27.4.12

Planting Rutabagas

Resumo: Oliver e Chloe resolvem seus problemas à luz da traição de Chloe.
Autora: bella8876
Classificação: PG-13
Linha de tempo: Conspiracy



Chloe estava cansada, muito cansada, nunca tinha se sentido tão cansada assim em sua vida. Nem quando estava na faculdade, fazendo trabalhos a noite toda. Nem quando estava presa no porão do Planeta, existindo puramente de ambição e ajuda da cafeína. Nem quando estava entrando na trigésima segunda hora de conversa com Victor tentando resolver os algoritmos de um software. Esse era um cansaço que ela sentia nos ossos, um cansaço que de algum jeito ela tinha conseguido empurrar para o fundo de sua mente nos últimos três dias e ainda funcionar como uma humana bem descansada, um cansaço tão avassalador que não tinha certeza se conseguiria dormir se tentasse.

Ela abriu as portas da Watchtower e tirou os sapatos, imediatamente suspirando aliviada. Por um segundo teve medo que eles tivessem se moldado aos seus pés e se tornado parte de seu corpo. Ela adentrou a sala, pendurou a bolsa, parou com um gemido e se virou para pegar os sapatos. Sabia que se não os pegasse agora ia acabar tropeçando neles de manhã.

Ela foi até a cozinha e colocou os sapatos na cadeira do canto. Abriu o armário sobre a cafeteira e contemplou em silêncio os dois potes que olhavam de volta pra ela. O da tampa azul tinha café descafeinado e a promessa de possivelmente pelo menos três horas de sono naquela noite. O da tampa vermelha tinha a quantidade de cafeína que podia teoricamente fazê-la atravessar a manhã, e a tarde se fizesse uma dose dupla.

Ela olhou longamente para a escada que levava ao seu quarto e voltou o olhar para o papel que precisava de sua imediata atenção cuidadosamente posicionado em sua mesa. Com um suspiro resignado ela pegou o pote de tampa vermelha e o colocou sobre o balcão. Só quando o abriu foi que percebeu que uma jarra já estava fervendo. “Achei que você ia precisar.” Ela voltou a fechar o pote e se virou devagar.

Oliver estava sentado na cadeira do canto onde ela tinha deixado os sapatos a caminho da cozinha. Ela nem tinha percebido ele ali. Ele olhava pra ela com uma expressão divertida no rosto, os referidos sapatos pendurados nas pontas de seus dedos. “Desculpe, não te vi aí.” Chloe disse, declarando o óbvio.

“Percebi.” Oliver deixou os sapatos caírem no chão.

“O que exatamente você está fazendo aqui?” Ela perguntou.

“Eu não te vejo há duas semanas.” Ele disse e ela empalideceu. Não podia ser, ela tinha certeza que não fazia tanto tempo. “Eu mal consigo falar com você no telefone, e quando consigo, você parece inacreditavelmente apressada em desligá-lo.” Ele se levantou e entrou na cozinha, suas mãos indo para os bolsos. “Eu deduzi que se quisesse te ver, teria que tomar a iniciativa.” Oliver parecia cansado, sua gravata estava solta, o primeiro botão da camisa aberto, como se tivesse vindo direto do trabalho, se sentado na cadeira e esperado quase dez horas pra ela chegar em casa.

“Certo.” Chloe se virou e olhou para a cafeteira, pegando uma caneca no escorredor de pratos que estava na pia e enchendo-a com café porque simplesmente não conseguia olhar pra ele. “Eu achei que você ainda estivesse bravo comigo.”

“Ah, eu estou.” Oliver disse sem demora e sem rodeios e Chloe se encolheu. “Mas isso não significa que eu quero cortar todos os laços com você, ficar em silêncio.”

“Eu não estava cortando os laços.” Chloe revirou os olhos à dramaticidade dele. “Eu só ando ocupada e estou te dando espaço.”

“Se eu quisesse espaço.” Ele estava bem atrás dela agora, as mãos indo para seus quadris. “Eu teria pedido.” Ele subiu as mãos, deslizando-as suavemente até a cintura, parando com os dedos espalhados sobre sua barriga, o polegar roçando suavemente suas costelas.

Chloe estremeceu, não podia evitar. Fazia muito tempo, desde a morte de Jimmy, ela ficou muito tempo sem ser tocada. Então Oliver apareceu e mesmo antes de começarem essa coisa, ele já era uma pessoa que gostava do toque. Seja deslizando a mão em suas costas quando ele passava atrás dela, guiando-a pelos lugares com uma mão suave em seu cotovelo, um tapinha em seu ombro ou um beijo em sua bochecha. Então isso aumentou, o corpo dele colado ao dela enquanto a ensinava como usar um arco. Os lábios quentes em seu pescoço. Então eles tiveram uma briga, não era a primeira briga deles, mas era a primeira desde que tinham começado seja lá o que fosse isso e não houve mais toques. Ela achou que não ia sentir falta, mas Deus, ela sentia.

Sem perceber, ela se inclinou contra ele, se entregando. Ele a segurou com força com a mão direita e a esquerda subiu sua barriga lentamente até alcançar o cordão em seu pescoço. Seus dedos se fecharam com força e ele puxou até arrebentá-lo. Ela abriu os olhos e ele deu um passo pra atrás. “Então, o que é isso?”

Chloe se virou, ele estava virando o crachá nos dedos. Ele sabia que estava ali, estava procurando por ele e o fato de nem ter se incomodado em disfarçar a fez pensar que ele sabia exatamente o que era. Algo lhe incomodou, a mesma sensação de duas semanas atrás quando ele foi atrás dela questionar sobre o dinheiro, essa necessidade de contar a verdade, de contar tudo. Ela queria brigar mas sabia que era inútil. “Meu crachá.”

“Crachá?” Ele perguntou com um sorriso. “Crachá pra quê?”

“Para o meu trabalho.” Chloe desencostou do balcão e foi até a mesa se sentar.

“Seu trabalho?” Oliver olhou ao redor. “Não sabia que precisamos de crachás na Watchtower.”

Ela revirou os olhos pra ele. “Meu outro trabalho.” Ela disse. Só porque estava planejando contar a ele não significava que ia facilitar as coisas.

“Seu outro trabalho.” Ele assentiu e se sentou na frente dela. “O que te mantém tão ocupada que você nem pode atender o telefone, o que te mantém tão ocupada que você nem pode vir pra casa por dois dias?”

“Eu estou de plantão 24 horas.” Ela disse e queria perguntar como ele sabia que ela não tinha ido pra casa, como ele sabia qualquer coisa sobre isso, mas, como sempre, ele parecia capaz de ler sua mente.

“Vamos, Chloe, você não acha que eu construí a maior e melhor empresa de tecnologia do mundo sem saber mexer num computador?” Chloe percebeu que ele tinha razão. “Que trabalho é esse exatamente?”

“Por que você não me diz, já que você parece saber tudo ultimamente.” Chloe sabia que seu tom era ridículo e infantil mas não podia evitar, ela realmente não gostava de não estar no controle.

“Porque eu quero que você me conte.” Ele se inclinou pra frente e seu rosto de repente ficou sério. “Eu preciso que você me conte.” Ele deslizou o crachá sobre a mesa pra ela e se recostou.

Chloe assentiu lentamente. Ele estava fazendo isso por ela, lhe dando a chance de esclarecer pelo menos um dos segredos que ela escondia dele, de se abrir. “Meu trabalho é como assistente em tecnologia para uma divisão corporativa de uma grande loja de produtos eletrônicos.”

Oliver deu um risinho. “Você é membro do Esquadrão dos Nerds na Melhores Compras.” Ele disse, recebendo nenhuma simpatia com a frase. Seu sorriso era irresistível no entanto e Chloe encontrou os cantos de sua boca subindo.

“Na verdade somos chamados de Agentes.” Ela o informou.

“Agentes, sério?” Ele cruzou os braços sobre o peito, o sorriso ameaçando pular de seu rosto.

“Ah sim.” Chloe tomou o café. “Eu sou só uma Agente Especial Certificada agora, mas meu gerente me disse que se eu continuar fazendo um bom trabalho me tornarei Agente Federal bem rápido.”

“Agente Federal?” Oliver perguntou, suas bochechas doendo. “Isso vem com um pequeno distintivo? Ah, por favor, me diz que você vai ganhar um distintivo.”

“Eu vou ter que perguntar.” Chloe disse e nenhum deles aguentou mais, começaram a gargalhar incontrolavelmente.

Eles riram tanto que suas laterais começaram a doer e Chloe estava lutando para recuperar o fôlego e era tão bom. “Tem uma coisa que eu não sei.” Oliver disse. “Por que você está trabalhando como uma Agente Especial Certificada do Esquadrão Nerd?”

Chloe suspirou e se levantou, afastando-se da mesa. Oliver seguiu seus movimentos com os olhos enquanto ela ia para a porta, mexendo em sua bolsa por um segundo e então voltando para retomar o assento na frente dele. Ela colocou algo sobre a mesa e deslizou para Oliver.

“O que é isso?” Ele perguntou confuso, pegando o tal papel.

“Um cheque.” Chloe disse.

“Isso eu estou vendo.” Ele olhou do cheque pra ela. “Pra quê?”

“Digamos que é a primeira parcela do plano ‘Devolver O Dinheiro Do Oliver’.” Chloe deu de ombros.

“Você não tem que…” Ele tentou devolver o cheque e ela balançou a cabeça. “Eu não fiquei bravo por causa do dinheiro. Eu tenho mais do que o suficiente pra viver. Foi o roubo, o fato de você não ter pedido.”

“Essa é a questão.” Chloe disse a ele. “Eu nem sabia que estava roubando.”

Ele franziu a testa. “O quê? Como se você fosse sonâmbula? Você estava me roubando enquanto dormia?”

“Não, era mais como se fosse apenas uma parte do meu trabalho, a parte do trabalho para a qual você me contratou, preparando tudo para qualquer eventualidade, protegendo as pessoas. Eu não achei que tinha que pedir.” Chloe disse.

“Se você me diz que precisamos colocar rastreadores nas identidades Kandorianas, eu acredito em você. Se você diz que precisamos estocar armas de kriptonita, eu te ajudo. Diabos, se você dissesse que o único jeito de impedir uma invasão alienígena era plantando rutabagas*, eu compraria cem mil acres e começaria a plantar.” Ele olhou pra ela. “Você entende o que eu estou dizendo aqui?”

“Você quer comprar uma fazenda?” Chloe perguntou a ele.

“Não, mas eu compraria, se você me dissesse. A questão é, eu não quero só comprar a fazenda, Chloe. Eu não sou um sócio silencioso. Eu quero fazer o trabalho sujo. Eu quero plantar as sementes. Eu quero te ajudar a cultivar, cuidar do solo… podemos parar com a metáfora fazendeira?”

“É você quem está plantando rutabagas.” Chloe pontuou.

“Eu quero que você me deixe sujar as mãos também.” Ele explicou. “Obviamente temos muitos problemas de confiança que precisamos resolver, Chloe, por mais de uma razão, mas a única coisa da qual eu não duvido, são seus instintos.” Ele suspirou.

“Como você pode dizer isso?” Chloe perguntou confusa. “A última vez que eu segui meus instintos, bem, todos nós sabemos o que aconteceu.”

“Não.” Ele olhou pra ela, forçando-a a olhar pra ele. “O que aconteceu com Jimmy, o que aconteceu com Davis, não teve nada a ver com seus instintos. Você estava certa, o tempo todo você estava certa. Não deveríamos ter punido Davis por algo que estava além do controle dele. Independente do que aconteceu no final, e eu sei o quanto é difícil, você nunca deve se sentir mal pelo fato de querer evitar que matássemos um homem inocente. Seu problema foi que você não pediu ajuda e é pra isso que estamos aqui. Você não está sozinha, somos um time, somos seu time, você passou a maior parte do ano tentando nos trazer de volta e podemos te ajudar, mas você tem que deixar.” Chloe se recosto, apenas ouvindo. “Você está certa, você não precisa pedir permissão nenhuma.” Oliver disse a ela. “Você não precisa da minha permissão pra trabalhar e você está certa, isso faz parte do seu trabalho. Só que seria legal se você tivesse pedido minha opinião.” Chloe ficou em silêncio por um minuto.

“Mas eu preciso da sua permissão.” Chloe sussurrou e Oliver olhou pra ela confuso. “Você sabe porque eu trabalhei pra juntar todo mundo novamente?” Ele balançou a cabeça. “Pra que vocês pudessem me observar, pra que vocês pudessem me parar.” Ela se levantou e começou a andar de um lado para o outro. “Deus, Oliver, eu nem percebi o que estava fazendo até você me dizer tudo aquilo. Eu preciso da sua permissão. Eu estava fora da linha, muito fora da linha e...” Ela se jogou na cadeira novamente. “Eu preciso que você coloque limites pra mim e eu preciso que você me faça respeitá-los porque eu não consigo mais ver a linha.” Sua voz era desesperada. “Eu não sei quando parar, eu não consigo ver a diferença entre a precaução e a paranoia, entre as coisas que eu faço pela segurança e as coisas que eu faço para aliviar minha mente. Por Deus, eu cheguei a monitorar suas encomendas online do supermercado, cruzando as referências delas com seus arquivos médicos e mudando seu cereal porque seu médico disse que você precisava comer mais fibra.”

“Eu sabia que não tinha pedido aquele cereal.” Ele disse com um sorriso.

“Isso é sério.” Ela olhou feio pra ele.

“Eu sei que é.” Ele disse. “Mas o fato de você reconhecer o quanto é sério, é um grande passo.”

“Eu quero ser honesta com você. Eu quero deixar você se aproximar, mas não vai ser sempre fácil e definitivamente não vai ser meu primeiro instinto. Algumas vezes você vai ter que me espionar, algumas vezes você vai ter que arrancar as coisas, mas eu estou tentando.”

“Eu sei.” Ele afastou a cadeira e deu a volta na mesa. “Eu posso questionar cadaa passo, tomar as rédeas e dar as ordens, eu posso ser seu Grilo Falante até a linha ficar mais clara, se é o que você precisa.” Chloe relaxou visivelmente e ele descansou uma mão em seus ombros. “Minha primeira ordem é de trabalho.” Ele se inclinou e beijou sua testa. “Você vai dormir.”

Chloe levantou a cabeça para olhar pra ele. “Eu não posso.” Ela sorriu docemente. “É meu plantão.” Como se só estivesse esperando o momento certo, o telefone dela começou a tocar em seu bolso. Oliver foi mais rápido que ela, pegou o aparelho e atendeu.

“Alô.” Ele disse, então olhou para Chloe que estava gesticulando pra ele devolver o telefone. Ele se virou. “Não, eu sinto muito, ela não vai mais trabalhar esta noite e nem num futuro próximo, porque ela está se demitindo.”

“Oliver.” Chloe se levantou e deu um tapa nele.

“Quem sou eu?” Ele olhou para Chloe e sorriu. “O namorado dela.” Ele disse antes de desligar o telefone.

Chloe ficou olhando pra ele, não tinham conversado sobre o que estava acontecendo entre eles, definitivamente não tinham conversado sobre rótulos, mas por alguma razão quando ele disse isso, pareceu certo. “Eu não posso simplesmente sair do meu emprego.” Ela disse por falta de algo mais inteligente diante do que ele havia dito.

“Você não precisa desse emprego.” Oliver disse. “Você está exausta, exagerando, e você não é boa pra mim desse jeito.”

Chloe engoliu. “Você está dizendo isso como meu chefe ou meu namorado?” Sua garganta ficou seca quando disse a última palavra e Oliver percebeu.

“Os dois.” Ele deslizou o telefone no bolso.

“Eu ainda vou devolver o dinheiro.” Chloe disse, mas ele ignorou.

“Oito horas de sono no mínimo, o mundo pode funcionar sem você durante esse tempo.”

“Eu não tenho tanta certeza disso.” Ela deu um sorriso e se virou para subir as escadas. Ela parou e então se virou pra ele, estendendo a mão. “Fica comigo?” Ela perguntou. Ele congelou, incerto. Na história do relacionamento deles, era sempre ele a dar os passos, era sempre ele a instigar, mas agora ela estava dando um passo.

“Achei que você nunca fosse pedir.” Oliver deslizou a mão na dela e a deixou puxá-lo escada acima.


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* Rutabaga: couve-nabo ou nabo-da-suécia.

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11 comentários:

  1. Ai, ai... sei lá, simplesmente AMO fics de conspiracy!!!! Oliver sempre arrasa nas conversas e atitudes com a Chloe nessas histórias...

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  2. Adoro quando Oliver toma rédea da situação.
    Já li algumas fics de Conpiracy e essa é a mais levinha, mais cute *-*
    Adorei ;)

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    1. Sim, essa é bem leve comparada as outras, mais divertida, né? Mas adoro ele confrontando a Chloe, é sempre muito sexy!!!!! :D

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  3. Maria Eduarda27 abril, 2012

    Que linda!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    O Ollie foi ótimo!!!!!!!!

    ADOREI!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  4. awwwwnnnnn super cute... qualquer coisa desse período ganha meu coração facinho, rs...

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  5. Interessante essa visão da Chloe de que ela nem sabia que estava roubando porque achou que não precisava pedir. Na série era assim também, ela as vezes passava dos limites sem a consciência de que era errado, para ela tudo era natural...
    Precisa mesmo de limites essa loirinha kkkkk

    Fics de Conspiracy sempre tem um espaço na preferência hehe

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    1. Ah, essa é minha parte preferida da fic, ela dizendo que ele precisa colocar os limites... verdade, na série ela tb estava assim, passando por cima de tudo... Também AMO qualquer fic de Conspiracy... :D

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  6. Muito cute mesmo... Conspiracy sempre proporciona muitas possibilidade, o que garante fics incríveis...

    Valeu!!

    GIL

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