29.9.10

Obviously Off-Limits


Título: Obviamente Fora Dos Limites
Resumo: "Senhores", ele falou casualmente, recuperando o fôlego rapidamente, "se importam em baixar as armas? Ou minha garota vai ter um ataque cardíaco."
Autora: novadelphine
Classificação: PG-13
Categoria: Comédia




Normalmente, Mike O'Reily não reclamava de seu emprego. Há seis anos ele fazia parte da equipe de segurança privada de William Chandler, e trabalhar para um dos homens mais ricos no campo das telecomunicações tinha suas vantagens. Em noites como essa, no entanto, quando Chandler abria sua mansão em Nova Iorque e recebia uma centena ou mais de seus associados para mais uma interminável festa - Mike acabava ficando irritado com seu trabalho. Ele odiava ter que passar uma noite perfeitamente boa longe de sua mulher e suas garotas. Ele odiava ter que circular nesse terno enquanto os convidados, que vestiam mais dinheiro do que ele conseguiria em um ano, fofocavam, apunhalavam os outros pelas costas, e em geral fingiam gostar da companhia uns dos outros. Pior que isso, porém, era trabalhar com Tommy Davidson, porque mesmo que fosse um garoto legal, e ele era, ele nunca se calava.

"Então Machida acabou com ele, sabe?" Tommy explicou animadamente, balançando levemente pra trás e pra frente em seus calcanhares enquanto descrevia tintim por tintim a grande luta que ele havia visto pelo pay-per-view no último fim de semana. "Ele estava todo evasivo tipo, se abaixando e desviando. Só enrolando o cara, sabe?"

Mike suspirou profundamente. Ele sabia. Tommy havia passado a maior parte do turno de ontem descrevendo a luta exatamente do mesmo jeito, e apesar do que o jovem pudesse pensar, seu comentário não havia melhorado com a repetição. Ia ser uma longa noite.

"Eu estava tipo, 'Vamos lá! Faça alguma coisa!' ", Tommy continuou, muito envolvido em sua história para perceber o total desinteresse de Mike. "Então, BAM! Do nada, aparece um cara e detona o outro! Juro por Deus. A. Coisa. Mais. Legal. Do. Mundo!"

Mike suspirou novamente. Cada luta que Tommy assistia era 'A. Coisa. Mais. Legal. Do. Mundo.' Assim era com todo filme de ação, ou cada game novo que ele comprava. O garoto realmente precisava arrumar uma namorada. Logo.

Por sorte, Tommy foi interrompido quando o EDA que Mike trazia em seu cinto começou a apitar estridentemente. Alcançando o computador de mão sem hesitar, Mike automaticamente se afastou da multidão ao seu redor e olhou para o dispositivo, chocado ao ver a mensagem indicando que um alarme havia sido acionado.

"O que foi?" Tommy perguntou humildemente, toda a costumeira conversa ridícula desaparecendo com a possibilidade de algo estar errado.

"Um alarme foi desligado", Mike respondeu rispidamente, checando novamente o local antes de alcançar e pressionar o comunicador em seu ouvido.

"O'Reilly para Tucker, eu tenho um alarme na asa leste", ele reportou, mantendo a voz baixa para evitar que algum convidado ouvisse. "Davidson e eu estamos indo para o escritório checar. Mande Marks e Howard cobrir nossa ausência."

Mal esperando pela confirmação de Tucker, Mike gesticulou para Tommy e os dois partiram para o corredor, caminhando discretamente pela casa que parecia um labirinto até chegarem à enorme porta de madeira que bloqueava o escritório de seu chefe.

Estampando um sorriso animado, Tommy segurou a maçaneta imediatamente, mas Mike segurou seu ombro com força.

"Um", Mike começou, sua voz não passava de um sussurro. "Não vai entrando assim. Use um segundo para ouvir qualquer barulho que venha lá de dentro. Dois, tira esse sorriso idiota da cara porque isso não é divertido."

A mão de Tommy se afastou da porta imediatamente, mas o sorriso continuou no lugar.

"É o que você acha", o jovem respondeu. "Isso é demais."

Mike balançou a cabeça desesperadamente e decidiu apenas aceitar o fato de que não havia esperança para o garoto. Afastando o jovem do caminho, ele encostou o ouvido na porta e esperou por algum som de conversa vindo do outro lado. Após um momento de silêncio, ele segurou a maçaneta de metal com uma mão e tirou sua arma do coldre com a outra.

Seguindo o exemplo de Mike, Tommy pegou sua própria arma e com um curto aceno de cabeça, os dois homens abriram as portas com força.

"Parados!" Mike gritou enquanto invadiam o local mal iluminado, seus olhos procurando metodicamente pelos intrusos.

"Whoa!" A voz de um homem soou do outro lado da sala. "Rapazes, vocês estão realmente acabando com o clima aqui!"

Mike e Tommy viraram juntos em direção a voz, armas em punho e prontos para a luta, apenas perdendo o ar intimidador quando suas bocas se abriram com a visão que tiveram.

Pressionados contra a imponente mesa de mogno do Sr. Chandler, estavam um homem e uma mulher, os dois loiros e julgando pelo seu terno escuro e o vestido de cetim dela, os dois eram convidados da festa. A pequena mulher estava sentada na borda da mesa, pedaços de pele pálida e saltos feitos para se mostrar do mesmo modo que suas pernas pendiam de cada lado do homem alto. Seus olhos eram verdes e brilhantes e estavam arregalados quando ela olhou para Mike e Tommy com uma expressão chocada, sua respiração ofegante fazendo as alças de seu vestido descerem cada vez mais ao longo de seu peito arfante.

Nesse momento, o homem observou Mike e Tommy por sobre o ombro enquanto continuava na mesma posição contra a mulher, suas mãos enterradas com força no vestido bem no alto de suas coxas. O cabelo dele estava bagunçado e sua camisa amarrotada e parecia ter sido aberta a força, mas diferente da expressão assustada da mulher, seu rosto se abriu num enorme sorriso.

"Senhores", ele falou casualmente, recuperando o fôlego rapidamente. "Se importam em abaixar as armas? Ou minha garota vai ter um ataque cardíaco."

Um certo reconhecimento atingiu Mike e ele estreitou os olhos para o homem, tentando descobrir o que causava a sensação de familiaridade. Logo, a resposta lhe veio e ele se endireitou desconfortavelmente em sua posição defensiva, agradecido por ter gasto algum tempo estudando a lista de convidados especiais que a equipe de Chandler havia cuidadosamente preparado.

"Sr. Queen?" Ele arriscou, abaixando cuidadosamente sua arma, apontando-a para o chão e dando uma olhada para Tommy sinalizando que ele fizesse o mesmo.

O sorriso charmoso do homem aumentou.

"O primeiro e único", ele disse pausadamente, soltando as mãos das coxas da mulher e puxando discretamente o vestido dela fazendo-o descer, tirando as pernas dela de vista. "Como os cavalheiros estão passando esta noite? Gostando da festa?"

Mike e Tommy se entreolharam, desejando que seus treinamentos lhes tivesse ensinado o que fazer quando você pega um dos convidados vips do seu chefe invadindo uma área restrita.

As sobrancelhas do Sr. Queen ergueram-se com o silêncio.

"Podem ser honestos rapazes", ele riu. "Essa não é minha primeira vez numa festa do Bill. Eu sei o quanto elas podem ser chatas."

Ele olhou para baixo, para a mulher que ainda estava enrolada ao redor dele, sorrindo para ela antes de olhar de volta para Mike e Tommy conscientemente.

"Daí nossa posição comprometedora", ele informou.

A pequena loira estivera estudando os três homens apreensivamente, mas quando o Sr. Queen fez a insinuação velada ela soltou um suspiro indignado e imediatamente deu um soco em seu ombro.

"O quê?", ele provocou, segurando a mão dela na dele antes que ela pudesse acertá-lo novamente, beijando os nós de seus dedos. "Não aja como se a ideia não tivesse sido sua!"

Antes que a pequena coisa tivesse a chance de repreendê-lo com sua mão livre, ele pegou seu pulso e manteve o braço dela dobrado firmemente ao seu lado.

"Nervosinha!", ele riu com aprovação, dando um beijo em seu nariz antes de se virar para Mike e Tommy.

"Alguma chance dos senhores nos darem uns vinte minutos?" Ele perguntou maliciosamente.

"Oliver!" A loira sibilou pelos dentes cerrados.

Ele se virou pra ela com as sobrancelhas erguidas, claramente se divertindo.

"Desculpe", ele se corrigiu, sorrindo orgulhoso para Mike e Tommy. "Melhor trinta. Não quero desapontar a dama."

"Eu te odeio", a mulher murmurou irritada entredentes, enrubescendo visivelmente apesar da pouca luz que havia na sala.

"Uh, senhor", Mike interrompeu, pensando - não pela primeira vez - que pessoas ricas eram tão simples. "Esta sala está fora dos limites."

O homem alto inclinou a cabeça para Mike.

"Ah, sim", ele concordou com se fosse a coisa mais óbvia do mundo. "É por isso que viemos pra cá. Existem algumas coisas que ela só está disposta a fazer com um pouco de privacidade."

Os olhos da mulher estavam arregalados de novo e com um rápido movimento, ela se soltou das mãos dele e deu um soco em seu peito, com força.

"Estão vendo o que eu quero dizer?" Sr. Queen sorriu, ignorando o gesto.

"Veja, eu entendo", Mike tentou, espantado com a audácia do homem. "Mas não podemos deixá-los ficar aqui. Está fora dos limites por uma razão."

"Sério?" O homem loiro exclamou, estranhamente contente pela postura de Mike. "Existe alguma coisa que eu possa fazer pra mudar isso?"

"Bem..." Tommy começou, descaradamente interessado no que o Sr. Queen poderia oferecer, mas Mike fuzilou o garoto com um olhar que ele rapidamente calou a boca balançando a cabeça vigorosamente sinalizando um não.

Os olhos do Sr. Queen iam e voltavam de um para o outro, com uma expressão pensativa no rosto durante a troca silenciosa de olhares.

"Eu gosto do você", ele declarou em seguida, apontando para Mike. "Você estaria interessado em trabalhar pra mim?"

Mike olhou para o homem incrédulo, agora convicto que a riqueza vinha com uma saudável dose de loucura.

"Eu agradeço senhor", ele começou. "Mas minha família e eu estamos felizes onde estamos."

O alto homem assentiu afirmativamente, alcançando sua camisa e começando a abotoá-la, encolhendo os ombros negligentemente ao perceber que um par de botões estava faltando.

"Um homem de família, bom pra você", ele afirmou enquanto se esforçava para amarrar sua gravata borboleta arruinada, suas mãos práticas fazendo um trabalho tão rápido com a tarefa que Mike nunca seria capaz de realizar se não fosse por sua esposa.

"Sim, obrigado", Mike murmurou, seus olhos correndo em direção a mulher que parecia tão desconcertada quanto ele com toda a situação.

"Uh, senhorita?" Ele chamou, se dirigindo a jovem pela primeira vez. "A mesa em que você está sentada é muito antiga e muito cara. Você poderia, talvez, descer?"

Ele teve o fugaz pensamento de que os olhos da pobre garota ficariam arregalados para sempre porque seu pedido fez com que eles aumentassem de tamanho novamente. Gaguejando uma desculpa apressada, ela desceu da mesa e quase perdeu seu vestido solto na tentativa de alcançar os pés. Por sorte, o Sr. Queen parecia possuir excelentes reflexos porque suas mãos rapidamente seguraram a roupa antes que Mike e Tommy pudessem ver alguma coisa.

Ignorando o quanto ela se contorcia, ele puxou a garota pra perto dele e fechou o vestido em suas costas, puxando o zíper por todo o caminho de volta antes de se inclinar e dar um beijo em sua clavícula descoberta.

"Bem, cavalheiros", ele afirmou, enquanto se arrumava e corria uma mão pelo cabelo, puxando a pequena loira para o seu lado com a outra. "Se vocês não vão nos deixar ficar aqui, acho que a limusine dever servir."

Os olhos da mulher reviraram massivamente, mas ela se absteve de socá-lo novamente, aparentemente resignada com sua cara-de-pau.

"Legal", Tommy sorriu inconscientemente, ganhando outro olhar de Mike por seu deslize.

Balançando a cabeça para a falta de profissionalismo de seu parceiro, Mike voltou sua atenção para a dupla loira.

"Eu agradeço a cooperação", ele disse, dando um passo para trás abrindo espaço para o casal passar.

"Tenham uma boa noite, rapazes", Sr. Queen disse por cima do ombro enquanto saía, a mão envolta ao redor da jovem mulher deslizando para descansar em seu bumbum. "Eu sei que eu terei."

Tommy riu com as palavras, mas foi quando a pequena loira se virou e empurrou a mão de Queen para longe dela que Mike soltou uma risada. Ele observou os dois enquanto eles caminhavam pelo corredor, surpresos pelos inesperados olhares afetuosos que o homem alto dirigia a mulher que caminhava espumando ao seu lado.

"Cara", Tommy exclamou. "Ela era bonita! Deve ser legal ser ele, huh?"

"Sei lá", Mike falou, pronto para trancar novamente o escritório quando algo chamou sua atenção.

Quando Queen e a mulher estavam próximos a mesa, eles bloquearam a maior parte da vista da janela atrás deles, mas agora que tinham saído, ele podia ver o reflexo da sala nas vidraças, claro como o dia.

Franzindo a testa, ele atravessou a sala rapidamente e circulou a mesa.

"O que foi?" Tommy perguntou, observando-o curiosamente.

Mike não podia acreditar no que estava vendo.

"O computador está ligado", ele respondeu incrédulo, sua cabeça voltando imediatamente para a porta e o longo corredor pelo qual os dois loiros ainda deviam estar passando, mas eles haviam desaparecido.

Mike se endireitou lentamente e esfregou a mão pelo rosto cansado. Estava decidido. Ele odiava seu maldito emprego.

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