"Uau", Lois disse. "Você está nos dizendo que este cara é mesmo de outro planeta?"

Oliver assentiu. Ele sabia que as duas tinham muitas perguntas, mas não queria perder mais tempo conversando. Quanto mais cedo chegasse em Smallville, mais cedo poderia voltar para sua realidade e para a Chloe que o amava. "É uma longa história. Eu vou contando no caminho para o aeroporto." Ele olhou para Chloe. "Eu ainda tenho um jatinho particular nesta realidade, certo?"

"Sim", Chloe respondeu. "Vou ligar para o piloto no caminho." Ela pegou a bolsa e o telefone.

"Esperem um segundo", Lois disse. Ela olhou de um para o outro. "Se essa coisa de caixa espelhada te trouxe aqui, onde está o Oliver que conhecemos?" ela perguntou.

Chloe arregalou os olhos para Oliver. "Você acha que ele está no seu mundo?" ela perguntou.

Ele engoliu em seco, sua mente voltando ao dia em que encontrou Clark Luthor destruindo a Watchtower enquanto aterrorizava Tess e Lois. Se a caixa espelhada havia feito os dois Clarks trocarem de lugar, provavelmente havia feito a mesma coisa com ele e o outro Oliver. Seu peito apertou ao pensamento.

"Ele deve estar no meu mundo com meus amigos", Oliver disse.

Lois fez uma cara feia. "Coitados", murmurou.

Oliver mal a ouviu; ele estava muito ocupado se perguntando como Chloe estava lidando com o outro Oliver.

______
TRÊS

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8 comentários:

  1. Muito ruim ollie casado com a Tess mesma que seja de mentira , espero que depois o outro ollie apareça e perceba que pode fazer muito melhor com a Chloe .
    Aline

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    1. Também torço por isso. Nunca li essa história, então vamos descobrindo tudo juntos...

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  2. Muito ansiosa para o desenrolar de história

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    1. Eu também. Prometo que estou fazendo o meu melhor. Espero postar o próximo o mais breve possível.

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  3. To amando essa história, Curiosa pelo próximos capítulos.

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    1. Que bom, Thays. Também estou gostando. Espero postar o próximo em breve, muito breve.

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  4. Incrível!!! Adoro esses pequenos detalhes que mostram como Oliver conhece bem a Chloe, mesmo em outra realidade, e ela continua mente aberta para o inexplicável.

    Agora, como estará o outro Oliver? E a Chloe e o time, acho que não vai ser tão fácil converser o Oliver... rsrs

    Adorando ainda mais, Sofia!

    GIL

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    1. Oi, GIL, pois é, também amo isso sobre o Oliver. Amo histórias com diferentes realidades... Espero postar o próximo capítulo logo.

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