9.1.13

Voyeurismo (4/?)

Resumo: Os paparazzi não são os únicos a vigiar a vida de Chloe e Oliver.
AutoraClara
Classificação: R
N/A:  O fato de Davis não ser mais Doomsday já torna essa história um Universo Alternativo e, a partir deste capítulo, vamos ver o quão diferente do enredo original esta fic está. Apenas para que ninguém fique confuso, considero aqui que Jimmy ainda está vivo, mas que, claramente não está com Chloe. Lois acabou de voltar da sua viagem ao futuro (se lembram daquela confusão toda com o anel da legião e tal?) e Clark, Chloe e Oliver não são exatamente BFF's.... 
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Não muito tempo depois de ter estado cara-a-cara com a loira, Davis teve a oportunidade de vê-la mais uma vez sem a ajuda do seu precioso binóculo.

Porque dessa vez ele a viu no Hospital de Metrópolis.

Era início da noite, o que significava o fim do expediente dele. E, como em todo final de expediente, Davis estava andando um pouco distraído pelos corredores lúgubres do hospital, preenchendo alguma papelada na prancheta que repousava em suas mãos, olhos escuros hora ou outra se apertando para lerem as letras pequenininhas dos formulários. Seus ombros largos estavam ligeiramente caídos para frente e seus pés praticamente se arrastavam pelo chão, deixando mais do que perceptível o quão cansado estava o paramédico depois de mais um agitado dia de trabalho.

Um suspiro escapou de repente dos seus lábios entreabertos, e ele parou por um momento, costas buscando apoio na parede enquanto coçava o olho com a mão direita. Foi quando que, piscando bem devagar e franzindo as sobrancelhas ao se lembrar de que tinha que passar num mercado antes de ir para casa, ele virou seu rosto um pouquinho só para o lado...

...mas um pouquinho que foi mais do que suficiente para que ele percebesse, com o canto dos olhos, um borrão dourado.

E foi aí que ele a viu.

Olhos, antes semicerrados, se arregalaram naquele mesmo instante, e toda a fadiga que o rapaz até então sentia pareceu deixá-lo com toda a pressa do mundo. Porque a pequena loira que vestia uma bela e moderna jaqueta verde e que estava sentada numa das cadeiras do corredor da Emergência era, sem sombra de dúvidas, Chloe Sullivan.

Mas Chloe Sullivan não estava sozinha.

Ao lado da moça, estava sentado um alto rapaz loiro cujo rosto era bem familiar, e Davis não demorou mais do que alguns segundos para reconhecê-lo. Aquele era o mesmo rapaz que o moreno havia visto dezenas de vezes no apartamento de Chloe, sempre visitando a moça tarde da noite.

Com passos silenciosos e, aproveitando-se das sombras criadas pela iluminação precária do local – algumas lâmpadas precisavam ser trocadas com urgência pela equipe de manutenção – Davis se aproximou um pouco do casal, ficando perto o suficiente para permitir que seus olhos percebessem alguns detalhes daquela cena, mas mantendo-se longe o bastante de tal forma que seus ouvidos não conseguiam captar nem uma palavra sequer dos sussurros trocados pelos dois loiros.

Tenso, engoliu em seco, sua mandíbula travando logo em seguida. E se antes ele só tinha olhos para formulários e letras minúsculas, agora, não conseguia desgrudá-los da cena que se desenrolava a pouquíssimos metros de onde ele estava.

E, atentamente, ele fez o que fazia de melhor.

Ele observou.

Observou como os olhos dela estavam avermelhados, algumas olheiras escuras já se formando e contrastando com a pele clara. Observou como o corpo dela tremia, mesmo estando aquecido pelo casaco verde, ombros sacudindo com pequenos e curtos espasmos. Observou como o loiro envolveu a mão dela na dele, dedos grossos e calejados entrelaçados com dedos finos e macios, o dedão dele fazendo movimentos circulares na delicada mão feminina. Observou como o rapaz vez ou outra sussurrava alguma coisa no ouvido da moça, como ele usava a sua mão livre para pentear alguns cachos dourados que teimavam em cair na frente do rosto dela, e como ele a mirava como se ela fosse o seu bem mais precioso na Terra. O toque era muito sutil, o contato, deveras precioso, íntimo até, e a troca de olhares entre o casal era algo tão consistente e concreto, mas, ao mesmo tempo, tão surreal e mágico, que Davis tinha certeza de que aqueles dois se encontravam num mundo que pertencia apenas a eles, completamente alheios aos seus arredores.

E então, Davis sentiu algo de ruim brotar em seu âmago. Dedos seguraram a prancheta com mais força, dentes rangeram e a expressão em seu belo e másculo rosto ficou apavorante. Dizer que ele não gostava do que estava vendo seria a atenuação do milênio.

Ele sentiu ódio.

“Oliver!” O súbito grito não chamou apenas a atenção do paramédico, mas também a dos dois loiros, que romperam na mesma hora toda e qualquer forma de contato, dedos desentrelaçando, corpos se distanciando e olhos se virando na direção de um rapaz alto e moreno, trajando uma pesada jaqueta azul, que andava apressado pelo corredor, olhos aflitos e punhos cerrados. Davis achou a reação dos dois muito estranha, não entendendo muito bem o motivo de terem se separado de forma tão brusca e assustada apenas pela chegada do outro. Era quase como se eles tivessem... medo de serem descobertos. “Lois está bem?”

“Bem, Clark? Bem? Se você considera que sumir por três semanas e aparecer do nada com duas costelas quebradas, uma concussão e uma não tão bela coleção de hematoma-”

“Oliver! Já chega!” Davis foi obrigado a arregalar os olhos ao ouvir a voz de Chloe. Ele nunca imaginou que ela poderia soar tão firme, cansada e triste daquele jeito. E tudo ao mesmo tempo. “Não, Clark. Ela não está muito bem e ela... ela ainda não acordou...” O moreno tentou se aproximar mais um pouco do trio, apertando os olhos para ver o misto de emoções que surgiam na face da moça, sentindo-se, também, muito intrigado pelo assunto que eles discutiam. “O médico que a examinou disse que não sabe quando ela vai acordar. Pode ser daqui a algumas horas, ou daqui a alguns dias, ou... ou...”

“Chloe, eu...”

“Eu acho que você deveria ir embora, Clark.” Oliver disse com firmeza e bravura, encarando intensamente o recém-chegado e dando um passo em direção a Chloe, assumindo uma postura protetiva bem ao lado da loira. “Eu e a Chloe vamos passar a noite no hospital. Você pode ir embora e continuar brincando de super-herói solitário por aí. Acho que isso vai ser o melhor para todos nós!”

“E eu acho que eu posso muito bem tomar minhas próprias decisões, Oliver!” Clark retrucou alto e em bom som, respondendo a encarada do loiro com uma tão feroz quanto.

Arqueando as sobrancelhas, Davis se sentiu um tanto quanto confuso com aquela conversa, sem entender quase nada do que os rapazes discutiam com tanto violência. E então, de repente, viu Chloe se levantar da cadeira e se afastar dos dois. Uma lágrima escorreu pelo rosto dela, mas a moça logo a secou com as costas das mãos, um suspiro profundo escapando de seus lábios rosados. Esgueirando-se pelas sombras, o paramédico foi se afastando da cena a medida em que a moça caminhava pelo corredor, cada vez mais próximo do local onde ele estava. Com rapidez, virou a esquina e buscou refúgio no vão de uma porta, apenas para notar que ela também havia virado a esquina e passado direto por ele, provavelmente muito concentrada nos seus próprios problemas e conflitos internos para notar o quão próxima do moreno ela realmente estava.

E enquanto ela seguia em direção à máquina de café que ficava no final do outro corredor, Davis olhou de relance para os dois rapazes que ainda discutiam com fervor...

...e, sem perder tempo, se pôs a seguir a loira.

_______
CINCO

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12 comentários:

  1. Meu Deus, Clara... Não acredito que você parou aqui!!!!! rs.... Ai... A oportunidade perfeita pra ele se aproximar dela, que medo!!!! Quero mais, Clara, please... :D

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    1. rsrs Pois é, eu tenho esse mania péssima de terminar o capítulo no suspense.... mas o próximo cap já está quase pronto, e promete bastante interação entre Chloe e Davis (até eu estou com medo...)!
      Beijos!!!

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    2. :DDDDDDDDDDDD

      Mal posso esperar!!!!!!!!

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  2. Não, Clara!!!!!! Você não pode deixar a gente nesse ponto!!!! Quero ver como vai ser essa aproximação... estou presíssima nessa fic... quero mais, mais, mais, mais...

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    1. Calma!!! O próximo capítulo já está a caminho e nele vamos ver direitinho essa aproximação do Davis!! Beijos!!!!

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  3. T.E.N.S.O.

    Cara, isso é muito bom!!!!!!

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    1. Tenso é a palavra certa para esta fic, Ana Luíza!! Até eu fico nervosa na hora de escrever! rsrsrs Beijos, e que bom que está gostando!!

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  4. Oh meu Deus!!
    O Davis está cada vez mais perto dela, isso é assustador, e assusta ainda mais que eles não têm a menor noção disso...

    Ótimo capítulo, Clara!

    GIL

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    1. Verdade, Gil! O perigo está rondando Chloe, e nem ela e nem Oliver desconfiam de nada! Isso dá muito medo mesmo! Obrigada por acompanhar a fic!
      Beijos!!!

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  5. Uau, sensacional!!!!!!!

    Capítulo maravilhoso Clara e deixou a gente com o coração na mão. Adoro fics tensas... rs...

    Edicleia

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    1. Obrigada, Edicleia! Que bom que gostou do capítulo! Ele foi mesmo bastante tenso, mas acho que daqui para frente os capítulos terão esse mesmo clima de suspense! Beijos e até o próximo!

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  6. História simplesmente fantástica, Clara...

    Davis foi um personagem muito legal em Smallville e tinha esse lado sombrio que você está explorando perfeitamente aqui nessa história...

    Estou ansiosíssima por mais...

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