17.7.15

All In (1/5)

Título: Por Inteiro
Resumo: Todos nós sabemos e amamos como Chloe salvou Oliver - o homem e o mito. Teria funcionado se os papéis fossem inversos?
Autora: pompeypearly
Classificação: PG-13
Linha de tempo: 9ª temporada. Roulette.



Oliver puxou o boné mais sobre os olhos enquanto ela passava por sua mesa. Outra garçonete anotara seu pedido, mas ele estava parcialmente desapontado que ela não tivesse sentido sua presença. Ele sempre a conheceu por sua astúcia, com instintos que rivalizavam com os melhores deles.

Quando teve certeza que ela não estava olhando em sua direção, ele olhou de volta para ela, livre para perceber as mudanças.

Ela podia enrolar o cabelo, continuar pintando de castanho, usar óculos e esconder as curvas sob quantos uniformes folgados quisesse; não havia como se disfarçar. O crachá dizia Anne, mas ela ainda era a Chloe Sullivan que ele se lembrava.

Depois de tudo que tinham passado, ele nunca esperou que fosse ela a fugir. Diabos, a ideia cruzou sua mente; ele até tentou durante alguns dias.

Três semanas de bebida, brigas, voando na motocicleta e mulheres o fazendo se sentir mais solitário do que nunca. Saber que ela ficou ali para consertar tudo, esperando que todos eles retornassem o fez sentir mais culpa do que a morte de Jimmy poderia.

O desaparecimento de Lois foi a gota d'água. A tarde em que ele viu a foto dela na seção de desaparecidos o fez ir até o Talon na esperança de encontrá-la lá. Ele queria lhe oferecer ajuda na busca, mas tudo que encontrou foi um apartamento vazio.

Sabendo que com o desaparecimento de Clark, o único lugar que restara a Chloe era o mesmo prédio em que ela assistiu o marido morrer. Ele podia honestamente vê-la ficando no último presente que ele lhe deu.

Em vez da loira tenaz que ele conhecia, tudo que o recebeu foi a marca de uma mancha de sangue e poeira.

Nem por um segundo ele acreditou que ela desistiria.

Chloe sempre foi a mais forte quando os outros duvidavam de si mesmos e do mundo. A última cheerleader; ele não podia acreditar que ela tinha dado as costas a seus amigos e a vida que teve por tanto tempo.

Não havia bilhete, nem mensagem em sua caixa postal.  Ele até voltou ao Talon para procurar com olhos mais críticos.

Gavetas estavam metade vazias e uma única mensagem fora deixada no laptop de Lois.

Ela dizia a prima que Jimmy havia sido vítima do Assassino do Milharal, e que sem ela ali, não havia ninguém com quem conversar. Ela estava sozinha sem Lois, e ficar doía muito.

Não havia um novo endereço nem número para contato. Só uma promessa de que ela continuaria tentando entrar em contato com ela, na esperança que ela um dia retornasse.

Aquela foi a chave para encontrá-la. Assim que Lois retornou, Oliver sabia que era só uma questão de tempo até as primas se reconectarem.

Por mais que Lois fosse parte da solução, ele também sabia que ela seria um impedimento. Se Chloe queria permanecer escondida, então Lois apoiaria sua decisão, mesmo mantendo o segredo daqueles que ela mais amava.

Oliver tentou perguntar a ela sobre a localização de Chloe, o que o levou a tentar suborná-la pela informação e então, eventualmente, foi forçado a se retirar do Talon.

Ele ignorou o pedido de Lois de deixar pra lá, e que deveria respeitar a decisão de Chloe, mas lá no fundo, ele sabia que Chloe nunca o deixaria desistir daquele jeito. Ela tinha que saber quanto era importante pra ele, e para o time. Sem ela, ele duvidava que voltassem a trabalhar como uma equipe. 

Victor invadiu o computador de Lois para recuperar a informação que precisava, três semanas após o retorno de Lois. Ele se justificou dizendo que Chloe faria o mesmo por ele.

Os e-mails não foram fáceis de encontrar, e sem a ajuda de Victor, ele tinha certeza que o segredo de Chloe continuaria escondido. Instruções haviam sido deixadas para que Lois esperasse sua ligação. Por sorte, Oliver conseguiu rastreá-la a tempo, levando-o àquela pequena cidade no meio do nada.

Ele olhou de volta para ela, carregando pratos de comida para uma família faminta. Havia um sorriso forçado enquanto entregava a comida, antes de se virar e ir para a mesa na frente dele.

Não havia mais balançar em seus passos. Sempre houve uma energia sobre ela; o jeito que ela se movia, o jeito que falava com as pessoas - sempre conseguia iluminar o lugar, não importa o que acontecesse. Agora aquilo tinha ido embora; substituído por uma postura caída e um arrastar de pés.

"Olá, eu sou Anne e vou servi-los hoje. Querem pedir alguma coisa para beber?"

Ele lutou contra o desejo de olhar enquanto ela falava com os novos clientes. Não era sua intenção confrontá-la em um lugar público. Ele só precisava confirmar que fosse mesmo ela, vê-la com seus próprios olhos em vez de uma câmera.

Levantando-se, ele deixou dinheiro suficiente para cobrir sua conta e gorjeta, antes de sair pela porta. A  coceira entre seus ombros lhe dizendo que ela o observava, mas se virar para encontrar os olhos verdes arruinaria seu disfarce. Ele precisava falar com ela naquela noite e tinha que ser uma conversa sem audiência.

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Uma trava antiga numa janela antiga mal o preveniu de entrar no apartamento dela. Nem mesmo habilidade era necessário, apenas força bruta e a capacidade de escalar a saída de incêndio. Era perturbador o quanto tinha sido fácil, considerando que pertencia a mulher que uma vez se orgulhara de ser genial em segurança e sigilo.

O apartamento era esparsamente mobiliado e havia poucos toques pessoais no lugar. Não era surpreendente considerando o pouco que ela havia levado junto.

Havia uma pequena foto dela e Lois e uma foto de seu casamento, presumivelmente antes de Davis abrir caminho entre os convidados e o noivo.

O apartamento inteiro não era maior do que seu quarto. A casa que ela compartilhara com Lois podia ser pequena, mas tinha calor e personalidade. Lá havia mantas coloridas, almofadas espalhadas, roupas jogadas pelo chão e o aroma de café. Havia vida e amor.

Do lugar que ela chamava de lar agora, ele não sentia nada além de frio. Tudo estava no lugar, e era quase clinicamente limpo. Nem uma caneca vazia sobre a pia ou um prato com sobras de um café apressado. A estante exibia um par de livros usados, e eram provavelmente de um sebo.

Se ele tivesse que descrever a sensação que o lugar lhe dava em uma palavra, seria tristeza.

Ele foi até o sofá e se sentou no escuro. Pegando o telefone, começou a checar seus e-mails. Não tinha como saber quanto tempo Chloe demoraria para chegar em casa.

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Depois de destravar, Chloe empurrou a porta com o ombro. Era velha, levemente deformada e a maçaneta exigia um pouco da força de seu ombro para ceder.

Depois de usar a mesma força para fechá-la, ela deslizou a corrente de segurança no lugar.

Suspirando, ela se recostou contra a porta e tirou os sapatos. Havia marcas vermelhas em seus pés surgidas durante o turno, e ela distraidamente ergueu um pé para massageá-lo.

"Malditos sapatos baratos."

Chloe olhou feio para os sapatos ofensivos enquanto atravessava a pequena cozinha, precisando do conforto de sua bebida quente favorita. Ela ligou a pequena cafeteira antes de pegar sua caneca preferida do armário sobre sua cabeça.

Quando ia pegar o creme ouviu um barulho estranho que a fez pular. Algumas faíscas e um pouco de fumaça vinham de trás da cafeteira.

"Não! Nãonãonão!" Ela bateu a caneca no balcão e tirou a tomada da parede.

Com um suspiro ela se sentou no banco solitário da cozinha e olhou em luto para o aparelho. Parece que precisaria viver de café instantâneo pelos próximos meses.

Quando a luz do outro lado do apartamento se acendeu, Chloe instintivamente pegou uma faca na gaveta, apontando-a na direção da luz.

"Eu não imaginei uma recepção calorosa, mas também não esperava uma arma apontada pra mim. Abaixa isso, Chloe."

"Oliver! Que diabos você está fazendo aqui?"

O breve olhar de pânico e medo pareceu deixar o corpo dela, seus ombros caíram enquanto guardava a arma.

"Eu estava esperando por você."

"A maioria das pessoas liga, não fica se esgueirando pelas sombras." Ela respondeu.

Virando-se para ele, ele percebeu a postura defensiva, com os braços seguramente cruzados em sua frente.

Oliver se levantou do sofá e parou alguns passos na frente dela, muito ciente de que o sentido de luta ainda estava ali. Ela tinha todo o direito de estar desconfiada.

"Se eu tivesse ligado, você teria concordado em me ver?"

"Acho que você já sabe a resposta."

"Daí a necessidade da invasão." Oliver deu um risinho enquanto acenava na direção da janela. 

"Você poderia ter falado comigo mais cedo. Acho que os aperitivos do Jack não eram a única razão para você estar me perseguindo no trabalho?"

Ele deveria saber que sua presença não ficou completamente fora do radar.

"Eu precisava ver se você estava bem." Ele disse honestamente.

"Eu não vou voltar, Oliver." Havia quase pânico em sua voz.

"O que faz você pensar que eu ia pedir?" Ele perguntou gentilmente, entristecido pela reação.

"Se você quisesse apenas saber como estou, teria me cumprimentado na lanchonete. Em vez disso, você perseguiu minha prima e invadiu meu apartamento onde um confronto não causaria uma cena."

"Certo, você venceu. Mas isso não diminui a razão para eu estar aqui." Oliver aproximou-se dela e colocou as mãos em seus ombros.

"Precisamos de você. Sem você, o time virou uma zona, e eu sei o quanto dói para Lois ficar tão longe de você."

"Não tente me chantagear emocionalmente, Oliver. Eu ainda converso com Lois, e eu sei que o time está bem melhor sem mim. Eu sou a razão para as coisas terem se complicado pra começo de conversa."

"A culpa não recai exclusivamente em seus ombros, Chloe. Eu estava lá; eu vi da primeira fila. Acreditar que sua vida valia ser sacrificada, e depositar muita fé em Clark Kent são suas únicas culpas."

Ela bufou e balançou a cabeça, olhando para os pés.

"Eu vou parar isso agora, porque eu não vou ouvir, não importa o que você diga. Considere-me oficialmente aposentada do mundo dos heróis."

Ele dobrou um pouco os joelhos para tentar encontrar seu olhar. Mesmo em sua própria casa, ela estava tentando escapar dele.

"Tinha uma razão para eu te oferecer a posição de ser nossa Watchtower na Ísis. Precisamos de um olho no céu, e não tem ninguém em quem eu confie mais do que você."

"Eu sinto muito, mas meu julgamento pobre matou pessoas, e eu não posso lidar com mais mortes em minha consciência."

Ela soou artificial e derrotada. Ele podia quase sentir a mudança, mas o que o chocou mais foi a falta de fé em si mesma.

"Julgamento pobre? Chloe, você não foi a única a tomar decisões erradas naquele dia."

"Eu estava tomando decisões erradas bem antes de Jimmy morrer. Você mesmo disse!" Chloe respondeu com amargura.

"O que acontece com a ideia de aprender com os erros, huh?"

Ela finalmente se libertou das mãos dele, e lhe deu um familiar olhar de determinação.

"Foi exatamente isso que eu fiz. Eu fui embora antes de causar mais danos."

Ele podia ver que ela realmente acreditava no que estava dizendo; não havia dúvida. "Você honestamente acredita que estamos melhor sem você?"

"Vocês parecem estar sobrevivendo bem sem mim."

Foi a vez dele de dar uma risada amarga.

"Você está brincando, certo? Clark está correndo por Metrópolis como o Capitão Emo, Lois está no radar de Tess e se afundando cada vez mais, e eu? Eu estive a uma garrafa de uísque de me juntar ao AA!"

"E o que isso tem a ver comigo?"

Ele caminhou até ela de novo, não para intimidá-la, mas para que ela pudesse ver o quanto ele estava desesperado para que ela o ouvisse.

"Você me cobraria atitudes melhores. Você manteria Lois longe do perigo. Diabos, você encontraria uma bota feita de kriptonita para dar um chute merecido no traseiro de Clark!"

"Eu não vou ter essa conversa, Oliver. Obrigada por vir até aqui ver como eu estou, mas é hora de você partir." Ela disse enquanto caminhava até a porta de seu apartamento, abrindo-a pra ele.

Ele a seguiu, mas em vez de passar pela porta, a fechou de volta. "Não, eu acho que nós precisamos continuar."

"Não é problema meu! Nunca deveria ter sido! Eu nunca deveria ter tomado parte daquela vida."

Lágrimas ameaçavam cair de seus olhos, mas ela parecia determinada a ignorá-las.

"Eu não vou deixar pra lá, Chloe.  Eu preciso de você, porque não tenho certeza se posso juntar o time sem você do meu lado. Você sabe que você sempre foi o cérebro dos meus músculos." Ele disse com um sorriso encorajador.

"Nós dois sabemos que não é verdade. Se você quiser uma amiga no futuro, tudo bem, mas se vier com essa conversa de novo, da próxima vez, eu juro que vou para tão longe que você nunca mais vai me encontrar. Entendeu?"

Qualquer outra pessoa no planeta concordaria que Chloe passara por muita coisa, e vira muita coisa. Mas ela era esperta, inteligente e mais do que tudo, era uma lutadora. A mulher ainda estava ali, mas forçá-la agora a faria fugir para mais longe. Não haveria outra conversa com Chloe Sullivan, nem naquela noite, nem nunca mais.

Oliver sempre acreditou que ações falavam mais do que mil palavras, e ele tinha certeza que nada além de ação a convenceria a voltar.

"Então se eu prometer nunca mais tocar no assunto, você vai pelo menos conversar comigo?"

"Contanto que da próxima vez você prometa bater na porta, não simplesmente invadir."

"Ok. Posso viver com isso. Vou até deixar suas janelas em paz." Ele concedeu.

Ela relaxou os ombros enquanto a tensão a deixava. "Obrigada."

"Que tal eu te ligar daqui a uns dias? Podemos tomar um café." Ele disse, propositalmente olhando para a cafeteira quebrada no balcão.

Chloe seguiu seu olhar e suspirou quando viu o patético equipamento. "Acho que estarei subindo pelas paredes até lá."

"Vou pedir o maior copo que tiverem."

Oliver a puxou para um abraço, e a tensão no corpo dela o fez saber que ele a pegou de surpresa. Depois de alguns segundos, ela pareceu relaxar. Isso lhe deu esperança, porque se ela estava disposta a deixá-lo ficar como amigo, ela não estava completamente perdida.

Com um aperto final ele a soltou. "Cuide-se, Chloe. Vejo você em breve."

Ela assentiu enquanto abria a porta para o corredor. Com um pequeno aceno ele saiu do apartamento, deixando Chloe sozinha com seus pensamentos. 

Enquanto deixava o prédio, um plano começou a se formar na mente de Oliver. Daria muito trabalho, e pediria muita humilhação de sua parte, mas valeria a pena. Ele levaria Chloe de volta para Metrópolis.

______
DOIS

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11 comentários:

  1. Uhu.

    Ollie ajudando a grande Chloe a sair de uma pior, é um otimo enredo.

    prevejo muitas lagrimas, brigas e cenas lindas com esse casal lindo.

    bela escolha, ansiosa para o dois.

    Juliana

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    1. Oi, Ju, não é? Vamos ver se ele terá o mesmo sucesso que ela teve com ele...

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  2. Começou muito bem essa história!!!! Concordo com a Juliana, já me imagino agarrada numa caixa de lenços de papel nos próximos capítulos... kkkkk

    Mas olha, essa fic parece demais com uma ma-ra-vi-lho-sa da Roberta, A Better Place (quem não leu PRECISA ler!!!!)...

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    1. Se começou... rs... Ah, verdade, bem lembrado... Sim, PRECISA ler mesmo!!!!!

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    3. Este comentário foi removido pelo autor.

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    4. A better place eh perfeitaaaaa... E o começo dessa realmente lembra.
      Amo fics em que Oliver não desiste da Chloe, mesmo quando os outros aparentemente desistem. E isso eh verdade. Ele jamais desistiria e teimoso como só ele,imagino o que virá por aiiii. Amo fics com mais de um capítulo. A ansiedade me consome.

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    5. Verdade, Amanda, o começo é bem parecido mesmo... Ah, o Ollie, perfeição na vida da Chloe!!! :D

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  3. Será, pessoal??? Por precaução é melhor deixar uma caixinha do lado, né?!! rsrs

    É verdade,Ciça, ao menos neste primeiro capítulo se parece mesmo... Aaaahh, A Better Place, sim, quem não leu deveria... Deu até vontade de ler novamente!!

    GIL

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    1. Será? Vamos aguardar... Mais uma recomendação pra todo mundo correr lá no JC e ler a maravilhosa fic da Roberta...

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    2. quando começei a ler, tive a impressao de ja ter lido, mas depois as meninas me relembraram que é A Better Place, que é mesmo otima

      Juliana

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