14.9.10

Exposed

Título: Exposta
Resumo: Com seus muros caindo ambos ficaram expostos, incapazes de ignorar ou esconder por mais tempo.
Autora: calie15
Classificação: R
Nota: Acontece entre Sacrifice e Salvation. Não faz menção a Hostage.
Spoilers: Sacrifice




"O que você está fazendo?"

Chloe olhou em direção ao som da voz dele e deu de ombros.

Ele observou ela se esticar para a frente, pegando a taça de vinho na pequena mesa ao lado do sofá. Tomou um generoso gole, mas ao invés de devolver a taça, ficou com ela na mão e voltou o olhar para a frente, olhos fixos na TV. Não precisava ser um gênio para saber que alguma coisa estava errada, mas era preciso conhecê-la para perceber o quão atípico era esse comportamento para Chloe. Mesmo sob as piores circunstâncias, ela estava sempre fazendo alguma coisa. Ela não ficava sentada no escuro, enroscada no sofá debaixo de um cobertor, assistindo ao Canal de Viagens e bebendo vinho.

Suspirando ele deu a volta no sofá, até ficar de frente para seus pés. Ele deu um tapinha no joelho dela e esperou que ela levasse os joelhos até o peito. Assim que o espaço ficou vazio ele se sentou e puxou as pernas dela para descansarem em seu colo. "O que foi?"

"Nada."

Ela nem sequer olhou pra ele, os olhos continuaram grudados na TV.

"Você não está na cama", ele contestou.

"Eu não estava cansada", ela disse apenas e deu de ombros enquanto tomava mais um gole da bebida gelada.

Normalmente quando ela não estava cansada, ele acordava com os lábios dela em seu peito, as mãos deslizando em seu estômago, e se tivesse sorte, seus lábios sobre os dele. Esse não era o mesmo tipo de 'não estar cansada'. Ela não conseguia dormir. "O que foi?"

"Nada", ela disse e balançou a cabeça, a expressão neutra, olhos grudados na TV.

"Você acha que eu não sei quando alguma coisa está errada?" Ela não respondeu, apenas levou a taça de vinho até os lábios e tomou todo o resto de uma vez. Suas pernas deslizaram do colo dele e ela tirou o cobertor. Quando ela já estava se levantando do sofá, Oliver se inclinou para a frente e segurou seu pulso. Ela parou, ainda se equilibrando, e se virou pra ele. Devagar, com sua outra mão, Oliver tirou o copo dela e o colocou sobre a mesinha de café. Era óbvio que ela não queria olhar pra ele, então ele ficou agradecido que ela não tenha tentado se soltar.

Naquela noite ele queria lhe fazer o jantar, mas ela não estava com fome. Ele tentou brincar com ela, mas não conseguiu arrancar nem um sorriso. Ela tomou banho sozinha enquanto ele atendia uma ligação. Quando ele terminou ela já estava encolhida na cama, então ele entendeu o recado e foi direto para o banheiro. Quando ele voltou ela mal havia se movido. A princípio ele suspeitou que ela tivesse adormecido, e não pôde evitar de se sentir desapontado. Mas quando ele se deitou de frente pra ela, não foi difícil ver o brilho em seus arregalados olhos verdes. Até aí ele havia decidido deixar tudo pra lá... afinal sabia melhor que ninguém que todos têm seus dias, mas não foi até começar a tocá-la, passar a mão em seus cabelos e beijar seus lábios que ele temeu ser rejeitado. Mas ela não o afastou, pelo contrário, deslizou para perto dele, beijando-o de volta.

E mesmo quando estava em cima dela no escuro, movendo-se lentamente dentro dela, não podia evitar a sensação de que algo estava errado. O jeito que ela cravava as unhas nele, como enterrava o rosto em seu pescoço, o jeito que ela ofegava, não alto, mas agudo, quase trêmulo. Foi lento e intenso, mas não disseram uma palavra. Quando ele se afastou dela, quando terminaram e ela se enroscou em seu peito... silêncio.

E agora ela estava ali, fora da cama, incapaz de olhar pra ele, e bebendo. Chloe não bebia, e ela nunca bebeu sozinha no escuro.

Quando ele puxou seu braço ela veio de boa vontade. "Vem cá", ele sussurrou. Quando ela arrastou o joelho pelo sofá e se encostou nas almofadas, seu corpo alinhado ao dele, ele passou um braço ao redor dela e a puxou mais perto. Finalmente ela estava encostada de lado nele, a cabeça apoiada em seu peito, a mão descansando sobre seu coração.

"Dói?"

Ele olhou pra baixo, para a mão dela e franziu a testa. Era estranho que ela estivesse mais preocupada com sua ferida do que ele mesmo. Oliver já estava preparado para um dia ter uma cicatriz maior do que o corte de uma faca. "Não." Os dedos dela subiram e desceram sobre sua camiseta durante algum tempo, e então ela se moveu. Primeiro ele ficou com medo que ela estivesse se afastando dele, precisando ficar longe, mas ao invés disso, ela foi para o seu colo, escanchando-se nele, seus seios pressionados contra seu peito, braços ao redor de seu pescoço. O cabelo loiro roçando nele, enquanto ela enterrava o rosto nele.

Então de repente ele entendeu - ela estava sendo atingida. Por tudo. Era como se a casca dura que a protegia tivesse sido arrancada expondo uma garotinha assustada para o mundo. Ele imaginava que a torre cumprira essa função ultimamente. Era como uma casca, escondendo, protegendo, e então não existia mais. Isso o fez imaginar se era por isso que ela estava ali, agarrada nele. Ela não tinha família, seu melhor amigo estava lidando com seus próprios problemas. Só sobrava Oliver.

Com um suspiro ele deslizou a mão para cima e para baixo nas costas dela, e com a outra penteava seus cabelos lisos. Outra coisa que lhe pareceu estranha, ela de repente começou a alisar o cabelo de novo.

Ele deu um beijo em seu rosto. "Vai ficar tudo bem." O braço dela apertou, suas pernas abraçaram seu quadril. Tirando a mão de suas costas, ele a deslizou por debaixo da camiseta que ela vestia. Uma camiseta dele. Era a única coisa que a cobria. Enquanto ele deslizava sua mão por baixo da camiseta percebeu que ela não estava usando nem calcinha. Ele sentiu um pequeno tremor em sua virilha com a descoberta, mas se conteve.

Ele sentiu ela estremecer, sentiu ela enterrar o rosto mais fundo em seu pescoço. Descendo seus lábios até o ouvido dela ele sussurrou baixinho. "Eu não vou deixar nada acontecer com você."

O aperto com que ela o segurava, se soltou e ela levantou a cabeça e ele podia jurar que seus olhos estavam mais brilhantes que o normal.

"Mas e você?", ela perguntou delicadamente, suas sobrancelhas se franzindo e seus olhos verdes dando o primeiro sinal de emoção desde que ela havia saído do elevador.

Enquanto a analisava tentando descobrir o que exatamente estava se passando em sua mente, ela começou a virar a cabeça, mas ele levou a mão até seu rosto e a impediu. Quando ela olhou pra ele o que havia pensado ser brilho na verdade eram lágrimas. Em toda sua vida não se lembrava de tê-la visto chorando. Isso rasgou seu coração, vê-la chorar.

Durante meses ele vinha se alertando, se preparando para tudo o que viria junto com ela. Chloe não estava preparada para viver um relacionamento, não estava preparada para se envolver emocionalmente, disso ele tinha certeza. Então ele prometeu a si mesmo jogar tão bem quanto podia, e nunca deixá-la perceber o quanto ele estava envolvido.

É lógico que suas vidas eram imprevisíveis e situações intensas despertam nas pessoas reações inesperadas. A Torre de Vigilância não deveria ter sido destruída, os Kandorianos não deveriam ter poderes, eles não deveriam ter passado pelo inferno, Oliver não deveria ter sido atingido por Zod. Mas tudo isso aconteceu, deixando-os arrasados.

Ele havia aguentado mais do que podia imaginar. A Torre de Vigilância foi um golpe... e agora ele começava a suspeitar que seus próprios ferimentos a tivessem afetado tanto quanto. Com seus ferimentos ele era capaz de lidar, mas era o medo verdadeiro no rosto dela, a preocupação, as lágrimas correndo silenciosamente que eram seu golpe final.

Os braços dela se afastaram, e ele começou a apertar seu abraço nela, mas logo ele sentiu as mãos dela em seu rosto, os polegares acariciando sua pele gentilmente.

"E se alguma coisa acontecer com você?", ela sussurrou, tão baixinho que ele mal conseguiu ouvir.

E ele foi atingido, com mais força do que ele esperava. A recusa em se alimentar, a mudança de humor, o silêncio, o leve desespero enquanto ele se movia dentro dela, a falta de sono, o vinho, a incapacidade de olhar pra ele, e agora suas lágrimas. Estava tudo caindo sobre a cabeça dela, mas a repentina mudança? Era por causa dele, ela estava assustada por ele.

E ele queria lhe dizer que ele ficaria bem, que ele sempre voltaria e tudo ficaria bem. Mas Chloe não era estúpida. Ela pode não estar na linha de frente, mas ela os viu, os ouviu, e teve a infelicidade de perder pessoas pra eles. Ele não podia mentir pra ela. "Chloe..." sua voz falhou, sentiu a respiração tremer enquanto seu coração parecia martelar contra o peito. Ele abriu a boca pra dizer, mas fechou novamente e ela estava balançando a cabeça, esfregando o polegar sobre sua boca.

"Você não tem que dizer nada. Na verdade eu prefiro que você não fale. É mais fácil assim..." Seguro... ele podia ouvir por trás das palavras, por trás da dor em seus olhos verdes. O polegar pressionado contra seus lábios, tentando silenciá-lo, e ela quase conseguiu. Quase conseguiu convencê-lo de que era melhor dizer quando tudo estivesse resolvido, se tudo terminasse bem. Mas isso era inaceitável, pela lógica ELES não deveriam ter acontecido. Eles se conheciam há tanto tempo sem nenhum momento, nenhum segundo, compartilhado entre eles que os fizesse pensar que poderiam ter algo mais. E ali estavam, pressionados um contra o outro, tanto quanto era possível sem ele estar dentro dela, mais assustados com a possibilidade de perderem um ao outro do que com qualquer outra coisa.

Então ele segurou seu pulso, afastando a mão dela de qualquer jeito. "Eu amo você." Segundos que pareceram horas se passaram, quando ela não disse nada. "Eu sinto muito." Ele se sentiu um idiota se desculpando por amá-la, mas para Chloe, sendo quem ela era, parecia a coisa certa a ser feita.

Então ela o beijou... com força e desespero. Ele respondeu do mesmo jeito, deslizando os dedos de volta no cabelo dela e segurando-os. Então ela se afastou, bem pouco, pressionando sua testa contra a dele. Ele podia sentir seu hálito quente, ouvi-la estremecer.

Em algum momento enquanto estavam se beijando ela havia se ajoelhado e agora olhava pra baixo, pra ele, cabelos loiros roçando em seu rosto. Ele levou as mãos até o rosto dela, acariciando-o com os polegares, sem desviar de seus olhos verdes, mesmo tendo acabado de admitir para uma garota que tinha medo de criar laços e se envolver, que a amava.

"Eu também amo você", ela gemeu baixinho.

Um segundo se passou, uma batida do coração, longo o suficiente para seus olhos se arregalarem à confissão dela e então ele estava puxando os lábios dela de volta para os seus, esmagando o peito dela contra o seu, e movendo-os de modo que ela estava deitada no sofá com ele encaixado entre suas pernas.

No momento em que ele estava começando a tirar sua camiseta do corpo dela, ele parou, afastando seus lábios dos dela, e olhando dentro de seus olhos. "Ei." Seus olhos pesados se abriram, revelando os olhos verdes pra ele. Ele amava verde. "Eu não vou deixar você." E ele não iria, ele teria que ser arrancado dela pra isso acontecer, e pelas lágrimas nos olhos dela ele podia imaginar que ela sabia disso. Então ele a beijou, forte e profundo, tendo-a ali no sofá, e durante o resto da noite na cama.

Se ele havia voltado por alguma razão, seria por ela.

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6 comentários:

  1. Ah Ollie é fofo em todas as fics *IMPRESSIONATE!
    "Eu amo você." Segundos que pareceram horas se passaram, quando ela não disse nada. "Eu sinto muito." essa doeu até em mim.
    "Eu também amo você", ela gemeu baixinho. UFA =D
    Linda e fofa!!
    Vilm@

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  2. "Ah Ollie é fofo em todas as fics *IMPRESSIONANTE!"

    O detalhe é que ele é assim também na série. Depois não entendem porque amamos esse homem.

    Fic linda!!!!!!!!

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  3. ahhhhhhhhhhhhh
    #suspiro

    A Calie é ótima!!

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  4. Linda fic mesmo!!!

    Não tem como não amar o Ollie.

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  5. É Clarice, não tem como não amar o Ollie...

    Sofia

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  6. Puts, grila! Essa me fez chorar!!!!
    De fato e de direito, sendo tão simples e profunda, tão intensa. Tão Chlollie...
    Agora ler essa fic ou qualquer outra Chlollie romantica desse jeito ao som de A Thousand Years
    da Christina Perri (música na minha opinião que combina perfeitamente com o casal) é pedir pra chorar mesmo, rs...

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