28.2.13

Whiskey In The Jar



Autora: Beatriz S.

Prometeu a si mesmo que ficaria quieto. Sem repreensões e sem discursos morais. Não queria bancar o íntegro para cima de Oliver, pelo menos não hoje. Não de novo. Para ser sincero, ficou até satisfeito em saber que conseguia controlar a própria língua com tanta facilidade, mesmo tendo a consciência de que em momentos passados havia despejado palavras e opiniões em milésimos de segundos. 

A força de vontade faz milagres desconhecidos virem a tona. Bem, era isso que Clark pensava a uns quinze minutos atrás. Agora, no entanto, sua garganta já fervilhava em vontade de dizer algumas poucas e boas para o amigo. 

-Será que você não cansa? Nunca? - Despejou Clark, mirando a garrafa que se encontrava na mesinha de centro com os olhos semi-cerrados. 

-Hm? - Oliver limitou-se a ganir em inquisição, servindo-se de mais whisky. 

Em um curto período de trinta e sete minutos, o Queen já tinha virado pelo menos uns dez copos de bebida. E não dava indícios de que ia parar tão cedo. Diante disso, Clark não conseguiu ficar quieto. Depois de intervir tantas vezes, achou que conseguiria manter-se impassível, mas era uma tarefa para um homem de aço, com determinação de ferro e mente de pedra bruta. Ironia? Não. Era simplesmente difícil assistir seu amigo se afundar em álcool.

-Chega. Você não vê que isso só te faz mal? - continuou o Kent, esforçando-se para não soar tão censurador. 

O outro homem, por sua vez, desceu os olhos para o copo, parecendo refletir por um segundo interminável. Então balançou a cabeça, em uma concordância silenciosa.

-Você tem razão. - respondeu Oliver por fim, enfiando os dedos no copo para tirar os cubos de gelo que lá jaziam. Encarou-os brevemente e arremessou na direção oposta, quase achando engraçado a forma como Clark abaixou para não ser atingido. - Gelo é um perigo. Além do mais eu não quero estar resfriado amanhã. 

A sala banhou-se em um silêncio quase sepulcral onde o "vigilante" encarava o arqueiro, incrédulo. Não conseguia entender como o amigo chegava em pensamentos tão excêntricos e sarcásticos. E para piorar, não compreendia como ele conseguia por em palavras tão sérias. 

-Eu não posso com isso. Anda, levanta daí e larga essa maldita coisa. Não quero ser obrigado a lhe chantagear com ameaças. 

-Mas eu não estou entendendo o que há de tão errado. Me deixe em paz! Quero afogar a minha saudade nesse líquido de cor âmbar, enquanto não tenho meus olhos verdes de volta.

Clark não pode evitar um rolar de olhos em tédio. Lois havia viajado para o Egito, por conta de uma reportagem, e dessa vez ele não pôde ir, já que o editor chefe o havia designado outra função. Chloe aceitou o convite para ajudar a prima. E agora aqui estavam os dois, sem as duas. 

-Estou com saudade da minha namorada também, Oliver. E nem por isso estou me matando de beber. 

-Chloe não é minha namorada. - resmungou o Queen, afundando-se mais ainda no sofá de couro negro.

-Então o que ela é, posso saber? - retrucou o Kent, cruzando os braços. Não entendia a relação que eles tinham. Nenhum deles admitia um relacionamento sério, mesmo que a paixão que transbordava pelos olhos de cada um fosse quase tangível. 

-Ela é apenas minha. - sussurrou, completando um pouco mais alto logo após. - Minha amiga.

-Deus, desisto.

E com isso Clark girou nos próprios calcanhares, seguindo o caminho para a cozinha, onde abriu a geladeira e serviu um grande e delicioso copo de leite frio para si mesmo, convicto de que isso sim era ser um exemplo de homem comportado e casto quando tinha sua mulher longe. 

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A ansiedade e o nervosismo que Ollie sentia parecia irreal para um cara com todo aquele porte esportivo. Mas Clark não podia julgá-lo. Nenhum dos dois parecia ser o tipo de cara que corre a noite pela cidade, salvando vidas. Mantinha suas mãos dentro dos bolsos da calça preta social, mas não podia negar que estava impaciente também. Queria rodear Lois com os braços, num aperto leve e carinhoso, e beijá-la.

Oliver não conseguia ao menos se conter. Esfregava uma mão na outra, andava de um lado para  outro, despenteava ainda mais os cabelos e suspirava como uma garota adolescente olhando o poster de algum astro sarado sem camisa. A cabeça só conseguia formular palavras e formas de agradar Chloe quando ela chegasse. Queria tanto puxá-la pelos pulsos e sussurrar coisas doces em seu ouvido só para senti-la estremecer. E que droga de avião era aquele? Quanta demora!

-Mas que diabos!

-Relaxe, Ollie. Elas já devem estar... - Mas Clark não terminou a frase. Lois já estava abrindo espaço por entre a multidão de pessoas que lotavam o aeroporto. Não demorou meio sorriso e nem três segundos para que ela pulasse sobre o corpo de seu namorado, que sorria largamente.

Só então Oliver se tocou que ela estava ali, andando calmamente em sua direção, com seu ar perfeitamente sereno. Seu peito encheu-se com calor ao ouvir o timbre de sua voz feminina, e tudo o que ele fez foi avançar alguns passos com um sorriso tolamente apaixonado. Abraçou-a, demonstrando toda a saudade que tinha em seu ser, e beijou-lhe leve e demoradamente o rosto. O pacto ainda estava valendo, nada de público, então precisou reprimir ao máximo a vontade de puxá-la logo para fora dali.

Clark apenas sorriu, poucos metros atrás. Era incrível como Oliver se transformava na presença de sua melhor amiga. Ficava feliz em saber que finalmente a Senhorita-Durona-Sullivan havia achado alguém perfeito para ela.

-É impressão minha ou o Ollie está babando, CK? - Lois brincou, olhando na mesma direção que o namorado.

-Deve estar querendo colocar pra fora toda a bebida que ele ingeriu enquanto esperava Chloe voltar. - Clark também zombou, sorrindo em seguida.

As coisas pareciam peculiarmente certas agora.

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4 comentários:

  1. Ai, que bom que postaram o texto da Bia aqui, assustei quando vi que o blog dela tinha sumido...

    Edicleia

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  2. Que legal, fic brasuca!!!!!

    Dorei Bea!!!! Oliver pode parar de encher a cara, tua loira voltou, ela sempre volta.

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  3. "Ela é apenas MINHA." Aaahh, Oliver!! Oh, mulher de sorte é a Chloe, porque sim, ela finalmente achou alguém perfeito! *-*

    Muito bom, Beatriz!

    GIL

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  4. Essa fic é demais, muito boa mesmo!!! adoro Oliver ansioso e inseguro rsrs ;))

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