17.8.10

All The Things She Said

Título: Todas As Coisas Que Ela Disse
Resumo: "E eu estou voltando pra você, com o sangue em minha boca / e eu estou voltando pra você, nem que seja a última coisa que eu faça."
Autora
: freneticfloetry
Classificação: PG-13
Spoilers: Salvation
Banner: nivieniv


1frenticfloetry




Ele se acostumou a ouvi-la.

Ela é a voz em seu ouvido, firme e segura quando ele está perdido. A voz em sua cabeça. Quando nem ele mesmo consegue se reconhecer.

Chloe Sullivan soa como segurança. Ele a ouve e está coberto. Protegido. Vivo.

Tudo o que ele precisava agora.


Aqui é o meu lugar.


"Se isso for inútil, encontraremos outro jeito."

Ela estava de pé em frente ao computador quando ele entrou, e os dedos diminuiram um pouco a raiva para erguer uma sobrancelha enquanto olhava ele atravessar a sala e se jogar no sofá.

"E oi pra você também. Problemas para derrotar o Bumerangue?

"Você sabe como é", ele resmungou, inclinando-se para frente e apoiando os cotovelos nos joelhos para esfregar a nuca. "É tudo divertido até o bumerangue soltar as lâminas." O medo surgiu nos olhos dela, afiado e brilhante. E ele encolheu os ombros para tentar despreocupá-la. "Ele sentiu o gosto do próprio veneno."

"Acho que o que vai, volta", ela murmurou, conseguindo sorrir e se encolher de uma vez só. "Imagina-se que ele saiba disso melhor que qualquer um." Ele riu, mas ela franziu a testa e colocou um dedo no ouvido, olhando de volta para o monitor. "Continue nesse caminho por mais setecentos metros, então vire à direita. Você terá uma janela de dez minutos antes que eles fechem a loja."

Ela passava as informações mais rápido do que ele conseguia piscar, e ele a observou por um segundo, maravilhado com esse outro lado das missões, colocar uma imagem na voz. Em todo o tempo em que estiveram trabalhando juntos, durante todo o tempo em que eram um time, ele nunca havia parado para observar a Watchtower.

Levantando o queixo, ele apontou para os monitores. "Então, quem está no convés?"

"Engraçado você perguntar desse jeito", com um aceno de cabeça, ela se virou para continuar a digitar. "AC interceptou uma ligação pirata Somali, então ele está jogando as coisas por água a baixo. Vic está derretendo uma rede de sites pedófilos em Moscou, mas já está voltando. Dinah está alerta, mas de folga pelas próximas quarenta e oito horas. E uma vez que você foi gentil o bastante para tomar conta do Garoto Bumerangue em nossa própria cidade, parece que conseguimos salvar o mundo mais um dia."

E ela orquestrou tudo.

Ele deu uma olhada para os monitores repletos de informações que pareciam rabiscos, mesmo pra ele - mapas, textos de pesquisas, GPS com sensores de calor - e considerou seriamente a possibilidade de não estar pagando a ela o suficiente.

"Se está tudo quieto na fronteira da justiça, porque você ainda está preparada para a guerra?"

"É uma longa história, ainda tenho um atropelamento para resolver, mas antes...", ela apertou algumas teclas e acessou uma empresa aérea na Cidade do México, dando-lhe um sorriso por sobre o ombro e parecendo ter tudo tão sob controle, que olhando assim, com umas rápidas batidas do coração, era difícil respirar.

"Bart está com vontade de comer enchiladas", disse ironicamente. "E eu tenho que cuidar dos meus garotos."


Você é um lutador, Oliver.


Ele oscila em seus pés e balança a cabeça, fazendo um balanço dos diferentes pontos de dor e tentando ao máximo não desmaiar. Seu lábio está partido, suas costelas estão doendo, e seu ombro esquerdo está deslocado, mas ele já esteve pior.

De olho na brigada de monstros voadores - para não mencionar seu arsenal considerável - ele tem certeza que o pior ainda está por vir.

Eles atacam em ondas, em perfeita formação, coreografados como se compartilhassem uma consciência. Ele luta até os punhos sangrarem, até o suor arder nos olhos, e tudo o que ele consegue ver está girando em tons de verde e dourado. É quase suficiente para fazê-lo repensar todo seu esquema de cores.

Não é fácil ser verde, ele pensa, e de algum jeito soa como Chloe.

O que significa que ele pode acrescentar uma concussão à contagem.

Ele ri, seriamente ferido e meio-delirante. Mas há uma batida em seu sangue e um eco em seu ouvido que parece muito familiar, o empurrando, tirando força de algum lugar que ele não consegue entender e ele respira fundo e deixa o ataque tomar conta.

Não é ela, não de verdade, mas ele se agarra ao que pode ter.


É melhor você tomar cuidado, Ollie. Ou eu vou começar a achar que você está se apaixonando por mim.


"Me fale sobre o fantasma na máquina. Aquela extensão nunca existiu."

Quando ela canta as maravilhas de voltar para casa para uma cama quente, ele entende que essa frase envolve muito mais do que simplesmente dormir.

Ao invés disso ela volta para o modo-Watchtower, ajudando Victor a entrar em um posto não tripulado da Checkmate de onde J'onn conseguiu escapar. Os dois estavam discutindo sobre um arquivo problemático há tanto tempo que ele desistiu da comemoração de boas-vindas e se plantou no sofá.

"Seja lá de que formato seja o fantasma, a transferência está bloqueada", ela estressa, balançando a cabeça. "Então vamos partir com tudo, precisamos dessa informação e precisamos quebrar o bloqueio online."

Parte dele não conseguia acreditar que a experiência de quase-morte não a afetou de forma alguma, não quando o pensamento do quanto a morte passou perto faz com que ele trema mais do que ele queira admitir. Mas ela já esteve próxima da morte antes, próxima e além, e até o que a havia matado a deixou mais forte.

E, por mais que a cama parecesse uma boa, havia algo em vê-la desse jeito que o fazia desejar.

"Bingo." Ela varreu a mão sobre a tablet, passando pelos arquivos que Victor havia finalmente conseguido enviar ao seu servidor. "O Homem de Seis Milhões de Dólares ataca novamente", ela diz com a voz cheia de louvor e orgulho. "E você vale cada centavo. Não poderia ter feito melhor."

Ele ri - em algum lugar do outro lado do mundo, o Homem de Lata estaria com o coração derretido.

Havia palavras de incentivo para cada um deles, assim que a missão estivesse cumprida - Bart era a coisa mais rápida em dois pés, J'onn era o Marciano preferido, Dinah era a rainha do grito, AC andava sobre as águas. Até Carter e seu mal-humor sem fim ganhava um carinho, quando conseguia ficar numa boa com os outros.

Pra dizer a verdade, ele se sentia meio deixado de lado.

Ela guiou Victor de volta e desligou o sistema, e ele tossiu limpando a garganta esperando que ela se virasse pra ele.

"Estamos no meio de coisas difíceis essa noite, não? Não me diga que você não ia conseguir decodificar os dados enquanto dormia."

Ela riu e colocou a tablet em cima da mesa. "Claro que eu poderia", ela zombou. "Mas para esse nivel de encriptação teria que ser o diabo de um sono."

Ele coçou o queixo e resistiu ao desejo de dizer que ela estava demonstrando seus superpoderes. Eles eram um time há muito tempo para ela esconder suas armas secretas, não quando ele via que ela se subestimava demais. O mundo inteiro não fazia ideia de seu valor, até ela mesma inconscientemente.

Balançando a cabeça, ele estendeu a mão pra ela. "Vem aqui, Bela Adormecida."

Ela tirou os sapatos e deslizou sua palma na dele, e ele a puxou para seu colo, suas pernas se ajustaram ao redor dele até que estivessem encaixados como peças de um quebra-cabeças. "Não que eu não tenha apreciado você deixando os rapazes com o espírito elevado", ele diz, os dedos encontrando seus quadris. "Mas toda a bajulação extra talvez esteja fora do protocolo."

"É engraçado", ela respondeu. "Eu me lembro de ter escrito o protocolo. E a moral do time? É parte do meu próprio e pessoal modo de trabalho."

"É justo", ele diz, assentindo com a cabeça. "Mas só por curiosidade, há uma nota de rodapé em alguma lugar que eu não tenho direito a minha despedida especial? Porque, do jeito que as coisas estão, estou extremamente carente no departamento de levantamento de ego."

Ela ergue uma sobrancelha. "Você realmente acha que precisa aumentar o ego?"

"Bem eu não estou falando de medidas desesperadas, mas um pouco de esforço seria legal. Dá um certo ânimo."

"Acho que você está perdendo o foco", suas mãos seguram o rosto dele, sua boca curvando-se dos lados em um sorriso, e era quase o suficiente para distraí-lo de seus pulsos vermelhos e feridos. "Não é sobre ego Ollie. E sim falar o que for preciso pra que o trabalho seja feito e ter todo mundo de volta inteiro, e se um 'por falar nisso, você não estragou tudo hoje' ajuda no processo e ajuda todo mundo a manter a sanidade então é minha função e eu vou fazer."

Sua voz era suave e doce como o mel, e ele olhou dentro daqueles olhos e se perdeu neles, deixou as palavras dela tomarem conta, lembrando-o porque ela era a cola que mantinha todos juntos. Porque precisavam tanto dela. Porque ele precisava.

Alguma coisa em seu sorriso era quente, fazendo seu coração apertar e suas mãos apertarem em sua cintura.

"Você já parou pra pensar que talvez eu guarde todos os seus elogios para quando estamos juntos?"

Ele riu, satisfeito. "Tá vendo, esse é o tipo de procedimento que eu não vejo nenhum problema em seguir."

Ela se inclinou para beijá-lo, demoradamente, doce em sua língua e sólida em seus braços, e era toda a distração que ele precisava.


Você já sabe o que realmente quer. Todos nós sabemos. Só não escutamos.


Ele vai para as correntes, pernas abertas, braços estendidos para o alto, perfeitamente consciente de que tudo dói menos seu cabelo. Mas os capangas verdes sumiram e seu ombro está de volta no lugar, então ele pisca para desembaçar os olhos e decide celebrar as pequenas vitórias.

E se prepara para o segundo round.

Elas o observam, as armas estão prontas, tão perfeitamente arrumadas que ele riria bem alto se seus pulmões não estivessem queimando. E deste lado, Chloe aparece em sua cabeça, As Panteras do inferno, e ele ri mesmo assim, feliz que doa um pouco se isso significa que vai continuar ouvindo a voz dela.

O trio não parece nada menos que contente, o que provavelmente significa que vai doer muito.

A dama com um arco começa, já atirando punhais de seus olhos, e a voz vem de novo, astuta e perspicaz e um pouco surpresa - Oh olha, Oliver, uma garota atrás de seu coração.

Deve ser onde ela está mirando, ele responde, apesar de saber que é loucura. Acha que faria diferença se eu a dissesse que fico lisonjeado mas eu meio que me tornei homem de uma mulher só?

Só meio? ela diz, e então o arco dispara, cortando sua pele, ele range os dentes com tanta força que seu queixo estrala e ele torce para que ela continue falando.


Como eu sei quando devo soltar?


"É difícil acreditar que não tenha ficado nenhuma cicatriz."

Cicatriz era a última coisa que ele tinha em mente no momento - ainda era difícil acreditar que tinha conseguido tirá-la da torre e de seu apartamento. Que, mais tarde, ela estaria em sua cama.

Que, de manhã, ele teria que sair.

Ela correu o dedo pela gaze em seu peito, traçando as linhas da letra fantasma que ele havia conseguido apagar com os tratamentos, e ele se mexeu sentindo um arrepio, e prendeu a mão dela contra sua pele.

"São os benefícios de ter bilhões no banco, na maioria dos dias é uma chatice, mas na remota possibilidade de um malvado alienígena mutilá-lo com um raio mortal, você pode ter todos os enxertos e as melhores ataduras biossientéticas que o dinheiro pode comprar." Seu dedo desenhava círculos sobre a pele dela. "Se cicatrizes te interessam, Sidekick, você deveria ter dito antes. Mas quem sabe, talvez ainda não seja muito tarde."

Seus olhos verdes brilharam, uma doce faísca de exasperação. "Ollie..."

"Seria difícil de explicar a princípio", ele disse, passando o braço ao redor da cintura dela e puxando-a para perto dele. "A menos que digamos que você estava marcando seu território. Você devia começar uma nova mania mundial - marque seu namorado como um bovino."

Ela fica tensa, e ele a pressiona e finge não notar. "Apesar de que teríamos que mudar seu nome", ele aperta os lábios e olha para o teto, fingindo contemplação. "O que você acha de Zelda?"

"Oliver."

Ele balança a cabeça. "Não, esse começa com 'O'. Poderia ser Zoe." Ela solta o ar e dá um tapa nele, e ele a segura com força e se inclina para rir em seu cabelo. "Se você pode fazer piada sobre quase levar um tiro, você podia pelo menos se esforçar e rir do meu distintivo de coragem."

"Está mais para uma letra escarlate", ela murmurou, deslizando os dedos. "Isso está ficando muito real."

Ele piscou, esperando que seja lá ao que ela estivesse se referindo não fosse a ele. "Quer dizer que não era real o suficiente quando era apenas um controle mental estraterrestre e fabricantes de brinquedos-bomba?"

"Eu digo, termos uma base de operações não-operacional, uma agente checkmate - e ex-namorada raivosa - que sabe todos os nossos segredos, e um grande malvado que está desaparecido, juntamente com todo seu exército de sujeitos superpoderosos", ela joga a mão pra cima. "E nosso líder destemido está deixando o marco zero para uma reunião de conselho."

"Acionistas não esperam por homens, aliens ou apocalipse. Mas eu entendo seu ponto de vista." Humor claramente não estava funcionando, e ele parou para não irritá-la, estudando seu rosto. "Você tem a Watchtower de volta funcionando melhor que antes. Nós temos o esconderijo secreto e toda a equipe de plantão - eu honestamente não sei o que mais pode ser feito enquanto Zod está desaparecido. Tess é... bem, Tess. E eu estarei de volta antes que você perceba, mas eu não vou se você precisa de mim aqui."

Onde era irrelevante - a necessidade seria suficiente.

"Eu...", o coração dele despencou quando ela balançou a cabeça, e ele falou pra si mesmo que era só a derrota nos olhos dela. Suspirando, ela olhou pra baixo. "Podemos realmente fazer isso, Oliver?"

Ele deu um passo a frente para segurar sua cabeça em suas mãos, secando as lágrimas que ela não deixaria cair e procurando pelo humor que de repente não aparecia.

"Nós podemos fazer isso", ele disse, sorrindo levemente. "Podemos fazer qualquer coisa."

Ela respirou fundo e sorriu de volta, enrijecendo em sua frente, e todas as palavras que ele não podia dizer estavam presas em sua garganta, tentando encontrar o ar antes que se dissipassem. Ele abriu a boca para falar e ela ficou na ponta dos pés para pressionar os lábios contra os dele e tudo despareceu de sua mente.

"Você tem um vôo bem cedo, e acho que já passou da hora de dormir."

"Chloe", ele soltou as mãos de seu rosto, olhando para ela até que ela engolisse com dificuldade e olhasse para longe. "Você precisa que eu fique?"

Ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha e forçou-se a olhar novamente para ele, encurralada mas ainda Chloe, sua Chloe, brilhante e linda e durona até o fim, e ele se apaixonou novamente.

"Não", ela disse, e não havia uma ponta de dúvida nisso. "Mas não é suficiente que eu queira que você fique?"


Eu amo você.


Ele levanta o queixo do peito, tentando evitar o esquecimento. Elas brincaram com ele por muito tempo, entre o jogo de facas e a prática de tiro ao alvo, os colares que o asfixiavam, e finalmente ficaram entendiadas, quando só haviam conseguido quebrar seus ossos, deixando os enormes cães de guarda vigiando.

Não haviam tentado comê-lo até agora, então ele estava contando isso como uma vitória.

O último recurso é uma sombra a princípio, uma massa de malignidade que varre e engole toda a luz. Então a sombra se aproxima, e massa é pouco - o homem é uma montanha andante, com pele de ardósia e um queixo de ferro e punhos do tamanho de seus ombros. Mas os olhos são inteligentes, intrigados, e o que parece ser infravermelho, brilha no escuro e Oliver fecha os seus próprios olhos.

A brincadeira acabou. Agora é onde a verdadeira dor começa.

Eu poderia ser personalizado dessa vez, ele pensa, se segurando na linha de vida que leva até onde ela esteja. Caras como esse poderiam escrever seu nome inteiro.

O silêncio em sua cabeça parece que vai durar pra sempre, mas ele segura o fôlego e espera.

Você sabe que estamos indo te buscar, ela diz, baixinho mas firme, como se fosse real. Eu estou chegando.

Ele sabe, e não precisa dizer isso pra ela. É a única coisa que o faz ainda continuar lutando, tudo no que ele se agarra, e que Deus ajude esse pobre bastardo quando ela chegar aqui.

A sombra passa em frente ao seu rosto, espreitando, procurando por uma fraqueza que não vai encontrar fora de sua cabeça, e ele se prepara para o primeiro golpe e aborda sua única incerteza.

Você promete? ele pergunta, e jura que ouve o sorriso dela.

Você não quer descobrir?

De qualquer jeito, ela teria dito.

É suficiente.

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7 comentários:

  1. adorei simplesmente

    maravilhosa!!!!!!!

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  2. Eu amo de paixão essa fic... ela é muito linda... perfeita...

    Luciana

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  3. Lágrimas, lágrimas, lágrimas, toda vez que eu leio essa fic... pra traduzir então... lá se vão dias... Não tem explicação, essa fic pra mim é na medida certa do belo, do romance, da dor, enfim... é perfeita...

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  4. Meu, não tem explicação, essa fic é muito linda... não sei porque, mas é uma poesia, eu acho, por isso me tocou tanto, bem escrita, linda...

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  5. Essa fic é demais... encantadora... amo...

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  6. Realmente linda... combina perfeitamente com Saving Grace...

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  7. "Você precisa que eu fique?"

    Ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha e forçou-se a olhar novamente para ele, encurralada mas ainda Chloe, sua Chloe, brilhante e linda e durona até o fim, e ele se apaixonou novamente.

    "Não", ela disse, e não havia uma ponta de dúvida nisso. "Mas não é suficiente que eu queira que você fique?"

    Amei!!
    Vilm@

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